Verba parlamentar no voo da cocaína
Assembleia pagou combustível do helicóptero de Perrella |
Autor(es): Ezequiel Fagundes |
O Globo - 29/11/2013 |
Aeronave foi apreendida com cocaína; deputado é interrogado na PF O Ministério Público de Minas abriu ontem inquérito para investigar suposto uso indevido de dinheiro público da Assembleia Legislativa pelo deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG), filho e herdeiro político do senador Zezé Perrella (PDT-MG), ex-presidente do Cruzeiro. Pela verba indenizatória, a Assembleia reembolsou gasto com combustível usado para abastecer o helicóptero do deputado; o helicóptero foi apreendido no último domingo com 443 quilos de cocaína, em operação da Polícia Federal no Espírito Santo.
A
aeronave está registrada em nome da Limeira Agropecuária, empresa
pertencente ao deputado, a uma irmã, Carolina Perrella e a um primo,
André Costa. Ontem, o deputado prestou depoimento na Superintendência
da Polícia Federal de Belo Horizonte. A pedido da PF no Espírito Santo,
Perrella foi interrogado no inquérito aberto sobre a apreensão de
cocaína da aeronave. Carolina Perrella também foi interrogada pela PF.
Inicialmente, ambos na condição de testemunha.
Quatro
pessoas estão presas preventivamente, entre eles o piloto do
helicóptero, Rogério Antunes, que até a última segunda-feira ocupava
cargo comissionado na Assembleia por indicação do deputado. Pela
prestação de contas da verba indenizatória da Assembleia, Gustavo
Perrella gastou, em junho e setembro, cerca de R$ 3,5 mil em cada mês,
com combustível para o helicóptero. Cada deputado recebe R$ 20 mil/mês
de verba indenizatória, e R$ 5 mil são para gastos com combustíveis.
Pelas
regras da Casa, os deputados são obrigados a entregar a nota fiscal com
o valor gasto no abastecimento. Mas a Casa não obriga a apresentação de
um relatório indicando o dia, o local e a finalidade do uso do
combustível. Cabe ao político, apenas, assinar documento anexado aos
recibos confirmando que os gastos foram para o cumprimento de agenda
política.
O
advogado do parlamentar, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay,
declarou que o deputado usava a aeronave, em 90% das vezes, para o
trabalho político. Os outros 10%, conforme o advogado, eram para uso
familiar e de lazer, e pagos particularmente. Responsável pelo
inquérito, o promotor Eduardo Nepomuceno disse ontem que cabe ao
deputado provar que não usou dinheiro público para fim particular.
O
depoimento de Perrella na PF durou cerca de uma hora. O advogado
tentou que o deputado fosse interrogado fora da delegacia, mas a PF não
autorizou. No fim, Kakay declarou que seu cliente colaborou com a
investigação: — Ele respondeu todas as questões colocadas pelo
delegado.
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