Paraguai deve dar aval à Venezuela amanhã
Autor(es): Roberto Simon |
O Estado de S. Paulo - 09/12/2013 |
Senado
de Assunção já reúne votos suficientes para aprovar entrada de Caracas
no Mercosul, abrindo caminho para retorno paraguaio ao bloco
Senadores paraguaios devem aprovar com folga amanhã o protocolo de
adesão da Venezuela ao Mercosul, abrindo caminho para que Assunção
retorne plenamente ao bloco sul-americano. Calcula-se que o governo de
Horacio Cartes tenha pelo menos oito votos amais do que o necessário
para conseguir passar o texto no Senado.
Os
governos da região querem que o Paraguai dê o aval à Venezuela agora e,
na cúpula do bloco no dia 17 de janeiro, em Caracas, receba a
presidência rotativa do Mercosul. Pela ordem, seria a vez de a Argentina
ocupar a cadeira, mas o Brasil propôs oferecê-la aos paraguaios como um
atrativo a mais para que o país volte ao bloco e para que o governo
Cartes consiga "Vender" mais facilmente a decisão ao público interno.
Em
entrevista ao Estado, o chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, negou que a
pressão do Brasil e da Argentina tenha feito Cartes enviar o protocolo
de adesão da Venezuela ao Senado na quinta-feira (mais informações nesta
página). "Essa é uma decisão soberana do Paraguai, a qual atende aos
interesses paraguaios", disse. Loizaga afirma que Assunção quer retomar
logo suas funções no bloco para influenciar as negociações de um acordo
comercial entre Mercosul e União Européia.
Hoje
o secretário-geral do Itamaraty, Eduardo dos Santos, deve desembarcar
em Assunção para discutir o assunto. O chanceler paraguaio viajará em
seguida para Brasília.
A
suspensão do Paraguai foi revogada pelos demais membros do Mercosul em
agosto, após a eleição de Cartes. No entanto, falta ainda aos paraguaios
aprovar o protocolo de adesão da Venezuela.
A
punição ao Paraguai foi imposta em razão do impeach-ment relâmpago do
presidente Fernando Lugo, em junho de 2012. À época, os paraguaios eram
os únicos entre os membros do Mercosul que não haviam aprovado a entrada
venezuelana. Com Assunção de fora, os demais membros admitiram Caracas.
Revoltados
com a suspensão e com a decisão à revelia do Paraguai, senadores de
Assunção votaram e reprovaram a entrada da Venezuela. Eles também
declararam o então chanceler -hoje presidente - venezuelano, Nicolás
Maduro, persona non grata no país. Ambas as decisões devem ser anuladas
hoje.
Folga» Uma
maioria simples entre os 45 senadores garante a aprovação do texto da
adesão de Caracas ao bloco. A estimativa é que 31 integrantes da Câmara
Alta do Congresso votem a favor, dando uma confortável vitória ao
governo.
Se
confirmado, esse será o quarto triunfo de Cartes no Senado em quatro
meses de mandato. Ele conseguiu aprovar uma lei de responsabilidade
fiscal, uma autorização para parcerias público-privadas e o aval para
que o Exército seja empregado contra o Exército do Povo Paraguaio (EPP),
grupo radical que vem ampliando suas ações.
"Há
setores no país que querem que sigamos insatisfeitos (com a suspensão
ao Paraguai), mas é preciso buscar o que é do interesse dos cidadãos
paraguaios", afirmou Cartes, na sexta-feira, ao retornar da Bolívia, que
está em processo de adesão ao Mercosul. Desde que assumiu, ele viajou
para todos os países do bloco.
Os
principais jornais do Paraguai atacaram a decisão de Cartes. "Assim,
barato, se entregará a dignidade (do Paraguai) ante a afronta perpetrada
pela imperatriz bandeirante (Dilma Rousseff) e sua comadre "viúva
negra"do Prata (Cristina Kirchner), com a cumplicidade do ex-tupamaro
(José Mujica)", escreveu o ABC Color.
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