Grécia corre o risco de ser expulsa da União Europeia
Parceiros europeus ameaçam agora expulsar Grécia da UE |
Autor(es): Por Costa Paris, Geoffrey T. Smith e Vanessa Mock | The Wall Street Journal, de Bruxelas |
Valor Econômico - 15/05/2012 |
Nos mercados financeiros, a maior preocupação é com o contágio que a possível saída da Grécia da zona do euro teria na região. Uma decisão nesse sentido colocaria o setor bancário do continente sob pressão extrema. Mas o risco, para muitos, é menos o impacto imediato e mais o exemplo que a Grécia daria para outras economias problemáticas do bloco. Embora vários ministros tenham dito que pode haver pequenas alterações nas condições que a Grécia tem de seguir para preservar sua linha de crédito de € 130 bilhões, alguns dizem que agora acreditam que o resto da região poderia apoiar a saída da Grécia. "É possível sair da União Europeia, o tratado permite isso", disse a ministra da Fazenda da Áustria, Maria Fekter, a repórteres quando entrava para a reunião com seus colegas. "A Grécia não pode [somente] sair da zona do euro." "Nós temos um contrato e isso implica que suas condições têm de ser cumpridas. Só então o dinheiro vai fluir", disse ela. O ministro holandês, Jan Kees De Jager, disse que o contágio causado pela saída de um país da união monetária seria menos grave hoje do que 18 meses atrás. "Trabalhamos duro para mitigar esse cenário", disse, referindo-se à reserva de fundos de socorro da zona do euro e às reformas bancárias do bloco. "É por isso que o risco de contágio seria muito, muito menor do que um ano e meio atrás." De forma privada, autoridades gregas admitem que o país não deve obter muitas concessões extras, embora seus políticos estejam se esforçando há oito dias para formar um governo de coalizão. "O clima nunca foi tão pesado", disse um membro da coalizão conservadora-socialista que negociou o segundo pacote de ajuda, de março. "Nossos sócios na zona do euro não só estão preparados para a saída da Grécia do euro, mas estamos com a impressão de que alguns realmente querem que isso aconteça", disse um ex-membro do governo grego que negociou diretamente com credores da Grécia nos últimos três anos. Outro membro do alto escalão do atual governo disse que é equivocada a crença generalizada entre partidos gregos de que a zona do euro está disposta a afrouxar as medidas de austeridade impostas em troca do pacote de ajuda. "Só mudanças mínimas podem ser discutidas, mas nada além disso." A Grécia depende de financiamento contínuo por parte de seus credores para rolar sua dívida e cobrir gastos correntes, como salários e aposentadorias. Mas a maioria dos eleitores gregos apoiou, nas eleições de 6 de maio, partidos que não concordam com o plano de socorro de março. Os mercados financeiros caíram muito na Europa devido ao temor da saída da Grécia. A maioria das bolsas fechou ontem em queda. O ministro da Fazenda da Bélgica, Steven Vanackere, disse que a saída da Grécia não resolveria os problemas básicos da economia grega. "Saliento que uma saída dos gregos mergulharia o povo ainda mais na pobreza", afirmou. De Jager disse que o trio de financiadores oficiais (o Banco Central Europeu, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional) pode avaliar "sugestões sensatas de ajustes" nas medidas exigidas da Grécia, mas alertou que as concessões seriam mínimas. "Não há margem para suavizar o que já foi acertado." O governo alemão rejeitou ontem sugestão do presidente do grupo de ministro das Finanças, o luxemburguês Jean-Claude Juncker, de dar à Grécia mais tempo para implementar as medidas de austeridade. O porta-voz da premiê Angela Merkel, Steffen Seibert, disse que o governo está se atendo às "metas, conteúdo e prazos" do programa grego. A caminho da reunião de ontem, Wolfgang Schäuble, o ministro das Finanças alemão, disse que, apesar do resultado da eleição, "nada mudou em relação à necessidade" de a Grécia fazer reformas. "Não há dúvidas de que o povo grego tem de sofrer as consequências dos erros dos últimos dez anos, mas não há solução simples para a Grécia." Já o ministro das Finanças espanhol, Luis de Guindos, minimizou o temor de que investidores tenham se decepcionado com o mais recente plano para sanear o setor financeiro da Espanha. Disse que a Grécia é que é a maior preocupação dos mercados mundiais neste momento. E reiterou que o governo espanhol já adotou uma série de reformas, inclusive jurídica, bancária e trabalhista. |
