segunda-feira, 14 de maio de 2012

IMPASSE DEIXA GRÉCIA PERTO DE SAIR DA ZONA DO EURO

IMPASSE DEIXA GRÉCIA PERTO DE SAIR DA ZONA DO EURO

GRÉCIA ENFRENTA IMPASSE POLÍTICO E EUROPA PREPARA RETIRADA DO PAÍS DA ZONA DO EURO
Autor(es): Jamil Chade
O Estado de S. Paulo - 14/05/2012
 

O fracasso, ontem, da última tentativa do presidente grego, Carolos Papoulias, de formar um governo de coalizão levou empresas e bancos centrais europeus a se prepararem para a saída da Grécia da zona do euro. Os credores não têm dúvida de que a ajuda financeira será encerrada no caso de o país não conseguir aprovar as reformas, seja pelo vácuo de poder, seja por uma vitória da esquerda em caso de uma nova eleição. O vice-presidente grego, Theodoros Pangalos, disse temer uma "falência selvagem". Empresas europeias já se planejam para a volta do dracma, a moeda grega antes do euro. O presidente do Banco Central belga, Luc Coene, disse acreditar "em um divórcio amigável, se um dia for necessário".
A última tentativa de formar um governo de coalizão na Grécia chegou a um impasse ontem. Diante do quadro, empresas e bancos centrais europeus se preparam para a saída do país da zona do euro. Ontem, o presidente grego, Carolos Papoulias , reuniu os três principais partidos e apelou por uma união nacional, mas não foi atendido. Ele promete nova ofensiva para hoje. Uma nova eleição não está descartada. Em 6 de maio, os gregos foram às urnas e deram uma surra nos tradicionais partidos que, há 40 anos, se alternavam no poder. Mais da metade da população votou em partidos contrários ao programa de austeridade. Mas nenhum deles conseguiu maioria suficiente para governar. Após três tentativas fracassadas de formar um governo, a esperança era que Papoulias conseguisse um acordo entre os partidos. O Coalizão de Esquerda, segundo partido mais votado, se recusou a fazer parte da aliança, e recebeu ataques de que já pensa na próxima eleição.
Para seu líder, Alexis Tsipras, seu partido teve êxito nas urnas por ser contrário às políticas de austeridade e não faria sentido compor com um governo que defende o acordo com a União Europeia. Em troca de resgates de € 240 bilhões, Bruxelas e o Fundo Monetário Internacional (FMI) exigiram cortes de gastos que conduziram o país ao seu quinto ano de recessão. Além da possibilidade de nova eleição, o impasse pode levar a Grécia a deixar a zona do euro. A Coalizão de Esquerda insiste em
que, se vencer em uma nova eleição, formará um governo contrário às políticas atuais. Para os credores, não há dúvida: a ajuda financeira será encerrada se esse cenário se concretizar ou se a Grécia continuar com um vácuo de poder e não conseguir aprovar as reformas. Na prática, significará a saída do país do euro.
Na Europa, várias empresas começam a fazer planos para a volta da dracma, a moeda grega. Na capa da edição de ontem, a influente revista alemã Spiegel defendeu a expulsão da Grécia do euro.
Segundo o Financial Times , bancos centrais europeus já falam abertamente nos preparativos para a queda da Grécia, fato ainda inédito na história da moeda única. Por anos, o Banco Central Europeu insistiu em que sair da moeda única não estava previsto nos acordos. "Acredito que um divórcio amigável, se for um dia necessário, poderá ser possível. Mas eu ainda assim lamentaria", declarou Luc Coene, presidente do BC belga. Patrick Honohan, presidente do BC irlandês, seguiu a mesma
linha. "Coisas que não estão nos tratados podem ocorrer. Tecnicamente, a saída da Grécia pode ser administrada. Não seria ncessariamente fatal, mas não é atrativa." Para Jens Weidmann, presidente do Bundesbank, o BC alemão, "as consequências de sair da zona do euro são mais sérias para a Grécia do que para o resto da zona do euro".

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