DILMA ATACA ESPIONAGEM E, NA ONU, PROPÕE REGRA PARA WEB
DILMA ATACA ESPIONAGEM E FAZ BALANÇO DE SEU GOVERNO NA ASSEMBLEIA DA ONU |
Autor(es): Tânia Monteiro Claudia Trevisan |
O Estado de S. Paulo - 25/09/2013 |
Em duro discurso na abertura da 68ª Assembleia da ONU, a presidente Dilma Rousseff expressou sua “indignação” e “repúdio” à espionagem norte-americana ao governo, a empresas e a cidadãos do País e do mundo. Ela voltou a apresentar seu “protesto” e a “exigir” dos EUA “explicações, desculpas e garantias de que tais procedimentos não se repetirão”. Também tentou mobilizar os demais países no sentido de que sejam criadas regras para governança e uso da internet. O objetivo da fala foi apresentar queixa ao mundo e despertar um sentimento nacionalista no Brasil. O Palácio do Planalto avalia que a população aprovou a forma como foi repudiada a espionagem. Em rápida menção ao tema, Barack Obama disse que “começou a rever” os mecanismos de inteligência. A presidente Dilma Rousseff fez um contundente discurso na abertura da 68° Assembleia da ONU no qual expressou "indignação" e "repúdio" à espionagem feita pela inteligência americana ao seu governo, a empresas e cidadãos do Brasil e do mundo* Ela voltou a apresentar "seu protesto" e a "exigir" do governo dos EUA "explicações, desculpas e garantias de que tais procedimentos não se repetirão". A fala de Dilma não teve apenas Barack Obama como alvo - o presidente americano, inclusive, nem estava presente na sede da Organização das Nações Unidas em NovaYork enquanto ela discursava. O Palácio do Planalto já identificou a boa aceitação, no País, de seu posicionamento diante do tema, incluindo a decisão de cancelar a viagem que faria a Washington em outubro. Portanto, a fala também se dirigia ao público brasileiro. A presidente aproveitou a tribuna internacional para fazer um balanço de seu governo. Foi quando, mais uma vez, dirigiu- se ao público interno. Fez menções aos protestos que se iniciaram em junho - e derrubaram sua popularidade -, afirmando que o governo brasileiro não só "não reprimiu" a voz das ruas, mas a ouviu e compreendeu. "Ouvimos e compreendemos porque nós viemos das ruas", disse. "A rua é o nosso chão, a nossa base", completou. A presidente lembrou que "passada a fase mais aguda da crise, a situação da economia mundial continua frágil com níveis de desemprego inaceitáveis", mas ressalvou que o Brasil "está recuperando o crescimento, apesar do impacto da crise internacional nos últimos anos". Pouco antes, falou do combate à pobreza, à fome e à desigualdade promovido por seu governo, com a ampliação do Bolsa Família, que ajudou a proporcionar redução drástica da mortalidade infantil. Marco civil» A maior parte do discurso na ONU foi usada para falar da espionagem americana e da tentativa de mobilizar os demais países no sentido de que seja criado um "marco civil multilateral para a governança e uso da internet e de medidas que garantam, a proteção dos dados que por ela trafegam". Dilma pediu que "o espaço cibernético não seja usado como arma de guerra, por meio da espionagem, da sabotagem, dos ataques contra sistemas e infraestrutura de outros países". Por três vezes, declarou que a espionagem feita pela inteligência americana é "um caso grave de violação dos direitos humanos e das liberdades civis". Defendeu também a necessidade de um marco civil multilateral para proteger a internet das intromissões alheias. Depois de declarar que "as tecnologias de telecomunicação e informação não podem ser o novo campo de batalha entre os Estados", salientou que "este é o momento de criarmos as condições para evitar que o espaço cibernético seja instrumentalizado como arma de guerra, por meio de espionagem, da sabotagem, dos ataques contra sistemas e infraestrutura de outros países". Por isso, pediu que a ONU "desempenhasse papel de liderança no esforço de regular o comportamento dos Estados frente a essas tecnologias". Obama chegou no final do discurso de Dilma. Ele falou em seguida e dedicou uma pequena parte de seu discurso à espionagem. Satisfeita» Dilma deixou o plenário da ONU satisfeita com o tom adotado. Tanto que dispensou o comboio oficial que a aguardava e saiu a pé pelas ruas de Nova York, em busca de um restaurante para almoçar com seus principais auxiliares e sua filha, Paula, que a acompanha na viagem. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, resumiu o espírito da comitiva. "O Obama falou assim, meio como o senhor da guerra, e ela falou mais de uma agenda mais social", disse. Recado explícito» "Imiscuir-se dessa forma (espionagem) na vida de outros países fere o direito internacional" "O aproveitamento do pleno potencial da internet passa por uma regulação responsável, que garanta liberdade de expressão, segurança e respeito a direitos humanos" Dilma Rousseff PRESIDENTE DA REPÚBLICA |
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