sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Aumento dos 'nem-nem' chama atenção

Aumento dos 'nem-nem' chama atenção

O Estado de S. Paulo - 20/12/2013
 


O aumento no número de pessoas que não trabalhavam nem queriam trabalhar - passou de 16,725 milhões em outubro para 16,851 milhões em novembro, segundo os dados do IBGE - chama a atenção, mas não há uma explicação única para esse fato. "Há migração no contingente de desocupados para a inatividade.
0 motivo dessa migração a gente só vai ter quando tivermos os dados de dezembro", disse Cimar Azeredo, gerente da Coordenação de Trabalho"e Rendimento do IBGE.
0 número de pessoas consideradas em desalento - aquelas que desistiram de procurar emprego porque acham que não vão conseguir - dobrou na passagem de outubro para novembro. No entanto, o número ainda é bastante reduzido: em outubro, havia 3 mil pessoas em situação de desalento, enquanto em novembro esse número passou para 6 mil pessoas. "Esse número é tão pequeno, não é significativo", ressaltou Azeredo. Em novembro de 2012, os desalentados somavam 10 mil indivíduos. "0 número de desalentados é volátil demais", alertou o pesquisador.

Reforma ministerial: Mercadante assumirá a Casa Civil Reforma ministerial - Troca de guarda na Casa Civil Autor(es): Catarina Alencastro e Luiza Damé O Globo - 20/12/2013 Mercadante assumirá pasta no lugar de Gleisi; Marta é um dos nomes para Educação Brasília - Depois de confirmar a manutenção de Guido Mantega na Fazenda, a presidente Dilma Rousseff tem pelo menos outra definição para a reforma ministerial que fará no primeiro trimestre de 2014: o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, irá para a Casa Civil, em substituição a Gleisi Hoflmann, que disputará o governo do Paraná. Gleisi e Mercadante já tiveram a primeira reunião de trabalho na última segunda-feira sob a coordenação da própria Dilma. Depois desse encontro, que foi a formalização da decisão da presidente, Gleisi convocou os assessores mais próximos e em tom de despedida, anunciou que Mercadante assumirá seu posto. A informação, no entanto, é tratada com sigilo no Palácio do Planalto. Gleisi também pediu às subsecretárias da Casa Civil relatórios de gestão para apresentar ao futuro ministro. A ministra da Casa Civil fará plantão no Planalto nos recessos de Natal e Ano Novo. A partir de 6 de janeiro, ela sairá de férias por cerca de dez dias e depois retorna ao Planalto para auxiliar seu sucessor na transição. Dilma também vai tirar uns dias de férias no início de janeiro. Em entrevista a jornalistas na última quarta-feira, Dilma confirmou que irá fazer a reforma ministerial entre meados de janeiro e o Carnaval, no início de março, para substituir os 10 au-xiliares que deixarão o governo para concorrer às eleições em seus estados. A intenção inicial da presidente era fazer as mudanças no começo do ano, mas os ministros Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Alexandre Padilha (Saúde), pré-candidatos aos governos de Minas Gerais e São Paulo, respectivamente, articularam o adiamento das mudanças. Eles não têm mandato e precisam se manter sob os holofotes. Superexposição deflagrou fogo amigo - Mercadante já vinha sendo apontado como o ; nome mais forte para assumir a Casa Civil. Des-^ de as manifestações populares, que levaram mais de um milhão de pessoas às mas, em junho, o petista tem assumido posição chave como conselheiro político de Dilma. Ele foi um dos idealizadores da proposta da reforma política por meio de uma assembleia constituinte e partiéfpou da elaboração dos cinco pactos nacionais que a presidente propôs, à época. Dilma o elegeu para fazer o papel de porta-voz do governo na crise que abalou sua popularidade. No entanto, a superexposição de Mercadante, que tem um estilo considerado agressivo pelos colegas, desencadeou um processo de ataque de aliados enciumados com a escalada relâmpago do petista. Era o chamado fogo amigo em ação. Mercadante começou a sofrer críticas públicas de políticos, que argumentavam que, ao exercer o papel de braço-direito de Dilma na área política, estava relegando a segundo plano suas funções como ministro da Educação. Por recomendação da própria Dilma, Mercadante passou a ter um relacionamento mais discreto com a chefe, deixando de ir a todas as viagens com ela, como fazia até então, para participar apenas das agendas de sua área. Como um mantra, Mercadante repete que quer ficar na Educação e, dentro do possível, ajudar na campanha da reeleição. Mas que, como bom funcionário, assumirá a missão que lhe for entregue. A ministra da Cultura, Marta Suplicy, é um dos nomes defendidos pelo PT para o lugar de Mercadante. Com o argumento de que ainda não tem a reforma definida, a presidente Dilma adiantou apenas que Mantega, que tem sido criticado pela condução da economia, não será demitido: — Eu não tenho a reforma aqui e não pretendo dá-la (...). No que se refere ao ministro Guido, pela vigésima ou trigésima vez, eu reitero que ele está perfeitamente (bem) no lugar onde está. A substituição de Padilha na Saúde é um dos principais dilemas da presidente. Apesar dos problemas da área, a pasta tem um dos maiores orçamentos da Esplanada e é visada pelos partidos aliados. O PT não quer abrir mão da pasta. Padilha trabalha por uma solução interna, mas a presidente sofre pressão de partidos governis-tas que cobiçam o ministério, como o PROS, dos irmãos Cid e Ciro Gomes _ candidato ao posto. Esplanada tem três vagas com interinos No Ministério da Saúde, a bolsa de apostas gira em torno de três nomes: Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saúde; Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde; e Mozart Sal-les, secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Responsável pelo programa Mais Médicos, Mozart é o preferido de Padilha. Além de Mercadante, a ministra Miriam Belchior (Planejamento) e o secretário-executivo da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, também es-tavam cotados para substituir Gleisi na Casa Civil O nome de Mercadante era aventado para o posto ou para a coordenação da campanha de Dilma à reeleição. Uma ala do PT defendia a escolha do ministro da Educação para a Casa Civil porque, trabalhando diariamente próximo a Dilma poderia ajudá-la informalmente na campanha, sem deixar de exercer suas funções no governo. Á presidente tem mais três vagas na Esplanada para preencher: a Integração Nacional, a Secretaria de Portos e a Secretaria de Assuntos Estratégicos, que estão ocupadas por interinos.

Reforma ministerial: Mercadante assumirá a Casa Civil

Reforma ministerial - Troca de guarda na Casa Civil
Autor(es): Catarina Alencastro e Luiza Damé
O Globo - 20/12/2013
 

Mercadante assumirá pasta no lugar de Gleisi; Marta é um dos nomes para Educação

Brasília - Depois de confirmar a manutenção de Guido Mantega na Fazenda, a presidente Dilma Rousseff tem pelo menos outra definição para a reforma ministerial que fará no primeiro trimestre de 2014: o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, irá para a Casa Civil, em substituição a Gleisi Hoflmann, que disputará o governo do Paraná. Gleisi e Mercadante já tiveram a primeira reunião de trabalho na última segunda-feira sob a coordenação da própria Dilma. Depois desse encontro, que foi a formalização da decisão da presidente, Gleisi convocou os assessores mais próximos e em tom de despedida, anunciou que Mercadante assumirá seu posto. A informação, no entanto, é tratada com sigilo no Palácio do Planalto. Gleisi também pediu às subsecretárias da Casa Civil relatórios de gestão para apresentar ao futuro ministro.
A ministra da Casa Civil fará plantão no Planalto nos recessos de Natal e Ano Novo. A partir de 6 de janeiro, ela sairá de férias por cerca de dez dias e depois retorna ao Planalto para auxiliar seu sucessor na transição. Dilma também vai tirar uns dias de férias no início de janeiro.
Em entrevista a jornalistas na última quarta-feira, Dilma confirmou que irá fazer a reforma ministerial entre meados de janeiro e o Carnaval, no início de março, para substituir os 10 au-xiliares que deixarão o governo para concorrer às eleições em seus estados. A intenção inicial da presidente era fazer as mudanças no começo do ano, mas os ministros Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Alexandre Padilha (Saúde), pré-candidatos aos governos de Minas Gerais e São Paulo, respectivamente, articularam o adiamento das mudanças. Eles não têm mandato e precisam se manter sob os holofotes.
Superexposição deflagrou fogo amigo -  Mercadante já vinha sendo apontado como o ; nome mais forte para assumir a Casa Civil. Des-^ de as manifestações populares, que levaram mais de um milhão de pessoas às mas, em junho, o petista tem assumido posição chave como conselheiro político de Dilma. Ele foi um dos idealizadores da proposta da reforma política por meio de uma assembleia constituinte e partiéfpou da elaboração dos cinco pactos nacionais que a presidente propôs, à época. Dilma o elegeu para fazer o papel de porta-voz do governo na crise que abalou sua popularidade.
No entanto, a superexposição de Mercadante, que tem um estilo considerado agressivo pelos colegas, desencadeou um processo de ataque de aliados enciumados com a escalada relâmpago do petista. Era o chamado fogo amigo em ação. Mercadante começou a sofrer críticas públicas de políticos, que argumentavam que, ao exercer o papel de braço-direito de Dilma na área política, estava relegando a segundo plano suas funções como ministro da Educação.
Por recomendação da própria Dilma, Mercadante passou a ter um relacionamento mais discreto com a chefe, deixando de ir a todas as viagens com ela, como fazia até então, para participar apenas das agendas de sua área. Como um mantra, Mercadante repete que quer ficar na Educação e, dentro do possível, ajudar na campanha da reeleição. Mas que, como bom funcionário, assumirá a missão que lhe for entregue. A ministra da Cultura, Marta Suplicy, é um dos nomes defendidos pelo PT para o lugar de Mercadante.
Com o argumento de que ainda não tem a reforma definida, a presidente Dilma adiantou apenas que Mantega, que tem sido criticado pela condução da economia, não será demitido:
— Eu não tenho a reforma aqui e não pretendo dá-la (...). No que se refere ao ministro Guido, pela vigésima ou trigésima vez, eu reitero que ele está perfeitamente (bem) no lugar onde está.
A substituição de Padilha na Saúde é um dos principais dilemas da presidente. Apesar dos problemas da área, a pasta tem um dos maiores orçamentos da Esplanada e é visada pelos partidos aliados. O PT não quer abrir mão da pasta. Padilha trabalha por uma solução interna, mas a presidente sofre pressão de partidos governis-tas que cobiçam o ministério, como o PROS, dos irmãos Cid e Ciro Gomes _ candidato ao posto.
Esplanada tem três vagas com interinos
No Ministério da Saúde, a bolsa de apostas gira em torno de três nomes: Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saúde; Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde; e Mozart Sal-les, secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Responsável pelo programa Mais Médicos, Mozart é o preferido de Padilha.
Além de Mercadante, a ministra Miriam Belchior (Planejamento) e o secretário-executivo da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, também es-tavam cotados para substituir Gleisi na Casa Civil O nome de Mercadante era aventado para o posto ou para a coordenação da campanha de Dilma à reeleição. Uma ala do PT defendia a escolha do ministro da Educação para a Casa Civil porque, trabalhando diariamente próximo a Dilma poderia ajudá-la informalmente na campanha, sem deixar de exercer suas funções no governo.
Á presidente tem mais três vagas na Esplanada para preencher: a Integração Nacional, a Secretaria de Portos e a Secretaria de Assuntos Estratégicos, que estão ocupadas por interinos.

