quinta-feira, 4 de abril de 2013

MONTADORAS PEDEM PARA O GOVERNO CONGELAR IPI

MONTADORAS PEDEM PARA O GOVERNO CONGELAR IPI

IPI DE 2% PARA CARROS DEVE SER PRORROGADO
Autor(es): DECO BANCILLON » ROSANA HESSEL
Correio Braziliense - 29/03/2013
 

Estava previsto que o imposto cobrado de carros 1.0 subiria para 2,5% a partir de segunda-feira, 1º de abril. Em reunião com o ministro Guido Mantega, empresários pediram para que o Planalto mantenha o tributo nos atuais 2% por mais três meses. Alegaram que as vendas vêm perdendo fôlego desde o início do mês. Caso o IPI seja elevado, o preço dos carros também aumentará. Como a inflação é o maior problema do governo no momento, tudo indica que a reivindicação deve ser atendida

Governo admite segurar o imposto a fim de evitar a alta dos preços de carros zero e conter a inflação. Mantega se reuniu ontem com empresários

O temor de que a inflação ultrapasse ainda em março o teto da meta perseguida pelo Banco Central (BC) para 2013 deve levar o governo a ceder às pressões das montadoras e congelar, por pelo menos mais três meses, a alíquota de 2% de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis. A princípio, estava previsto que o tributo para carros de até 1 mil cilindradas subiria para 3,5% a partir de segunda-feira, 1º de abril. Mas diante da possibilidade de que os juros básicos tenham que ser elevados para acomodar a crescente pressão sobre os preços, a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff já avisou que fará de tudo para evitar que o BC tenha que recorrer a esse expediente. Em outras palavras, significa dizer que o Ministério da Fazenda tem carta branca para cortar quantos impostos forem necessários para reduzir os custos da indústria e, por tabela, a inflação ao consumidor.

O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, reiterou que o governo tem R$ 105 bilhões para queimar em novas desonerações entre este ano e 2014. Nesta conta entram os cortes de impostos na folha de pagamentos e na cesta básica e, agora, a prorrogação do IPI menor para automóveis. A inclusão do setor automotivo nessa nova lista de isenções tributárias foi confirmada por Mantega, que se reuniu ontem em São Paulo com representantes do setor automotivo para tratar dos números da produção e das vendas de março, assim que chegou de viagem da África do Sul.

Ao Correio, um dos participantes do encontro contou que o ministro não escondeu a frustração com o desempenho da indústria automobilística neste início de ano. “Ele constatou que os números de março ficaram abaixo do esperado”, disse a fonte, que pediu anonimato. “Esperávamos que o mês fosse melhor que fevereiro, mas, infelizmente, não foi o que ocorreu”, contou. Números ainda parciais dos emplacamentos de automóveis dão conta de que as vendas diárias foram de 13,4 mil unidades. “Com isso, dificilmente conseguiremos chegar ao patamar de 300 mil unidades, como era o esperado”, completou. Apenas na semana que vem serão conhecidos os números oficiais do setor, divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Feriadão
Mantega admitiu a possibilidade de congelamento do IPI em 2% por mais tempo, mas pediu aos empresários que participaram da reunião discrição até que tudo fosse acertado com a presidente Dilma. Há também a estratégia de evitar que a notícia antecipada atrapalhe as vendas das concessionárias neste feriadão. “O ministro não quis estragar a festa”, explicou um alto executivo de montadora, que pediu anonimato. Mesmo sabendo de antemão da prorrogação do incentivo, ele contou que reforçará a propaganda para “bombar” as vendas neste fim de semana.

Passada a euforia, o governo deverá retomar a agenda de desonerações, com o objetivo de dar novo ânimo à indústria e ao Produto Interno Bruto — e, claro, conter a inflação. Mesmo depois de sucessivos incentivos, o crescimento econômico ainda não deslanchou. “A indústria automobilística é um dos setores mais dinâmicos”, ponderou uma fonte, reiterando que um automóvel tem, por exemplo, aproximadamente 3 mil itens produzidos por uma cadeia de mais de 300 indústrias diferentes.

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