Acre quer fechar fronteira para evitar excesso de haitianos no Brasil
O Globo - 16/01/2014 |
O governo do Acre alerta para o alto
número de haitianos que estão entrando no país via Brasiléia (Acre). O
secretário de Justiça e Direitos Humanos do estado, o ex-deputado
federal Nilson Mourão (PT), afirmou que teme a ocorrência de uma
tragédia no alojamento dos imigrantes. O espaço tem capacidade para 300
haitianos e hoje é ocupado por 1.200, ou seja, quadruplicou o número de
ocupantes. Mourão defende o fechamento da fronteira entre Brasil e Peru
no local onde se dá a passagem dos haitianos. O secretário pediu ao
governador do Acre, Tião Viana (PT), que faça essa solicitação ao
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Em janeiro de 2012, o GLOBO revelou o drama dos cerca de 3 mil imigrantes que entraram ilegalmente pelas fronteiras dos estados brasileiros fugindo da pobreza e em busca de trabalho nas principais capitais do país
—
A situação se tornou insustentável. Houve um aumento substantivo do
número de imigrantes. Em média, chegam 70 deles por dia. O abrigo está
sobrecarregado. Estou prevendo uma iminente tragédia, que pode acontecer
a essas pessoas. Um incêndio naquele espaço num colchão pode levar a
morte de muita gente e destruir o abrigo. As pessoas ficam muito
próximas uma das outras. Com tanta gente pode acontecer um estresse e
gerar uma briga. E, antes que isso ocorra, é preciso adotar uma atitude
emergencial. E a única que tem no momento é o fechamento da fronteira —
disse Nilson Mourão.
Ao
responder um pedido do governo do Acre para se fechar a fronteira entre
o Brasil e o Peru no trecho de passagem dos haitianos, o Ministério da
Justiça informou que esta não é uma tradição no país. "O Brasil não
possui tradição de no fechamento de fronteiras" - informou o ministério
numa nota no final da tarde desta quarta-feira. O governo federal
informou que a chegada dos haitianos é controlada pela Polícia Federal e
que, em 2013, chegaram ao Brasil 13.669 cidadãos do Haiti.
O
secretário afirmou que as empresas brasileiras não estão, nesse
momento, contratando os haitianos. Até agora, cerca de 15 mil deles já
estão no país e a maioria trabalhando em empresas de São Paulo, do Rio
Grande do Sul, Santa Catarina e no Paraná.
O
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, está acompanhando a situação
e marcou uma reunião para a próxima segunda-feira - com a Casa Civil e o
governo do Acre - para discutir o assunto. Há em curso um plano
nacional de integração dos imigrantes, proposto pelo Ministério da
Justiça, e que está sob avaliação da Casa Civil desde novembro do ano
passado. O ministério confirmou a reunião na segunda-feira para tentar
achar uma solução para conter o acesso dos haitianos.
Os
haitianos, para chegar no Brasil, passam pelo Equador, Bolívia e chegam
à cidade de Iñapari, no Peru, separada de Brasiléia por uma ponte.
Mourão afirmou que o governo brasileiro deveria pedir a cooperação dos
governos dos outros países para impedir momentaneamente o fluxo dos
haitianos.
—
Se fechar a fronteira nesse ponto, em Iñapari, eles ficam retidos lá.
Ou se fechar entre o Peru o Equador, eles nem iniciam a viagem. O Brasil
deveria fazer gestão junto a esses países. Eles passam livremente lá e o
destino deles é aqui. A ideia é fechar momentaneamente a fronteira e,
depois que a situação se regularizar, liberamos novamente.
O
secretário afirmou também que já há problema de alimentação. São
servidas diariamente 3.600 refeições e já faltam insumos, como carne e
frango, para todos os estrangeiros. Brasiléia é uma cidade pequena, com
apenas 10 mil habitantes.
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