Pós-crise global: BC dos EUA reduz os estímulos

Pós-crise global: BC dos EUA reduz os estímulos

EUA vão retirar estímulos
Autor(es): Flávia Barbosa
O Globo - 19/12/2013
 

O banco central americano anunciou que começará a retirar estímulos dados à economia na esteira da crise de 2008. As compras mensais de títulos serão reduzidas em US$ 10 bi a partir de janeiro, o que deve elevar a cotação do dólar no Brasil
Injeção de recursos será reduzida a US$ 75 bilhões em janeiro. Dilma diz que país está preparado

WASHNGTON, BRASÍLIA, SÃO PAULO E RECIFE- O Federal Reserve (Fed, banco central americano) anunciou ontem, com o voto dissidente de apenas um de seus dez diretores, que começará a reduzir seu inédito programa de estímulos à economia, herança da crise financeira de 2008. A terceira e maior fase do chamado Quantitative Easing (QE3), iniciada em setembro de 2012, estabelece a compra mensal de US$ 85 bilhões em títulos, valor que será cortado para US$ 75 bilhões a partir de janeiro de 2014. Para evitar danos à ainda frágil recuperação dos EUA, o Fed enfatizou que não se trata do início de uma era de aperto monetário. A instituição pretende manter os juros básicos inalterados entre zero e 0,25% ao ano "por longo período de tempo" sem perspectiva de elevação antes do fim de 2015 mesmo que a taxa de desemprego caia ao patamar de 6,5% (hoje, está a 7%).
A decisão animou os mercados, por representar um voto de confiança na economia americana sem alterar as boas condições de financiamento e investimento. Nos EUA, os índices Dow Jones (1,84%) e S&P 500 (1,66%) da Bolsa de Nova York fecharam em recordes históricos de pontos. A Nasdaq subiu 1,15%. No Brasil, a Boves-pa fechou em alta de 0,94%, aos 50.563 e o dólar subiu 0,9%, a R$ 2,343. A moeda brasileira se desvalorizou mais do que a maioria das divisas de emergentes.
BERNANKE: "REDUÇÃO EM PEQUENOS PASSOS"
A presidente Dilma Rousseff disse que o país tem condições de enfrentar com tranquilidade a mudança nos EUA, em entrevista à Rádio Jornal do Commercio:
— O Brasil está preparado. Já saiu daquela fase em que se havia um espirro lá, tinham pneumonia aqui.
A equipe econômica recebeu com alívio a decisão do Fed. Na avaliação de técnicos, quanto mais cedo a retirada de estímulos, melhor. O governo sabe que a decisão pode trazer volatilidade aos mercados, mas considera que o mais importante era acabar com o suspense que abalava as expectativas dos agentes econômicos.
Pela manhã, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que um dos efeitos é a valorização do dólar:
— Estamos muito bem calçados. As volatilidades vão e voltam. Você pode ter um valorização momentânea do dólar, depois ele volta. O país está muito sólido, tem reservas e também o mecanismo de swap do Banco Central.
O Comitê de Mercado Aberto avaliou que há sinais consistentes de recuperação do mercado de trabalho e da economia dos EUA, com bons indicadores de gastos das famílias, investimentos de empresas e vendas do varejo, e perspectivas animadoras no campo fiscal. Ontem, em raro esforço bipartidário, o Senado concluiu a aprovação pelo Congresso de um Orçamento de dois anos, com nível de despesas superior ao anteriormente previsto, o que dá tração à expansão econômica.
Ainda que os ganhos não estejam consolidados, o Fed acredita, pela primeira vez desde o início da retomada, em 2009, que o balanço de riscos está mais equilibrado e pró-crescimento. Por isso decidiu pela redução de US$ 10 bilhões no programa. A partir de janeiro, o volume de compra de títulos soberanos cairá de US$ 45 bilhões para US$ 40 bilhões e o de papéis lastreados em hipotecas, de US$ 40 bilhões para US$ 35 bilhões. Nova rodada de corte dependerá dos dados econômicos
dos próximos meses, disse Ben Bemanke, presidente do Fed. Mas deverá obedecer a mesma ordem de grandeza.
O plano inicial de encerrar o programa no meio de 2014 foi revisto. Com o gradua-lismo, o presidente do Fed crê que o horizonte é o fim do próximo ano. Mas não descartou a interrupção ou a revisão, caso mudem as condições nos EUA.
— Não estamos fazendo menos, não é algo pensado para ser um aperto (...) Nossa modesta redução no programa reflete a crença de que a retomada será sustentada — disse Bemanke. — Mas podemos interrompê-la (...) A redução dependerá dos dados e será feita em pequenos passos.
Foi a última entrevista coletiva de Ber-nanke à frente do Fed. Seu mandato termina em 31 de janeiro e ele será substituído pela atual vice, Janet Yellen. Considerada cautelosa em relação ao momento ideal de diminuição do programa de estímulo, Yellen acompanhou o voto da maioria.
O Fed deixou aberta uma janela para continuar o programa de estímulos além de 2014, bem como para manter juros zero depois de 2015. Tudo dependerá do
comportamento da taxa de desemprego e da inflação. O BC dos EUA estima que o patamar ideal da taxa de desemprego para se considerar a crise ultrapassada, de 6,5%, será alcançado no último trimestre de 2014. Mas Bemanke disse que a diretoria olhará outros sinais como procura por vaga, ocupação, desemprego de longo prazo, subemprego e salários para se certificar de que a recuperação é para valer.
No caso da inflação, o Fed espera que ela volte a subir. O patamar mínimo previsto na meta é de 2% ao ano. O índice de preços ao consumidor fechou novembro em 0,7% no acumulado em 12 meses. Inflação excessivamente baixa dificulta recuperação de margens de lucro das empresas, aumentos de salário e pagamento de dívidas. Uma alta de juros não deverá ser considerada pelo Fed até que a variação chegue a 2,5% anuais.
João Sorima Neto, Gabriela Valente, Martha Beck, Cristiane Bonfanti e Letícia Lins

