Mantega: bancos privados retêm crédito, cobram spread elevado e querem jogar conta nas costas do governo
12/04/2012
Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez duras críticas aos
bancos privados no país, que, segundo ele, provocam uma retenção de
crédito, cobram o maior spread do mundo e “querem jogar a conta nas costas do governo”. Além da retenção de crédito, Mantega reclamou que os spreads cobrados por esses bancos são “muito elevados”. O spread é a diferença entre a taxa de captação do recurso e a cobrada dos clientes ao conceder o empréstimo.
“A taxa de captação é no máximo 9,75% e emprestando a 30%, 40%, 50%,
80% ao ano, dependendo das linhas de crédito. Essa situação não se
justifica. Esse spread é o maior do mundo”, reclamou Mantega.
De acordo com o ministro, a economia brasileira tem condições jurídicas
sólidas, com leis que garantem a devolução dos recursos do
investidores, e inflação baixa, em torno de 4,5%. Mantega também
considera boa a situação fiscal, com melhora no superávit primário e
queda na dívida pública brasileira. O ministro disse ainda que os
consumidores estão recebendo um salário melhor e com vontade de
consumir.
“No passado, tínhamos alguma insegurança jurídica, com leis que não
garantiam a devolução dos recursos. Mas hoje avançamos muito porque
temos a Lei de Falências e a de Alienação Fiduciária, que garante os
bens quando se faz um empréstimo”, disse.
Outra avanço, lembrou o ministro, é a aprovação do Cadastro Positivo,
que lista os bons pagadores. De acordo com ele, à época da tramitação da
proposta na Congresso, os bancos garantiram que, depois que o cadastro
fosse aprovado, o crédito ficaria mais barato.
Para Mantega, além de reduzir o spread, existe a possibilidade
de os bancos privados baixarem as taxas oferecidas aos correntistas. “A
lucratividade dos bancos continua elevada. No ano, passado os bancos
[no Brasil] ficaram entre os mais lucrativos do mundo. Acho bom isso, os
bancos podem ter lucros, mas a partir de crédito, a partir de atividade
de econômica de empréstimo e sem afligir o consumidor.”
O ministro criticou o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, que participou anteontem (10) de reunião
no Ministério da Fazenda. Segundo Mantega, em vez de apresentar
soluções como o aumento de crédito, a entidade fez cobranças de novas
medidas do governo, com desonerações.
“Se os bancos são tão lucrativos, eles tem margem sim para reduzir as
taxas e aumentar o volume de crédito”, reforçou o ministro.
De acordo com Mantega, o governo tem uma agenda positiva permanente
para melhorar as condições da economia, com medidas como o aumento da
segurança na concessão de crédito pelos bancos. O ministro reclamou que,
mesmo assim, as instituições financeiras cada vez cobram “mais
segurança e mais medidas”, além de “querer jogar a conta nas costas do
governo”.
“Se não tivessem lucratividade, poderíamos reduzir tributos e mexer no
compulsório. Mas eles têm margem sim para aumentar o crédito. É possível
fazer isso e vamos continuar com uma agenda positiva para melhorar a
situação.”
Nos últimos dias, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal anunciaram redução dos juros de linhas de crédito.
Edição: Juliana Andrade
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