Mostrando postagens com marcador Copa de 2014. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Copa de 2014. Mostrar todas as postagens

domingo, 2 de fevereiro de 2014

INTERNET MÓVEL PODE FALHA NA COPA

INTERNET MÓVEL PODE FALHA NA COPA

COM CONSUMO DE DADOS RECORDE, INTERNET MÓVEL PODE FALHAR DURANTE A COPA
O Globo - 21/01/2014
 
A internet móvel pode falhar durante a Copa do Mundo, o principal evento esportivo deste ano. Com o avanço de tablets e smartphones 3G e 4G entre os brasileiros, é esperada uma avalanche de tráfego de dados no país. A projeção é que sejam consumidos em 2014 inéditos 19,2 bilhões de gigabytes (GB), de acordo com previsões das operadoras com base em levantamento da Frost & Sullivan’s e Cisco. Será um crescimento de 65,09% em relação ao ano passado. Se as teles correm para fazer seus investimentos na tentativa de dar conta da demanda, as próprias companhias, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e especialistas alertam: na hora do gol, a rede vai ficar lenta e deve apresentar falhas.
O primeiro passo foi a formação de um consórcio entre as cinco operadoras móveis — Oi, Vivo, TIM, Claro e Nextel — para montar a infraestrutura nos estádios que vão receber os jogos da Copa do Mundo. Juntos, os investimentos somam R$ 200 milhões em antenas, cabos e roteadores nos estádios e só vão terminar em abril, quase às vésperas do torneio, que começa em junho. Assim, cada uma das 12 arenas, como o Maracanã, contarão com capacidade equivalente a uma cidade de 100 mil habitantes, de acordo com cálculos feitos pela Vivo, maior empresa do país, com 77,6 milhões de clientes.
— Todos vão querer tirar fotos e fazer vídeos e enviá-los ao mesmo tempo. Por isso, em momentos de pico, como o de um gol da seleção brasileira, a tendência é a rede ficar ocupada e, assim, lenta. Há uma limitação de espaço. Não há como fugir desse cenário — admite o diretor de uma das teles, que não quis se identificar.
Além dos investimentos dentro dos estádios, as teles também vão montar uma operação de guerra ao redor das arenas. Estima-se que cada uma das operadoras utilize, pelo menos, quatro caminhões com antenas móveis em ruas próximas de onde vão ocorrer os jogos. O objetivo nesse caso é aumentar a capacidade de conexão das empresas de telefonia móvel. A técnica já é muito utilizada em eventos com grande concentração de pessoas, como o Rock in Rio e o réveillon de Copacabana.
Anatel: pode haver dificuldades
O analista Virgílio Freire, ex-presidente da Lucent e da Vésper, diz que a demanda elevada na Copa vai criar um congestionamento natural na rede de dados, mesmo com os investimentos para reforçar a rede em dias de jogos.
— A rede vai ficar lenta. Em eventos onde há grande aglomeração, mesmo com os esforços das empresas, a conexão será falha. É preciso mais investimentos. Eles têm de ser constantes e não emergenciais, com o uso de caminhões. O problema é que o brasileiro tem uma demanda reprimida por dados. Então, tudo ele quer postar na internet e rever os lances pelo celular — diz Freire.
O próprio governo admite que a demanda pode não ser completamente atendida. A Anatel diz que “em todo o mundo, e não apenas no Brasil, é possível a ocorrência de picos de demanda, de modo que provavelmente não sejam atendidas 100% das tentativas de chamadas de voz e conexões de dados”. A Anatel lembra ainda que as teles têm realizado projetos conjuntos nos estádios, além de instalações móveis ao redor das arenas. Mas, lembrou, em nota, que “a ocorrência de concentração súbita de usuários da telefonia celular em um mesmo local pode ocasionar uma demanda anormal de uso dos recursos da rede das prestadoras e pode resultar em dificuldades momentâneas na fruição do serviço”.
