O exército e a oposição
entraram em conflito nesta quarta-feira em diferentes partes da Síria ao
mesmo tempo em que as negociações de paz com o objetivo de traçar um
caminho para encerrar a guerra civil no país começaram com problemas.
Reunidos em Montreux, na Suíça, líderes mundiais expressaram
divergências em relação ao futuro do presidente Bashar Assad que ameaçam
aniquilar as probabilidades de acordo antes mesmo de as discussões
começarem.
A agência estatal de
Notícias, SANA, afirmou que as forças do governo combateram
"terroristas" em toda a Síria, incluindo na província de Idlib onde
combates da oposição vindos da Chechênia, Egito, Bósnia e Iraque foram
mortos. A SANA sempre se refere aos combatentes da oposição como
"terroristas".
O secretário-geral das Nações
Unidas, Ban Ki-moon, abriu a conferência de paz na Suíça dizendo que os
desafios à frente são "colossais".
A disputa sobre o destino de
Assad lançou dúvidas sobre o propósito de formar um governo de transição
na Síria que possa dar prosseguimento a eleições democráticas no país
dominado por lutas que já deixaram mais de 130 mil pessoas mortas e
milhares de refugiados.
Em Montreux, parece quase
impossível que os lideres cheguem a um acordo. Para começar, delegados
de Assad e da Coalizão Nacional Síria, apoiada por países do ocidente,
reivindicam o direito de falar pelo povo sírio.
Os EUA e a oposição síria
abriram a conferência dizendo que Assad perdeu a legitimidade quando
atacou o protesto do movimento pacifico contra seu regime.
A resposta síria foi firme e
áspera. "Não haverá transferência e o presidente Bashar Assad
permanecerá no poder", afirmou o ministro sírio da Informação Omran
al-Zoubi, após os discursos do dia.
O ministro de Relações
Exteriores da Síria, Walid al-Moallem, acusou os terroristas e seus
aliados externos de destroçarem o país. O ministro excedeu seu tempo de
discurso, foi alertado pelo secretário da ONU, mas se recusou a deixar o
pódio apesar dos numerosos pedidos de Ban.
"O senhor vive em Nova York.
Eu moro na Síria", disparou furiosamente al-Moallem se dirigindo a Ban.
"Tenho o direito de apresentar a versão síria aqui neste fórum. Após
três anos de sofrimento, este direito é meu."
A televisão estatal na Síria
transmitiu todo o discurso de al-Moallem, mas interrompeu as
transmissões para mostrar ataques da oposição no país durante o discurso
do líder da Coalizão, Ahmad al-Jarba e do ministro de Relações
Exteriores da Turquia, impedindo, assim, que a população síria ouvisse a
versão da oposição.
Após discursos mordazes, os
diplomatas passaram a tarde em reuniões bilaterais. O secretário de
Estado dos EUA, John Kerry, se encontrou pela segunda vez em 24 horas
com a sua contraparte russa, Sergey Lavrov. Os dois juntos orquestraram o
acordo recente no qual Assad desistiu de seu programa de armas
químicas.
"As negociações entre as
partes sírias não serão fáceis e rápidas", afirmou Lavrov em seu
discurso. "A conferência não tem 100% de garantia, mas continua sendo
uma chance real de garantir a paz."
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