Reforma ministerial: Dilma afirma que Mantega ficará

Reforma ministerial: Dilma afirma que Mantega ficará

"Sangue, suor e lágrimas, vamos derrotar"
O Globo - 19/12/2013
 

A presidente Dilma disse que até o carnaval trocará dez ministros que disputarão as eleições, e que Guido Mantega ficará na Fazenda
Presidente recusa pessimismo na economia e anuncia que vai autorizar terceiro aeroporto em São Paulo
Brasília- Na entrevista anual que concede a jornalistas que cobrem o Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff afirmou que não é permitido a um governo ser pessimista.
Mesmo no caso de Estados em guerra, ela se diz da linha do britânico Winston Churchill, que durante a Segunda Guerra Mundial, inspirou os britânicos com a promessa de "sangue, suor e lágrimas"". Diante de questionamentos sobre desconfianças do mercado e
previsões sombrias sobre a economia do país, a presidente enfatizou seu otimismo com o cumprimento das principais metas.
Meta fiscal
"Eu acredito que o Brasil tem tido um excelente desempenho nessa questão do superávit. Se a gente olhar o G-20, que é o grupo das 20 economias mais desenvolvidas, nós vamos ver que apenas seis economias fazem o superávit primário. Estamos entre as melhores. Somos uma economia que tem uma preocupação fiscal forte, que se traduz no esforço do governo federal e dos entes federados no sentido de garantir um superávit primário mostrando que as contas brasileiras são robustas".
Inflação
"Os indicadores demonstram uma situação muito melhor do que muita gente esperava. Tinha gente dizendo que nós íamos fechar o ano com inflação de 7%, que as pessoas tinham de se prover de dólares, que haveria uma catástrofe. Não é isso que está se verificando. Tudo indica que ela vai fechar comportada, abaixo do ano passado. Como vocês sabem, previsão é algo que não se faz de um dia para o outro, porque você corre o risco de errar."
Indexação da economia
"Eu sou contra indexação. Nós superamos problemas herdados do passado. Um deles era a inflação descontrolada. Tem uma que nós temos de sempre olhar e cuidar: a indexação. A indexação talvez seja a memória mais forte do processo inflacionário crônico que nós vivemos ao longo dos anos 80 e 90. Indexação é algo extremamente perigoso. Então, indexar a economia brasileira ao câmbio ou qualquer outra variável externa é uma temeridade".
Crise Econômica
"A situação do Brasil em 2013 foi de mostrar bastante força diante do agravamento da crise. A recuperação da economia americana é ótima pra nós e para o mundo, porque começa a recuperação da economia global".
Taxa de crescimento
"Se a gente for comparar taxa de crescimento das economias, nós tivemos um desempenho bem razoável considerando o que acontece no resto do mundo. Esperamos que o mundo tenha uma outra configuração e um outro perfil em 2014. Aquele grande teórico italiano (Antonio Gramsci) dizia: "pessimismo da razão e otimismo da vontade"!
PIB DE 2014
"Eu não faço previsões do PIB e acho que vocês não deviam fazer. Nós temos condições de afirmar que o PIB (2013) vai ficar ali em torno de 2%, 2 e pouco. Este ano, tivemos um desempenho melhor, acima do que tivemos em 2012. Sob todos os aspectos, nos saímos até bem. Eu não vou te dizer qual vai ser o PIB, nem o deste ano, tampouco do ano que vem, porque se eu errar 0,2 na casa deci-I mal, eu pago um pato louco".
Pessimismo
"Eu acho absolutamente imperdoável um governo pessimista. A não ser algum que está diante da guerra, e, mesmo assim, eu prefiro a linha Chur-chill: "sangue, suor e lágrimas" vamos até o fim, vamos derrotar, porque é assim que se ganha as coisas. No que se refere ao primeiro ano de governo, nós vínhamos de 2010, ninguém estava esperando que a crise fosse se aprofundar."
Concessões
"Estamos conseguindo fazer as concessões que prometemos. Nós tivemos seis concessões de aeroportos ao longo do meu governo. Fizemos as cinco rodovias viáveis, porque tem rodovia que não é viável... O TCU aprovou a primeira de ferrovias".
Investimento externo
"No que se refere à desconfiança ou qualquer outro sentimento em relação ao Brasil por parte de investidores internacionais, eu vou dizer uma coisa: o Banco Central acabou de divulgar novos números sobre o investimento estrangeiro direto no Brasil. Até novembro foram US$ 57,5 bilhões. Estaremos sempre entre os cinco, seis (primeiros). US$ 57,5 bilhões é algo bastante significativo, e ninguém bota US$ 57 bilhões onde acha que a situação é muito crítica."
Leilão de libra
"Acho que há uma tendência de muita gente de olhar sempre o copo meio vazio. E (isso) é complicado, porque uma parte da economia é expectativa. Cada vez que você instila a desconfiança, instila uma clima de expectativa muito ruim. Vou dar um exemplo bem concreto: leilão de Libra. Eu passei pelo menos os cinco dias anteriores ao leilão de libra pensando em que mundo estamos, eu e a imprensa. A imprensa dizia que seria uma catástrofe, que viriam os chineses se adonar dos nossos recursos, que não vinha nenhuma empresa internacional, enfim, que seria uma situação caótica. Ora, o leilão mostrou um dos consórcios mais fortes do mundo."

DEFESA NACIONAL: BRASIL COMPRA 36 CAÇAS SUECOS POR US$ 4,5 BI

DEFESA NACIONAL: BRASIL COMPRA 36 CAÇAS SUECOS POR US$ 4,5 BI

BRASIL ESCOLHE CAÇA SUECO
Autor(es): Chico de Gois e Jailton de Carvalho
O Globo - 19/12/2013
 

Depois de um processo que se arrastou por mais de 12 anos, o governo brasileiro anunciou que comprará 36 caças Gripen NG, da empresa sueca Saab. A negociação foi fechada por US$ 4,5 bilhões, abaixo do estimado pelo mercado (US$ 7 bilhões). O acordo prevê ampla transferência de tecnologia e participação do Brasil no desenvolvimento do Gripen NG, modelo nunca testado em operações reais e cujo protótipo só voou 300 horas até hoje. O caça sueco, preferido da FAB, desbancou o Rafale, da francesa Dassault, e o F-18 Super Hornet, da Boeing. O escândalo de espionagem influenciou na decisão contra o avião americano
Compra de 36 aeronaves custará US$ 4,5 bilhões; primeiro deles estará pronto em 2018

Depois de um processo que se arrastou por mais de 12 anos, o ministro da Defesa, Celso Amo-rim, anunciou ontem que o governo brasileiro comprará 36 caças Gripen NG, da fabricante sueca Saab. O pacote foi fechado por US$ 4,5 bilhões, um preço bem inferior ao estimado pelo mercado, que girava em tomo de US$ 7 bilhões. O primeiro avião só deverá estar pronto para voar em 2018.
O acerto dos detalhes do negócio pode levar até um ano, quando o contrato será assinado. Na maior concorrência na trajetória do Ministério da Defesa, a Saab desbancou o F-18 Super Homet, da americana Boeing, e o Rafale, da francesa Dassault. O Gripen NG é uma nova versão, ainda em desenvolvimento, de outra aeronave, o Gripen CD, da mesma empresa, que já é usada por outros países. A FAB não descarta a possibilidade de utilizar provisoriamente o Gripen CD, enquanto o novo projeto não for concluído.
A decisão sobre o fim do processo de escolha dos caças foi anunciada pela presidente Dilma Rous-seff, durante almoço com generais.
— Nós somos, de fato, um país pacífico, mas não vamos ser, de jeito nenhum, um país indefeso — disse a presidente no encontro, ao se referir à compra dos caças.
Depois coube a Amorim e ao comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, apresentar o nome do vencedor e os detalhes na negociação. Segundo Amorim, a escolha recaiu sobre os Gripen NG porque o modelo sueco apresentou um conjunto de vantagens em termos de performance, transferência de tecnologia e custo em relação aos dois outros concorrentes.
Dos três modelos que participaram da disputa, o Gripen NG é o único que nunca foi testado em operações. Por enquanto, a empresa sueca só dispõe de um protótipo com apenas 300 horas de voo. Para Amorim e Saito, a compra baseada apenas num protótipo não é nenhum problema para a Força Aérea Brasileira (FAB).
— O Gripen NG está voando. Tem um protótipo voando aí que é um protótipo conceituai. Mudaram posição do trem de pouso, mudaram o motor e ele está voando. Já tem mais de 300 horas de voo. Vamos desenvolver desde a planta. Nós vamos ter também, juntamente com a Suécia, a propriedade intelectuai 100% deste avião — disse Saito.
Amorim minimizou o fato de o avião estar ainda em fase de desenvolvimento:
— O avião mais provado é o que mais voou. Em compensação, é o avião com a tecnologia básica mais antiga. Pode até ser melhorada, mas a tecnologia é mais antiga. Este avião permite participar do desenvolvimento do projeto e ter a propriedade intelectual do projeto. Temos confiança de que vai funcionar bem — disse Amorim.
O comandante da Aeronáutica entende que o suposto risco seria, na verdade, uma vantagem. Ele argumenta que, peías regras contratuais, 80% da estrutura dos caças serão produzidos no Brasil numa parceria da Saab com a Embraer e que, ao final, o govemo brasileiro terá o domínio da tecnologia e da propriedade do novo modelo. Diz ainda que a experiência ajudará a indústria brasileira a dar um novo salto na produção tecnológica de aeronaves.
Saito disse que a presidente fez a escolha apenas em detalhes técnicos e não levou em consideração eventuais fatores políticos. Para ele, nem mesmo as recentes denúncias de espionagem do serviço de inteligência dos Estados Unidos contra pessoas e empresas no Brasil tiveram peso no resultado final.
— A presidenta mesmo disse que (espionagem) não influenciou absolutamente sobre a decisão — disse o brigadeiro.
Modelo era o preferido da cúpula da FAB
Depois de sucessivos adiamentos de um processo que teve início em 2001, a presidente chamou Amorim para uma conversa na terça-feira para informar que, finalmente, o disputa chegaria áo fim e que a vencedora da concorrência era a sueca Saab. Este é o modelo preferido dos pilotos e da cúpula da Força Aérea. Segundo um oficial da FAB, o F-18 teria um custo operacional 50% mais alto que o Gripen. No caso dos Rafales as despesas aumentariam em 100%.
Amorim observou que a parte tecnológica mais sensível é da Saab, embora o avião, como nos demais modelos, tenha componentes de outros países também.
— A tecnologia da construção é sueca, sim. Há componentes de outros países, como em qualquer tipo de avião. Esse é um aspecto que mereceu e continuará merecendo uma grande atenção do governo brasileiro. Um dos oferecimentos feitos pela Saab é a total abertura do código fonte do sistema de armas. Isso é absolutamente importante. Não estou dizendo que outros não fizeram isso. Não estou fazendo comparações. Isso é algo extremamente importante porque permite adicionar armamento nacional, modificá-lo de acordo com suas necessidades.
A partir de agora, a FAB deverá acertar detalhes do contrato. Os caças deverão ser produzidos em São Bernardo do Campo, com a participação de pelo menos 15 empresas.

