AGÊNCIA REVÊ NOTA DE RISCO DO PAÍS POR PIORA DAS CONTAS PÚBLICAS
AGÊNCIA AMEAÇA REBAIXAR NOTA DE RISCO DO BRASIL POR PIORA DE CONTAS PÚBLICAS |
Autor(es): Adrana Fernandes Anne Warth João Villaverde |
O Estado de S. Paulo - 07/06/2013 |
A agência de classificação de risco Standard & Poor"s colocou ontem a nota do Brasil em perspectiva negativa, com a possibilidade de rebaixamento. Segundo a agência, os motivos seriam o baixo ritmo de crescimento do PIB e os gastos do governo. A nota funciona como selo de qualidade para o investidor estrangeiro aplicar seus recursos no País. O movimento da S&P acontece poucos dias depois de o governo mudar a tributação sobre o capital externo para trazer mais recursos. O Planalto classificou o anúncio como "natural", mas o mercado reagiu com pessimismo. Mais cedo, o Banco Central sinalizou que pode manter o ciclo de alta de juros. Analistas apostam que a Selic vai subir mais 0,5 ponto porcentual, para 8,5%, na próxima reunião do Copom, em julho. Também ontem, o governo anunciou injeção de R$ 15 bilhões no BNDES. Cinco anos após ser elevado à categoria de grau de investimento pelas agências de classificação de risco, o Brasil recebeu um duro golpe. Primeira a promover o País em abril de 2008, a Standard & Poors também foi a primeira a reduzir a perspectiva positiva das condições macroeconômicas brasileiras, que saiu de a estável" para a negativa" por conta do baixo crescimento e dos gastos do governo. É o primeiro passo na direção do rebaixamento da nota de crédito do País, algo que pode ocorrer ao longo dos próximos dois anos, segundo a S&P. A nota dada pelas agências de rating funciona como um selo de qualidade para o investidor estrangeiro aplicar o seus recursos no País. O movimento da S&P acontece poucos dias depois de o governo mudar a tributação sobre o capital externo para trazer mais recursos para o País. A decisão da S&P foi sustentada, segundo comunicado da agência, pelo baixo ritmo de crescimento do PIB nos últimos anos, aliado a uma política de expansão do gasto público. De acordo com a nota assinada por Sebastian Briozzo, analista de crédito da S&P, essa dinâmica recente do País resulta em "sinais ambíguos" do governo, que reduzem a confiança do investidor estrangeiro. O mercado reagiu à notícia com pessimismo e um sinal de alerta quanto aos rumos dapolí-tica econômica brasileira. Ao mesmo tempo, analistas destacaram na noite de ontem que o movimento iniciado pela S&P confirma, de certa forma, a percepção dos investidores diante da falta de dinamismo da atividade econômica brasileira. A agência não deixou passar despercebido o último resultado do PIB trimestral, divulgado na semana passada. Segundo dados oficiais, a economia cresceu apenas 0,6% entre o quarto trimestre de 2012 e os primeiros três meses de 2013. A agência destacou o fraco resultado do consumo das famílias neste período - um avanço de apenas 0,1%. Até então, o PIB brasileiro vinha sendo sustentado justamente pela demanda das famílias. Após crescer 2,7% em 2011 e 0,9% em 2012, o próprio governo trabalha, internamente, com um avanço inferior a 3%. investimentos» A Standard &Poors citou, também, o desempenho modesto das exportações e o investimento declinante do setor privado, apesar das enormes necessidades de melhorias logísticas no País. "Os ratings também incorporam a dívida governamental e as necessidades de refinanciamento relativamente grandes", disse Briozzo em seu relatório publicado ontem. Além disso, disse o analista, "uma elevação substancial no crédito por parte dos bancos controlados pelo governo para estimular a demanda doméstica poderia apresentar problemas de qualidade de ativos para o sistema financeiro, especialmente em meio a um crescimento do PIB continuamente fraco". O governo federal, no entanto, minimizou a notícia. Segundo o secretário de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, essas mudanças na perspectiva da nota em função dos ciclos da economia são naturais. "Aconteceu até com os Estados Unidos", afirmou. "É natural". Segundo Holland, o Brasil tem tido um ciescimento acima da média dos países mundiais no período pós-crise, e também nos últimos três anos. Segundo ele, entre 2007 e zoi2, a taxa média de crescimen-tu do Brasil foi de 3,7%, enquanto a dos outros países atingiu 3,3%. Em relação à política fiscal, o secretário disse que não houve mudança e que ela continua mesma. "A política fiscal contínua como sempre. Não há mudança nem na política fiscal e nem na política econômica." A possibilidade de rebaixamento de rating do Brasil também atingiu duas das principais empresas do País. As perspectivas de crédito da Petrobrás e da Eletrobrás tambémforam revistas pela agência para "negativa". No comunicado, a S&P destacou que a necessidade de ajuda estatal para a Eletrobrás é "quase certa", e "muito alta", no caso da Petrobrás. |
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