terça-feira, 5 de novembro de 2013

DILMA ATACA ESPIONAGEM E, NA ONU, PROPÕE REGRA PARA WEB

DILMA ATACA ESPIONAGEM E, NA ONU, PROPÕE REGRA PARA WEB

DILMA ATACA ESPIONAGEM E FAZ BALANÇO DE SEU GOVERNO NA ASSEMBLEIA DA ONU
Autor(es): Tânia Monteiro Claudia Trevisan
O Estado de S. Paulo - 25/09/2013
 


Presidente apresentou seu ‘protesto’ e tentou mobilizar os países por uma governança da internet

Em duro discurso na abertura da 68ª Assembleia da ONU, a presidente Dilma Rousseff expressou sua “indignação” e “repúdio” à espionagem norte-americana ao governo, a empresas e a cidadãos do País e do mundo. Ela voltou a apresentar seu “protesto” e a “exigir” dos EUA “explicações, desculpas e garantias de que tais procedimentos não se repetirão”. Também tentou mobilizar os demais países no sentido de que sejam criadas regras para governança e uso da internet. O objetivo da fala foi apresentar queixa ao mundo e despertar um sentimento nacionalista no Brasil. O Palácio do Planalto avalia que a população aprovou a forma como foi repudiada a espionagem. Em rápida menção ao tema, Barack Obama disse que “começou a rever” os mecanismos de inteligência. 


A presidente Dilma Rousseff fez um contundente discurso na abertura da 68° Assem­bleia da ONU no qual expres­sou "indignação" e "repúdio" à espionagem feita pela inteli­gência americana ao seu go­verno, a empresas e cidadãos do Brasil e do mundo* Ela vol­tou a apresentar "seu protes­to" e a "exigir" do governo dos EUA "explicações, desculpas e garantias de que tais procedi­mentos não se repetirão".
A fala de Dilma não teve ape­nas Barack Obama como alvo - o presidente americano, inclusi­ve, nem estava presente na sede da Organização das Nações Uni­das em NovaYork enquanto ela discursava. O Palácio do Planalto já identificou a boa aceitação, no País, de seu posicionamento diante do tema, incluindo a deci­são de cancelar a viagem que fa­ria a Washington em outubro. Portanto, a fala também se diri­gia ao público brasileiro.
A presidente aproveitou a tri­buna internacional para fazer um balanço de seu governo. Foi quando, mais uma vez, dirigiu- se ao público interno. Fez men­ções aos protestos que se inicia­ram em junho - e derrubaram sua popularidade -, afirmando que o governo brasileiro não só "não reprimiu" a voz das ruas, mas a ouviu e compreendeu.
"Ouvimos e compreende­mos porque nós viemos das ruas", disse. "A rua é o nosso chão, a nossa base", completou.
A presidente lembrou que "passada a fase mais aguda da crise, a situação da economia mundial continua frágil com níveis de desemprego inaceitá­veis", mas ressalvou que o Bra­sil "está recuperando o cresci­mento, apesar do impacto da crise internacional nos últimos anos". Pouco antes, falou do combate à pobreza, à fome e à desigualdade promovido por seu governo, com a ampliação do Bolsa Família, que ajudou a proporcionar redução drástica da mortalidade infantil.
Marco civil» A maior parte do discurso na ONU foi usada para falar da espionagem americana e da tentativa de mobilizar os demais países no sentido de que seja criado um "marco civil multilateral para a governança e uso da internet e de medidas que garantam, a proteção dos dados que por ela trafegam". Dil­ma pediu que "o espaço ciberné­tico não seja usado como arma de guerra, por meio da espiona­gem, da sabotagem, dos ataques contra sistemas e infraestrutura de outros países".
Por três vezes, declarou que a espionagem feita pela inteligência americana é "um caso grave de violação dos direitos humanos e das liberdades civis".
Defendeu também a necessi­dade de um marco civil multila­teral para proteger a internet das intromissões alheias.
Depois de declarar que "as tecnologias de telecomunica­ção e informação não podem ser o novo campo de batalha en­tre os Estados", salientou que "este é o momento de criarmos as condições para evitar que o espaço cibernético seja instru­mentalizado como arma de guerra, por meio de espiona­gem, da sabotagem, dos ata­ques contra sistemas e infraestrutura de outros países".
Por isso, pediu que a ONU "desempenhasse papel de lide­rança no esforço de regular o comportamento dos Estados frente a essas tecnologias".
Obama chegou no final do dis­curso de Dilma. Ele falou em se­guida e dedicou uma pequena parte de seu discurso à espiona­gem.
Satisfeita» Dilma deixou o ple­nário da ONU satisfeita com o tom adotado. Tanto que dispen­sou o comboio oficial que a aguar­dava e saiu a pé pelas ruas de No­va York, em busca de um restau­rante para almoçar com seus principais auxiliares e sua filha, Paula, que a acompanha na via­gem. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, resumiu o espírito da comitiva. "O Obama falou assim, meio como o senhor da guerra, e ela falou mais de uma agenda mais social", disse.

Recado explícito»
"Imiscuir-se dessa forma (espionagem) na vida de outros países fere o direito internacional"
"O aproveitamento do pleno potencial da internet passa por uma regulação responsável, que garanta liberdade de expressão, segurança e respeito a direitos humanos"
Dilma Rousseff
PRESIDENTE DA REPÚBLICA

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