Parceiros europeus ameaçam agora expulsar Grécia da UE |
Autor(es): Por Costa Paris, Geoffrey T. Smith e Vanessa Mock | The Wall Street Journal, de Bruxelas |
Valor Econômico - 15/05/2012 |
Nos mercados financeiros, a maior preocupação é com o contágio que a possível saída da Grécia da zona do euro teria na região. Uma decisão nesse sentido colocaria o setor bancário do continente sob pressão extrema. Mas o risco, para muitos, é menos o impacto imediato e mais o exemplo que a Grécia daria para outras economias problemáticas do bloco. Embora vários ministros tenham dito que pode haver pequenas alterações nas condições que a Grécia tem de seguir para preservar sua linha de crédito de € 130 bilhões, alguns dizem que agora acreditam que o resto da região poderia apoiar a saída da Grécia. "É possível sair da União Europeia, o tratado permite isso", disse a ministra da Fazenda da Áustria, Maria Fekter, a repórteres quando entrava para a reunião com seus colegas. "A Grécia não pode [somente] sair da zona do euro." "Nós temos um contrato e isso implica que suas condições têm de ser cumpridas. Só então o dinheiro vai fluir", disse ela. O ministro holandês, Jan Kees De Jager, disse que o contágio causado pela saída de um país da união monetária seria menos grave hoje do que 18 meses atrás. "Trabalhamos duro para mitigar esse cenário", disse, referindo-se à reserva de fundos de socorro da zona do euro e às reformas bancárias do bloco. "É por isso que o risco de contágio seria muito, muito menor do que um ano e meio atrás." De forma privada, autoridades gregas admitem que o país não deve obter muitas concessões extras, embora seus políticos estejam se esforçando há oito dias para formar um governo de coalizão. "O clima nunca foi tão pesado", disse um membro da coalizão conservadora-socialista que negociou o segundo pacote de ajuda, de março. "Nossos sócios na zona do euro não só estão preparados para a saída da Grécia do euro, mas estamos com a impressão de que alguns realmente querem que isso aconteça", disse um ex-membro do governo grego que negociou diretamente com credores da Grécia nos últimos três anos. Outro membro do alto escalão do atual governo disse que é equivocada a crença generalizada entre partidos gregos de que a zona do euro está disposta a afrouxar as medidas de austeridade impostas em troca do pacote de ajuda. "Só mudanças mínimas podem ser discutidas, mas nada além disso." A Grécia depende de financiamento contínuo por parte de seus credores para rolar sua dívida e cobrir gastos correntes, como salários e aposentadorias. Mas a maioria dos eleitores gregos apoiou, nas eleições de 6 de maio, partidos que não concordam com o plano de socorro de março. Os mercados financeiros caíram muito na Europa devido ao temor da saída da Grécia. A maioria das bolsas fechou ontem em queda. O ministro da Fazenda da Bélgica, Steven Vanackere, disse que a saída da Grécia não resolveria os problemas básicos da economia grega. "Saliento que uma saída dos gregos mergulharia o povo ainda mais na pobreza", afirmou. De Jager disse que o trio de financiadores oficiais (o Banco Central Europeu, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional) pode avaliar "sugestões sensatas de ajustes" nas medidas exigidas da Grécia, mas alertou que as concessões seriam mínimas. "Não há margem para suavizar o que já foi acertado." O governo alemão rejeitou ontem sugestão do presidente do grupo de ministro das Finanças, o luxemburguês Jean-Claude Juncker, de dar à Grécia mais tempo para implementar as medidas de austeridade. O porta-voz da premiê Angela Merkel, Steffen Seibert, disse que o governo está se atendo às "metas, conteúdo e prazos" do programa grego. A caminho da reunião de ontem, Wolfgang Schäuble, o ministro das Finanças alemão, disse que, apesar do resultado da eleição, "nada mudou em relação à necessidade" de a Grécia fazer reformas. "Não há dúvidas de que o povo grego tem de sofrer as consequências dos erros dos últimos dez anos, mas não há solução simples para a Grécia." Já o ministro das Finanças espanhol, Luis de Guindos, minimizou o temor de que investidores tenham se decepcionado com o mais recente plano para sanear o setor financeiro da Espanha. Disse que a Grécia é que é a maior preocupação dos mercados mundiais neste momento. E reiterou que o governo espanhol já adotou uma série de reformas, inclusive jurídica, bancária e trabalhista. |
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