BC dos EUA deixa o mundo aliviado
Alívio no mundo |
Autor(es): SIMONE KAFRUNI » VICTOR MARTINS » DECO BANCILLON |
Correio Braziliense - 19/12/2013 |
Governos
e mercados, que esperavam aflitos pela notícia, comemoraram o anúncio
do Federal Reserve de que a redução dos estímulos à economia americana
começará em janeiro e será gradual
Enfim,
o Federal Reserve anuncia a redução dos estímulos à economia dos EUA.
Mas, como o processo será gradual, governos e mercados comemoram. BC do
Brasil venderá ao menos US$ 24 bi nos primeiros seis meses de 2014 para
conter a alta do dólar
Com
a recuperação — ainda que gradual — dos Estados Unidos, o Federal
Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, anunciou ontem o que o
mundo inteiro aguardava aflito: o início do corte de estímulos à maior
economia do planeta. Em janeiro do próximo ano, os US$ 85 bilhões
mensais injetados na economia serão reduzidos para US$ 75 bilhões e, até
o fim de 2014, haverá diminuição gradual do incentivo. O presidente da
instituição, Ben Bernanke, não se comprometeu em manter a diminuição do
incentivo em US$ 10 bilhões por vez nem assegurou que a medida será
tomada a cada reunião do banco.
Tão logo o Fed detalhou as regras do jogo, o Banco Central brasileiro anunciou que, em reação ao corte de estímulos, despejará pelo menos US$ 24 bilhões no mercado de câmbio entre janeiro e junho de 2014. O objetivo será conter uma arrancada mais forte do dólar e, por tabela, evitar a disparada da inflação. O BC informou que serão realizados leilões de swap cambial, de segunda a sexta-feira, no valor de US$ 200 milhões por dia, volume inferior aos US$ 500 milhões diários deste ano. A oferta de linhas de crédito em dólar, feita atualmente todas as sextas-feiras, só ocorrerá, nos primeiros seis meses do ano que vem se houver demanda. A instituição ainda deixou aberta a possibilidade de vender reservas cambiais do país, que totalizam US$ 376 bilhões, em momentos de maior turbulência e de escassez brutal de moeda estrangeira. Por meio da assessoria de imprensa, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que viu com tranquilidade a decisão do Fed, sobretudo porque a diminuição dos estímulos será gradual, sem provocar solavancos no mercado, o que evitará movimentos bruscos nas cotações do dólar. Outra boa notícia foi o fato de o BC dos EUA ter mantido as taxas de juros variando entre zero e 0,25% ao ano. Ele determinou à equipe do ministério que monitore todos os dados dos mercados globais nos próximos dias, pois a reação ontem foi parcial, uma vez que as bolsas de valores da Ásia e da Europa estavam fechadas quando o Fed se pronunciou. Para o mercado financeiro, a decisão do Fed põe fim às incertezas em torno da política monetária norte-americana. Mas isso não significa dizer que os países emergentes estão livres de uma batalha pesada para conter o derretimento de suas moedas. Brasil, Turquia, Indonésia, África do Sul e Índia são apontados como as nações mais vulneráveis às ações do BC dos EUA. O tamanho do enfrentamento dependerá do ritmo dos cortes promovidos pelo Fed, que condicionou suas ações à queda do desemprego para 0menos de 6,5% — a taxa atual, de 7% é a menor em cinco anos — e ao comportamento da inflação, que está abaixo de 2%. Ao detalhar o corte dos estímulos à economia norte-americana, Ben Bernanke reforçou que não há um valor predeterminado para ser anunciado periodicamente. Se a atividade, que avançou 3,6% no terceiro trimestre deste ano, acima do previsto, tropeçar, a estratégia será abrandada. O presidente do Fed anunciou ainda que reviu as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, de expansão entre 2,9% e 3,1% para um avanço entre 2,8% a 3,2%. O impacto da decisão do Fed foi imediato nos mercados. A Bolsa de Nova York registrou alta de 1,84% e a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), de 0,94%. Já o dólar subiu 0,87%, cotado a R$ 2,343 na venda. “O Fed fez uma coisa muita importante: tirou o foco da taxa de desemprego e o transferiu para a inflação, que está muito baixa. Isso significa que manterá os juros próximo de zero e que fará um programa de retirada de estímulos mais lento”, explicou Tony Volpon, chefe de Pesquisas para Mercados Emergentes das Américas da Nomura Securities International, em Nova York. “O anúncio do Fed veio antes do que esperávamos, mas, pelo menos, será bastante gradual”, acrescentou Jankiel Santos, economista-chefe do Espirito Santo Investment Bank. » E EU COM ISSO A redução dos estímulos à economia dos Estados Unidos terá impacto sobre o Brasil e isso poderá ser percebido, principalmente, no preço no dólar, que tende a subir. A previsão de parte dos especialistas é de que a moeda norte-americana chegará a R$ 2,50 até o fim de 2014. Diante dessa elevação, o custo de vida das famílias pode aumentar, e o Banco Central se verá obrigado a elevar ainda mais a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 10% ao ano. Se essa taxa aumenta, o PIB cresce menos e, em um quadro extremo, o desemprego avançará. |
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