domingo, 2 de fevereiro de 2014

Gilberto Carvalho critica repressão policial e postura de empresários aos rolezinhos

Gilberto Carvalho critica repressão policial e postura de empresários aos rolezinhos

O Globo - 17/01/2014
 
Em Pernambuco para o 3° Encontro da Juventude Camponesa, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, defendeu o movimento denominado “rolezinhos” e criticou a repressão policial aos atos e a postura inadequada dos proprietários de lojas e shopping centers. Para o ministro, a ação da polícia tem sido inadequada e coloca “gasolina no fogo”.
— A ação inadequada da polícia acaba colocando gasolina no fogo - disse Carvalho, que defendeu o acesso dos jovens de periferia ao lazer:
— Esses jovens de periferia também têm direito à diversão e lazer. Se trata de mais um desses passos que a sociedade vai dando — disse para logo em seguida criticar também a inadequada postura dos empresários de querer bloquear a entrada desses jovens de periferia nos shopping centers.
— Eu não tenho dúvida que isso está errado. Para mim é, no mínimo, inconstitucional. Qual o critério que você vai selecionar uma pessoa da outra? É a cor, é o tipo de roupa que veste? Tudo isso implica no preconceito, no pré-julgamento de uma pessoa e fere a Constituição e o Instituto da Criança e do Adolescente ao lazer — defendeu Carvalho.
Dilma está atenta aos jovens da periferia, diz ministro
O ministro também pediu cautela no tratamento dado ao movimento e afirmou que a presidente Dilma Rousseff (PT) está atenta ao assunto ligados aos jovens de periferias.
— Não dá para embarcar nessa história de repressão, temos que fazer uma aproximação progressiva e com humildade para tentar entendê-los [os jovens] e procurar manter um diálogo para que os jovens conquistem aquilo que desejam. Se é o lazer o que eles mais desejam, o encontro, vamos trabalhar para que eles tenham esses espaços. Se é direito à igualdade de ir e vir, eles têm esse direito — pontuou Carvalho, fazendo referência ao posicionamento da presidente sobre os rolezinhos.
A proliferação dos rolezinhos em São Paulo pôs em evidência jovens, entre 15 e 20 anos, moradores da periferia paulistana. Todos têm perfis no Facebook, mas quase nunca informam o que fazem, tampouco onde estudam. Costumam tratar esses detalhes com ironia. Dizem que trabalham na empresa VASP (Vagabundos Anônimos Sustentados pelos Pais), ou que são sócios do Neymar. São fãs de funk ostentação, com letras que enaltecem o consumo de luxo. Tênis de grife, bonés e correntes ganham espaço de honra nos álbuns de fotos nas redes sociais.
Além dos shopping centers, o movimento também está sendo realizado em parques. Os eventos são marcados para os finais de semana. Um dos rolezinhos marcados para um parque de São Paulo já tem mais de 1.800 pessoas confirmadas. Outro “rolê”, agendado para o aniversário da cidade, em 25 de janeiro, já contava, até esta segunda-feira, com 1.050 confirmações.
Na internet, o fato de os shopping centers entrarem na Justiça acabou fomentando as discussões nas redes sociais. No Facebook, há pelo menos 13 rolês marcados até o início de fevereiro em estabelecimentos e parques de São Paulo e da região metropolitana. Também foram agendados eventos que ironizam a situação, como os “rolês” da classe média às favelas.

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