quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

OBAMA TOMA POSSE E BUSCA ACORDO CONTRA CRISE FISCAL

OBAMA TOMA POSSE E BUSCA ACORDO CONTRA CRISE FISCAL

OBAMA TOMA POSSE EM BUSCA DE DIÁLOGO COM OPOSIÇÃO E DÁ ALARGADA PARA 2016
Autor(es): Denise Chrispim Marin
O Estado de S. Paulo - 21/01/2013
 

Barack Obama tomou posse oficialmente ontem como presidente dos Estados Unidos, depois de uma cerimônia simples na Casa Branca. Hoje ele presta juramento público perante o Congresso e começa, na prática, seu segundo governo com o desafio de melhorar o diálogo com a oposição republicana e evitar o nó fiscal. Outro tema econômico urgente será a discussão sobre os cortes de gastos públicos até 2022. O democrata tenta preservar os programas sociais que os republicanos pretendem enxugar. Ao mesmo tempo, foi dada a largada para a sua sucessão, em 2016. Ontem, o juramento do vice-presidente, Joe Biden, teve mais visibilidade que o do próprio Obama
Celebração discreta. Em seu segundo mandato, democrata persegue acordo com republicanos no Congresso para evitar nó fiscal que tornaria inviáveis seus programas sociais e colocaria em risco o triunfo de seu partido nas próximas eleições presidenciais

O presidente dos EUA, Barack Hussein Obama, iniciou on­tem seu segundo e último man­dato em uma cerimônia sim­ples na Casa Branca. Hoje, no Congresso, fará seu juramen­to público. Terminados os fes­tejos, amanhã, terá o desafio de melhorar o complicado diá­logo com a oposição republica­na, para evitar o nó fiscal que levaria ao fracasso de seu se­gundo governo. Ao mesmo tempo, dará a largada para sua sucessão, na eleição de 2016.
Apenas a família, 12 convida­dos, 1 assessor e o presidente do Supremo Tribunal, John Roberts, diante de quem jurou cum­prir a Constituição, assistiram ao juramento de ontem, no Sa­lão Azul da Casa Branca. Não houve discursos nem acenos ao público. "Bom trabalho", disse a filha caçula, Sasha, de 11 anos, ao referir-se aos últimos quatro anos. "Sim, fiz bom trabalho", respondeu Obama.
O juramento do vice-presiden­te, Joe Biden, teve mais visibilida­de e audiência de políticos e es­trategistas de peso, entre os quais David Axelrod, a deputada Nancy Pelosi, líder democrata na Câmara, e a presidente do Par­tido Democrata, Debbie Schultz. Sua ambição de concorrer na elei­ção de 2016 foi reforçada no fim da campanha de 2012 e, em segui­da, na negociação do acordo tri­butário, no fim de dezembro, e ao compilar o pacote de controle de armas. Biden tem 70 anos.
"Podemos começar a fazer os cálculos políticos do número de delegados (para o Colégio Eleito­ral) necessários para a escolha do candidato democrata. Posso ver um monte de delegados aqui", afirmou à imprensa a es­trategista democrata Donna Brazile, presidente na cerimônia no Observatório Naval, em Wa­shington.
Obama já perdeu em seu gabi­nete uma potencial sucessora e concorrente de Biden nas primá­rias democratas de 2016, Hillary Clinton, ex-primeira-dama e ex-senadora. Hillary promete des­cansar, depois de quatro anos na liderança do Departamento de Estado e de viagens a mais de cem países. Apesar de sua recen­te internação por uma trombose e de seus 65 anos, ela é tida como uma candidata capaz de obter consenso no partido.
Democrata mais apagado, o go­vernador de Nova York, Andrew Cuomo, também é apontado co­mo potencial candidato.
Manobras políticas de curto prazo terão certamente impacto no jogo eleitoral de 2016. Obama terminou seu mandato com po­bre qualidade de diálogo com a oposição republicana, ainda amarrada pelos radicais do Tea Party. A Casa Branca está em ne­gociação com o Congresso sobre dois temas econômicos de suma importância para a sociedade americana e para o restante de sua gestão e também sobre sua política para controle de armas.
Obama deverá conseguir do Congresso autorização para ele­var o limite de endividamento fe­deral antes de meados de feverei­ro, quando o atual teto de US$ 16,4 trilhões será alcançado. Por­tanto, tende a se livrar do risco momentâneo de ser obrigado a declarar a suspensão de paga­mentos da dívida, fornecedores, servidores e militares pela pri­meira vez na história americana.
Os efeitos previstos dessa ati­tude vergonhosa para qualquer governo - como a pressão para o aumento dos juros para o consu­midor e o investidor, em prejuí­zo do consumo e o emprego - serão contornados. Mas Obama ainda está ameaçado de ter seu governo e a sociedade america­na periodicamente expostos a es­se mesmo risco.
A bancada democrata na Câ­mara insiste em aumentar o teto da dívida por apenas três meses e resiste em dar ao presidente o poder para aumentar esse limite quando necessário. Trata-se de uma espécie de torniquete sobre o governo Obama, com poder de limitar o poder de barganha da Casa Branca em outros projetos de seu interesse, como a Refor­ma da Imigração, a regulamenta­ção das reformas da Saúde e de Wall Street e o fim da guerra do Afeganistão.
Em outro tema econômico ur­gente, o acordo com o Congres­so sobre os cortes de gastos pú­blicos até 2022, Obama tenta pre­servar os gastos com programas sociais da ansiedade republica­na em vê-los enxugados.
A discussão se complica pelo alto grau de polarização ideológi­ca dos dois partidos, percebido desde o início de 2011, e pela bai­xa tolerância de Obama a fazer concessões. A sociedade ameri­cana sofrerá com qualquer esco­lha final ou com a ausência de um acordo.
Os programas de saúde gratui­ta para os americanos pobres se­rão alvo de cortes de gastos públi­cos a partir de 2013, assim como as aposentadorias e pensões da Previdência Social. Despesas com a Defesa não serão poupa­das - e isso significará restrições na estratégia americana na guer­ra do Afeganistão, em futuras ações militares dos EUA no exte­rior e nas contratações de empre­sas do setor. Mesmo dentro do país, já há planos para o fecha­mento de bases, com repercus­são desastrosa para as econo­mias locais.
O peso desses cortes e seus de efeitos dependerá do acordo a ser firmado até 28 de fevereiro. Se não houver consenso, o gover­no de Obama será obrigado a re­duzir em US$ 100 bilhões os gastos públicos apenas neste ano, sobretudo nas áreas social e de defesa. Entre 2014 e 2022, outros US$ 446 bilhões serão podados. A retração do ritmo de recupera­ção econômica do país, será ine­vitável.

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