terça-feira, 24 de abril de 2012

CRISE DERRUBA 10º GOVERNO DA UE E AFETA MERCADOS

CRISE DERRUBA 10º GOVERNO DA UE E AFETA MERCADOS

REAÇÃO A PLANO DE AUSTERIDADE DERRUBA GOVERNO HOLANDÊS, O 10º A CAIR NA EUROPA
Autor(es): Jamil Chade
O Estado de S. Paulo - 24/04/2012
 

A crise da dívida levou ontem à queda do governo da Holanda, o décimo da União Europeia a cair em apenas dois anos. Além disso, a Espanha anunciou nova recessão. Os problemas derrubaram as bolsas de valores. No Brasil, o dólar subiu 0,43% e fechou a R$ 1,881. Na Holanda, não houve acordo político para aprovar medidas de austeridade que resultariam em corte de € 16 bilhões. Entre as ações estava o aumento da idade mínima para aposentadoria, de 65 para 66 anos. Agora, os holandeses precisam apresentar em menos de dez dias seu novo orçamento à UE, com o compromisso de reduzir o déficit de 4,3% do PIB para 3%. "Há uma nuvem negra sobre a Holanda", declarou um ministro. A situação é vista como possível precedente contra o pacto fiscal. O socialista François Hollande, que liderou o primeiro turno presidencial francês, também quer rever o acordo
Incertezas políticas escancararam a fragilidade da economia europeia. Ontem, a crise da dívida levou à queda do décimo governo do bloco em apenas dois anos, a Espanha anunciou nova recessão e o pacto fiscal foi colocado sob risco. Os problemas derrubaram as bolsas de valores. No Brasil, o dólar subiu 0,43% e fechou a
R$ 1,881, pouco abaixo da cotação de quinta-feira, quando chegou a R$ 1,886, a maior desde novembro. Islândia, Irlanda, Grécia, Portugal, Reino Unido, Eslováquia, Romênia, Espanha e Itália já viram a queda de seus governos nos últimos 24 meses por causa da crise, que não tem feito distinção entre partidos de esquerda ou direita. Ontem, foi a vez da Holanda. A queda veio depois de o governo não conseguir um acordo entre os partidos para a aprovação de medidas de austeridade, que resultaria em um corte de € 16 bilhões no orçamento. O governo de coalizão perdeu o apoio de um partido de extrema direita e deixou de ter maioria no Parlamento. Sem poder passar sua reforma no orçamento, o governo de centro-direita de Mark Rutte apresentou demissão e convocou eleições. O  responsável pela queda foi o líder de extrema direita, Geert Wilders, que se recusou a aceitar os cortes propostos.
Pelo pacote, a Holanda aumentaria a idade mínima de aposentadoria de 65 para 66 anos e reduziria a ajuda a países mais pobres. Wilders alegou que não aceitaria porque temia que as aposentadorias seriam também afetadas. “Não queremos que os nossos aposentados sofram por causa dos ditadores de Bruxelas”, acusou, em referência à União Europeia (UE). A Holanda vive agora uma situação parecida com a de outros países considerados mais pobres. Por meses, foi uma das que mais criticaram Grécia e Portugal por não c onseguir a provar cortes em seus gastos. Agora, os holandeses precisam apresentar em menos de dez dias seu novo orçamento à UE, com o compromisso de reduzir o atual déficit de 4,3% do PIB para 3%. “Há uma nuvem negra sobre a Holanda”, declarou o ministro de Imigração, Geer Leers.
Precedente. O fracasso no estabelecimento de um orçamento na Holanda é visto como um precedente perigoso, que poderia levar outros países a adotar o mesmo caminho. O pacto fiscal é a grande aposta de França e Alemanha para tirar a União Europeia da crise. Já em sua elaboração, o Reino Unido optou por ficar de fora, crian-
do o primeiro racha político profundo na UE. Agora, se o número de governos que não adotam  o pacto aumentar, todo o projeto será questionado. François Hollande, candidato socialista que liderou o primeiro turno francês, também indicou que, se eleito, pediria uma revisão do acordo. Sua vitória no domingo, portanto, contribuiu para deixar os investidores tensos.

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