terça-feira, 27 de março de 2012

Protesto na Índia marca encontro dos Brics

Protesto na Índia marca encontro dos Brics

Cúpula discute rumo do Brics
Autor(es): » ROSANA HESSEL
Correio Braziliense - 27/03/2012
 

Tibetano ateou fogo ao corpo em repúdio ao presidente chinês. Dilma chega hoje para cúpula do grupo integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul


Dilma Rousseff desembarca hoje em Nova Délhi para encontro com líderes do bloco, que buscam saída contra a desaceleração

A presidente Dilma Rousseff chega hoje a Nova Délhi para participar da reunião de cúpula das potências emergentes que compõem o Brics (bloco integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O debate entre os líderes estará centralizado no processo de desaceleração das nações em desenvolvimento e no enfrentamento do chamado "tsunami monetário", que faz com que a indústria brasileira perca competitividade com os importados devido à forte valorização do real frente ao dólar. "Na América Latina, o Brasil é um dos países em que a moeda mais encareceu frente à norte-americana, ficando atrás apenas da Venezuela", observa o economista e professor da Columbia University José Antonio Ocampo.
Dilma embarcou domingo à noite e fez uma parada ontem na Espanha. Acompanhada dos ministros Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) e Antonio Patriota (Relações Exteriores), ela visitou o Palácio de Alhambra, em Granada, no sul do país. Acompanha a presidente uma comitiva de 60 empresários. Além de Dilma, o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, receberá a visita dos presidentes Dmitri Medvedev (Rússia), Hu Jintao (China) e Jacob Zuma (África do Sul). Durante a cúpula desta semana, será apresentada a proposta de criação do banco de desenvolvimento do bloco.
A chegada dos líderes já suscita polêmicas. Ontem, manifestantes protestaram contra a presença do presidente chinês em território indiano e o exilado tibetano Janphel Yeshi, 27 anos, ateou fogo ao próprio corpo em protesto contra a chegada de Hu Jintao. Ele ficou com 85% do corpo queimado.
Otimismo
A viagem da presidente ocorre em um momento de grande otimismo dos brasileiros, como escreveu o economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas (FGV). "O Brasil é tetracampeão mundial de felicidade futura", afirmou, lembrando que "o otimismo brasileiro supera o da Dinamarca, líder mundial em felicidade presente".
O otimismo se justifica. O consumo da classe média cresce de forma acelerada, alheia à crise nos países desenvolvidos, e o país chegou ao posto de sexta economia do planeta, superando o Reino Unido. "O Brasil hoje tem o que mostrar. É a democracia mais consolidada entre os países do Brics, mas ainda há muito o que ser feito", destacou o especialista em globalização e professor da FGV Ernesto Lozardo. "O país deveria traçar um plano de desenvolvimento industrial, como o que os indianos fizeram há 20 anos. Hoje, a manufatura daquele país representa 28% a 29% do PIB (Produto Interno Bruto). Aqui, é a metade desse percentual", comparou.
Professor de relações internacionais do Ibmec-DF, Creomar de Souza demonstra preocupação semelhante. "O Brasil é uma economia em fase de transição. A questão é saber transição para o quê. O governo acredita que a economia caminha para a modernidade industrial, enquanto, para o mundo afora, o país está mesmo é migrando para a especialização agrícola e de outras commodities", comentou.
Punição à Argentina
Os Estados Unidos suspenderam a Argentina de seu sistema de preferências tarifárias, por causa de uma disputa pendente com duas empresas norte-americanas. As companhias exigem que Buenos Aires pague indenizações de US$ 300 milhões fixados pelo órgão de arbitragem do Banco Mundial. O estatuto de preferências tarifárias (SPG) beneficia certas exportações de países pobres e em desenvolvimento para os EUA. No caso da Argentina, as isenções somam US$ 477 milhões.

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