STF conclui julgamento que dá mais tempo de propaganda a partidos recém-criados
29/06/2012
Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu hoje (29), por
maioria de 7 votos entre os 11 possíveis, que os partidos recém-criados
têm direito a mais tempo de propaganda eleitoral, em rádio e TV, se
conseguirem atrair deputados federais de outras legendas. A votação
terminou com as considerações da ministra Cármen Lúcia Rocha depois de
três dias de julgamento.
A decisão beneficiará diretamente o Partido Social Democrático (PSD),
criado em setembro do ano passado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto
Kassab. Atualmente, o PSD tem a quarta maior bancada na Câmara dos
Deputados, com 52 deputados eleitos e 48 em exercício. A nova regra já
vale nas eleições para prefeitos e vereadores deste ano.
Cármen Lúcia votou nesta manhã quando a maioria já estava formada. Ela
seguiu a divergência aberta pelo ministro Joaquim Barbosa, negando a
deputados federais que migraram para novas legendas o direito de levarem
consigo o tempo de propaganda a que tem direito. “Eu tenho medo de um
sistema partidário tsunami, na hora que sai o eleito sai
levando tudo, deixando terra arrasada. O que é grave, porque ele é
eleito com a estrutura do partido, e ele não pode sair fingindo que nada
aconteceu”, considerou a ministra.
O STF julgou dois processos diferentes de uma só vez. No primeiro, o
PHS pedia a divisão igualitária do tempo de propaganda entre os 30
partidos brasileiros. Na outra ação, sete legendas – DEM, PMDB, PSDB,
PPS, PR, PP e PTB – queriam barrar a possibilidade de partidos novos
conquistarem tempo de TV de parlamentares recém-filiados.
O relator Antonio Dias Toffoli, autor da tese vencedora,
manteve a regra atual sobre a divisão do tempo de propaganda em rádio e
TV – um terço igualmente entre todos os partidos e dois terços
proporcionais ao número de deputados federais dos partidos ou
coligações.
Toffoli também entendeu que, se a legislação permite aos políticos
mudar para novas legendas sem enquadrá-los como infiéis, a migração do
tempo de propaganda também é legítima. No entanto, o ministro ressalvou
que a regra só se aplica aos parlamentares fundadores, mas não aos
deputados que decidirem migrar a qualquer momento. Ele foi seguido pelos
ministros Rosa Weber, Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes,
Celso de Mello e Carlos Ayres Britto.
Além do voto divergente de Barbosa e Cármen Lúcia, uma nova tese foi
aberta pelo ministro Cezar Peluso, para quem o tempo de propaganda deve
ser dividido igualmente entre todas as siglas. Ele foi seguido pelo
ministro Marco Aurélio.
A decisão do STF deve influenciar julgamento pendente no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) em que a legenda de Kassab pede uma fatia maior
do Fundo Partidário. Assim como o tempo de propaganda, a verba é
rateada de acordo com a representação dos partidos na Câmara dos
Deputados – 5% divididos igualmente entre as legendas e 95% distribuídos
de acordo com a votação para deputado federal obtida nas últimas
eleições.
O julgamento começou no dia 24 de abril, e Toffoli – que também integra
o TSE – pediu vista quando o placar estava em 2 votos a 1 a favor do
PSD. O ministro ainda não devolveu o caso para julgamento, alegando que
aguardaria a decisão do STF sobre a questão da propaganda.
A definição sobre a propaganda também deve influenciar o impasse sobre a
nomeação de integrantes do PSD para comissões técnicas do Congresso
Nacional. Atualmente, os parlamentares encontram resistência porque se
considera que o PSD não tem representatividade, pois não participou das
eleições de 2010.
Edição: Talita Cavalcante
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