Do outro lado, as empresas do setor continuam investindo em rede. A Oi já vem reforçando sua rede há três anos de olho no Mundial, com a criação de vias alternativas para o tráfego de dados. A tele, por ser patrocinadora da Copa do Mundo, é responsável pela infraestrutura exigida pela Fifa, organizadora do torneio. Somente no sorteio final dos jogos, em novembro do ano passado, o consumo de dados entre o Comitê Organizador e os jornalistas foi de três terabytes — o que equivale 822 mil fotos em alta resolução (HD, na sigla em inglês). Na Copa das Confederações, em meados do ano passado, o tráfego total, somente na sala de imprensa, somou 145 terabytes — volume que equivale a 39 milhões de fotos ou 2.900 filmes em formato HD.
— Se levar em conta que o tamanho da Copa será pelo menos o dobro do que foi a Copa das Confederações, é possível ter uma dimensão do que esperar — ressaltou o executivo de uma das empresas de telefonia.
Teles investem em equipamentos
Para dar conta da demanda, a Oi, segundo uma fonte, teve de importar equipamentos especiais, como roteadores de alta capacidade, que serão usados nos estádios. Quem também vem investindo em novas soluções é a TIM. Com investimentos de R$ 20 milhões, a tele vai armazenar, em data centers próprios, os conteúdos mais acessados da internet para reduzir em até 70% o tempo de espera para assistir a vídeos e ver fotografias. Em 2014, a empresa vai destinar mais R$ 10 milhões na compra de small cells (antenas portáteis instaladas em postes de luz) entre Rio e São Paulo.
— O ano de 2014 deve imprimir um novo marco no tráfego de dados em mobilidade. O aumento da venda de smartphones, que tiveram seus preços reduzidos drasticamente no último ano, favorecerão o uso da internet e redes sociais durante os jogos da Copa do Mundo e também a comunicação na campanha eleitoral. Estimamos aumento de 120% do tráfego de dados com o consumo, chegando a um crescimento de cerca de 11 petabytes por mês — afirma Carlo Filangieri, diretor de rede da TIM.
Leonardo Capdeville, diretor de redes da Vivo, lembra que a Copa será o maior evento do mundo no ano de 2014. Ele ressalta que o aumento no consumo de dados será potencializado, já que mais pessoas estão usando a rede 3G em seus celulares.
— Haverá uma explosão de dados. Além da migração de 2G para 3G, ainda há a expansão da rede 4G, que cresce em ritmo mais elevado em relação ao início do 3G. Hoje, os smartphones já somam 35% de todos os celulares em uso no país e os números são de mais altas nos próximos anos. Por isso, temos ampliado os investimentos, levando a fibra até as antenas, para permitir maior velocidade — afirma Capdeville.
Na avaliação de Gabriela Derenne, diretora da Claro para o Rio e Espírito Santo, o nome do jogo para 2014 é dados. Segundo ela, cerca de 60% dos celulares vendidos já são smartphones. Agora, a companhia, está ampliando sua rede de fibra óptica. Gabriela destaca que hoje 75% da rede já trafegam em fibra. O projeto total prevê fibra em 120 mil quilômetros e um investimento de R$ 800 milhões. A tele ainda destinou quase R$ 1 bilhão para a construção de uma rede de cabos submarinos, que sai do Rio e passa por Salvador e Fortaleza até chegar nos EUA:
— Agora, estamos na terceira etapa, que é a rede 4G. Por isso, estamos reforçando essa rede de infraestrutura.
E demanda não vai faltar. O designer Guilherme Pecegueiro, que trabalha em uma empresa de e-commerce chamada Lab 77, sabe bem a importância de uma rede bem estruturada para uma conexão rápida:
— Em dias normais, já são muitos os desafios para uma internet veloz. Imagina com um grande evento, onde a demanda vai ser maior. É claro que todos vão querer fazer fotos e postar vídeos. É natural.

