terça-feira, 5 de novembro de 2013

Enade: 30% dos cursos reprovados

Enade: 30% dos cursos reprovados

Reprovação de 30%
O Globo - 08/10/2013
 
instituições privadas de ensino superior respondem por 92% das piores notas
-Brasília- Quase um em cada três cursos de graduação que participaram do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) no ano passado recebeu conceito 1 ou 2, o que eqüivale à reprovação, na escala que vai até 5. Balanço divul-j gado ontem pelo Ministério da Educação (MEC) mostra que 30% dos cursos em todo o país obtiveram conceitos 1 ou 2. Esse percentual chegou a 36% nas faculdades de Administração e 33%, nas de Direito. Ao todo, fizeram a prova 536 mil for-mandos em 17 áreas do conhecimento.
O Enade avaliou estudantes de 6.306 cursos, atribuindo o conceito insuficiente a 1.887 deles, dos quais 149 no Rio de Janeiro. O resultado do exame por si só, porém, não basta para que o MEC tome providências em relação a essas faculdades. Elas só sofrerão sanções, como suspensão de vestibulares, se forem reprovadas no chamado Conceito Preliminar de Cursos (CPC), no qual a nota do Enade tem peso de 55%.
O CPC, que considera também a infraestrutura das faculdades e o corpo docente, será divulgado em novembro. Nesse caso, cursos que tiraram conceito 1 ou 2 serão considerados reprovados pelo MEC. No Enade, porém, o ministério classifica as notas 1 e 2 como insuficientes.
As instituições particulares de ensino, que respondem por 73% das matrículas no país, foram responsáveis por 91,7% das piores notas no Ena-de. De 1.887 conceitos 1 e 2, nada menos do que 1.731 foram obtidos por cursos privados. As públicas ficaram com 156 conceitos insuficientes.
— No ensino superior, em geral, o ensino público continua bem melhor do que o privado — disse o ministro Aloizio Mercadante.
PARTICULARES ATACAM FÓRMULA DE AVALIAÇÃO
Já o integrante do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, Paulo Cardim, atacou o governo, criticando o uso do Enade como instrumento de avaliação, já que as notas individuais dos estudantes não são divulgadas. Para Cardim, os alunos não têm motivação na hora de fazer a prova. Ele criticou o sistema de avaliação do ensino superior, afirmando que o CPC não tem amparo legal e serve para o ministério executar uma tarefa para a qual não tem fôlego, que seria enviar comissões de avaliação in loco para avaliar todas as instituições de ensino do país.
— Governo nenhum, do PT nem do PSDB, prioriza a Educação. É na base da improvisação.
0 Enade e o Provão têm 18 anos e há 18 anos o setor de ensino superior particular pede que a lei seja cumprida — disse Cardim.
O Enade foi criado em 2004 para substituir o antigo Provão. O exame sofreu modificações e atualmente é feito pelos estudantes que estão concluindo o curso de graduação. A nota de cada curso corresponde à média dos alunos.
No estado do Rio, os 149 cursos que tiraram as notas mais baixas correspondem a 36% de conceitos nas instituições fluminenses submetidas ao teste. O Rio foi o segundo estado com maior número absoluto de "reprovações" no Enade, atrás de São Paulo, onde 542 cursos receberam notas 1 ou 2. O Paraná ficou em terceiro, com 142 cursos nessa situação, seguido por Minas Gerais (140) e Bahia (99). Considerando-se apenas as piores notas (conceito 1), São Paulo teve 46, o maior número do país, e o Rio, 11, o segundo pior resultado, igual a Mato Grosso do Sul.
No outro extremo, 24% dos cursos avaliados no pais tiraram conceitos 4 e 5. A maior parte ficou com 3 (44%), que é considerado suficiente pelo MEC. Para Mercadante, "houve melhora significativa" No caso da nota máxima 5, apenas 5% das faculdades atingiram esse patamar, o equivalente a 339 cursos. A exemplo do que ocorreu no total de faculdades com desempenho insuficiente, o estado de São Paulo também lidera o ranking de maior número absoluto de cursos com nota 5: 84, seguido por Minas (45), Rio Grande do Sul (44), Paraná (27) e Rio de Janeiro (15), que aparece na quinta posição empatado com Santa Catarina.
N0 NORDESTE, SÓ PUBLICIDADE LIDERA RANKING
Em 2012, o Enade avaliou estudantes de 17 áreas do conhecimento. Uma análise dos dez cursos com notas mais altas em cada área — portanto, 170 faculdades — revela que somente oito são do Rio. E nenhuma delas lidera o respectivo ranking nacional.
Das 17 áreas do conhecimento submetidas ao Enade no ano passado, só seis tinham cursos do Rio entre os dez melhores do país: administra -ção, economia, relações internacionais, tecnologia em gestão de recursos humanos, tecnologia em processos gerenciais e turismo. No caso de relações internacionais, porém, os dois cursos do Rio classificados entre os dez melhores tiraram nota 4 e não 5 no Enade, uma vez que nem todos os dez melhores do país nessa área alcançaram o conceito máximo.
Entre as 17 áreas avaliadas, publicidade e propaganda foi a única em que um curso do Nordeste, da Universidade Estadual do Piauí, lidera
o ranking nacional. Nenhum curso do Rio aparece na primeira posição em nenhuma das áreas. O Rio Grande do Sul lidera com cinco primeiros lugares, seguido por São Paulo (4), Minas (3), Paraná (3) e Santa Catarina (1).
Majoritárias entre os cursos com piores notas, as faculdades particulares são maioria também entre as que tiraram nota máxima. Dos 339 cursos com conceito 5,191 (56%) são privadas e 148 (44%), públicas. As 17 áreas avaliadas pelo Enade em 2012 foram: Administração, Ciências Contábeis, Economia, Design, Direito, Jornalismo, Psicologia, Publicidade e Propaganda, Relações Internacionais, Secretariado-Executivo, além de Tecnologia em gestão de recursos humanos, Tecnologia em gestão financeira, entre outros.
ANÁLISE DOS CURSOS A CADA TRÊS ANOS
As diferentes áreas do conhecimento são avaliadas a cada três anos. Para um curso participar do Enade, é preciso que já tenha uma turma prestes a se formar. Dos 6.306 cursos inscritos, efetivamente 6.195 receberam notas. Os demais 111 ficaram na categoria sem conceito.
Pela metodologia adotada pelo MEC, sempre haverá cursos com notas de 1 a 5 no Enade, já que as notas são atribuídas mediante comparação do desempenho dos alunos que acertam mais e menos questões no teste. De acordo com o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (ínep), Luiz Cláudio Costa, isso ocorreria mesmo que todas as faculdades do país tivessem o nível de aprendizagem da Universidade Harvard, símbolo de excelência nos Estados Unidos.
— Mas, no Brasil, na fase em que estamos, (os conceitos) 1 e 2 são deficientes — explicou Luiz Cláudio

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