quinta-feira, 4 de abril de 2013

BC vai segurar o dólar

BC vai segurar o dólar

Autor(es): VICTOR MARTINS » ROSANA HESSEL
Correio Braziliense - 29/03/2013
 

Objetivo é conter a escalada da inflação. No primeiro trimestre, a Bovespa teve a maior perda no período em 18 anos

O Banco Central deve continuar controlando as cotações do dólar para frear o custo de vida. Segundo informações divulgadas ontem pela autoridade monetária, a divisa teve papel determinante na formação de preços no país, no ano passado, e isso também vai acontecer em 2013. Nos cálculos de Carlos Hamilton Araújo, diretor de Política Econômica da instituição, a alta da moeda norte-americana em 2012 aumentou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 10,2%, ou seja, a inflação poderia ter ficado em 5,14%, em vez dos 5,84% registrados, não fosse a escalada do câmbio.

Neste ano, porém, o efeito vai ser no sentido de conter a alta dos índices. De acordo com as projeções do BC, em 2013 o repasse do dólar para a inflação deve ser menor, entre 6% e 7%. Apesar da sinalização da autoridade monetária, a moeda fechou o pregão de ontem com ganho de 0,52%, cotada a R$ 2,021 na venda. A divisa acumula alta de 2,19% no mês e queda de 1,29% no trimestre. Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o BC vai manter com a estratégia de monitorar o câmbio por um longo período. “O dólar deve vai continuar em R$ 2 durante 2013, ainda mais pelo risco de subida da inflação este ano”, disse.

Em um trecho do Relatório Trimestral de Inflação, divulgado ontem, o BC afirma que a variação da moeda norte-americana teve “efeito inflacionário em 2012, ao contrário do ocorrido em 2011”. “É possível que o repasse (do dólar) tenha sido mais intenso que em outras circunstâncias. Parte disso pode ser atribuído ao ruído causado pelas discussões em torno das taxas de câmbio, quando parte do mercado projetava que o dólar poderia chegar a R$ 2,30 ou R$ 2,50”, argumentou Carlos Hamilton.

O diretor ainda deixou claro, mais uma vez, que o BC vai intervir para impedir variações excessivas da moeda. “É razoável dizer que os agentes tenham levado em conta esse ruído (em 2012) que não se confirmou. O BC tinha uma visão diferente sobre o câmbio. Isso foi comunicado ao mercado, e a instituição tomou as ações que julgou necessárias. Provemos liquidez no fim do ano e isso trouxe certa acomodação”, avaliou. Segundo analistas, não fosse a decisão da autoridade monetária de manter o dólar o mais estável possível, o IPCA poderia fechar o ano ao redor de 6,10%.

» Ações

Enquanto o dólar subia ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&Bovespa) também operava no azul: fechou o dia com alta de 0,57%, aos 56.352 pontos. O desempenho positivo, entretanto, não foi suficiente para virar a perda de 7,43% acumulada no trimestre — o pior desempenho para o período em 18 anos. Em outras praças, o mercado acionário vive situação bem diferente. A bolsa de Nova York, que encerrou o pregão de ontem com elevação de 0,36%, acumula no mês ganho de 3,73% e, no ano, de 11,25%. Com exceção de Tóquio, que subiu 18,67% em 2013, o mercado norte-americano apresenta um dos melhores desempenhos no ano, puxado pela recuperação gradual da confiança no país.


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