G-20 promete mais estímulos à economia
G-20 vai prometer medidas para estimular a demanda |
Autor(es): Por Sergio Lamucci e Assis Moreira | De Washington e de Genebra |
Valor Econômico - 18/04/2013 |
É o que diz a primeira versão do comunicado dos ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do grupo, que se encontram em Washington hoje e amanhã, durante a reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. "Muitos países tomaram medidas para estimular a demanda desde a última vez em que nós nos encontramos [em fevereiro, em Moscou], mas é necessário fazer mais para cumprir o nosso compromisso de enfrentar a atual fraqueza da economia global", afirma o documento, ao qual o Valor teve acesso. O G-20, grupo que reúne as maiores economias desenvolvidas e emergentes, se compromete a tomar medidas para elevar o crescimento, criar empregos e enfrentar riscos que podem surgir em um mundo em que a atividade segue fraca e o desemprego se mantém alto em muitas nações. É o que diz rascunho do comunicado dos ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do grupo, que se encontram em Washington hoje e amanhã, durante a reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. "Muitos países tomaram medidas para estimular a demanda desde a última vez em que nós nos encontramos [em fevereiro, em Moscou], mas é necessário fazer mais para cumprir o nosso compromisso de enfrentar a atual fraqueza da economia global", afirma o documento a que o Valor teve acesso. No texto, que continua em negociação, em Washington, o G-20 promete mais luta contra os paraísos fiscais e repete os compromissos para evitar desvalorizações competitivas. Uma novidade é o pedido para o FMI e o Banco Mundial fazerem uma pesquisa sobre uma possível revisão das "diretrizes para administração da dívida pública", indicando que a reestruturação das dívidas soberanas será uma das prioridades da presidência da Rússia no grupo, neste ano. Responsáveis por cerca de 80% da produção mundial, os países do grupo traçam um quadro pouco animador da economia global, em linha com recentes alertas do FMI e outras organizações internacionais. "O crescimento não é forte, nem sustentável ou equilibrado", diz o documento, reconhecendo na prática que seus objetivos de cooperação não têm avançado. Para o grupo, grandes riscos foram evitados e as condições do mercado financeiro continuaram a melhorar, mas a recuperação global segue desequilibrada e em velocidades diferentes. Países emergentes crescem a um ritmo relativamente forte e os EUA mostram o fortalecimento do setor privado, mas a retomada da zona do euro e do Japão segue pouco convincente. A contração fiscal, a incerteza política, problemas na intermediação financeira, a desalavancagem privada e um processo incompleto de reequilíbrio da demanda global continuam a pesar sobre as perspectivas globais de crescimento. As prioridades continuam, em grande parte, as mesmas. "Na zona do euro, as fundações da união monetária devem ser tornadas mais seguras, incluindo uma movimentação mais rápida em direção à união bancária". EUA e Japão devem apresentar planos críveis de médio prazo para enfrentar a questão fiscal. No caso dos EUA, porém, o G-20 vê espaço para desacelerar o ritmo da consolidação fiscal e, com isso, dar mais apoio à recuperação. "Economias com grandes superávits devem considerar e tomar passos adicionais para impulsionar fontes domésticas de crescimento, levando em conta as circunstâncias especiais de grandes produtores de commodities", uma recomendação que serve a países como China e Alemanha. O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, que estará em Washington para a reunião do FMI e do Banco Mundial, sugere que na paisagem econômica em plena mutação o mundo precisa de uma bússola. "A melhor maneira de atravessar a crise é utilizar uma boa bússola, e para a Europa essa bússola deve ser a "confiança", a confiança em sua capacidade de navegar num mundo cada vez mais globalizado", afirmou Lamy hoje em Dublin (Irlanda). No combate à crise, o G-20 também deve informar que vai continuar a fazer progressos na agenda de reforma financeira para construir um sistema financeiro mais resistente, além de trabalhar numa agenda de reformas estruturais para estimular o crescimento. "As economias avançadas estão desenvolvendo estratégias de médio prazo em linha com os compromissos definidos por nossos líderes em Los Cabos, no México, para a cúpula de São Petersburgo. "Esses planos vão ser implementados de modo flexível, levando em conta o espaço fiscal e a necessidade de apoiar a atividade econômica." O comunicado deve abordar câmbio, mas sem menção à guerra de divisas. Basicamente, retoma promessas anteriores, agora num cenário em que o Japão passou a adotar uma política monetária ultraexpansionista e levou a uma desvalorização significativa do iene. "Nós reiteramos nossos compromissos de caminhar mais rapidamente para sistemas de taxa de câmbio mais flexíveis e determinados pelo mercado", afirma o texto. Os países do G-20 também dizem que vão evitar desvalorizações competitivas e não vão adotar metas para o câmbio com objetivos de competitividade, além de prometerem resistir ao protecionismo e manter os mercados abertos. "A política monetária deve ser direcionada à estabilidade dos preços domésticos e a apoiar a recuperação econômica de acordo com os seus respectivos mandatos." Um ponto importante é a pesquisa pedida pelo G-20 para o FMI e o Banco Mundial sobre o tema da reestruturação da dívida pública. A ideia é que isso leve em conta um ambiente de emissões mais desafiador e a emergência de complexas interações entre gestão da dívida pública e políticas fiscais e monetárias. "Uma combinação sensata de medidas fiscais e de políticas de dívida deve envolver regras claras para emissão de garantias de Estado, uma transformação de obrigações implícitas contingentes em garantias explícitas e a contabilidade apropriada de diferentes tipos de garantias", diz o texto em discussão pelos negociadores. Os ministros de finanças e presidentes de BCs devem também mostrar preocupação quanto à proliferação de iniciativas nacionais para promover reformas estruturais na atividade bancária, apesar dos esforços para avançar em mudanças regulatórias globais. Isso causa incerteza regulatória, diz o comunicado. "Nós recebemos bem os esforços do Financial Stability Board para identificar pontos de fricção entre essas iniciativas nacionais e implementar um plano de ação para mitigá-las". Outro tema a ser enfatizado é a luta contra os paraísos fiscais, para atacar a evasão quando os governos precisam desesperadamente de dinheiro. Para o grupo, eventos recentes mostram que mais precisa ser feito para lutar contra paraísos fiscais, uma menção implícita a Chipre e também às revelações da operação "OffshoreLeaks", de 2,5 milhões de fichas que detalham um sistema mundial de evasão fiscal através de mais de 120 mil empresas-fantasmas. Analistas estimam que cerca de US$ 1,6 trilhão escapem a cada ano aos fiscos. |
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