segunda-feira, 21 de maio de 2012

Bom da Rio+20 é a sociedade, dizem cientistas

Bom da Rio+20 é a sociedade, dizem cientistas

Resultado mais forte da Rio+20 virá da sociedade civil, dizem cientistas
Autor(es): GIOVANA GIRARDI - O Estado de S.Paulo
O Estado de S. Paulo - 21/05/2012
 

A um mês da Rio+20, membros da sociedade civil reunidos em debate ontem em São Paulo disseram que o melhor que se pode esperar da conferência para o desenvolvimento sustentável é que ela sirva para fortalecer a mobilização da sociedade.
Debate. Diante do pessimismo que cerca a reunião que ocorre daqui um mês, especialistas reunidos em evento da SOS Mata Atlântica estimam que a principal mensagem para o mundo não será passada pela conferência das Nações Unidas, mas pela Cúpula dos Povos

A exatamente um mês da Rio+20, membros da sociedade civil reunidos ontem em São Paulo em debate sobre a conferência para o desenvolvimento sustentável manifestaram que, nessa altura dos acontecimentos, o melhor que se pode esperar do evento é que ele sirva para fortalecer a mobilização da sociedade.
"Os temas que estão colocados na Rio+20 - economia verde, governança e erradicação da pobreza - são como recomeçar o mundo. Sem dúvida são coisas que dependem de acordos entre governos, mas temos a sensação de que esses acordos vão demorar cada vez mais. Então é fundamental a sociedade se mobilizar por esses temas, pressionar", afirmou o pesquisador da USP Pedro Roberto Jacobi, do Programa de Pós Graduação em Ciência Ambiental. Ele falou durante debate no evento Viva a Mata, que celebra o Dia Nacional da Mata Atlântica, no domingo.
Jacobi resumiu um sentimento que prevalece na academia, entre organizações não governamentais e até entre os negociadores de alto nível de certo pessimismo que a conferência não resulte em compromissos mais concretos para que o mundo se encaminhe para o tão falado desenvolvimento sustentável.
A comparação inevitável é com a Rio-92, vista como um momento que representou uma mudança de paradigma.
"A Rio+20 significa um nada, um vazio. De 92 para cá o que aconteceu foi a não implementação de tudo o que foi acordado. Só que passados 20 anos, temos hoje muito mais dados e certezas de que caminhamos para um desastre ambiental e o que acontece? Nada", disse João Paulo Capobianco, do Instituto Democracia e Sustentabilidade.
"É uma reunião sem entendimento mínimo sobre o que se espera dela, marcada pela falta de líderes, e que não vai enfrentar nosso pior problema, que é a falta de governança, a incapacidade de implementar acordos que nós mesmos fizemos",
Para o economista Ricardo Abramovay, também da USP, só uma forte pressão social poderia levar a conferência a alcançar pelo menos uma nova forma de medir e avaliar o crescimento econômico que seja alternativa ao Produto Interno Bruto (PIB). "Precisamos entrar no mérito do que o sistema econômico de fato está oferecendo para a sociedade para podermos julgar se essa oferta aumenta o bem-estar das pessoas ou não e se está comprometendo os serviços ofertados pela natureza ou não."

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