ONU aprova resolução do Brasil sobre espionagem

ONU aprova resolução do Brasil sobre espionagem

ONU aprova resolução com plano de Brasil e Alemanha contra espionagem
O Estado de S. Paulo - 19/12/2013
 

A Assembleia-Geral da ONU aprovou ontem a proposta de Brasil e Alemanha que estende à internet o direito à privacidade já previsto na Declaração Internacional dos Direitos. A nova resolução não prevê punição para quem descumpri-la, mas tem o peso político de um texto apoiado por quase 200 países, até mesmo seu principal alvo, os Estados Unidos. O texto conclama os Estados-membros da ONU a respeitar e determina que os cidadãos não podem “ser submetidos a ingerências arbitrárias ou ilegais em sua vida privada”. A assegurar o respeito à privacidade e proposta foi criada após a revelação de que os EUA espionavam governos, cidadãos e empresas de países, aliados ou não, entre eles o Brasil
Pressão. Texto não prevê punição para quem descumprir orientações que protegem privacidade, mas tem peso político de ter sido apoiado por quase 200 países, incluindo os EUA; declaração leva à internet garantias de pactos sobre direitos individuais
Lisandra Paraguassu / Brasília
A Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou ontem, por unanimidade a proposta de Brasil e Alemanha que estende a sites da internet o direito à privacidade já previsto na Declaração Internacional dos Direitos.
A resolução não prevê punição para quem descumpri-la, mas tem o peso político de um texto apoiado por quase 200 países, incluindo o seu principal alvo, os Estados Unidos.
O texto conclama os Estados-membros da ONU a respeitar e assegurar o respeito àprivacida-de e determina que os cidadãos não podem "ser submetidos a ingerências arbitrárias ou ilegais em sua vida privada, em sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência".
Reconhece que o exercício do direito à privacidade é importante para a realização plena do direito à liberdade de expressão, que está na base das sociedades democráticas, e ainda exige que os países revejam seus procedimentos e conceitos de segurança.
A proposta, idealizada pelo Brasil, começou a ser desenhada depois das revelações do ex-técnico de uma empresa que prestava serviços à NSA, Ed-ward Snowden, de que os Estados Unidos espionavam governos, cidadãos e empresas de países, aliados ou não. E de tornar-se público que o Brasil era um dos alvos preferenciais da agência.
A proposta, feita pela presidente Dilma Rousseff na abertura da Assembleia-Geral, em setembro, foi recebida com indiferença - até que se descobriu que
Alemanha, México, França, Espanha e outros países europeus também estavam sendo vigiados. Quando descobriu que até mesmo o celular pessoal da chanceler Angela Merkel tinha sido vigiado, a Alemanha decidiu copatrocinar a resolução.
O texto final teve de ser negociado e terminou menos duro do que pretendia inicialmente o Brasil. Ainda assim, obteve a anuência de todos os membros das Nações Unidas. Até mesmo os Estados Unidos se comprometeram a não barrar sua aprovação, em troca de ter suavizadas as acusações contra suas ações ilegais de espionagem. A única citação é indireta, quando exige que os países tomem medidas para mudar práticas ilegais.
O texto traz para a internet o que já diz o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, um dos três instrumentos que compõem a Carta Internacional dos Direitos Humanos. Criado em 1966, o pacto afirma que aninguém será objeto de ingerências arbitrárias ou ilegais na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência; nem de ataques ilegais a sua honra e reputação" e acrescenta que quem sofrer esse tipo de ingerência terá de estar protegido pela lei.
A resolução ainda diz que as nações devem "revisar procedimentos, práticas e legislações sobre vigilância extraterritorial de comunicações privadas e interceptações de dados de cidadãos emjurisdições estrangeiras" e afirma que, apesar das preocupações com segurança nacional e atividades criminosas justificarem o levantamento e a proteção de informações mais sensíveis, "os Estados devem assegurar o pleno cumprimento de suas obrigações no âmbito do direito internacional dos direitos humanos".
Reação. Em nota, o Itamaraty comemorou a aprovação do projeto por consenso. "A aprovação do documento pelo consenso dos 193 Estados-membros das Nações Unidas demonstra o reconhecimento, pela comunidade internacional, de princípios universais defendidos pelo Brasil, como a proteção do direito à privacidade e à liberdade de expressão, especialmente contra ações extraterritoriais de Estados em matéria de coleta de dados, monitoramento e interceptação de comunicações", diz o texto.

BC dos EUA deixa o mundo aliviado

BC dos EUA deixa o mundo aliviado

Alívio no mundo
Autor(es): SIMONE KAFRUNI » VICTOR MARTINS » DECO BANCILLON
Correio Braziliense - 19/12/2013
 
Governos e mercados, que esperavam aflitos pela notícia, comemoraram o anúncio do Federal Reserve de que a redução dos estímulos à economia americana começará em janeiro e será gradual

Enfim, o Federal Reserve anuncia a redução dos estímulos à economia dos EUA. Mas, como o processo será gradual, governos e mercados comemoram. BC do Brasil venderá ao menos US$ 24 bi nos primeiros seis meses de 2014 para conter a alta do dólar

Com a recuperação — ainda que gradual — dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, anunciou ontem o que o mundo inteiro aguardava aflito: o início do corte de estímulos à maior economia do planeta. Em janeiro do próximo ano, os US$ 85 bilhões mensais injetados na economia serão reduzidos para US$ 75 bilhões e, até o fim de 2014, haverá diminuição gradual do incentivo. O presidente da instituição, Ben Bernanke, não se comprometeu em manter a diminuição do incentivo em US$ 10 bilhões por vez nem assegurou que a medida será tomada a cada reunião do banco.

Tão logo o Fed detalhou as regras do jogo, o Banco Central brasileiro anunciou que, em reação ao corte de estímulos, despejará pelo menos US$ 24 bilhões no mercado de câmbio entre janeiro e junho de 2014. O objetivo será conter uma arrancada mais forte do dólar e, por tabela, evitar a disparada da inflação. O BC informou que serão realizados leilões de swap cambial, de segunda a sexta-feira, no valor de US$ 200 milhões por dia, volume inferior aos US$ 500 milhões diários deste ano. A oferta de linhas de crédito em dólar, feita atualmente todas as sextas-feiras, só ocorrerá, nos primeiros seis meses do ano que vem se houver demanda. A instituição ainda deixou aberta a possibilidade de vender reservas cambiais do país, que totalizam US$ 376 bilhões, em momentos de maior turbulência e de escassez brutal de moeda estrangeira. 

Por meio da assessoria de imprensa, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que viu com tranquilidade a decisão do Fed, sobretudo porque a diminuição dos estímulos será gradual, sem provocar solavancos no mercado, o que evitará movimentos bruscos nas cotações do dólar. Outra boa notícia foi o fato de o BC dos EUA ter mantido as taxas de juros variando entre zero e 0,25% ao ano. Ele determinou à equipe do ministério que monitore todos os dados dos mercados globais nos próximos dias, pois a reação ontem foi parcial, uma vez que as bolsas de valores da Ásia e da Europa estavam fechadas quando o Fed se pronunciou.

Para o mercado financeiro, a decisão do Fed põe fim às incertezas em torno da política monetária norte-americana. Mas isso não significa dizer que os países emergentes estão livres de uma batalha pesada para conter o derretimento de suas moedas. Brasil, Turquia, Indonésia, África do Sul e Índia são apontados como as nações mais vulneráveis às ações do BC dos EUA. O tamanho do enfrentamento dependerá do ritmo dos cortes promovidos pelo Fed, que condicionou suas ações à queda do desemprego para 0menos de 6,5% — a taxa atual, de 7% é a menor em cinco anos — e ao comportamento da inflação, que está abaixo de 2%.

Ao detalhar o corte dos estímulos à economia norte-americana, Ben Bernanke reforçou que não há um valor predeterminado para ser anunciado periodicamente. Se a atividade, que avançou 3,6% no terceiro trimestre deste ano, acima do previsto, tropeçar, a estratégia será abrandada. O presidente do Fed anunciou ainda que reviu as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, de expansão entre 2,9% e 3,1% para um avanço entre 2,8% a 3,2%.

O impacto da decisão do Fed foi imediato nos mercados. A Bolsa de Nova York registrou alta de 1,84% e a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), de 0,94%. Já o dólar subiu 0,87%, cotado a R$ 2,343 na venda. “O Fed fez uma coisa muita importante: tirou o foco da taxa de desemprego e o transferiu para a inflação, que está muito baixa. Isso significa que manterá os juros próximo de zero e que fará um programa de retirada de estímulos mais lento”, explicou Tony Volpon, chefe de Pesquisas para Mercados Emergentes das Américas da Nomura Securities International, em Nova York. “O anúncio do Fed veio antes do que esperávamos, mas, pelo menos, será bastante gradual”, acrescentou Jankiel Santos, economista-chefe do Espirito Santo Investment Bank.


» E EU COM ISSO

A redução dos estímulos à economia dos Estados Unidos terá impacto sobre o Brasil e isso poderá ser percebido, principalmente, no preço no dólar, que tende a subir. A previsão de parte dos especialistas é de que a moeda norte-americana chegará a R$ 2,50 até o fim de 2014. Diante dessa elevação, o custo de vida das famílias pode aumentar, e o Banco Central se verá obrigado a elevar ainda mais a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 10% ao ano. Se essa taxa aumenta, o PIB cresce menos e, em um quadro extremo, o desemprego avançará.

Snowden diz que pode ajudar País a investigar espionagem Snowden divulga carta agradecendo a brasileiros Autor(es): Roberto Simon O Estado de S. Paulo - 18/12/2013 O ex-agente americano Edward Snowden divulgou uma "carta aberta ao povo do Brasil", agradecendo pela pressão contra a NSA e se dispondo a ajudar nas investigações sobre o roubo de informações no País. A interpretação de que a mensagem representasse um pedido de asilo desencadeou intenso debate em Brasília. Mas o jornalista Glenn Greenwald disse que Snowden não solicitou nenhum asilo. O ex-espião americano Ed-ward Snowden divulgou ontem uma "carta aberta ao povo do Brasil", na qual agradece ao País pela pressão internacional contra a Agência de Segurança Nacional (NSA) e se dispõe a ajudar nas investigações sobre o roubo de informações do governo e da Pe-trobras. A interpretação de que a mensagem tivesse um pedido de asilo provocou intenso debate em Brasília. No entanto, segundo o jornalista Glenn Greenwald, o ex-agente americano não solicitou nenhum tipo de abrigo ao Brasil com a carta. "A informação (do pedido de asilo) é totalmente errada", afirmou ao Estado o repórter que revelou os segredos da NSA, com base nos documentos de Snowden, e mantém estreitos contatos com sua fonte. Em novembro, o ex-espião enviou uma carta semelhante à Alemanha, na qual também se dispunha a colaborar com investigações sobre as ações da NSA. A carta ao Brasil foi antecipada pelo j ornai Folha de S. Paulo, indicando que Snowden pedia um abrigo ao governo. Greenwaldt também negou que o fugitivo americano tenha proposto algum tipo de "troca" de informações sobre a NSA pelo asilo. Snowden chegou a enviar, em junho, uma carta a 21 países, incluindo o Brasil, na qual pedia proteção política. O País manteve-se em silêncio. O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, se reuniria ontem à noite com a presidente Dilma Rousseff para definir a posição brasileira. "Expressei minha disposição de ajudar como puder (a investigação brasileira sobre a NSA), mas infelizmente o governo dos EUA tem trabalhado duro para que eu não possa fazer isso", escreveu Snowden, dizendo que a situação não mudará até que "algum país" lhe garanta asilo político permanente. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que Snowden prestou um "grande serviço ao mundo", mas evitou se pronunciar sobre a concessão de um asilo. Apresidente da CPI que investiga a espionagem americana no Brasil, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), disse que solicitará ao ministro da Justiça, José Eduardo Gardozo, que conceda o abrigo a Snowden, enquanto congressistas da oposição disseram temer que a decisão prejudique as relações do Brasil com os EUA. Segundo Greenwald, o ex-espião americano quis dar uma resposta aos pedidos de autoridades brasileiras para que ele colabore com as investigações sobre a ação da NSA. Snowden também quis agradecer a pressão do governo Dilma Rousseff na ONU contra a espionagem. "Nos últimos dois ou três meses, senadores e autoridades do Brasil tentaram falar com Snowden, pedindo ajuda na investigação sobre espionagem. Ele quis escrever uma carta explicando para os brasileiros que ele gostaria de ajudar e participar nessa investigação, mas, infelizmente, sua situação não permite", disse Greenwald.

Snowden diz que pode ajudar País a investigar espionagem

Snowden divulga carta agradecendo a brasileiros
Autor(es): Roberto Simon
O Estado de S. Paulo - 18/12/2013
 

O ex-agente americano Edward Snowden divulgou uma "carta aberta ao povo do Brasil", agradecendo pela pressão contra a NSA e se dispondo a ajudar nas investigações sobre o roubo de informações no País. A interpretação de que a mensagem representasse um pedido de asilo desencadeou intenso debate em Brasília. Mas o jornalista Glenn Greenwald disse que Snowden não solicitou nenhum asilo.

O ex-espião americano Ed-ward Snowden divulgou ontem uma "carta aberta ao povo do Brasil", na qual agradece ao País pela pressão internacional contra a Agência de Segurança Nacional (NSA) e se dispõe a ajudar nas investigações sobre o roubo de informações do governo e da Pe-trobras. A interpretação de que a mensagem tivesse um pedido de asilo provocou intenso debate em Brasília.
No entanto, segundo o jornalista Glenn Greenwald, o ex-agente americano não solicitou nenhum tipo de abrigo ao Brasil com a carta. "A informação (do pedido de asilo) é totalmente errada", afirmou ao Estado o repórter que revelou os segredos da NSA, com base nos documentos de Snowden, e mantém estreitos contatos com sua fonte.
Em novembro, o ex-espião enviou uma carta semelhante à Alemanha, na qual também se dispunha a colaborar com investigações sobre as ações da NSA. A carta ao Brasil foi antecipada pelo j ornai Folha de S. Paulo, indicando que Snowden pedia um abrigo ao governo.
Greenwaldt também negou que o fugitivo americano tenha proposto algum tipo de "troca" de informações sobre a NSA pelo asilo. Snowden chegou a enviar, em junho, uma carta a 21 países, incluindo o Brasil, na qual pedia proteção política. O País manteve-se em silêncio. O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, se reuniria ontem à noite com a presidente Dilma Rousseff para definir a posição brasileira.
"Expressei minha disposição de ajudar como puder (a investigação brasileira sobre a NSA), mas infelizmente o governo dos EUA tem trabalhado duro para que eu não possa fazer isso", escreveu Snowden, dizendo que a situação não mudará até que "algum país" lhe garanta asilo político permanente.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que Snowden prestou um "grande serviço ao mundo", mas evitou se pronunciar sobre a concessão de um asilo. Apresidente da CPI que investiga a espionagem americana no Brasil, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), disse que solicitará ao ministro da Justiça, José Eduardo Gardozo, que conceda o abrigo a Snowden, enquanto congressistas da oposição disseram temer que a decisão prejudique as relações do Brasil com os EUA.
Segundo Greenwald, o ex-espião americano quis dar uma resposta aos pedidos de autoridades brasileiras para que ele colabore com as investigações sobre a ação da NSA. Snowden também quis agradecer a pressão do governo Dilma Rousseff na ONU contra a espionagem.
"Nos últimos dois ou três meses, senadores e autoridades do Brasil tentaram falar com Snowden, pedindo ajuda na investigação sobre espionagem. Ele quis escrever uma carta explicando para os brasileiros que ele gostaria de ajudar e participar nessa investigação, mas, infelizmente, sua situação não permite", disse Greenwald.

Pedido de asilo de Snowden deixaria Brasil desconfortável

Pedido de asilo de Snowden deixaria Brasil desconfortável

Autor(es): Catarina Alencastro, Geralda Doca e Elisa Martins
O Globo - 18/12/2013
 

Para assessores de Dilma, seria difícil justificar rejeição a delator de espionagem

O Ministério das Relações Exteriores sustenta que, até agora, o ex-técnico da CIA Edward Snowden não pediu formalmente asilo ao governo brasileiro. Em julho, quando ele esteve numa espécie de limbo migratório por mais de um mês no aeroporto de Moscou, o Itamaraty afirma ter recebido apenas um pedido feito pela Anistia Internacional a 21 nações, entre elas o Brasil. Mas auxiliares da presidente Dilma Rousseff admitem que, se Snowden formalizar a solicitação, o governo terá dificuldade em justificar uma negativa. Isso porque a presidente tem se pronunciado fortemente, dentro e fora do país, contra a espionagem — o que poderia favorecer um eventual pedido do americano. E ninguém se arrisca a opinar qual seria a decisão de Dilma.
O episódio da vigilância em massa do governo americano voltou à tona ontem após a publicação de uma carta de Snowden, no jornal "Folha de S.Paiúo" na qual o ex-técnico da CIA afirma que só poderá colaborar com o Brasil ou qualquer outro país quando receber asilo político permanente. Ele vive na Rússia, onde obteve visto temporário.
Em Brasília, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, negou que haja interesse do governo brasileiro em oferecer asilo em troca de ajuda de Snowden, já que o Brasil já tem informações suficientes para considerar a espionagem "intolerável" O ministro também fez uma defesa do americano:
— Acho que ele prestou um grande serviço para o mundo, ao revelar a espionagem.
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, defendeu que o governo brasileiro conceda asilo político a Edward Snowden, caso ele peça oficialmente.
Autor de reportagens sobre a vigilância da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês), o jornalista Glenn Greenwald descartou que Snowden estaria disposto a colaborar nas investigações em troca de asilo no Brasil.
— Snowden é procurado semanalmente pelas autoridades brasileiras, que pedem a cooperação dele nas investigações sobre a espionagem no país, e ele quis apenas explicar por que não pode ajudar na situação em que está. Não está pedindo novo asilo — disse Greenwald ao GLOBO.
Na carta publicada pela "Folha de S. Paulo" Snowden diz já ter expressado sua "disposição dé auxiliar quando isso for apropriado e legal" mas afirma que, infelizmente, "o governo dos EUA vem trabalhando arduamente" para limitar sua capacidade de fazer isso, chegando ao ponto de obrigar o avião presidencial de Evo Morales a pousar para impedi-lo de viajar à América Latina.
"Até que um país conceda asilo político permanente, o governo dos EUA vai continuar interferindo na minha capacidade de falar" escreveu Snowden no texto.
A carta foi divulgada um dia depois de um juiz americano determinar que a coleta de dados pelos EUA era ilegal. Greenwald, que diz ter conversado com Snowden na segunda-feira, afirmou que ele se mostrou "muito feliz" com a decisão. Ontem, executivos de empresas de tecnologia como Apple, Google, Yahoo! e Microsoft, pediram ao presidente americano, Barack Obama, mais ações para conter a espionagem eletrônica do governo dos EUA.
IMPULSO A PETIÇÃO NA REDE
O texto de Snowden ajudou a alavancar uma campanha no Brasil para que o govemo conceda residência ao americano. Em novembro, o companheiro de Greenwald, o brasileiro David Miranda, publicou no site da ONG Avaaz uma petição para que o Brasil ofereça asilo a Snowden. Nesta semana, ela contava com 2.500 assinaturas. Ontem, saltou para mais de onze mil.
— Vamos apresentar essa petição à (presidente) Dilma. Snowden é um herói, ele nos ajudou a entender como o governo dos EUA espiona o mundo inteiro. Nada mais justo que dar asilo a ele— defendeu Miranda.

