Suíça - O ministro da Fazenda, Guido
Mantega, disse ontem no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça,
que a inflação não preocupa, embora seu controle seja uma prioridade
para o governo brasileiro. Ao comentar a ata da reunião do Comitê de
Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC) - que elevou na
semana passada a taxa básica de juros (Selic) em meio ponto percentual,
para 10,5% -, o ministro se mostrou confiante, ressaltando que “o
Brasil tem controlado a inflação nos últimos dez anos” e a mantido
dentro da meta.
- Não vi a ata do Copom. Mas o IPCA-15 (índice que apresenta uma
prévia do IPCA, indicador oficial de inflação) está abaixo das
expectativas do mercado - disse Mantega. - O combate à inflação
continuará sendo uma prioridade do governo. Sempre.
Indagado se o governo pretende aumentar a meta do superávit primário
para este ano, o ministro afirmou que em fevereiro o governo poderá
dizer “com mais precisão” qual será a meta.
Aposta agora em investimentos
Em um debate no fórum, Mantega reclamou da falta de crédito para
estimular a economia e responsabilizou a crise mundial pela
desaceleração no Brasil e em outros emergentes. Ele rebateu a afirmação
do presidente do fórum, o empresário Klaus Schwab, de que o Brics (
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) está em declínio ou em
“crise de meia-idade”:
- Não acredito que há uma crise da meia-idade do Brics. O que há é uma crise mundial que afetou o Brics.
Mantega reconheceu que é preciso que os países Brics revejam o
modelo do crescimento. E assegurou que o Brasil está fazendo isso, ao
estimular o investimento com um programa da ordem de US$ 250 bilhões,
excluindo o que será investido em petróleo e gás. Ele também destacou o
avanço social no país:
- O Brasil fez uma grande inclusão social, expandiu a classe média.
Temos o quarto maior mercado de carros. Mas para ativar este mercado
está faltando crédito, que está escasso. É por isso que o governo está
estimulando o investimento no Brasil.
Uma pesquisa com mil executivos feita pela Accenture e divulgada em
Davos revelou que 60% das empresas pretendem realocar para outros
mercados os investimentos realizados nos países do Brics. Mantega, no
entanto, mostrou-se otimista, prevendo que o comércio mundial poderá
crescer entre 4% e 5%, puxado pela recuperação econômica dos países
ricos. Ele disse que uma eventual desvalorização do real não deverá
afetar as empresas brasileiras que contraíram dívida no exterior:
- As empresas brasileiras aprenderam a lição em 2008 e todas elas
estão hedgiadas (protegidas) para eventuais flutuações da taxa cambial.
Em meio à elite econômica e política, também era possível vislumbrar
celebridades, como o cantor Bono, do U2. No encontro para divulgar sua
ONG Red, que combate a Aids, ele participou de um jantar com
empresários irlandeses e o premier Enda Kenny. No fórum, houve ainda
protestos contra a petrolífera russa Gazprom e a têxtil Gap, que
receberam o “prêmio vergonha 2014”.
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