segunda-feira, 17 de junho de 2013

PIB decepciona, mas BC eleva juros para conter a inflação

PIB decepciona, mas BC eleva juros para conter a inflação

PIB decepciona, mas BC eleva juros em 0,5 ponto para conter inflação
O Estado de S. Paulo - 30/05/2013
 
 Indicadores. Com crescimento de 0,6% no primeiro trimestre, abaixo do espei ado pelo governo e pelo mercado, analistas apostam em um corte menor na taxa de juros, para não afetar a frágil recuperação econômica, mas BC optou por tentar evitar a alta dos preços
A economia brasileira frustrou as expectativas e cresceu apenas o,6% no primeiro trimestre, na comparação com o trimestre anterior, O número divulgado ontem bem abaixo das expectativas de analistas e do próprio governo teve reflexos praticamente imediatos em outros indicadores da economia: a Bolsa de Valores de São Paulo caiu 2,5% e o dólar subiu 1,78%, fechando a R$2,11

A noite, mesmo pressionado pelo fraco resultado da economia, o Banco Central elevou a tim básica de juros em 0,5 ponto porcentual, para 8% ao ano, pira conter a inflação. A decisão surpreendeu analistas financeiros.

Após o resultado decepcionante do PIB (soma de todos os bens e serviços produzidos na economia), divulgado pela manha,boa parte do mercado apostava que o Banco Central promoveria uma alta menor dos juros, em torno de 0,25 ponto porcentual, para não afetar a frágil recuperação da economia. Mas, no dilema entre a inflação alta e o crescimento baixo, o BC optou por tentar conter os preços.

A decisão do BC provocou polêmica. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a “elevação da taxa básica de juros traz ganhos modestos contra a alta da inflação, prejudica a expansão dos investimentos e impede o aumento da oferta”.

Para a Federação do Comércio de São Paulo, porém, a decisão do BC é “positiva, porque sinaliza real preocupação com o aumento de preços”. Segundo a Fecomércio, o ajuste da Selic é a única alternativa do BC “diante da falta de austeridade na política fiscal”.
Antes mesmo da alta dos juros, a decepção com o resultado do PIB já havia motivado uma recalibragem das projeções para a economia.

O índice anunciado pelo IBGE corresponde a uma taxa anualizada de 2,4%. Depois da divulgação, o governo admitiu ter desistido da previsão de crescimento em torno de 3,5% este ano. As projeções do mercado financeiro, por sua vez, desceram mais alguns degraus e já rondam 2%.

O IBGE destacou uma “mudança de perfil” no crescimento do primeiro trimestre, marcado pela elevação dos investimentos e por um arrefecimento no crescimento do consumo das famílias. A alta nos investimentos, a mais intensa na comparação com o trimestre anterior desde o início de 2010, foi comemorada pelo governo como uma melhora de qualidade. Mas economistas alertam para o fato de o saldo estar um tanto distorcido, com, por exemplo, os resultados da alta da produção de caminhões, que entra na conta de investimentos.

A estagnação do consumo, que caminhou somente 0,1% do fim de 2012 para o início de 2013, também lança dúvidas sobre o ciclo de crescimento da economia, marcado pela política de incentivos do governo.

O grande destaque positivo foi a agropecuária, com crescimento de 9,7% no primeiro trimestre ante o quarto de 2012. Segundo relatório do Bradesco, o crescimento do PIB seria nulo não fosse a agropecuária.

Na esteira da decepção com o PIB, e refletindo uma declaração do ministro Guido Mantega de que o câmbio não é utilizado para combater a inflação, o dólar fechou ontem com a maior cotação desde 4 de dezembro.

Mais uma vez, o BC preferiu não atuar e deixar o real se desvalorizar. Para Mantega, a desvalorização do real pode até ser benéfica, por tornar as exportações mais competitivas. Mas analistas manifestaram sua preocupação em relação aos efeitos da alta das mercadorias cotadas em dólar na inflação.

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