O governador do Acre, Tião Viana (PT),
afirmou na tarde desta quinta-feira, ao GLOBO, que é contrário à
sugestão de seu secretário de Direitos Humanos, Nilson Mourão, de que a
fronteira com o Peru seja fechada temporariamente para evitar entrada
de haitianos em Brasiléia (AC). A capacidade da cidade em receber os
imigrantes já estourou. Mais de 1.200 haitianos estão na cidade, de 10
mil habitantes. Esses estrangeiros já representam 13% da população.
Tião Viana, que está em Brasília, se reuniu com autoridades do governo
federal e demonstrou preocupação com o risco de uma tragédia na cidade.
- Pessoalmente acho que o fechamento da fronteira não é saída. É uma
medida que não devemos tomar, ainda que dependa do governo federal.
Somos um povo francamente solidário e não temos competência (o estado)
institucional de tratar desse assunto. Mas ao mesmo tempo queremos ser
solidário. Vivemos agora o imponderável. A situação se agravou. Tem 150
crianças e mulheres. Não tem colchão para todos. O Ministério do
Desenvolvimento Social (MDS) nos dá apoio, mas a alimentação era
suficiente para 600 pessoas. E agora aumentou - disse Tião Viana.
O governador afirmou que não há controle da chegada dos haitianos no Peru, por onde passam para chegar até Brasiléia.
- A situação é muito delicada. A ação dos coiotes - pessoas que
intermedeiam a a viagem e cobram por isso - é um problema. E cada um
(haitiano) paga três mil dólares. Como está surgindo esse dinheiro?!
Tião Viana demonstrou preocupação com presença de estrangeiros de outras nacionalidades em Brasiléia.
- Tem pessoas de Bangladesh, de Marrocos, da Nigéria e de outros
países. E egressos de países que estão até em conflitos armados. Qual é
o perfil desses imigrantes? Não sabemos. Do Haiti nós entendemos. Um
país que vive uma crise humanitária, passou por um terremoto e tem 400
mil habitantes abaixo da linha da pobreza. Estamos apreensivos.
Tião Viana se reuniu também o ministro do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), general José Elito. Conversaram sobre o risco de
situação de violência na cidade. Em Brasiléia já há homens da Força
Nacional de Segurança e que continuarão no Acre.
Em nota, a assessoria do governo do Acre sinalizou que o fechamento
de fronteira não é uma ideia defendida pelo governador, mas somente por
seu secretário de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão. Mourão
classificou a situação do abrigo dos haitianos como um "barril de
pólvora".
- Poderá ocorrer uma tragédia sabe Deus de que dimensões. O abrigo
virou um barril de pólvora. É doloroso dizer isso mas essa é a
realidade. Continuo defendendo o fechamento temporário da fronteira. O
governador está ouvindo com atenção e está consciente da gravidade do
caso. Cabe a ele a decisão de encaminhar o pedido ao governo federal -
disse Mourão.
O secretário disse que as condições das instalações no abrigo é
lastimável. Ele afirmou que as mulheres, crianças e idosos serão
retirados do abrigo e levados para a capital Rio Branco (AC), distante
220 quilômetros de Brasiléia.
- Defendo o fechamento da fronteira por uma questão humanitária. São
pessoas que já escaparam de uma tragédia e estão correndo sério risco
de se envolver em outra. Infelizmente perdemos totalmente o controle.
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