Dia de apito antes do decreto

Dia de apito antes do decreto

Desocupação de museu tem 25 detidos
Autor(es): Rafael Galdo, Maria Elisa Alves e Renata Leite
O Globo - 17/12/2013
 

Um dia antes de o governo do estado publicar decreto criando um centro de referência da cultura indígena no antigo Museu do índio, ativistas entraram em confronto com a polícia e 25 pessoas foram detidas.
Índio chegou a subir em árvore no Maracanã. Imóvel terá Centro de Referência das Culturas Indígenas

Quando soube que o antigo Museu do índio teria que ser desocupado, ontem de manhã, José Urutau, que participou da invasão do local, no fim de semana, não teve dúvidas: subiu numa árvore do terreno, no Maracanã, e marcou, entre as folhas, sua posição contrária ao ato. A resistência do indígena foi tão grande quanto a habilidade dele para escalar rapidamente o tronco: ele subiu por volta das 9h30m e à noite ainda estava entre os galhos. Várias autoridades foram mobilizadas para fazê-lo descer. O Corpo de Bombeiros levou uma escada Magirus, com um negociador do Batalhão de Operações Especiais a bordo, mas foi em vão. O Batalhão de Choque da Polícia Militar e um delegado da Polícia Civil também tentaram sem sucesso. Alguns manifestantes que apoiavam Urutau acabaram sendo carregados para longe por policiais. Vinte e cinco pessoas foram detidas durante a ação de retirada dos invasores, que fechou a Avenida Radial Oeste, no sentido Centro, das 7hl0m às 9h50m, complicando o trânsito na região.
Urutau alegava que não sairia do local porque o governo do estado não havia apresentado um mandado judicial que permitisse a retirada dos ativistas e indígenas. O governo afirmou, no entanto, que a desocupação estava baseada numa imissão de posse (ato judicial que garante a posse de um bem) expedida em março, pela 8a Vara Federal do Rio. Em nota, o estado disse que a liminar de reintegração de posse era "instrumento hábil para justificar a retirada de qualquer invasor, a qualquer tempo, depois de concedida".
O advogado constitucionalista Leonardo Vizeu, membro da Comissão de Direito Constitucional da OAB-RJ, no entanto, defende que a imissão de posse não pode ser usada indefinidamente (ela já tinha sido executada em março). A Justiça Federal, por sua vez, informou que não tinha expedido uma nova imissão.
— Nosso plano aqui é a criação da primeira universidade de ensino da cultura indígena no Brasil — disse o índio Paulo Apurinan, um dos líderes indígenas no local, que chegou a ser detido, mas foi solto em seguida.
ATIVISTAS RETIRADOS VOLTARAM AO LOCAL
Em março, o antigo Museu do índio já havia sido desocupado. Os manifestantes voltaram ao local no último fim de semana, porque um dos quatro prédios que ficam no terreno estaria, segundo eles, sendo derrubado. Na quinta-feira, o Consórcio Maracanã S.A., formado pela Odebrecht, pela IMX e pelo grupo americano AEG, teria começado a demolição. Por conta disso, o grupo invadiu o imóvel do Laboratório Nacional Agropecuário.
Na madrugada de domingo, os ativistas foram retirados, mas voltaram e passaram a ocupar o museu vizinho. O governo informou que o prédio do laboratório será, de fato, demolido, junto com outros dois. A área será incorporada ao Complexo do Maracanã e vai abrigar o novo Museu do Futebol, previsto para ficar pronto para as Olimpíadas de 2016. Mas o prédio do antigo Museu do índio permanecerá de pé. O estado publica hoje um de-ereto garantindo que o imóvel será transformado em um Centro de Referência das Culturas Indígenas. Segundo o ato, caberá à Secretaria estadual de Cultura definir, "em conjunto com as lideranças indígenas do estado e instituições que formalmente se destinem à defesa dos direitos e interesses dos povos indígenas, o programa de uso cultural do bem".
Segundo a secretária de Cultura, Adriana Rattes, as negociações para a criação do centro já estão adiantadas. Desde agosto, grupos de trabalho, formados por representantes dos indígenas, da secretaria e de instituições diversas ligadas à causa indígena, estão discutindo as questões jurídicas e estruturais do espaço, além do conteúdo cultural. Uma proposta preliminar de uso do espaço será apresentada amanhã durante o seminário "Centro de referência da cultura dos povos indígenas" que acontece na Uerj e já tem confirmada a presença de caciques de várias tribos do Brasil.
O projeto de ocupação cultural que:pode ser aprovado amanhã prevê, entre outras ações, a promoção de eventos e exposições para a difusão da arte, da cultura, dos sabei res e modos de vida dos povos indígenas, espaço para a promoção de artesanato e curso de formação para novos líderes indígepas. A previsão é que ele comece a funcionár depois da Copa do Mundo, mas, em março de 2014, um espaço provisório será inaugurado, segundo Adriana.
— Com uma migração cada vez maior de índios para as cidades, um espaço como esse, qud ajude a gerar renda, é fundamental. O que os ocupantes do antigo museu querem é a universidade, imas o centro é um primeiro passo — diz Paulo Ribeiro, presidente da Fundação Darcy Ribeiro.

História de consumo - IPI e juro baixo como armas

História de consumo - IPI e juro baixo como armas

O Globo - 16/12/2013
 

0 estímulo à poupança é carta nova num modelo econômico que apostou as fichas no consumo.
Em 2009, a crise mundial chegou j ao seu pior momento, e o governo | anunciou os primeiros cortes de | IPI para fogões, geladeiras e | outros produtos da linha branca.
Em maio de 2012, foi a vez de os carros ficarem livres do IPI. As vendas começaram a bater recordes.
Na construção civil, houve desonerações de impostos, com crédito habitacional mais barato e fácil e prazos de pagamento mais longos. 0 programa Minha Casa, Minha Vida, que subsidia moradia para população de menor renda, é um capítulo à parte do aquecimento do setor.
Seu adendo mais recente, o Minha Casa Melhor empresta até R$ 5 mil para compra de móveis, eletrodomésticos, computadores e tablets com prazo de 48 meses e juros de 5% ao ano. Nos financiamentos tradicionais, a taxa é 61%.
Outra forte ofensiva foi direcionada aos bancos. Depois de estimular os empréstimos consignados e baixar a taxa básica de juros, que chegou ao piso histórico de 7,25% ao ano no início de 2013, o governo iniciou uma pressão para que os bancos emprestassem mais e com taxas menores. Banco do Brasil e Caixa foram os primeiros a reduzir os juros para forçar os concorrentes privados a seguir o mesmo caminho. Mas a estratégia pareceu insuficiente, e a presidente Dilma interferiu pessoalmente, chamando os banqueiros para conversar.
Por essas e outras, o consumo das famílias vem sustentando o PIB do país e, apesar da perda de fôlego, registrou o 40º trimestre seguido de alta. Também não é sem razão que o nível de endividamento das famílias está batendo recordes

Economia ziguezague

Economia ziguezague

Autor(es): George Vidor
O Globo - 16/12/2013
 

Os cenários para 2014 tendiam para um crescimento momo, similar ao de 2013, mas ainda podem ser revistos
A economia brasileira sempre costuma surpreender, em diferentes direções, mas neste fim de ano os economistas estão tendo ainda mais dificuldades para traçar os cenários prováveis de 2014, por conta de estatísticas que parecem se contradizer a cada mês. Dados negativos e positivos relacionados à produção industrial, ao varejo e ao emprego vêm se alternando, e qualquer tipo de projeção a partir deles acaba envolvendo enorme margem de erro. O mais recente indicador do Banco Central, que busca aferir o ritmo da atividade econômica no país, pôs mais lenha na fogueira, pois voltou a reforçar a ideia de um crescimento mais expressivo neste último trimestre (e isso depois de o IBGE ter registrado uma retração do Produto Interno Bruto no terceiro trimestre que superou expectativas bem pessimistas). Somente no início de março, será divulgado o cálculo preliminar do comportamento do PIB em 2013. Até lá, os palpites vao variar.
Numa conjuntura de baixo crescimento, um ponto percentual de variação no PIB faz grande diferença. Antes da divulgação do indicador do Banco Central, ganhavam força no mercado financeiro os cenários que apontavam para 2014 um crescimento econômico tão momo como o de 2013. Os cenários que projetam crescimento ligeiramente acima de 3%, até então sendo descartados, entraram novamente no radar do mercado. É a famosa economia ziguezague, confundindo a cabeça dos especialistas e embaralhando as premissas usadas nos modelos macroeconômicos.
Obrigado em vez de "merci"
Durante esse período curto de férias, ouvi de franceses vários "obrigado" (em português mesmo) nos restaurantes e lojas, além de hotéis, como forma de agradecimento ou retribuição de gentileza a brasileiros em visita ao país deles. Dezembro é mês de turismo de compras na França e os brasileiros são reconhecidamente ávidos consumidores. Por causa da longa distância que nos separa do velho continente, brasileiros costumam passar mais tempo em cidades da Europa do que a estada habitual dos próprios europeus ou de americanos. Porém, anos atrás, não eram raros casos de turistas brasileiros que se queixavam do mau tratamento em viagem à Europa.
Os preços em euros pesam no bolso dos brasileiros quando é feita a conversão para reais. Mas a balança de turismo do Brasil com o exterior está cada vez mais deficitária, tendência que talvez seja interrompida em 2014 com a realização da Copa do Mundo. Até o início de dezembro, o Brasil recebeu seis milhões de visitantes estrangeiros, número recorde. A expectativa é que a Copa e os Jogos Olímpicos contribuam decisivamente para elevar tal número ao patamar de 10 milhões de turistas por ano. A França recebe 80 milhões, por conta de atrações turísticas para todos os gostos. O Brasil, por enquanto, está na categoria dos destinos exóticos.
Rota da ex-OGX
O fato de a ex-OGX (agora Óleo e Gás Participações) não ter bancos entre seus principais credores deve facilitar a aprovação do plano de recuperação da companhia em prazo relativamente curto, na opinião de advogados especialistas nessa área. O processo de recuperação, após a aprovação do plano, pode levar dois anos. Mas nesse período a companhia terá de sobreviver basicamente com as receitas provenientes da sua produção de petróleo, reiniciada com a entrada em operação do campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, pois é improvável que os credores aceitem injetar recursos na companhia nesse período, a não ser que transformem parte da dívida em participação acionária. Mais umá tentativa de negociação com os titulares de bônus da ex-OGX, nessa direção de troca de dívida por ações, está sendo feito, depois que a Justiça admitiu englobar na recuperação também as duas subsidiárias do exterior.
Trilhos chegando
Na hipótese mais otimista, o túnel da futura linha 4 do metrô do Rio que ligará as estações Jardim Oceânico (Barra da Tijuca) a São Conrado estaria aberto, nos seus mais de cinco quilômetros de extensão, nesta quarta-feira, mas o objetivo acabou antecipado em alguns dias. O túnel já está na fase de preparação do piso. Em janeiro chegarão os primeiros trilhos, que poderão começar a ser assentados em parte desse trecho da linha. O desafio agora é iniciar os trabalhos de construção do túnel entre Ipanema e Leblon, que será perfurado pelo "tatuzão" no momento instalado próximo à estação General Osório.