Realismo diante da Copa do Mundo

Realismo diante da Copa do Mundo

O Globo - 08/01/2014
 

Os estádios deverão estar prontos para receber os jogos, enquanto os problemas ocorrerão pela falta de investimentos em infraestrutura, como em aeroportos


O relacionamento entre autoridades brasileiras e a cúpula da Fifa nunca chegou a ser risonho em torno do projeto da Copa. Escolhido o país, há sete anos, para sediar pela segunda vez o torneio — a primeira, em 1950 —, é certo que houve uma demora para o inicio dos trabalhos. Apenas em 2010 instalou-se o comitê de organização do evento.
Não seria um problema se o poder público, em todos os níveis, fosse um exemplar gerenciador de obras. É muito o contrário, sabe-se. Portanto, cartolas da Fifa — o suíço Joseph Blatter, o primeiro deles, e o francês Jerome Valcker — têm motivos para reclamar de atrasos, embora não contribua em nada para a boa convivência entre a entidade e países-anfitriões a conhecida arrogância com que a federação internacional de futebol conduz seus interesses pelo mundo afora.
Nos últimos dias, Blatter se chocou com a própria Dilma, ao afirmar que a Copa brasileira seria a mais atrasada, à esta altura do calendário, desde sua chegada à Fifa, em 1975. Logo recebeu uma resposta presidencial via twitter, com a garantia de que a deste ano será a “Copa das Copas”.
Exagero de ambos os lados. Desconte-se, ainda, que o relacionamento pessoal entre os dois seria acidentado, a ponto de Blatter ter reclamado da presidente ao técnico Luís Felipe Scolari, segundo o jornal “O Estado de S.Paulo”.
A seis meses do efetivo pontapé inicial, configura-se um quadro previsto já há muito tempo: estádios prontos, ou pelo menos em condições de receber jogos; o entorno de infraestrutura com precariedades e, num plano mais amplo, legados para as cidades-sede parcos ou inexistentes, a depender do caso.
Dos 12 estádios, faltam concluir seis, que não cumpriram a data-limite da Fifa, 31 de dezembro: São Paulo, Manaus, Natal, Cuiabá, Curitiba e Porto Alegre. Mas a previsão é que eles sejam entregues, paulatinamente, até abril. Nada desastroso, portanto. Não há mais solução possível e definitiva é para as dificuldades que existirão, por exemplo, nos aeroportos, cujas obras são vítima dos atrasos nas licitações provocados pela resistência ideológica dentro da máquina pública à cessão de terminais ao setor privado. O resultado está no Portal da Transparência, do governo, em que o balanço dos investimentos em aeroportos é o seguinte: do total previsto de R$ 6,7 bilhões a serem investidos, apenas R$ 1,7 bilhão (25,3%) havia sido contratado e só R$ 900 milhões (13,4%), gastos. O retrato não muda — até piora, em certas cidades —, ao se verificar o andamento de projetos de mobilidade relacionados ao torneio.
Então, não há por que temer um retumbante fracasso, mas, infelizmente, além de estádios, pouco ficará para a população, quando o circo da Fifa for desarmado — com a exceção do Rio, em que há projetos em curso para as Olimpíadas de 2016. É exigir demais da capacidade de o Estado executar projetos. Ele é bom em pagar salários, aposentadorias, etc. E na cobrança de impostos e similares.

sábado, 6 de julho de 2013

Copa das Confederações: Fifa e governo tentam reduzir críticas à Copa

Copa das Confederações: Fifa e governo tentam reduzir críticas à Copa

Fifa e governo no contra-ataque
Autor(es): Jamil Chade Leonardo Maia Tiago Rogero
O Estado de S. Paulo - 25/06/2013
 

O governo negou ontem que tenha dado dinheiro para o torneio.
Valcke e o ministro Aldo Rebelo lançam ofensiva para amenizar as críticas e cobranças contra a Copa
A construção de estádios faz parte do plano de desenvolvimento social, a Fifa é uma instituição não lucrativa e "faz bem" ao País e o governo não deu dinheiro para a Copa. Temendo uma fuga em massa de torcedores estrangeiros para a Copa de 2014, de patrocinadores e mesmo investidores diante dos protestos contra o Mundial, a Fifa e o governo fizeram ontem uma ofensiva inédita para abafar a crise que afeta o governo de Dilma Rousseff e a instituição. Mas admitem: os estádios ficarão 9% mais caros.
Ontem, o que era para ser uma coletiva de imprensa para fazer uma avaliação da Copa das Confederações se transformou num palanque para tentar reverter uma das piores crises já vividas pela entidade. Se Brasília e a Fifa por tantos anos se atacaram, ontem a ordem era a de se unir para evitar um fracasso comercial da Copa.
Em algunsjogos, os organizadores admitiram ao Estado que cerca de 2 mil convidados VIP não apareceram, temendo a violência. Já patrocinadores têm comunicado à Fifa que querem adotar um perfil mais reservado e repensam planos para 2014. Para a entidade e para o governo, isso ameaça se traduzir em perdas financeiras.
Manipulando números, reciclando informes velhos e deixando muitas perguntas sem resposta, a cúpula da Copa tentou de tudo para convencer que o Mundial é um grande negócio, na esperança de acalmar as ruas. "Não devemos falar de custo da Copa, mas da oportunidade da Copa", justificou Luis Fernandes, secretário executivo do Ministério dos Esportes sobre o orçamento para o Mundial. "Estamos fazendo boas coisas (para o Brasil)", declarou Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa.
O dirigente confirmou que a receita da Copa deve chegar a US$4 bilhões e que serão gastos US$ 1,5 bilhão na organização. O restante será distribuído pa-
ra "desenvolver o futebol". "Não estamos ganhando dinheiro para circular em grandes Mercedes", disse. Segundo ele, é errada a percepção de que a Fifa veio ao Brasil "ganhar dinheiro, não pagar impostos e que irá sair correndo do País". "Estamos fazendo coisas boas. Não estou envergonhado do que estamos fazendo", disse.
Dinheiro. Enquanto a Fifa exaltava seuperfil de bom samaritano, o ministro Aldo Rebelo reforçava o discurso apresentado pela presidente Dilma, na sexta-feira, de que o governo federal não gastou um tostão com a preparação do País para as Confederações e o Mundial.
O conceito de recursos públicos, porém, foi modificado. "Não há recursos do orçamento da união. Há recursos na forma de renúncia fiscal, de subsídios, que é algo que o governo distribui de forma ampla e generosa", disse o ministro, que achou ocasião para cutucar os jornalistas e tentar constrangê-los. "Fazemos isso até para as empresas jornalísticas. O governo federal, pelas empresas estatais, promove um grande número de publicidade (nesses veículos).Vocês podem imaginar quanto as TVs járeceberam esses anos todos de empresas públicas."
Ao ser confrontado com o fato de o BNDES, com dinheiro público,ter financiado a edificação das arenas, Rebelo garantiu que os valores emprestados serão recuperados e que os estádios também têm um caráter de promover melhora nas condições de vida de determinadas áreas. "O BNDES trabalha com a meta de financiar projetos que estejam de acordo com o desenvolvimento do país. O estádio do Corinthians vai trazer desenvolvimento para a área com o pior índice de desenvolvimento humano de São Paulo." Ele não explicou que parte dos empréstimos vão justamente para governos estaduais, não citou o fato de que parte do estádio de Brasília é feito com recursos de empresas que têm a União como acionista nem que o BNDES dá juros com taxas subsidiadas.
Numa resposta às ruas, Rebelo ainda destacou que os bilhões destinados à construção de estádios não prejudicaram o investimento em áreas essenciais como saúde e educação. Os recursos para saúde entre 2007 e 2013 foram de R$ 447 bilhões, enquanto o orçamento do Ministério do Esporte teria sido apenas 1% desse valor. "Não há desvio de recursos destinados à saúde e educação para obras da Copas", disse.
Recursos. Rebelo insistiu que os investimentos privados superam em muito os gastos públicos. Para ele, o grosso dos R$ 28 bilhões de despesas previstos na Matriz de Responsabilidade já seriam necessários no futuro, com ou sem a Copa do Mundo.

Esse valor, porém, é 9% superior às projeções feitas há três meses. Mas tiveram de admitir que o valor do projeto hoje é maior do que previam em abril. Os estádios,por enquanto, ficarão orçados em R$ 7,6 bilhões, cerca de R$ 600 milhões a mais do que se imaginava em abril. Em 2010, o plano inicial indicava que os estádios custariam R$ 5,5  bilhões. Já as obras nos aeroportos foram recalculadas, com um incremento de 24% nos custos, em mais de R$ 1,5 bilhão.
Na operação de abafa, a Fifa e o COL ainda usaram um informe de 2010 mostrando que a Copa renderia R$ 112 bilhões à economia nacional e criaria 3,6 milhões de empregos. Em outros dados, o governo insiste que 24.5 mil empregos foram criados nas obras dos estádios e R$ 100 milhões em negócios para pequenas empresas.
A Fifa insiste que parte de seu dinheiro vai ficar no Brasil. Contratou 15 empresas nacionais para fornecer alimentos nos estádios e vai gastar R$ 448 milhões em quartos de hotéis apenas para a família Fifa em 2014.

Na Copa do protesto: Manifestações crescem em estádios

Na Copa do protesto: Manifestações crescem em estádios

"Ola" de protesto Manifestantes tomam a arquibancada do Maracanã
Autor(es): Carolina Oliveira Castro, Débora Gares, Eduardo Maia e Lauro Neto
O Globo - 21/06/2013
 
Com centenas de cartazes e gritos de ordem, torcedores engrossam os atos que se multiplicam nas ruas do Brasil

 Cartazes bilíngues. Após tentativa de repressão, manifestantes mostram faixa contra Copa
Torcedores unidos. Bandeira do Brasil acompanha protesto, que teve direito a Hino Nacional

Quem achava que a Copa das Confederações e as manifestações populares que têm tomado as ruas jogavam em times diferente percebeu ontem que não precisa ser assim. Diferentemente do primeiro jogo da competição no Maracanã, entre Itália e México, quando os manifestantes foram mantidos do lado de fora, o que se viu ontem foram cartazes em diversos pontos do estádio, inspirando gritos de "O povo unido jamais será vencido" e coro para o Hino Nacional.
As manifestações começaram na metade do segundo tempo. Num primeiro momento, os seguranças do estádio tentaram tomar os cartazes e foram vaiados pela torcida, o que levou ao coro de "O Maraca é nosso". Com a arquibancada falando mais alto, vários outros cartazes foram mostrados, e até o tradicional canto de "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor", comum em jogos de seleção, ganhou novo brilho.
- Quando os protestos começaram, eu disse que não iria mais ao jogo para me unir aos manifestantes. Mas depois vi que o Maracanã seria melhor vitrine que as ruas, que já estão tomadas - disse o advogado Marcus Garcia, que havia preparado três cartazes, mas só pôde entrar com um, com o artigo 37 da Constituição, que trata dos princípios da administração pública.
Adotando outra técnica, o geofísico Pedro Jonas Amaral conseguiu entrar com dois cartazes: um pedindo escolas e hospitais no padrão Fifa de qualidade e outro onde se lia "corrupção também é vandalismo":
- Trouxe folhas em branco e só pintei os dizeres quando entrei. Foi uma emoção ouvir a galera apoiando. Essa é a ideia, ver o povo unido por uma causa.
Outros cartazes criticavam ainda a privatização do Maracanã e as remoções forçadas que acompanham as obras. Em muitos se lia a frase "O gigante acordou". Entre os espanhóis que foram ao jogo, muitos se mostraram solidários à causa. Morando há dois meses no país, Marcos Miranda portava um cartaz com a frase, em espanhol: "Uma mensagem direta a todos os governos de repúdio à corrupção". Morador de Brasília, o espanhol Sergio Mota participou da manifestação da última segunda-feira, na capital, quando as rampas do Congresso Nacional foram ocupadas.
- Nisso, espanhóis e brasileiros se aproximam. Estamos cansados do abuso de poder e da política que tem prioridades diferentes das nossas.
No clima dos protestos, surgiram até cartazes bem-humorados, como o de um grupo de estudantes paulistas com camisetas floridas e colares havaianos que dizia "Não é por R$ 0,20. É por um gol do Taiti".
Barreiras geram atrasos
Antes de a partida começar, com medo de novos protestos, a polícia resolveu pedir ingresso de quem desembarcava das estações de metrô e trem. Quem não tinha era obrigado a voltar. O publicitário Marcello Caetano foi um dos barrados porque seu ingresso estava com uma amiga. Só quando se encontraram, ele pôde deixar a estação. Situações assim fizeram alguns torcedores perder o início do jogo. Nem os moradores da região conseguiam sair das estações.
Quem tinha ingresso e chegava até a segunda barreira policial e portava cartazes tinha que abri-los para que o conteúdo fosse avaliado. A advogada Ana Luiza Capanema também teve seu cartaz barrado, mas, por sorte, quando saiu do jogo, fez o mesmo caminho e conseguiu recuperá-lo a tempo de seguir para a manifestação.
- Queria me manifestar no estádio. Não deixaram, mas não tem problema, vou lá protestar com todo mundo.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

SÓ 5% DAS OBRAS DA COPA ESTÃO PRONTAS

SÓ 5% DAS OBRAS DA COPA ESTÃO PRONTAS

SOMENTE 5% DAS OBRAS ESTÃO PRONTAS
Autor(es): Eduardo Bresciani
O Estado de S. Paulo - 24/05/2012
 

A pouco mais de dois anos da Copa, 41% das obras não tiveram início e apenas 5% delas (cinco de 101) foram concluídas, de acordo com balanço do governo. A fase de definição de projetos de infraestrutura deveria ter sido concluída em 2010, mas 15 obras ainda estão em elaboração e outras 25 não foram iniciadas. Das 55 obras em andamento, 12 são estádios. Desses, apenas quatro superaram a metade das obras: Castelão (Fortaleza), Fonte Nova (Salvador), Mineirão (Belo Horizonte) e Mané Garrincha (Distrito Federal). A mobilidade urbana tem 55% das obras iniciadas. As cinco obras concluídas são melhorias nos aeroportos de Guarulhos, Campinas, Cuiabá e Porto Alegre. Apesar dos números, o governo afirma que o ritmo de execução permitirá entregar 83% dos empreendimentos em 2013 e o restante antes de junho de 2014. O ministro Aldo Rebelo (Esporte) nega a existência de atrasos
A 2 anos do pontapé inicial, 41% das construções do evento nem sequer tiveram início. Ministro Aldo Rebelo não admite atrasos
Faltando pouco mais de dois anos para a Copa do Mundo no Brasil, 41% das obras relacionadas com o evento nem sequer tiveram início e apenas cerca de 5% estão concluídas. Os dados são de balanço divulgado pelo governo federal ontem, com informações atualizadas até o dia 25 de abril. De acordo com o levantamento somente 5 das 101 obras foram concluídas até agora. Apesar dos números, o governo nega atraso e afirma que o ritmo de execução permitirá entregar 83% dos empreendimentos em 2013 e o restante em 2014 antes de junho, quando começa o evento da Fifa. O balanço mostra que a fase de definição de projetos de infraestrutura deveria ter sido concluída em 2010, mas existem 15 obras que ainda estão em elaboração. Outras 25 obras estão em licitação ou tiveram este processo concluído, mas ainda não tiveram início efetivo. Segundo o governo existem 55 obras em andamento, entre elas as dos 12 estádios que receberão os jogos. Em relação aos estádios apenas quatro superaram a metade das obras.
O Maracanã, no Rio, e a Arena Pernambuco, no Recife, que devem receber jogos da Copa das Confederações já em junho de 2013 tem apenas 45% e 33% das obras concluídas, respectivamente. O estádio mais avançado é o Castelão, de Fortaleza, com 62%. Os estádios privados que receberão reformas, Arena da Baixada, em Curitiba, e Beira Rio, em Porto Alegre, são os com menor execução. Em Curitiba foram exe- cutadas 11% das obras, enquanto no Beira-Rio o número divulgado é de 20%, apesar de o governo admitir que com a revisão do cronograma apenas 8% das obras do estádio foram realizadas. A mobilidade urbana, apontada como principal legado da Copa, tem pouco mais da metade de suas obras iniciadas, 55%. De acordo com o balanço, sete obras ainda estão em projeto, nove em licitação e sete já foram
licitadas e aguardam o início. "A parte de projeto é fundamental para ter um bom desempenho da obra. Não concebo como atraso, mas como ganho porque quando se tem um bom projeto você vai ganhar na execução", disse o ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades) para justificar o estágio destas obras. As únicas cinco obras construídas até agora são de infraestrutura aeroportuária.
São melhorias nos aeroportos de Guarulhos, Campinas, Cuiabá e Porto Alegre. Existem ainda mais 26 obras da área prevista, mas somente 13 já tiveram início, sendo que sete ainda estão em fase de elabora- ção de projetos. Em relação aos portos somente quatro dos que sofrerão intervenção já tiveram as obras iniciadas. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse não haver intenção de excluir nenhuma obra da matriz de responsabilidade para a Copa e afirmou que novos empreendimentos poderão ainda ser incluídos. "Nossa ideia não é de trabalhar com exclusão, mas a de inclusão e a de ampliar". Aldo negou por várias vezes a existência de atrasos. "Vamos tratar com mais generosidade o que está no papel, isso não signi- fica atrasos", disse. "Muitas vezes a estatística mostra tudo, me- nos o essencial", completou. Aldo afirmou que no caso das 15 obras ainda em fase de elaboração de projetos é possível recuperar o tempo perdido durante a execução. O ministro disse respeitar críticas feitas pela Fifa e até pelo ex-jogador Edson Arantes do Nascimento, Pelé, sobre eventuais atrasos, mas destacou que o governo federal está otimista em cumprir os cronogramas. Questionado se seria necessário um "milagre" para concluir tudo a tempo o ministro usou o bom humor. "Creio que nesse caso podemos dispensar os serviços dos santos. Milagres podem socorrer causas mais necessitadas".

