Crescimento populacional deve ser um dos temas centrais dos debates da Rio+20, diz cientista
04/06/2012
Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
O rápido aumento populacional no planeta - que passou
de 1 bilhão de habitantes, no século 19, para os atuais 7 bilhões – deve
ser um dos temas centrais dos debates sobre desenvolvimento sustentável
durante a Rio+20. A opinião é do cientista holandês Sander Van der
Leeuw, reitor da Escola de Sustentabilidade da Universidade do Estado do
Arizona (EUA), escolhido um dos vencedores do prêmio Campeões da Terra
2012, concedido anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (Pnuma). O anúncio aconteceu hoje (4), em cerimônia realizada
no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.
Arqueólogo e historiador, autor de 17 livros sobre as relações do homem
com o meio ambiente, Van der Leeuw diz que o aumento populacional
abrupto começou há cerca de 200 anos com a Revolução Industrial.
“De repente, a energia se tornou disponível tão facilmente que nos permitiu introduzir todos os tipos de invenções. Para manter nosso PIB [Produto Interno Bruto] crescendo, inventamos mais e mais e trouxemos mais pessoas para o sistema. Criamos todos os tipos de avanços na saúde e, automaticamente, a demografia se tornou, de fato, uma consequência não intencional do sistema”, explica o professor.
Van der Leeuw considera que a questão demográfica deve ser um dos temas centrais dos debates da Rio+20. “Nós vamos ter de fazer escolhas referentes à sustentabilidade do nosso mundo. Cada povo vai ter que fazer suas próprias escolhas, mas é verdade que algumas dessas escolhas afetam outros países, outras regiões. É uma questão fundamental, é algo que precisamos rever pensando em que tipo de mundo nós queremos criar.”
Apesar de diagnosticar a gravidade e a urgência da situação, Van der Leeuw não se define pessimista, mas tampouco otimista. “Se eu falar como arqueólogo, olhando pela perspectiva de 10 mil ou 100 mil anos, eu sou muito otimista. Sinto que as pessoas, no final, sempre encontraram soluções. Nós sempre demos um jeito de nos adaptar às condições difíceis que íamos encontrando. Mas se olharmos no curto prazo, então sou mais pessimista, no sentido de que as coisas estão se movendo tão rápidas que eu não sei se teremos tempo de agir.”
Segundo o cientista, embora o debate religioso cause impacto nas questões demográficas, pois as religiões são contra o controle da natalidade por métodos contraceptivos, outros fatores, como os avanços na medicina, também são responsáveis pelo aumento da população no planeta.
“Não é apenas a questão religiosa. Existe o incrível impacto da medicina, que mudou nossa expectativa de vida. As pessoas hoje vivem até os 94 anos, em vez de 62 anos. Tudo isso criou um rápido crescimento da população e nós precisamos ver o que podemos fazer a respeito. Um exemplo é a China, que decidiu controlar sua população de forma rígida.”
Também receberam o prêmio Campeões da Terra 2012 o presidente da Mongólia, Tsakhia Elbegdorj, por priorizar energias limpas em seu país; o sultão dos Emirados Árabes Unidos Ahmed Al Jaber e o brasileiro Fábio Barbosa, por seus esforços em incluir sustentabilidade nos negócios; o suíço Bertrand Piccard, pelas experiências com transportes movidos a energias sustentáveis, e o queniano Samson Parashina, pela luta pessoal em defesa dos animais selvagens de seu país.
Edição: Fábio Massalli
“De repente, a energia se tornou disponível tão facilmente que nos permitiu introduzir todos os tipos de invenções. Para manter nosso PIB [Produto Interno Bruto] crescendo, inventamos mais e mais e trouxemos mais pessoas para o sistema. Criamos todos os tipos de avanços na saúde e, automaticamente, a demografia se tornou, de fato, uma consequência não intencional do sistema”, explica o professor.
Van der Leeuw considera que a questão demográfica deve ser um dos temas centrais dos debates da Rio+20. “Nós vamos ter de fazer escolhas referentes à sustentabilidade do nosso mundo. Cada povo vai ter que fazer suas próprias escolhas, mas é verdade que algumas dessas escolhas afetam outros países, outras regiões. É uma questão fundamental, é algo que precisamos rever pensando em que tipo de mundo nós queremos criar.”
Apesar de diagnosticar a gravidade e a urgência da situação, Van der Leeuw não se define pessimista, mas tampouco otimista. “Se eu falar como arqueólogo, olhando pela perspectiva de 10 mil ou 100 mil anos, eu sou muito otimista. Sinto que as pessoas, no final, sempre encontraram soluções. Nós sempre demos um jeito de nos adaptar às condições difíceis que íamos encontrando. Mas se olharmos no curto prazo, então sou mais pessimista, no sentido de que as coisas estão se movendo tão rápidas que eu não sei se teremos tempo de agir.”
Segundo o cientista, embora o debate religioso cause impacto nas questões demográficas, pois as religiões são contra o controle da natalidade por métodos contraceptivos, outros fatores, como os avanços na medicina, também são responsáveis pelo aumento da população no planeta.
“Não é apenas a questão religiosa. Existe o incrível impacto da medicina, que mudou nossa expectativa de vida. As pessoas hoje vivem até os 94 anos, em vez de 62 anos. Tudo isso criou um rápido crescimento da população e nós precisamos ver o que podemos fazer a respeito. Um exemplo é a China, que decidiu controlar sua população de forma rígida.”
Também receberam o prêmio Campeões da Terra 2012 o presidente da Mongólia, Tsakhia Elbegdorj, por priorizar energias limpas em seu país; o sultão dos Emirados Árabes Unidos Ahmed Al Jaber e o brasileiro Fábio Barbosa, por seus esforços em incluir sustentabilidade nos negócios; o suíço Bertrand Piccard, pelas experiências com transportes movidos a energias sustentáveis, e o queniano Samson Parashina, pela luta pessoal em defesa dos animais selvagens de seu país.
Edição: Fábio Massalli
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