quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Governo venezuelano adia posse de Chávez

Governo venezuelano adia posse de Chávez

Governo da Venezuela adia posse de Chávez
O Estado de S. Paulo - 09/01/2013
 

O governo da Venezuela anunciou oficialmente ontem que Hugo Chávez não vai à posse prevista pela Constituição para amanhã. Também pediu à Assembleia Nacional que permita o adiamento da cerimônia, que seria feita diante do Tribunal Supremo de Justiça. A informação foi transmitida numa carta enviada pelo vice-presidente Nicolas Maduro ao presidente da Assembléia Nacional Diosdado Cabello. A carta lida por Cabelo faz menção aos dois argumentos levantados pelos chavistas que permitiriam a continuidade do presidente em suas funções apesar da ausência na posse: a licença de 90 dias concedida pelo Legislativo e a “razão de força maior” que permitiria a Chávez fazer o juramento ante o TSJ, em data não estabelecida. O líder da oposição no país, Henrique Capriles, pediu que a Suprema Corte se manifeste e disse que vai recorrer à OEA caso a Constituição seja desrespeitada

O governo venezuelano anun­ciou ontem que o presidente Hugo Chávez não comparece­rá à posse prevista pela Consti­tuição para amanhã e pediu à Assembleia Nacional que per­mita o adiamento da cerimô­nia, que seria feita diante do Tribunal Supremo de Justiça. A informação foi transmitida numa carta enviada pelo vice- presidente Nicolás Maduro ao presidente da Assembleia Na­cional, Diosdado Cabello.
Na mensagem, Maduro afir­ma que Chávez agradeceu aos de­putados pela autorização emiti­da em dezembro para que ele se submetesse à cirurgia em Cuba e lamentou que, "por motivo de força maior", não poderá compa­recer à cerimônia de posse.
A carta lida por Cabello faz menção aos dois argumentos le­vantados pelos chavistas que permitiriam a continuidade do presidente em suas funções ape­sar da ausência na posse: a licen­ça de 90 dias concedida pelo Le­gislativo e a "razão de força maior" que permitiria - na visão de seus partidários - a Chávez fazer o juramento ante o Tribu­nal Supremo de Justiça (TSJ), em data não estabelecida.
Para alguns analistas venezue­lanos, a carta enviada por Madu­ro se trataria de um passo formal para acionar a Sala Constitucio­nal do TSJ, encarregada de diri­mir dúvidas sobre a Carta. O ór­gão máximo do Judiciário vene­zuelano é controlado pelo chavismo e não será surpresa se a câmara der aval à interpretação que favorece o atual governo.
Comunicado prolixo. Detalhes do real estado de saúde de Chá­vez, operado no dia 11 de dezem­bro pela quarta vez como parte do tratamento de um câncer na região pélvica, continuam desco­nhecidos. Por meio de um curto comunicado, aparentemente re­digido com a finalidade de ate­nuar seu conteúdo, o ministro de Comunicação da Venezuela, Er­nesto Villegas, informou na se­gunda-feira à noite que Chávez ainda apresenta quadro de infec­ção respiratória. Num sinal mais positivo, Villegas anunciou tam­bém que o líder tem reagido ao tratamento em Cuba.
"O presidente se encontra em uma situação estacionária em re­lação à descrita no boletim médi­co mais recente (de quinta-fei­ra), quando foi informada a insu- ficiência respiratória enfrentada pelo comandante Chávez como consequência de uma infecção pulmonar sobrevinda no curso do pós-operatório", disse Ville­gas. "O tratamento vem sendo aplicado, de forma permanente e rigorosa, e o paciente o está assi­milando", acrescentou o minis­tro, afirmando que o Executivo venezuelano tem mantido cons­tante contato com a equipe médi­ca que trata de Chávez, em Hava­na, e com parentes do presiden­te. Em cadeia nacional de rádio e TV, Villegas também pediu à pulação que não dê ouvidos aos rumores motivados pela "guerra psicológica" que a oposição esta­ria promovendo contra Chávez.
O uso do termo "estacioná­rio" - em lugar de "estável" e "es­tabilizado" usados de forma mais comum nos comunicados anteriores - causou estranheza para alguns jornalistas e diplomatas que vivem em Caracas.
"Não acredito nas teorias conspiratórias que circulam nas redes sociais nas últimas sema­nas"", disse ao Estado um diplo­mata sul-americano sob condi­ção de anonimato. "Mas esse foi um boletim, pelo menos, diferen­te." "A ausência de informações confiáveis nos leva de volta aos tempos dos "kremlinistas" dos anos 70, quando se procuravam sinais e linguagens cifradas que pudessem darpistas sobre o estado de saúde de líderes políticos", escreveu sobre o tema o jornalis­ta Ewald Scharfenberg.

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