segunda-feira, 17 de junho de 2013

BC NÃO AGE E DÓLAR CHEGA A R$ 2,07, O MAIS ALTO DO ANO

BC NÃO AGE E DÓLAR CHEGA A R$ 2,07, O MAIS ALTO DO ANO

BANCO CENTRAL SURPREENDE MERCADO E DEIXA COTAÇÃO DO DÓLAR CHEGAR A R$ 2,07
O Estado de S. Paulo - 29/05/2013
 

O dólar subiu 0,83% e fechou o dia cotado a R$ 2,073, o maior nível do ano. No mês, a moeda acumula alta de 3,5%. Desde janeiro, a elevação é de 1,37%. A alta de ontem foi impulsionada pelos resultados favoráveis da economia dos EUA e pela deterioração das contas externas do País. Para a economia doméstica, o maior risco é o de alta da inflação. Investidores e analistas trabalhavam com uma meta informal de R$ 2,05 para a moeda americana, cotação baseada em intervenções feitas pelo Banco Central nos últimos meses. Desta vez, porém, o BC não atuou no mercado e deixou o dólar se fortalecer. Uma das interpretações para essa tolerância é uma eventual estratégia de permitir desvalorização do real, para baratear os produtos nacionais e fortalecer as exportações. Seria uma forma de reduzir o déficit externo, que chegou a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em abril.
Câmbio. Mercado vinha trabalhando com uma "barreira psicológica" de R$ 2,05 por dólar, e alguns analistas acreditam agora que o novo "teto" seja de R$ 2,10: moeda americana já acumula um ganho de 3,5% em relação ao real apenas neste mês.
O dólar voltou a subir ontem e chegou ao maior patamar em relação ao real desde 18 de dezembro. Embora o fortalecimento do dólar seja uma tendência internacional, analistas financeiros chamam a atenção para a tolerância do Banco Central brasileiro com a alta recente da moeda.
Investidores e analistas financeiros trabalhavam com uma meta informal de R$ 2,05 para o dólar. Essa cotação se baseava em intervenções feitas pelo BC nos últimos meses e pelas declarações de autoridades econômicas sobre o risco de uma desvalorização do real prejudicar o combate à inflação. O maior risco da disparada do câmbio é a pressão da alta dos preços em dólar sobre a inflação, que já está em um patamar alto, por volta de 6,5% ao ano.
Nos últimos dias, porém, o Banco Central não atuou no mercado e deixou o dólar se fortalecer. Com o mercado "testando" o BC, a moeda americana subiu ontem 0,83% e fechou cotada a R$ 2,073. Neste mês, já acumula alta de 3,5%.
A alta foi atribuída a dados positivos dos Estados Unidos. Com a melhora da economia, o Banco Central americano poderá diminuir seu programa de estímulo monetário nos próximos meses, reduzindo a quantidade de dólares no mercado internacional e atraindo mais recursos para o país.
A alta do dólar se repete em vários países; No Brasil, o mercado esperava alguma resistência do BC. Uma das interpretações para essa tolerância é uma eventual estratégia de permitir alguma desvalorização do real para baratear os produtos nacionais e fortalecer as exportações. Seria uma maneira de reduzir o déficit externo, que chegou a 3% do PIB em abril, marca que não era atingida desde 2002.
Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, acredita que talvez o teto estabelecido pelo BC para intervir no mercado, sem risco inflacionário, seja um pouco maior do que se imaginava: R$ 2,10.
"Dessa forma, o BC também faz um ajuste favorável ao setor produtivo", diz. Faz tempo que os exportadores querem que o real se desvalorize para melhorar a competitividade dos produtos brasileiros.
Antonio Madeira, economista da LCA Consultores, lembra que o BC sempre tem dito que regime cambial é flutuante. Para ele, o BC deixou a cotação romper o teto psicológico estabelecido pelo mercado para reforçar sua imprevisibilidade. "Ficarei preocupado se o BC não fizer nada nos próximos dias", diz. Ele lembra que muitas empresas têm dívidas em dólar e a tendência de alta pode levar essas companhias a liquidar os empréstimos em moeda estrangeira, o que pode realimentar a desvalorização do real.
Essa também é a avaliação do analista da Austin Rating, Luis Miguel Santacreu. Segundo um levantamento feito pelo economista com base nos balanços de 2,5 mil companhias de capital aberto e fechado a dívida em moeda estrangeira em dezembro de 2012 somava R$ 212,8 bilhões. Em dois anos, o saldo cresceu 85,7% em reais. Nesse mesmo período, o real se desvalorizou 18,5% em relação ao dólar. "Apenas um quarto do aumento do saldo ocorreu por causa do câmbio. A diferença é o avanço do endividamento em dólar", diz o economista-chefe da consultoria, Alex Agostini.
Fator. Entre os vários indicadores positivos da economia americana, o principal dado foi a confiança do consumidor, que deu um salto em maio e atingiu 72,6 pontos, o nível mais alto desde fevereiro de 2008, antes do estouro da crise financeira global Em abril, esse indicador estava em 69 pontos e a expectativa do mercado era que atingisse 71 pontos este mês. / Márcia de Chiara e Fabricio Castro, com Reuters

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