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Governo intervém e assume Copa

Governo intervém e assume Copa

Governo intervém e assume Copa 2014
Autor(es): JAMIL CHADE
O Estado de S. Paulo - 09/05/2012
 

A Fifa anunciou que o governo passará a integrar o comitê organizador da Copa de 2014. É apenas a segunda vez na história que isso acontece - a primeira foi na África do Sul, na Copa de 2010. Normalmente, o comitê é independente de governos, razão pela qual a situação brasileira pode ser vista como intervenção. O secretário-geral Jérôme Valcke disse que a Fifa errou ao demorar para tomar essa decisão. "Sem contar com as possibilidades do governo, seria impossível organizar o Mundial", disse Joseph Blatter, presidente da Fifa
Ministério do Esporte e Fifa controlam operações do Mundial diante da inoperância dos cartolas

Faltando apenas 13 meses para a Copa das Confederações e 25 meses para a Copa do Mundo, o governo brasileiro intervém na preparação e na prática assume junto com a Fifa a organização do Mundial de 2014. Ontem, a Fifa anunciou que o governo passará a fazer parte do Comitê Organizador Local, pela segunda vez na história das Copas. A outra foi na África do Sul em 2010. Joseph Blatter, presidente da Fifa, ainda deixou claro: os interlocutores do projeto são Jérôme Valcke, da entidade, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, sem citar nenhum dos membros do COL ou da CBF.
Para altas fontes do governo, o anúncio é um reconhecimento do fracasso dos cartolas brasileiros na gestão e da necessidade de que o Planalto assuma um papel protagonista. O Estado revelou no final de 2011 que a Fifa e o governo já haviam iniciado uma aproximação, deixando a CBF do já enfraquecido Ricardo Teixeira de lado. O grupo que o substituiu não convenceu a Fifa de que poderia tocar o projeto e a aliança com o governo acabou sendo concretizada. As reuniões ocorrerão a cada seis semanas.
A pessoa escolhida para entrar no COL foi Luis Fernandes, secretário-executivo do Ministério do Esporte. Ele se recusa a falar em intervenção do governo. Mas admite que houve um sentimento mútuo de que essa aproximação seria "uma necessidade". "Entramos numa fase decisiva da preparação e selamos a parceria em um outro patamar superior", disse Fernandes, professor universitário. Além disso, Marco Polo Del Nero, representante do Brasil na Fifa, também passará a integrar ao COL.
Perguntado sobre o motivo de não terem feito isso antes e apenas no final do processo, Valcke, admitiu: "Às vezes cometemos erros e temos que tomar decisões na vida, antes tarde do que nunca. Essa é a reflexão do dia". "Essa decisão ajudará a superar desafios", apontou Rebelo.
O anúncio ainda enterra uma das promessas de Teixeira, de que a Copa seria realizada por uma entidade sem a participação do governo. O Estado apurou que a decisão já havia sido costurada dias antes e apenas esperava uma oficialização de Rebelo, o que ocorreu ontem.
O COL tradicionalmente é uma estrutura independente e que apenas ganhou a intervenção do estado na África do Sul, país que sofreu com incertezas até às vésperas do Mundial. Segundo Valcke, a participação do governo naquele caso ocorreu por "questões óbvias". Agora, essa necessidade volta a ser demonstrada com o Brasil, colocando o País no mesmo patamar dos sul-africanos.
"Essa é uma responsabilidade que nós dividimos com o Brasil e com seu governo. Sem contar com as possibilidades do governo e sem garantias, seria impossível organizar o Mundial", declarou Joseph Blatter.
Dupla. A reunião ainda serviu para colocar um fim à crise entre Valcke e o governo, pelo menos de forma pública. Blatter se encarregou de anunciar que os dois interlocutores do Mundial serão Rebelo e Valcke, obrigados agora a trabalhar juntos até 2014. "Não falamos mais de problemas pessoais. Isso está liquidado", declarou. "Não há mais problema. Tudo foi resolvido", insistiu o cartola.
Esforço para mostrar que está tudo bem
Sorrisos, apertos de mão e até uma exibição de embaixadinhas e cobranças de pênalti. A cúpula da Fifa, do COL e do Ministério do Esporte tentou de tudo para passar imagem positiva a respeito da reunião de ontem, em Zurique.
Quem destoou foi o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke (aquele do "chute no traseiro"), que não conseguiu esconder o desconforto em alguns momentos. Na foto, Bebeto, Valcke, o presidente da Fifa Joseph Blatter, Ronaldo e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