O acordo nuclear com o Irã

O acordo nuclear com o Irã

Autor(es): JOSH GOLDÉMBERG
O Estado de S. Paulo - 16/12/2013
 


Existem poucos temas que recentemente tenham atraído tanta atenção quanto o acordo nuclear dos países da União Europeia, Estados Unidos e Rússia com o Irã, assinado em Genebra após anos de árduas negociações.
A importância desse acordo  é clara:
• Por um lado, ele evita - ou pelo menos adia - uma intervenção militar dós Estados Unidos para impedir que o Irã desenvolva armas nucleares e abre caminho para a normalização das relações entre os dois países, que foi rompida há mais de 30 anos.
• Por outro, dá ao presidente Barack Obama a oportunidade de recuperar o seu prestígio interno, seriamente abalado pela oposição republicana que domina a Câmara dos Deputados, a qual tem bloqueado sistematicamente a ação do Poder Executivo nos Estados Unidos.
Mais do que isso, porém, o acordo com o Irã vai fixar os procedimentos que serão usados daqui para a frente pelas grandes potências a fim de evitar a proliferação nuclear no restante do mundo, além dos países que já possuem armas desse tipo - Estados Unidos, Rússia, França, Inglaterra, China, índia, Paquistão, Coreia do Norte e Israel.
Os resultados imediatos do acordo são os seguintes: o Irã vai "congelar" por seis meses seu programa de enriquecimento de urânio, que o levaria bem próximo da capacidade de produzir armas nucleares, em troca de um abrandamento das sanções econômicas vigentes. Especificamente, será abandonado o "enriquecimento" de urânio ao nível de 20% - considerado "perigoso", porque levaria facilmente a armas nucleares. Será mantido o enriquecimento ao nível de 5%, que produz urânio para uso em reatores nucleares, como as instalações brasileiras em Resende (RJ).
Com isso o Irã - que sempre defendeu seu direito "inalienável" de enriquecer urânio como símbolo de soberania e independência nacional - salvou a sua face, mantendo a súa capacidade de "enriquecer". Em compensação, ficou demonstrado que sanções econômicas funcionam para impedir a proliferação nuclear.
O significado maior do acordo é que o programa nuclear do Irã passa a ser monitorado pelas grandes potências, por intermédio da Agência Internacional de Energia Atômica, o que não ocorreu até agora de maneira efetiva. As inspeções que a Agência Internacional de Energia Atômica fazia eram muito limitadas e os iranianos têm sido acusados de comportamento evasivo, tendo mesmo instalado um grande complexo de enriquecimento, além dos reconhecidos oficialmente.
Em outras palavras, o programa nuclear iraniano passou a ser muito parecido com o do Brasil, que também domina a tecnologia de enriquecimento de urânio, mas não é objeto de suspeitas internacionais nem de sanções econômicas.
A razão pela qual isso ocorreu é que em 1992 o presidente Fernando Collor de Mello e o presidente Carlos Menem, da Argentina, decidiram que não era de interesse comum dos dois países (Brasil e Argentina) alimentar
uma corrida armamentista no  Cone Sul da América Latina, estimulada por grupos militares e que incluía o desenvolvimento | de armas nucleares e foguetes de longo alcance para lançá-las.
A decisão foi tomada não só para economizar vultosos recursos,  mas também em razão do reconhecimento, pelos dois presidentes-democraticamente eleitos após anos de governos ditatoriais -, de que a prioridade de seus governos era resolver os problemas de subdesenvolvimento dos seus países, e não o envolvimento em programas controvertidos como a produção de armas nucleares.
Essas ideias ressurgiram em 2002, mas o então recém-eleito presidente Lula da Silva, como anteriormente o presidente Collor, teve o bom senso de perceber que não seria a posse de armas nucleares que daria prestígio ao País, e sim a solução dos seus problemas sociais por s ! meio de programas menos onerosos, como o Bolsa Família, que Ruth Cardoso havia inicia- do no governo de Fernando  Henrique.
 Por motivos que não são fáceis de entender, o governo iraniano, há mais de 20 anos, decidiu não seguir o mesmo caminho e se envolveu em programas que poderiam levar à posse de armas nucleares. O argumento usado pelo Irã era o de que o programa nuclear tinha a finalidade de produzir energia elétrica, o qual não tem muita credibilidade. Do ponto de vista energético, essa justificativa não fazia muito sentido porquê o Irã tem amplos recursos de petróleo e gás natural, e energia nuclear para geração de eletricidade não era indispensável.
A decisão do Irã baseou-se provavelmente na percepção de que a posse de armas nucleares seria uma forma de assegurar sua soberania nacional, ameaçada pela posição hostil dos Estados Unidos. Há muitas outras
formas de defender a soberania nacional, mas no Irã enriquecimento de urânio tornou-se uma obsessão.
Aparentemente, o governo iraniano acreditava que essa estratégia uniria o país em tomo de um objetivo comum que lhe permitiria enfrentar melhor eventuais ameaças externas. Ideias desse tipo circularam também no Brasil em 1985, na fase final do governo militar. Certos grupos acreditavam que uma explosão nuclear uniria a população em torno do governo militar e garantiria sua sobrevi-da. Foi esse tipo de ideia que levou a Argentina à desastrada Guerra das Malvinas e, obviamente, não teve sucesso.
A aplicação de sanções econômicas internacionais demonstrou que o custo da estratégia adotada pelo Irã era alto demais não só em termos econômicos, mas também porque afetou o fornecimento de peças de reposição de inúmeros equipamentos, em particular para a aviação comercial.
O acordo nuclear firmado agora pelo Irã, se implementado, faz sentido e, ao que tudo indica, o bom senso imperou, como ocorreu com o Brasil e a Argentina no passado.

PROFESSOR EMÉRITO DA USP, FOI SECRETÁRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Adeus, consumo: BC quer incentivar a poupança

Adeus, consumo: BC quer incentivar a poupança

BC prepara plano de incentivo à poupança
Autor(es): Gabriela Valente
O Globo - 16/12/2013
Após anos de estímulo ao consumo, o governo planeja agora incentivos à poupança, com o intuito de elevar a taxa de investimento do país, hoje em níveis baixos. Com a mira na nova classe média, o Banco Central prepara uma estratégia de educação financeira, que inclui o uso de tablets em áreas pobres, para que 50 milhões de brasileiros comecem a economizar. 


Após anos de foco no consumo, governo quer estimular classe C a economizar para elevar taxa de investimento

Em vez de esconder dinheiro embaixo do colchão, o armador de ferragens Rubens Mariano deixa suas economias em uma conta corrente. É quase a mesma coisa, já que não recebe rendimento algum. Todo mês, ele separa R$ 200 ou R$ 300 para emergências. Não gosta de deixar na poupança porque acredita — erradamente — que não poderá sacar quando precisar. Com a mira em pessoas como ele, o Banco Central prepara uma estratégia para incentivar a poupança e aumentar a taxa de investimento no país, principalmente, entre a nova classe média. A medida vem após anos de incentivos do governo ao consumo.
Para fazer com que 50 milhões de brasileiros comecem a economizai; o Banco Central investirá em educação financeira. Uma das iniciativas é fazer softwares de jogos e distribuir tabíets em áreas pobres e favelas das grandes cidades para ensinar pessoas como Rubens. Se ele soubesse que pode usar os recursos da caderneta de poupança a qualquer momento, mas que só recebe os rendimentos a partir de 30 dias do depósito, ficaria mais tranqüilo. E poderia entrar para as estatísticas de investidores brasileiros.
— No banco, eles falam que tem de deixar o dinheiro por três ou seis meses para render alguma coisa. Daí, deixo na conta mesmo, porque posso precisar — diz o trabalhador.
Formação de multiplicadores
Com isso, continua fora do grupo de poupadores do país, mas já faz parte da população bancarizada, que teve um incremento substancial com a ascensão da nova classe média. Em outubro, o Brasil ultrapassou a marca de 100 milhões de contas correntes: crescimento de 27% nos últimos cinco anos. Muitos brasileiros que utilizam o sistema financeiro nem abrem conta corrente. Crianças e adolescentes — principalmente das classes mais altas — têm instrumentos de poupança como a caderneta e até previdência privada. Por isso, 132,4 milhões de CPFs mantêm relacionamento ativo com o sistema. Para incentivar esse tipo de comportamento entre a população de menor renda, o BC encomendou uma pesquisa sobre os hábitos bancários da classe C. Essa parcela da população teve um papel importante na retomada do crescimento via consumo, após a crise global de 2009. Antes mesmo dos resultados do estudo, a autarquia já traça projetos para incentivar a poupança em 2014 — o último ano do programa de inclusão financeira da autarquia. O foco é sempre formar "multiplicadores" ou seja, pessoas da própria comunidade que possam repassar os conhecimentos. Aí, entram os joguinhos nos tablets.
Os dispositivos serão entregues às mulheres. Com ajuda de cooperativas de crédito e do Ministério de Desenvolvimento Social, o BC começa a identificar grupos que já se reúnem para alguma atividade como, por exemplo, costurar. O equipamento passará de mão em mão.
E elas poderão aprender a melhor forma de poupar num jogo j educativo e ensinar familiares.
— Esse é o maior desafio: como sensibilizar a população a fazer aplicações de mais longo prazo — afirmou o diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do BC, Luiz Edson Feltrim.
A autoridade monetária, entretanto, quer mostrar que a caderneta de poupança não é a única forma de guardar dinheiro. O BC sabe que a modalidade é o mecanismo predileto das famílias com menor renda, mas quer ensinar que — de acordo com o objetivo das famílias — há instrumentos mais apropriados e eficazes.
— Nunca pensei em deixar em outro lugar que não fosse a poupança — afirma a estagiária em enfermagem Talita Lobato. — Acho que por falta de informação nunca pensei nisso.
Já a cozinheira Janaína Ribeiro não consegue guardar nem uma pequena parcela do que ganha por mês. Mesmo assim, tem uma caderneta de poupança, onde depositou todo o dinheiro da rescisão do último emprego. Aos 25 anos, a mãe solteira conta que colocar na aplicação foi uma decisão imediata ao trocar de trabalho.
— Quando a gente poupa é em caderneta de poupança, não? — pergunta Janaína.
Outros instrumentos - Além de estimular a nova classe média a guardar dinheiro, o BC pretende ainda incentivar os bancos a criarem novos produtos para atrair esses potenciais poupadores. É uma determinação do presidente Alexandre Tombini, que tem falado cada vez mais sobre o tema. O assunto é uma das vedetes da diretoria comandada por Feltrim.
Vamos construir essa agenda: aumentar a poupança, alongar os instrumentos de aplicação financeira, mas não temos a fórmula ainda — afirmou Feltrim. — Vamos lançar o desafio para o pessoal de baixíssima renda para ensinar esse pessoal a poupar. Independentemente do valor do seu ingresso, você pode poupar e não apenas com caderneta de poupança, mas com vários instrumentos.

