COMENTÁRIOS PROVA BNDES/2013 – TÉCNICO
ADMINISTRATIVO (Prova 13/Gabarito 01)
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O texto abaixo, de Frei Betto, foi publicado pouco
antes do evento Rio+20. Em junho, o Brasil abrigará, no Rio, a Conferência das
Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Paralelo ao evento
oficial, haverá a Cúpula dos Povos, que congrega os movimentos sociais e
ambientais. A disputa será entre a “economia verde”, defendida pelos arautos
do neoliberalismo e a “economia solidária”. [...] Constata a ONU que, embora
tenha havido melhoria nos itens saúde e educação, comparados às décadas
anteriores, ainda hoje cerca de 900 milhões de pessoas carecem de acesso à água
potável, e 2,6 bilhões não dispõem de saneamento básico [...].
Revista Caros Amigos. São Paulo: Abril. v. 16, n. 181, 20 abr. 2012, p.
16.
A disputa a que o texto faz referência deve-se ao fato
de os defensores da “economia solidária” acreditarem que não haverá preservação
ambiental sem a adoção de medidas eficazes de
(A) combate à corrupção dos políticos na esfera do
poder municipal
(B) alavancagem do aumento do volume produtivo do
setor industrial
(C) implementação de políticas agrárias para a
produção de exportação
(D) crescimento potencial energético com construção de
novas hidrelétricas
(E) superação do atual modelo de
desenvolvimento predatório de distribuição desigual da riqueza
Comentário: Questão interpretativa e conceitual. A
Rio + 20 fora assunto trabalhado em aula! O texto trata da oposição entre a
“economia verde” e a “economia solidária”. A “economia solidária” pensa uma
forma de economia (produção, consumo e distribuição da riqueza) voltada para a
valorização do ser humano, e não para a pura e simples reprodução do capital.
Tem forte base associativa e cooperativa preconizando o trabalho como forma de
libertação humana e almejando a democratização da economia. Portanto, busca,
entre outras coisas, superar a distribuição desigual da riqueza, como referido
na alternativa “E”.
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Algo sinistro
começou a acontecer nos Estados Unidos, em 2006. A taxa de despejos em áreas de
baixa renda de cidades antigas, [...], repentinamente, explodiu. Contudo, as
autoridades e a mídia não deram atenção porque as pessoas afetadas eram de
baixa renda, [...]. Foi somente em 2007, quando a onda de despejos atingiu a
classe média branca, [...], as autoridades começaram a levar em consideração, e
a grande imprensa, a comentar. Projetos de novos condomínios e comunidades
fechadas (muitas vezes em “bairros dormitórios” ou atravessando zonas urbanas
periféricas) começaram a ser afetados. Até o fim de 2007, quase 2 milhões de pessoas perderam suas
casas, e outros 4 milhões corriam o risco de ser despejados. [...] Isso
desencadeou uma espiral de execuções hipotecárias.
HARVEY, David. O enigma do capital e as crises do
capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2011.
Uma grave crise econômica instaurou-se recentemente
nos EUA. Assim é que, em 2008, a crise das hipotecas subprime, como veio
a ser chamada, provocou
(A) pequena diminuição no valor das casas
(B) aumento de preço dos imóveis nos grandes centros
(C) descongelamento dos créditos nos mercados globais
(D) desmantelamento de grandes bancos de
investimentos, como o Lehman Brothers
(E)
privatização de instituições de empréstimos em outras partes do mundo, como o Northern
Rock
Comentário: Questão interpretativa e trabalhada em aula!
A questão remete às origens da “bolha” na economia americana, ou seja, num
primeiro momento, a crise no setor de crédito decorrente do “boom” da
construção civil americana e do endividamento da classe média, e, num segundo
momento, às execuções hipotecárias (subprime) que afetaram definitivamente
o mercado de crédito na economia americana e “quebraram” as grandes
instituições bancárias, como o Lehman Brothers referido na alternativa “D”.
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[...] a Embraer e a Telebras divulgaram um acordo que
promete ajudar o Brasil a acelerar sua capacitação no setor aeroespacial,
desenvolver novas tecnologias, ter mais autonomia no setor de defesa e, de
quebra, levar a internet por banda larga aos locais mais remotos do país. As
duas companhias anunciaram a formação de uma nova empresa. [...] A primeira
missão [...] será capitanear o desenvolvimento de um novo satélite
geoestacionário, [...]. A principal função do novo equipamento, prestar o
serviço de transmissão de dados sigilosos ao Ministério de Defesa, é
importantíssima para o país.
Revista Isto É. São Paulo: Abril, n. 2.221, 6 jun. 2012, p. 126.
Levando-se em conta a principal função do novo
equipamento, expressa no trecho acima, tal empreendimento é muito importante
porque o Brasil carece de satélites para transferência de informações de forma
segura. Nesse contexto, encontram-se,
especialmente, as de caráter
(A)
espacial (B) ambiental (C)
estratégico (D) sociológico (E) econômico
Comentário: Questão puramente interpretativa, no
próprio texto fala em “transmissão de
dados sigilosos ao Ministério da Defesa”, portanto, só poderia se tratar do
“caráter estratégico” das informações, como na alternativa “C”.
