quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Comércio boicota senadores como protesto no Paraguai


 Folha de São Paulo 28/11/2013

O "gigante acordou" no Paraguai. O país vive uma onda de protestos como os que ocorreram no Brasil, em junho. A novidade na "primavera paraguaia" é a adesão de restaurantes, shoppings, postos de gasolina e até taxistas às reclamações pelo fim da corrupção no país.
Desde o dia 15, quando houve uma grande passeata em Assunção, teve início um inédito "protesto gastronômico", com restaurantes e cafés informando que não aceitariam a presença de nenhum dos 23 senadores que votaram contra a perda de imunidade parlamentar do colega Víctor Bogado, do governista Partido Colorado.

Reprodução
Em cartaz, oficina hidráulica recusa serviço a senadores
Em cartaz, oficina hidráulica recusa serviço a senadores
Bogado é acusado de empregar na Câmara de Deputados, a qual já presidiu, uma sobrinha, a mãe dela e a babá de suas filhas. Esta também foi contratada como auxiliar-administrativa na usina binacional de Itaipu, com salário de US$ 1.800.
Na sessão em que o Senado decidiu se Bogado poderia ser processado pelo caso, 23 dos 45 senadores, incluindo o acusado, disseram que não. Como o voto no país é aberto, os cidadãos ficaram sabendo quem não optou pela perda da imunidade.
A churrascaria Un Toro y Siete Vacas, famosa em Assunção, foi a primeira a colocar um aviso de que se reservava o direito de não aceitar a presença dos senadores que votaram a favor de Bogado. Depois, outros estabelecimentos fizeram o mesmo.
A La Pizza Nostra fez um cartaz com a imagem de Vito Corleone, de "O Poderoso Chefão", com os dizeres: "Ei, senadores que não votaram pelo fim da imunidade, a Cosa Nostra [máfia retratada no filme] não lhes admitirá na Pizza Nostra".
Até um salão de beleza entrou na onda do protesto. Mas, diferentemente dos outros locais, o Raio Bemba não proibiu a entrada dos senadores. "São bem-vindos, contanto que nos deixem massagear suas ideias e renovar suas cabeças", diz um cartaz com a foto dos 23, cada um com um penteado diferente.
"Pela primeira vez a sociedade paraguaia foi honesta em sua visão política. Estamos acordando para nossos problemas ", disse à Folha o dono do salão, Tote Pascual.
A pressão das ruas deu resultado. O grupo dos 23 decidiu rever sua posição e deve votar pela perda da imunidade de Bogado em nova votação, marcada para hoje.

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