quarta-feira, 7 de novembro de 2012

OBAMA OUTRA VEZ

OBAMA OUTRA VEZ

OBAMA REELEITO
Autor(es): RENATA TRANCHES
Correio Braziliense - 07/11/2012
 

Na campanha mais cara da história americana, o presidente Barack Obama derrotou o republicano Mitt Romney e se reelegeu para mais quatro anos de mandato, segundo projeções das principais redes de TV e jornais americanos. A apuração começou apertada e o suspense se manteve madrugada adentro. A vitória do democrata começou a se consolidar com a abertura das urnas em estados decisivos, como Flórida, Ohio, Wisconsin e New Hampshire. Obama agradeceu aos eleitores pelo Twitter. "Isso aconteceu por causa de vocês. Obrigado", escreveu

Presidente democrata  conquista mais quatro anos de mandato após disputa voto a voto com o rival Mitt Romney.  Votação encerrou a campanha mais cara da história dos Estados Unidos. Logo que teve a vitória confirmada, Obama agradeceu aos eleitores nas redes sociais


“Isso aconteceu graças a vocês. Obrigado.” Por meio de sua página no microblog Twitter, o presidente norte-americano, Barack Obama, agradeceu uma vitória assegurada com a conquista de mais do que os 270 votos eleitorais necessários, às 2h20 (hora de Brasília). Logo em seguida, publicou a frase “Mais quatro anos”, acompanhada de uma fotografia na qual ele aparece com a mulher, a primeira-dama Michelle Obama. Foi uma disputa acirrada até o fim. Em Chicago, no início da madrugada de hoje, uma multidão comemorava a vitória. Com a apuração parcial ainda em andamento, Obama já havia garantido 275 votos, enquanto Mitt Romney tinha conquistado 203. No entanto, o presidente perdia na votação popular: 50,6% para o republicano contra 48,1%. Os candidatos disputaram voto a voto a apuração. O voto nos EUA é indireto e quem sair vencedor no estado leva todos os delegados que votarão no Colégio Eleitoral. Para vencer, é preciso garantir 270 dos 538 delegados.

Assim que as tevês americanas anunciavam as projeções, indicando a vitória de Obama, simpatizantes do democrata reunidos em Chicago, seu berço político, explodiram em festa. Com a polarização dos estados — com parte deles fechada com os democratas e a outra, com os republicanos —, restavam apenas oito, onde os candidatos poderiam fazer a diferença. À medida que a apuração e a votação avançavam de leste a oeste, os primeiros estados a fecharem os resultados foram aqueles que já haviam endossado Romney, com exceção da Costa Leste, onde estão Nova York e Nova Jersey. A grande disputa, como já era esperado, se concentrava nos swing states. Foi o caso, por exemplo, da Flórida, onde Obama e Romney oscilaram a liderança durante todo o tempo da apuração.

As pesquisas de boca de urna só confirmariam o vencedor depois do fechamento das urnas em todos os estados, o que estava previsto para ocorrer às 2h30 (hora de Brasília). O último a fazer isso deveria ser o Alasca. A principal estimativa, feita com base na declaração dos eleitores que votaram, seria elaborada por seis dos principais veículos de comunicação dos EUA. Existe um acordo entre eles para somente divulgarem o vencedor depois da conclusão da votação. Alguns temas, porém, chegaram a ser noticiados, mostrando por exemplo que a preocupação do americano na hora de ir às urnas foi mesmo a economia, como repetido durante a campanha.

Os primeiros números da apuração das eleições não poderiam ser mais emblemáticos. No vilarejo de Dixville (New Hampshire), com 10 eleitores, houve um empate, com cinco votos para cada. Mais uma prova de quão acirrada foi a disputa presidencial de 2012. “O que vimos hoje (ontem) é o quadro exato do que foi essa campanha”, afirmou ao Correio a cientista política da Universidade de Tampa (Flórida), Mary Anderson, especialista em comportamento eleitoral. Anderson comparou as eleições com o pleito de 2000, disputado entre o democrata Al Gore e o republicano George W. Bush. O primeiro venceu no voto popular, mas o segundo saiu presidente por levar mais delegados no Colégio Eleitoral, depois de uma recontagem dos votos na Flórida.

Amabilidades

Os candidatos acompanharam a apuração nas cidades que são seus berços políticos. Mas Romney ainda aproveitou as últimas horas que lhe restaram para tentar conquistar eleitores. Depois de votar em Belmont (Massachusetts), o republicano visitou Ohio e Pensilvânia, para retornar ao primeiro estado onde acompanhou a apuração, em Boston (leia na página 21). Obama decidiu passar o dia em Chicago, visitou escritórios democratas locais, telefonou para eleitores e jogou basquete, uma tradição que ele acreditar da sorte em dia de eleição (leia na página 20). Se a campanha foi marcada por ataques mútuos, o último dia foi reservado à troca de amabilidades entre os candidatos. De um lado, Romney disse que o adversário fez uma “campanha forte” e é um “exemplo de bom pai”, mas que o país precisava de um “amanhã melhor”. Do outro, o presidente parabenizou o rival por uma campanha “animada”, mas estava “confiante” na vitória.

Como em edições passadas, o processo não passou ileso a problemas na votação e suspeitas de fraude (leia mais nesta página). O principal inconveniente foram as longas filas. Apesar de 32 estados permitirem o voto antecipado e até pelo correio, muitos deixaram para a última hora. Em alguns locais, eleitores enfrentaram o frio e uma grande espera, às vezes até de duas horas, para depositar sua escolha nas urnas. Preocupados com a possibilidade de fraude, as campanhas mobilizaram um batalhão de advogados para acompanhar com lupa qualquer indício de irregularidade.

A baiana Maria Drell, conselheira de educação superior na Universidade Estadual de Chicago, relatou ao Correio que restaurantes e bares se programaram para receber as pessoas que acompanharam em telões e tevês a apuração dos votos. Ela contou que apesar de viver no país há 26 anos e ter cidadania, nunca procurou se inscrever como eleitora, mas que apostava em Obama. Maria disse que acompanharia a apuração na casa de uma amiga e que daria uma festa para a ocasião. A campanha mais cara da história do país teve gastos estimados em US$ 6 bilhões. Foram 18 meses de uma corrida que acabou concentrada em uma pequena fatia do eleitorado, justamente os swing states.

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