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[...] uma das afirmações centrais concernentes à
democracia consiste em admitir que se trata de uma forma política não só aberta
aos conflitos, mas essencialmente definida pela capacidade de conviver com eles
e de acolhê-los, legitimando-os pela institucionalização dos partidos e pelo
mecanismo eleitoral. Tem sido também uma das bandeiras de luta democrática a
negação do partido único como uma impossibilidade de fato e de direito para a
prática democrática. Essas afirmações [...] omitem o fundamental [...]: a
questão da qualidade. [...] Isso significa que se, por um lado, o pluripartidarismo
implica aceitação das divergências, por outro, enquanto multiplicidade de
posições, é apenas um Signo da possibilidade democrática e não a efetividade
democrática. Tanto isso é verdade que cada um dos partidos pode organizar-se de
tal forma que nele não haja democracia interna, como ainda serve de álibi para
aqueles que apontam os partidos como prova de inexistência de vida democrática.
CHAUÍ, Marilena. Cultura e Democracia – o
discurso competente e outras falas. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
No fragmento do texto de Chauí sobre a democracia,
prioriza-se a abordagem de ordem
(A) filosófica, porque enfoca os princípios dos
sistemas econômicos.
(B) sociológica, porque enfatiza uma
reflexão sobre as instituições democráticas.
(C) histórica, porque resgata o processo de construção
das sociedades democráticas.
(D) econômica, porque discute as relações entre
democracia e sistemas políticos.
(E)
geográfica, porque valoriza a individualização de espaços com regimes políticos
hegemônicos.
Comentário: Questão um pouco fora do contexto de
provas de Conhecimentos Gerais e Atualidades para concursos públicos, ao tratar
de áreas das ciências humanas, e mais especificamente, do campo das ciências
sociais, algo muito específico para um concurso público como o do BNDES.
Pode-se até pedir pela ANULAÇÃO da questão por fugir do contexto de prova.
Entretanto, mesmo o candidato não conhecendo a obra da eminente Profa. Dra. Marilena
Chauí, a questão é puramente interpretativa, pois se trata de uma leitura sobre
a questão democrática e de suas instituições, no caso específico, os partidos
políticos. Assim, o fragmento trata de uma questão de sociologia política, como
referenciado na alternativa “B”, ou ainda de ciência política, ou de filosofia
política, por isso um tanto ambígua para um concurso público.
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A qualidade da educação pública no ensino fundamental e
médio é de longe o maior desafio que o Brasil enfrenta. [...] Dos 3,5 milhões
de alunos que ingressam no ensino médio, apenas 1,8 milhão se formam. Desses,
só 10% atingem nível esperado de aprendizado. [...] Isso significa que, todo
ano, jogamos milhões e milhões de adolescentes despreparados no mercado de
trabalho, sem nenhuma perspectiva de ascensão social e econômica.
Revista Época. São Paulo: Abril. Edição Histórica, n. 733, 4 jun.
2012, p. 75.
Considerando-se não ser adequado isolar um único
aspecto, mas um conjunto de ações eficazes, é urgente que, em primeira
instância, a educação
(A) seja uma prioridade do Estado.
(B) apresente oferta de cursos para preparação do
corpo docente.
(C) aponte para a adoção do horário integral nas
escolas federais.
(D) receba investimentos do setor público estadual
para o ensino a distância.
(E)
represente a função básica das empresas privadas do setor produtivo.
Comentário: Questão interpretativa e também
trabalhada durante o curso por mim ministrado, a educação deve ser uma
prioridade, e como consta do artigo segundo da Lei de Diretrizes e Bases (LDB),
é um DEVER da família e do Estado, como sugere a alternativa “A”.
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As descobertas do
pré-sal abrem enormes possibilidades para a geração de renda, a abertura de um
novo ciclo de crescimento e o aprofundamento das transformações do Brasil.
[...] O ritmo em que esse programa será colocado em prática depende da
velocidade em que a sociedade brasileira perceberá as oportunidades e os
desafios relacionados com as descobertas – e seus entrelaçamentos com os sistemas
atuais de produção, refino e distribuição, em várias dimensões: operacional,
regional, cambial, tributária e de investimento no próprio setor e no conjunto
da economia.
Revista Época. São Paulo: Abril, Edição Histórica, n. 733, 4 jun.
2012. p. 84. Adaptado.
Levando-se em conta as possibilidades apontadas no
texto, verifica-se que o sucesso do programa deverá combinar o ritmo adequado
de investimentos com o(a)
(A) máximo de benefícios sociais
(B) contenção da expansão de biocombustíveis
(C) redução de velocidade no acesso de novas
tecnologias
(D) busca acirrada por autossuficiência da produção
nacional de petróleo
(E) reversão da situação de deficit na balança
comercial de petróleo e derivados
Comentário: Assunto também tratado durante as
aulas. Como o próprio texto faz referências, “as descobertas do pré-sal abrem enormes possibilidades para a geração
de renda (...)”, assim o sucesso do programa deverá combinar esse ritmo de
crescimento de investimentos (desenvolvimento econômico) com o “desenvolvimento
social”, como coloca a letra “A”.
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