Confisco no Chipre pode chegar a 60%
Autor(es): Andrei Netto |
O Estado de S. Paulo - 01/04/2013 |
Uma semana após a aprovação de um plano de resgate de € 17 bilhões, o governo do Chipre e os correntistas dos maiores bancos do país começam a descobrir a amplitude do confisco exigido pela União Europeia, pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Cálculos preliminares e extraoficiais indicam que o corte no saldo de contas correntes, poupanças e investimentos com maisde € 100 mil poderá chegar a 60% para os clientes do Banco do Chipre,o maior da ilha. A situação só não é pior do que no Banco Laiki, onde os correntistas com recursos acima desse valor perderão 100%. O confisco de recursos de investidores privados foi a fórmula encontrada por Bruxelas e pelo FMI para fazer com que o governo cipriota arrecade € 7 bilhões em recursos, montante da contrapartida do país aos € 10 bilhões em recursos internacionais que lhes serão emprestados. Pelo acordo de socorro, o Banco Laiki (Popular) será extinto. Os correntistas poderão transferir até € 100 mil para o Banco do Chipre, mas valores acima disso serão perdidos. O memorando de entendimento também previa o confisco de parte dos recursos dos clientes do Banco do Chipre. Há uma semana, Jeroen Dijssel- bloem, coordenador do fórum de ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo), havia estimado os cortes entre 25% e 40%. No sábado, o Banco Central cipriota anunciou que o corte será de 37,5%, valor que será transformado em ações do banco-o que transformará, compulsoriamente, os correntistas em sócios. Além disso, outros 22,5% serão congelados e poderão ser confiscados caso o governo precise de recursos extras. "A primeira estimativa feita é de que 37,5% dos depósitos acima de € 100 mil serão convertidos em ações", confirmou o ministro de Finanças, Michalis Sar- ris. "Por segurança, uma vez que os cálculos foram feitos sobre o montante que precisamos, 22,5% ficarão em separado." Segundo nota do BC cipriota, a decisão será informada "90 dias após o fim da avaliação". Segundo o porta-voz do governo cipriota, Christos Stylianides, as autoridades buscarão outras alternativas para geração de recursos. Para Stylianides, as opções podem incluir "a redução de empréstimos e outros serviços fornecidos porbancos cipriotas no país e no exterior". Chipre viveu um feriado bancário de 12 dias em razão da turbulência financeira no país. As agênciasbancárias foram reabertas na quinta-feira, mas um controle de fluxo de capitais, estabelecendo limites estritos para os correntistas, entre os quais saques de € 300 por semana e transferências internacionais de até € 5 mil por mês. Segundo relatório do Instituto de Finança Internacional (IIF), o órgão que representa grandes investidores mundiais, o plano de socorro da UE para o Chipre causará uma depressão da ordem de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em apenas dois anos. Para efeitos de comparação, a Grécia, nação mais atingida pela recessão na Europa, levou cinco anos para chegar à depressão de 20%. /com AFP E REUTERS |
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