quarta-feira, 21 de março de 2012

GOVERNO DEIXA PARA OS ESTADOS DECISÃO SOBRE BEBIDA NA COPA

GOVERNO DEIXA PARA OS ESTADOS DECISÃO SOBRE BEBIDA NA COPA

ESTADOS VÃO DECIDIR SOBRE BEBIDA
Autor(es): EDUARDO BRESCIANI
O Estado de S. Paulo - 21/03/2012
 
Governo fecha acordo com a base aliada na Câmara e Lei Geral vai ser votada com artigo que fará a Fifa negociar caso a caso a liberação do álcool

Para evitar desgastes, o Palácio do Planalto e sua base aliada na Câmara selaram ontem um acordo para a votação da Lei Geral da Copa sem a liberação expressa da venda de bebidas alcoólicas nos estádios, como já tinha defendido o PT. A manobra transfere para os Estados o ônus de negociar o fim das restrições. O texto apenas suspenderá durante os eventos da Fifa o artigo do Estatuto do Torcedor, que proíbe a venda, e a entidade terá de negociar diretamente com Estados onde há leis contrárias.
Segundo o relator do projeto, Vicente Cândido (PT-SP), em sete das doze sedes este problema existe. A votação ficou para hoje porque os líderes da oposição e representantes da bancada ruralista só concordam em votar o projeto após ter uma data para a análise do código florestal.
Os ministros do Esporte, Aldo Rebelo, e das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, deixaram claro o repasse do problema para os governadores e afirmaram que acordos assinados com a Fifa no âmbito dos Estados também pressionam estes entes federativos a retirar as proibições. "Os governadores que participaram das candidaturas a sediar a Copa também assinaram essas garantias", disse Aldo. "Não só o Brasil, como os 12 governadores assinaram também", repetiu Ideli.
A escolha pelo texto menos favorável à Fifa foi feita após a contabilização de votos dentro da base. O resultado é que dificilmente seria possível aprovar a liberação expressa. "Se eu tivesse condições de ganhar, eu manteria (a liberação expressa). Mas a base entendeu que assim fica mais leve, mais fácil de votar", disse o relator. "Tinha acordo com o governo até semana passada, mas agora fui enquadrado".
O líder do PT, Jilmar Tatto (SP), admitiu a maior facilidade para votação do texto original do Executivo, sem a liberação expressa, e citou argumentos jurídicos que pesaram na decisão. Segundo ele, havia temor de que uma lei federal em contrariedade a regras estaduais e municipais levasse a questionamentos.
"Poderia haver uma guerra jurídica de legislações concorrentes. Então, imaginando que pudesse ajudar, acabaríamos atrapalhando", disse Tatto.
Desentendimento. A definição da base é mais um capítulo nas idas e vindas do governo sobre o tema. Na semana passada chegou-se a negar a existência de compromisso formal com a Fifa sobre o assunto. Aldo Rebelo alertou o Planalto que um documento assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2007 garantia a "não proibição" da venda ou propaganda de produtos de parceiros da entidade, entre eles comidas e bebidas.
Depois de "encontrar" o acordo assinado, o governo passou a discutir se isso estaria contemplado pelo projeto original do Executivo ou se era mesmo necessária a redação mais abrangente adotada pelo relator e aprovada na comissão especial. Diante da dificuldade em ter o apoio da base para um texto mais amplo o governo concordou com a tese de que a suspensão da proibição era suficiente.
A decisão de repassar a polêmica para os governadores vai prolongar o imbróglio. De acordo com o relator, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Bahia e Rio Grande do Sul têm legislações próprias que proíbem a venda de bebidas alcoólicas em estádios. Tatto acredita que uma chantagem da Fifa poderia tornar essa negociação mais fácil. "Se não fizerem isso (liberar), a Fifa pode até tirar a Copa desses Estados".
A oposição e a bancada ruralistas avisaram que só aceitam votar a Lei Geral se for marcada uma data para a análise do novo Código Florestal.