quinta-feira, 4 de abril de 2013

Chipre: fila nos bancos

Chipre: fila nos bancos

Correio Braziliense - 29/03/2013
 
Nicósia — Os cipriotas fizeram filas sem tumultos diante dos bancos, que reabriram, ontem, sob um rigoroso controle de saques, destinado a evitar uma fuga de capitais, depois de o governo ser forçado a aceitar um pacote de resgate da União Europeia. Os bancos passaram quase duas semanas fechados, enquanto o governo negociava os termos de uma ajuda de 10 bilhões de euros (US$ 13 bilhões). Foi a primeira vez que um plano de socorro financeiro na Zona do Euro impôs prejuízos a correntistas bancários.

Os saques foram limitados a 300 euros por dia, e os bancos foram proibidos de descontar cheques. Os empregados das instituições chegaram cedo para trabalhar, em Nicósia, onde cédulas de euros eram distribuídas por caminhões blindados.

O Banco Central Europeu não comentou rumores de que, para atender a demanda por dinheiro vivo, teria enviado mais cédulas de euros à ilha. As autoridades dizem que a restrição aos saques será temporária — incialmente por sete dias —, mas economistas afirmam que
será difícil suspendê-la enquanto a economia estiver em crise.

Medo
Em Nicósia, havia alívio, mas também alguma apreensão. “Você não tem ideia do quanto eu estava esperando por isso”, disse o aposentado Froso Kokikou, numa fila do Banco Popular do Chipre (Laiki). “Tenho uma sensação de medo e frustração por precisar ficar desse jeito na fila; parece um país de terceiro mundo, mas o que se pode fazer?”, disse Kokikou. “Foi o que nos impuseram, e temos de conviver com isso.” A Bolsa cipriota permaneceu fechada.

Com apenas 860 mil habitantes, Chipre tem 68 bilhões de euros depositados em seus bancos — um sistema financeiro desproporcional ao tamanho do país, que atraía muitos depósitos de estrangeiros, especialmente russos, como um paraíso fiscal. A economia local acabou contaminada pela crise na vizinha Grécia. O ministro das Relações Exteriores, Ioannis Kasoulides, disse que o governo espera suspender completamente o regime de controles de capital sobre seus bancos em cerca de um mês.

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