quinta-feira, 4 de abril de 2013

Brics vão desunidos à 1ª rodada de escolha à OMC

Brics vão desunidos à 1ª rodada de escolha à OMC

Autor(es): Por Assis Moreira | De Genebra
Valor Econômico - 01/04/2013
 

Os países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) chegam sem manifestar alinhamento a um candidato comum na primeira rodada de escolha do novo diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), por causa de suas múltiplas alianças.
Entre amanhã e o dia 9, os 158 países membros da OMC vão fazer a primeira ida ao "confessionário", como é chamada a consulta a ser feita pela troica de embaixadores do Paquistão, Canadá e Suécia. Cada delegação deve apontar suas preferências, no máximo quatro nomes que podem fazer consenso para substituir Pascal Lamy no comando de uma organização chave na governança global.
Dos nove candidatos, um é de país desenvolvido (Nova Zelândia) e outros são de países autoproclamados em desenvolvimento - três da América Latina (Brasil, México, Costa Rica), dois da Ásia (Coreia do Sul e Indonésia), dois da África (Gana e Quênia) e um do Oriente Médio (Jordânia). A primeira rodada de consultas eliminará os quatro candidatos com menor condição de reunir consenso.
O brasileiro Roberto Azevedo é o único que vem dos Brics. Na cúpula dos líderes na semana passada, em Durban (África do Sul), o máximo que o grupo concordou publicamente foi que o próximo diretor-geral da OMC deve ser de país em desenvolvimento.
Mesmo isso teve de ser arrancado após resistência da Rússia, que alegava haver entrado na OMC como país desenvolvido, faz também parte do G-8 (das principais nações industrializadas) e resistia a assinar a declaração que, ao seu ver, poderia ser vista como contrária ao único candidato de país um rico, o neozelandês Tim Groser. Os parceiros insistiram que os Brics, reunidos na África, não podiam deixar de se posicionar sobre o que a grande maioria da OMC aceita, quer e defende.
Sobre candidato preferencial, a Índia ficou em cima do muro, tendo aliança com a Indonésia, com os países africanos e também com o Brasil. A China sabe que seu peso conta e manifesta simpatias sem aprofundar os comprometimentos. A África do Sul tem compromissos regionais com os candidatos africanos.
Assim, na primeira rodada não há candidato caracterizado como sendo dos Brics. A expectativa é de que os grandes emergentes comecem a sinalizar quem apoiam a partir da segunda "rodada de fogo", de onde devem ser eliminados outros três candidatos, sobrando dois finalistas. Ou seja, dependendo de quem continua na disputa, e já não mais presos a apoios regionais, os Brics vão abrir mais o jogo. Azevedo é um candidato que, na opinião de um número importante de observadores, tem condições de passar pela primeira rodada e seguir atraindo apoio.
O jogo de apoios terá de levar em conta também a briga pelos quatro postos de diretor-adjunto da OMC. China, Rússia e países árabes querem uma vaga. Outra briga é pelo comando da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).

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