ELEITA COM FOLGA, BACHELET QUER REFORMAS NO CHILE

ELEITA COM FOLGA, BACHELET QUER REFORMAS NO CHILE

CHILENOS ELEGEM BACHELET EM 29 TURNO COM BAIXA PARTICIPAÇÃO DO ELEITORADO
Autor(es): Guilherme Russo
O Estado de S. Paulo - 16/12/2013
 
Socialista obteve mais de 60% dos votos; entre as promessas estão ensino gratuito e reforma tributária
A candidata socialista Michelle Bachelet foi eleita a nova presidente do Chile com ampla vantagem. Com 98,16% das umas apuradas até o início da noite de ontem, Bachelet tinha 62,2% dos votos contra 37,8% da candidata governista Evelyn Matthei. Bachelet, que governou o país de 2006 a 2010, planeja uma ampla agenda de reformas. Ela propõe instituir um sistema educacional gratuito e promover uma reforma tributária para bancar as mudanças no ensino. Bachelet também quer elevar o valor das aposentadorias e mudar o sistema eleitoral. Mas o baixo comparecimento de eleitores às urnas pode dificultar a aprovação da reforma constitucional, segundo analistas políticos.

Michelle Bachelet, líder da coalizão Nova Maioria, foi eleita ontem a nova presidem te do Chile em um segundo turno marcado pelo baixo comparecimento da população. A socialista, que já governou o país de 2006 a 2010, derrotou a conservadora Evelyn Matthei por uma diferença expressiva de votos - com 98,16% das urnas apuradas, Bachelet tinha 62,2%, contra 37,8% de Matthei.
A conservadora reconheceu a derrota no início da noite. "Meu desejo mais honesto e profundo é que tudo vá bem para ela. Ninguém que ame o Chile pode desejar o contrário", afirmou.
A presidente eleita participou ontem de uma comemoração em frente ao hotel onde estava seu comando de campanha na capital, Santiago. Diante do local, um palco foi montado e militantes começaram a chegar assim que os primeiros resultados foram divulgados.
"Ganhou a chefa! A que saber mandar. A outra não sabe nada!", disse o inspetor de transporte coletivo José Riquelme, de 44 anos. "É um grande triunfo para o povo chileno. Uma alegria enorme", afirmou o mecânico Marco Llanor, de 57 anos, que veio para a comemoração com o filho, a nora e a neta.
Um vídeo em que Bachelet era entrevistada por correligionários foi exibido no telão do palco. "Serei a presidente de todos os chilenos e todas as chilenas", disse a socialista.
A votação que confirmou a vantagem dada por pesquisas a Bachelet, no entanto, teve um comparecimento muito baixo. As filas que os chilenos enfrentaram para votar em 17 novembro não se repetiram no segundo turno da disputa. 

Foram as primeiras eleições presidenciais no Chile sem voto obrigatório. No primeiro turno, pouco menos da metade dos votantes registrados foram às urnas: 6,7 milhões, em um universo de 13,5 milhões. Os números do segundo turno ainda não foram divulgados.
Desencanto. Nos centros de votação visitados pelo Estado em Santiago ontem, o movimento erabaixo. No Estádio Nacional do Chile, onde longas filas se formaram em novembro, não havia espera para votar. As urnas, de vidro emoldurado, tinham poucos votos às 13 horas - e uma mesária dormia sobre os registros de votação.
"Tem muito menos gente. No primeiro turno, esperei meia hora na fila, hoj e (ontem), não esperei nenhum minuto. O desencanto é muito grande com a classe política", afirmou o administrador de hotéis Cris-tián Verdugo, de 50 anos.
"Como agora o voto é voluntário, as pessoas deixaram de lado o comprometimento cívico, pois não existe mais essa obrigatoriedade", disse a dona de casa Natacha Moran, de 63 anos, após votar.
A mesma impressão tinham os eleitores que votavam em centros eleitorais que concentravam menos mesas. "Da outra vez, esperei uma hora. Hoje (ontem), não demorei nem três minutos. O voto deveria voltar a ser obrigatório", afirmou o motorista de ônibus Angel Arias, de 55 anos.
Analistas políticos chilenos ressaltam que uma baixa participação prejudicará Bachelet na implementação de suas principais promessas de campanha. Com a maioria que possui no Parlamento, de 55% nas duas Casas, sua coalizão tem votos suficientes para aprovar suas principais medidas - como a criação de um sistema educacional gratuito e de qualidade e uma reforma tributária que bancaria as mudanças na educação.
Para conseguir aprovar a reforma constitucional que pretende fazer, porém, a socialista precisará cooptar parlamentares da oposição, em busca da maioria qualificada necessária - para tanto, um grande número de votos do eleitorado chileno. daria a ela o cacife político necessário para convencer os conservadores a apoiá-la.
Diálogo.  "Este é um dia muito importante. Espero que as pessoas possam participar e, com o seu voto, dar uma clara expressão de qual é o Chile em que queremos continuar vivendo.
Do ceticismo não se produzem  as mudanças de que precisamos", afirmou Bachelet pouco após votar, na manhã de ontem,  no Colégio Enrique Teresiano Ossó.
Evelyn Matthei adotou discurso conciliador. Pouco antes de votar, a candidata conservadora já havia reconhecido que  uma vitória seria quase impossível. "Vou pedir diálogo a ela.
Que não haja arrogância de ne-! nhum lado", disse Matthei à  emissora TVN. Ela afirmou que  seria um "milagre" se ela fosse  eleita. "Pela maneira que começamos, na última hora (...), seria uma façanha (vencer)."
A ex-dirigente estudantil Camila Vallejo, eleita deputada pelo Partido Comunista em novembro, pediu que o voto se torne obrigatório novamente no Chile. "Sou partidária da volta ao voto obrigatório, de que todos estejamos automaticamente inscritos nos registros eleitorais e tenhamos a obrigação de votar — mas, se não quisermos, possamos nos retirar do registro", disse no Estádio Bicentenário, onde votou ontem.
Agressão. O ex-candidato conservador à presidência chilena Pablo Longueira, que abandonou a disputa 16 dias após vencer as primárias da Aliança, em julho, foi agredido na manhã de ontem quando foi votar.
De acordo com a polícia, quatro pessoas foram detidas após cuspir no político gritou palavras de ordem contra ele. Poucos minutos depois, Matthei negou ao mesmo centro eleitoral para votar e, enquanto falava com a imprensa, foi interrompida por uma mulher que gritava críticas contra a candidata. Matthei pediu que ela falasse depois e não interrompesse o trabalho dos jornalistas.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Brasil é o pior do G20

Brasil é o pior do G20

Correio Braziliense - 13/12/2013
 
Retração do PIB no terceiro trimestre coloca o país na última posição entre as maiores economias do mundo
A contração de 0,5% do Produto Interno Bruto no terceiro trimestre fez o Brasil apresentar o resultado mais fraco, no período, entre todos os países do G20. Segundo a Organização Internacional para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), além do Brasil, apenas a França mostrou retração, de 0,1%. O G20 é formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia.

De acordo com a OCDE, o PIB do bloco avançou 0,9% de julho a setembro, ligeiramente acima da expansão de 0,8% registrada nos três meses anteriores. Não foram incluídos na comparação três países — Rússia, Argentina e Arábia Saudita — que ainda não apresentaram dados sobre o terceiro trimestre.

A entidade avaliou que o mau desempenho do Brasil pode ter sido, em parte, uma consequência natural do crescimento robusto de 1,8% verificado de abril a junho. A mesma explicação foi apresentada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os números no início deste mês. No entanto, outros países que vinham crescendo antes de forma acentuada mantiveram ou até ampliaram o nível de atividade no período seguinte.

É caso da China, que havia tido expansão de 1,9% no segundo trimestre e acelerou o ritmo para 2,2% no terceiro — a maior taxa entre todos os integrantes do G20. A Índia, que ocupou o segundo lugar entre os que mais cresceram, passou de 1% para 1,9%, e os Estados Unidos, de 0,6% para 0,9%. 

A maior parte dos analistas espera que o Brasil volte a crescer no último trimestre do ano, mas em ritmo ainda lento, dada a pouca confiança dos empresários nas decisões do governo. Relatório divulgado ontem pelo Itaú Unibanco, estima que a economia avançou 0,3% em outubro, com alta mais disseminada que em meses anteriores. De acordo com os economistas do banco, o comércio e a indústria lideraram a expansão, mas a agropecuária voltou a cair. 

Ritmo lento
Para novembro, os indicadores disponíveis apontam para recuo da produção industrial e ligeira queda das vendas no comércio. Mesmo assim, o PIB deverá crescer 0,3%. Segundo o Itaú Unibanco, a expansão do quarto trimestre pode chegar a 0,6%.


» Mal na foto

Crescimento da produção no período julho-setembro

China    2,2
Índia    1,9
Indonésia    1,3
Coreia do Sul    1,1
Turquia    0,9
Estados Unidos    0,9
México    0,8
Reino Unido    0,8
Canadá    0,7
Austrália    0,6 
Alemanha    0,3
Japão    0,3
África do Sul    0,2
União Europeia    0,2
Itália    0
França    -0,1
Brasil    - 0,5

Total do G20    0,9

Fonte: OCDE