domingo, 2 de fevereiro de 2014

Governador do Acre é contra fechar fronteira para evitar os haitianos

Governador do Acre é contra fechar fronteira para evitar os haitianos

O Globo - 17/01/2014
 
O governador do Acre, Tião Viana (PT), afirmou na tarde desta quinta-feira, ao GLOBO, que é contrário à sugestão de seu secretário de Direitos Humanos, Nilson Mourão, de que a fronteira com o Peru seja fechada temporariamente para evitar entrada de haitianos em Brasiléia (AC). A capacidade da cidade em receber os imigrantes já estourou. Mais de 1.200 haitianos estão na cidade, de 10 mil habitantes. Esses estrangeiros já representam 13% da população. Tião Viana, que está em Brasília, se reuniu com autoridades do governo federal e demonstrou preocupação com o risco de uma tragédia na cidade.

- Pessoalmente acho que o fechamento da fronteira não é saída. É uma medida que não devemos tomar, ainda que dependa do governo federal. Somos um povo francamente solidário e não temos competência (o estado) institucional de tratar desse assunto. Mas ao mesmo tempo queremos ser solidário. Vivemos agora o imponderável. A situação se agravou. Tem 150 crianças e mulheres. Não tem colchão para todos. O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) nos dá apoio, mas a alimentação era suficiente para 600 pessoas. E agora aumentou - disse Tião Viana.
O governador afirmou que não há controle da chegada dos haitianos no Peru, por onde passam para chegar até Brasiléia.
- A situação é muito delicada. A ação dos coiotes - pessoas que intermedeiam a a viagem e cobram por isso - é um problema. E cada um (haitiano) paga três mil dólares. Como está surgindo esse dinheiro?!
Tião Viana demonstrou preocupação com presença de estrangeiros de outras nacionalidades em Brasiléia.
- Tem pessoas de Bangladesh, de Marrocos, da Nigéria e de outros países. E egressos de países que estão até em conflitos armados. Qual é o perfil desses imigrantes? Não sabemos. Do Haiti nós entendemos. Um país que vive uma crise humanitária, passou por um terremoto e tem 400 mil habitantes abaixo da linha da pobreza. Estamos apreensivos.
Tião Viana se reuniu também o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general José Elito. Conversaram sobre o risco de situação de violência na cidade. Em Brasiléia já há homens da Força Nacional de Segurança e que continuarão no Acre.
Em nota, a assessoria do governo do Acre sinalizou que o fechamento de fronteira não é uma ideia defendida pelo governador, mas somente por seu secretário de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão. Mourão classificou a situação do abrigo dos haitianos como um "barril de pólvora".
- Poderá ocorrer uma tragédia sabe Deus de que dimensões. O abrigo virou um barril de pólvora. É doloroso dizer isso mas essa é a realidade. Continuo defendendo o fechamento temporário da fronteira. O governador está ouvindo com atenção e está consciente da gravidade do caso. Cabe a ele a decisão de encaminhar o pedido ao governo federal - disse Mourão.
O secretário disse que as condições das instalações no abrigo é lastimável. Ele afirmou que as mulheres, crianças e idosos serão retirados do abrigo e levados para a capital Rio Branco (AC), distante 220 quilômetros de Brasiléia.
- Defendo o fechamento da fronteira por uma questão humanitária. São pessoas que já escaparam de uma tragédia e estão correndo sério risco de se envolver em outra. Infelizmente perdemos totalmente o controle.

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