quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

PIB fraco eleva risco de o país ser rebaixado

PIB fraco eleva risco de o país ser rebaixado

PIB fraco aumenta o risco de rebaixamento
Autor(es): DECO BANCILLON
Correio Braziliense - 03/12/2013
 
Valor da produção econômica do país no terceiro trimestre caiu até 0,3%. Dado oficial sai hoje e IBGE vai rever número do ano passado. Poucos acreditam em melhora significativa entre outubro e dezembro. Indústria está estagnada e dólar sobe

A economia brasileira pode ter encolhido até 0,3% no terceiro trimestre do ano, em relação ao período imediatamente anterior. Nove entre 10 analistas apostam que o valor das riquezas produzidas por empresas, famílias e pelo governo diminuiu, como resultado de políticas oficiais que fracassaram na missão de estimular o desenvolvimento do país. Alguns poucos acreditam em estabilidade, ou seja, em crescimento zero no período. “A única divergência em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), dentro ou fora do governo, é sobre o tamanho da queda”, resumiu o economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O resultado, calculado pelo IBGE, será comunicado hoje, por volta das 7h, à presidente Dilma Rousseff. Duas horas mais tarde, os dados oficiais serão divulgados para o restante do país. 

Apesar da expectativa ruim, o governo deverá comemorar a revisão dos dados relativos a 2012. Conforme Dilma antecipou há um semana, em entrevista ao jornal espanhol El País, o IBGE deverá esclarecer que o crescimento foi de 1,5%, e não de 0,9%, conforme havia informado antes. Mesmo significativamente maior, o novo número ainda traz desconforto à equipe econômica. No ano passado, quando um banco suíço previu que esse seria o desempenho da economia brasileira, a estimativa foi tachada como “piada” pelo ministro da Fazenda.

O mercado vê a revisão dos dados com ceticismo. A presidente no Brasil da agência de classificação de risco Standard & Poor’s, Regina Nunes, disse que a confiança do investidor não vai melhorar, porque a imagem do país está desgatada por problemas fiscais, inflação elevada e falta de transparência. “Quando você começa a discutir o passado para tentar cumprir as metas de hoje, isso é um problema”, disse. A S&P mantém a nota do Brasil em BBB (grau de investimento), mas com perspectiva negativa.

Ao olhar para a frente, a situação é ainda mais preocupante. Em outubro, o faturamento do setor industrial recuou 1,2%, conforme informou a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em novembro, não foi somente esse indicador que veio fraco, mas toda a atividade fabril. Também divulgado ontem, o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) apontou recuo na passagem de outubro para novembro, de 50,2 para 49,7. “Os dados destacaram mais uma contração nos pedidos (de encomendas) na indústria brasileira”, assinalou o responsável pela pesquisa, o economista-chefe para o Brasil do banco inglês HSBC, André Lóes.

Parte desse mau resultado se deve ao desempenho frustrante de um dos setores que mais receberam a ajuda do governo, o de automóveis. Movido a desonerações do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o mercado de carros começa a apresentar desaceleração. Dados preliminares mostram que as vendas de veículos novos recuaram 8,25% em novembro frente ao mês anterior. O resultado fez os analistas revisarem as projeções para 2013. Agora, eles preveem queda nos emplacamentos, algo que não acontece há mais de 10 anos.

Moeda dos EUA
Em meio a esse turbilhão de más notícias, o dólar volta a preocupar. Mesmo com o Banco Central (BC) despejando todos os dias milhões de dólares no mercado, numa tentativa de estimular a queda nas cotações, a moeda norte-americana fechou ontem a R$ 2,355 para a venda, o maior patamar já registrado em quase três meses. A divisa mais cara indica que as importações — inclusive de máquinas e equipamentos, essenciais para turbinar o investimento — ficarão mais onerosas, jogando mais lenha na inflação, já pressionada pelo aumento da gasolina e do diesel. 


» Balança: pior 
   saldo em 13 anos


A balança comercial registrou deficit de US$ 89 milhões de janeiro a novembro deste ano, o pior resultado para este período desde 2000, quando a diferença entre importações e exportações ficou negativa em US$ 519 milhões. O desempenho deste ano foi bem diferente do verificado no mesmo período de 2012, quando o país teve saldo positivo de US$ 17,1 bilhões. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), a média das exportações caiu 1,2%, enquanto as importações cresceram 7,1%. O resultado teria sido ainda pior se não fosse a “exportação” de seis plataformas de petróleo, no valor de US$ 6,6 bilhões, que nunca saíram do Brasil. Elas foram compradas por subsidiárias estrangeiras, mas ficaram no país. Em novembro, houve duas operações desse tipo, no valor de US$ 1,8 bilhão, o que permitiu à balança mostrar superavit de US$ 1,74 bilhão, o melhor desempenho, para o mês, desde 2007.

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