segunda-feira, 5 de novembro de 2012

ENEM TEM 28% DE FALTOSOS EM TODO O PAÍS

ENEM TEM 28% DE FALTOSOS EM TODO O PAÍS

AUSENTES SÃO 28%, E ÍNDICE SUPERA O DE 2011
Autor(es): André Coelho
O Globo - 05/11/2012
 
No Rio, abstenção atinge 25%; em MS, jovem dá à luz no banheiro do local de prova e recebe ligação de ministro
Por pouco. Um candidato entra em centro de provas na Asa Norte de Brasília momentos antes de o portão ser fechado por um segurança
Cerca de 1,61 milhão de estudantes de todo o país, de um total de quase 5,9 milhões de inscritos, não compareceram ao Exame Nacional do Ensino Médio, divulgou ontem o Ministério da Educação (MEC). O índice de 27,9% de abstenção nos dois dias de provas, sábado e ontem, é maior que o de 2011, quando 26,4% dos candidatos não se apresentaram, mas não supera o de 2010: 28% de faltosos. O balanço é preliminar e não leva em conta todos os mais de 15 mil locais de aplicação. No Rio, estiveram ausentes 25,18% dos inscritos, número abaixo da média. Os estados com mais faltosos foram Roraima, Bahia e Amazonas. Na outra ponta ficaram Piauí, Santa Catarina e Alagoas.
Num ano em que o uso de redes sociais provocou eliminações de dezenas de estudantes e ajudou a espalhar boatos sobre fraudes e cancelamento de provas, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, defendeu o aprimoramento da legislação penal para punir os que se valem da internet para divulgar informações falsas, a quem chamou de "pichadores eletrônicos".
MERCADANTE CRITICA BOATOS ON-LINE
Anteontem, um boato sobre o cancelamento do Enem tomou o Twitter. De acordo com Mercadante, a Polícia Federal descobriu que a notícia falsa partiu de Campinas (SP). O suposto autor está sendo investigado.
- Temos que melhorar a nossa lei penal para dar mais segurança ao processo, aprimorar a legislação para preservar o interesse e o esforço de milhões de brasileiros - disse o ministro, ao fazer um balanço do Enem, ontem.
Com a eliminação de mais 28 estudantes que publicaram fotos de cadernos de provas e cartões-resposta em redes sociais, o total de punidos nos dois dias chegou a 65.
As provas foram encerradas às 18h30m deste domingo, e, segundo o MEC, não houve incidentes. Mas, em alguns pontos do país, faltou energia nos locais de prova, como em Amargosa (BA), onde o apagão levou ao cancelamento da aplicação do exame, ainda sem nova data de realização. No sábado isso já havia ocorrido em Rio Branco, onde alunos religiosos que guardam o shabat não puderam fazer o teste à noite devido à ausência de luz.
Os gabaritos serão divulgados na quarta-feira, nos portais do MEC e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo exame.
O estirão de provas de ontem foi fértil em histórias inusitadas e de superação, expectativa ou azar. No Mato Grosso do Sul, a adolescente Pâmela de Oliveira Lescano, de 17 anos, deu à luz no banheiro da escola onde fazia o exame, em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande. Ela entrou em trabalho de parto antes da prova e foi auxiliada por uma técnica de enfermagem.
Mais tarde, já no hospital, a candidata se disse surpresa, uma vez que não fazia ideia de que estava grávida. Moradora de um assentamento rural, Pâmela afirmou não ter percebido qualquer mudança em seu corpo. Ela recebeu um telefonema do ministro da Educação, que disse considerá-la um "símbolo do Enem". Como previsto no edital, Pâmela poderá fazer a prova em dezembro, quando da aplicação para detentos.
Na Bahia, a estudante Adriele Almeida, de 16 anos, perdeu o teste porque a mãe, Sivalda Santos, resolveu fazer uma oração antes de sair de casa. A menina chegou atrasa ao colégio onde se submeteria às provas, em Salvador.
A idade avançada não impediu que o mestre de obras Fernando Gomes, de 70 anos, participasse do Enem em Recife. Ele batalha por uma vaga em Engenharia e pleiteia uma bolsa do ProUni.
- O sonho começa agora - disse Fernando, emocionado.
Na mesma cidade, a freira Arimilda Souza, de 26 anos, fez o Enem porque quer estudar Enfermagem. Já a candidata Euline Freitas, de 22 anos, perdeu o ônibus e a prova. Ao tentar ganhar tempo, recorreu a um mototáxi, mas o motociclista não conhecia o caminho.
Em Teresina houve quem apelasse à natureza para matar a fome durante as cinco horas e meia de prova. Usando um pedaço de pau, Cátia de Castro Oliveira, de 35 anos, recolheu mangas no campus da Universidade Federal do Piauí, que pretendia guardar para mais tarde. Mas a fome bateu, e Cátia as comeu antes mesmo da prova.
Em Rondônia, o sonho de ingressar no curso de Engenharia de Produção teve que ser adiado para Carolina Weiber, de 18 anos, que chegou atrasada porque o pai, que iria levá-la, preferiu terminar de assistir a uma corrida de Fórmula 1 na televisão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário