Governo intervém e assume Copa
Governo intervém e assume Copa 2014 |
Autor(es): JAMIL CHADE |
O Estado de S. Paulo - 09/05/2012 |
Ministério do Esporte e Fifa controlam operações do Mundial diante da inoperância dos cartolas Faltando apenas 13 meses para a Copa das Confederações e 25 meses para a Copa do Mundo, o governo brasileiro intervém na preparação e na prática assume junto com a Fifa a organização do Mundial de 2014. Ontem, a Fifa anunciou que o governo passará a fazer parte do Comitê Organizador Local, pela segunda vez na história das Copas. A outra foi na África do Sul em 2010. Joseph Blatter, presidente da Fifa, ainda deixou claro: os interlocutores do projeto são Jérôme Valcke, da entidade, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, sem citar nenhum dos membros do COL ou da CBF. Para altas fontes do governo, o anúncio é um reconhecimento do fracasso dos cartolas brasileiros na gestão e da necessidade de que o Planalto assuma um papel protagonista. O Estado revelou no final de 2011 que a Fifa e o governo já haviam iniciado uma aproximação, deixando a CBF do já enfraquecido Ricardo Teixeira de lado. O grupo que o substituiu não convenceu a Fifa de que poderia tocar o projeto e a aliança com o governo acabou sendo concretizada. As reuniões ocorrerão a cada seis semanas. A pessoa escolhida para entrar no COL foi Luis Fernandes, secretário-executivo do Ministério do Esporte. Ele se recusa a falar em intervenção do governo. Mas admite que houve um sentimento mútuo de que essa aproximação seria "uma necessidade". "Entramos numa fase decisiva da preparação e selamos a parceria em um outro patamar superior", disse Fernandes, professor universitário. Além disso, Marco Polo Del Nero, representante do Brasil na Fifa, também passará a integrar ao COL. Perguntado sobre o motivo de não terem feito isso antes e apenas no final do processo, Valcke, admitiu: "Às vezes cometemos erros e temos que tomar decisões na vida, antes tarde do que nunca. Essa é a reflexão do dia". "Essa decisão ajudará a superar desafios", apontou Rebelo. O anúncio ainda enterra uma das promessas de Teixeira, de que a Copa seria realizada por uma entidade sem a participação do governo. O Estado apurou que a decisão já havia sido costurada dias antes e apenas esperava uma oficialização de Rebelo, o que ocorreu ontem. O COL tradicionalmente é uma estrutura independente e que apenas ganhou a intervenção do estado na África do Sul, país que sofreu com incertezas até às vésperas do Mundial. Segundo Valcke, a participação do governo naquele caso ocorreu por "questões óbvias". Agora, essa necessidade volta a ser demonstrada com o Brasil, colocando o País no mesmo patamar dos sul-africanos. "Essa é uma responsabilidade que nós dividimos com o Brasil e com seu governo. Sem contar com as possibilidades do governo e sem garantias, seria impossível organizar o Mundial", declarou Joseph Blatter. Dupla. A reunião ainda serviu para colocar um fim à crise entre Valcke e o governo, pelo menos de forma pública. Blatter se encarregou de anunciar que os dois interlocutores do Mundial serão Rebelo e Valcke, obrigados agora a trabalhar juntos até 2014. "Não falamos mais de problemas pessoais. Isso está liquidado", declarou. "Não há mais problema. Tudo foi resolvido", insistiu o cartola. Esforço para mostrar que está tudo bem Sorrisos, apertos de mão e até uma exibição de embaixadinhas e cobranças de pênalti. A cúpula da Fifa, do COL e do Ministério do Esporte tentou de tudo para passar imagem positiva a respeito da reunião de ontem, em Zurique. Quem destoou foi o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke (aquele do "chute no traseiro"), que não conseguiu esconder o desconforto em alguns momentos. Na foto, Bebeto, Valcke, o presidente da Fifa Joseph Blatter, Ronaldo e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. |
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