quinta-feira, 4 de abril de 2013

IPI congelado rende economia de até R$ 2,4 mil

IPI congelado rende economia de até R$ 2,4 mil

Desconto de até R$ 2,4 mil com IPI congelado
Autor(es): » DECO BANCILLON » VICTOR MARTINS » ROSANA HESSEL
Correio Braziliense - 01/04/2013
 

Montadoras esperam ampliar vendas com a decisão do governo de manter imposto até dezembro, mas endividamento alto atrapalha

Com a decisão do governo de congelar o desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, o consumidor que decidir levar para casa um carro zero-quilômetro deixará de pagar até R$ 2,4 mil, caso opte pelos modelos mais caros. Essa é a diferença entre o preço médio cobrado nas concessionárias por um veículo de até 2 mil cilindradas, movido a gasolina, atualmente taxado em 8%, e o que ele passaria a custar a partir de hoje, com 10% de tributo, conforme previa inicialmente o cronograma definido pelo governo.

Segundo comunicado divulgado no sábado pelo Ministério da Fazenda, o desconto do IPI será mantido até 31 de dezembro de 2013. Com isso, carros flex e movidos a gasolina de até 1.000 cilindradas continuarão sendo tributados em 2%. Sem a prorrogação, a taxação subiria para 3,5%. O mesmo vale para veículos flex de 1.000 a 2.000 cilindradas, que atualmente pagam 7% de tributo. Caso o cronograma fosse mantido, a alíquota passaria para 9%. Já para os modelos movidos a gasolina, que são mais poluentes, o tributo foi congelado em 8% —sem a alteração, no entanto, pagariam 10% de imposto.

Fontes do setor automobilístico calculam que o preço médio dos carros subiria entre R$ 300 e R$ 400 caso o IPI tivesse sido elevado. Com a manutenção do desconto, porém, a expectativa das montadoras é de que o consumidor siga comprando, como fez em 2012, quando as vendas subiram 4,6%. Ao todo, foram vendidos 3,8 milhões de carros  em 2012. O problema é o elevado nível de endividamento das famílias.

Aposta
A estimativa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) era de que os emplacamentos crescessem de 3,5% a 4,5% em 2013. Para isso, porém, o Produto Interno Bruto (PIB) teria de crescer, pelo menos, 4%, um número que, hoje, parece distante de ser alcançado. Pelo último relatório Focus divulgado pelo Banco Central, a previsão do mercado financeiro é de avanço de 3%. Mesmo diante dessa expectativa pessimista, o Ministério da Fazenda mantém a aposta de que o país retornará o ritmo mais forte do PIB neste ano.

Em declarações recentes, o ministro Guido Mantega avaliou que a expansão da economia ficará entre 4% e 4,5% em 2013. Não é o que pensa o próprio setor automotivo, que está mais cauteloso. “Aparentemente, pelo que temos acompanhado, a projeção da Fazenda não deverá se concretizar”, argumentou uma fonte do setor. Mesmo dentro do governo, há quem aponte excesso de otimismo do ministro. É o caso do Banco Central, que prevê incremento de 3,1% para o PIB 2013.

Para dar uma forcinha à estimativa da Fazenda, o governo tem concedido diversos incentivos tributários, como a prorrogação do IPI para a indústria automobilística, que custará aos cofres públicos o equivalente a R$ 2,2 bilhões apenas entre abril e dezembro. A aposta é que o desconto dará novo fôlego à produção, já que as montadoras empregam, atualmente, cerca de 130 mil trabalhadores. Pelos cálculos de Mantega, o setor representa 25% da produção nacional.

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