quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

GASOLINA FICA MAIS CARA PARA SOCORRER PETROBRAS

GASOLINA FICA MAIS CARA PARA SOCORRER PETROBRAS

LITRO DA GASOLINA SOBE PARA R$ 3,09
Autor(es): ROSANA HESSEL ENVIADA ESPECIAL
Correio Braziliense - 02/12/2013
 

São Paulo e Brasília — Os preços da gasolina e do óleo diesel foram reajustados nas refinarias em 4% e 8%, respectivamente. Os novos valores, em vigor desde a zero hora de hoje, foram anunciados no início da noite de ontem pela Petrobras, após um mês de forte pressão sobre o governo para reduzir a elevada defasagem de suas tabelas. O último reajuste da gasolina foi em janeiro, de 6,6%. Para o diesel, trata-se do terceiro aumento, após 5,4% em janeiro e 5% em março. As elevações serão integralmente repassadas ao consumidor.
A Petrobras não divulgou a expectativa de impacto nos postos de abastecimento. Mas analistas estimam que o aumento de 4% devejré provocar alta de 3% na bomba, caso da gasolina, e de 6%, do diesel. Os preços variam de cidade para cidade, conforme o frete pago e a distância da refinaria até os pontos de distribuição.
Além disso, em tese, vigora a livre concorrência entre os postos, pois não há tabelamento.
Em Brasília, segundo analistas, o preço médio da gasolina deve passardeR$2,99 para R$ 3,09 por Utro.
Depois de seis horas de reunião, iniciada por volta das lòh, o Conselho de Administração da companhia aprovou a proposta da diretoria executiva de adotar uma nova metodologia de reajustes dos combustíveis. O fato relevante divulgado no começo da noite informa, porém, que/"por razões comerciais, os parâmetros de precificação serão estritamente internos à companhia". Com isso, os detalhes da nova política de preços seguem desconhecidos. O comunicado informou que o objetivo da mudança é assegurar que os níveis de endividamento da Petrobras retomem, em até 24 meses, aos limites estabelecidos no Plano de Negócios 2013-2017.
Outra meta é alcançar, em prazo compatível, a convergência dos preços no Brasil com as referências no exterior. A estatal informou, no entanto, que não quer "repassar a variação dos preços internacionais ao consumidor doméstico" Mais cedo, nenhum dos membros do conselho comentou o resultado do encontro, realizado no escritório da estatal na Avenida Paulista.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que preside o conselho da petroleira, também deixou a reunião sem falar com os jornalistas e evitou fazer comentários até mesmo com os seus assessores mais próximos. Mantega vinha sendo o maior opositor da proposta defendida pela presidente da petroleira, Graça Foster, de reajustes automáticos e periódicos dos combustíveis, por entender que ela dificulta o controle da inflação ao estimular a indexação da economia.
Segredo
Em paralelo ao clima de segredo, as ações da Petrobras dispararam na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), diante da expectativa do anúncio dos reajustes. As ações preferenciais (PN) da empresa terminaram o dia em alta de 2,47%. As ordinárias (ON) subiram 3,33%. Durante a manhã, a elevação chegou a passar de 5%. O otimismo com a empresa mais valiosa do pregão embalou os demais papéis, levando o Ibovespa, indicador geral do pregão, a fechar com valorização de 1,23%.
No mercado, as apostas sobre o aumento dos preços da gasolina variavam de 5% a 8%. Para o diesel, eram de 10%. O reajuste anunciado ontem deve ter impacto de 0,20 ponto percentual na inflação, de acordo com cálculos dos especialistas.
SergioVale, economista-chefe da MB Associados, esperava 5% de aumento. "Nesse percentual, o impacto total no índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2013 seria pequeno, de 0,2 a 0,3 ponto", estimou. "A gasolina tem o segundo maior peso do IPCA, perdendo só para refeição", acrescentou André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos. Ele acreditava num reajuste de até 8%. Flávio Serrano, economista sênior do 13 ES Investimentos, também esperava por percentuais mais elevados, de 5% a 7% para a gasolina. "O diesel pode subir mais perto de 10% porque quase não tem impacto sobre o IPCA", observou.
Batalha
A pressão do comando da Pe-trobras pelo reajuste se intensificou nos últimos 30 dias, após a divulgação do lucro no terceiro trimestre, que veio muito abaixo da previsão de analistas, com queda de 39% em relação a igual período de 2012. O maior impacto negativo no balanço veio justamente da importação elevada de derivados por um preço acima do praticado no Brasil. Logo depois, no fim de outubro, a diretoria executiva apresentou ao conselho a proposta de reajustes automáticos.
Os acionistas minoritários não viam com bons olhos a continuidade do controle de preços exercido com mão de ferro pelo governo. Para o consultor David Zylbersztajn, a demora do governo em encarar o crescente desequilíbrio financeiro da companhia pode ter gerado danos difíceis de serem revertidos. "Tal qual numa areia movediça, qualquer reação parece empurrar a vítima para o fundo", ilustrou.
Inflação
Na opinião do aposentado Antonio Carlos Gomes de Lima, 51 anos, o reajuste nos preços dos combustíveis pesará no bolso porque implicarão aumento da inflação. Ele, que gasta em média R$700 com abastecimento, reclamou que a renda familiar encolhe cada vez mais em um país onde não há qualquer política de melhoria salarial para os aposentados.
Submissão
O professor aposentado Dinarti Ferreira de Oliveira não consegue entender o fato de o país anunciar que seráautossuficentena produção de petróleo, mas
ainda depender da importação de gasolina. E, menos ainda, de a Petrobras sertão submissa ao governo. Para ele, as interferências governamentais na política da empresa são desastrosas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário