Especialistas: pacote não salva Grécia
Novo pacote pode ampliar crise na Grécia |
Autor(es): agência o globo:Fabiana Ribeiro* |
O Globo - 14/02/2012 |
Cortes de gastos do governo devem frear ainda mais a atividade econômica e segurar a demanda, afirmam analistas ATENAS. A crise grega está longe de terminar. O pacote de austeridade fiscal aprovado pela Grécia não deve ser suficiente para tirar o país da atual crise, afirmam especialistas. As duras medidas anunciadas pelo governo - que pretende cortar 3,3 bilhões em gastos apenas neste ano - podem deteriorar ainda mais os indicadores econômicos e ampliar os protestos da população. Também estão previstos cortes de salários e pensões, além de demissões de funcionários públicos. O pacote visa a acalmar os ânimos dos credores e, assim, garantir a liberação do segundo socorro financeiro de 130 bilhões da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). A Grécia precisa dos recursos internacionais antes de 20 de março para pagar dívidas de 14,5 bilhões ou enfrentaria um calote que poderia abalar toda a zona do euro. Milhares de gregos foram, mais uma vez, às ruas para protestar contra o governo, incendiando prédios e lojas e saqueando estabelecimentos comerciais. - A Grécia está longe de sair da crise. O país está comprando tempo e, dessa maneira, adia a solução do seu problema, que vai ficando cada vez pior. A situação é dramática e se complica, porque a ajuda financeira vai exigir, além da austeridade aprovada, um comprometimento político do novo primeiro-ministro do país. As eleições serão agora em abril - disse Mônica de Bolle, economista da Galanto. UE: expectativa de o país apresentar mais cortes E o governo grego continua sob pressão para convencer os céticos da zona do euro sobre implementação dos termos do pacote aprovado pelos legisladores. "As promessas da Grécia não são mais suficientes para nós", afirmou o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, em entrevista publicada no jornal "Welt am Sonntag". A Grécia precisa evitar um calote desordenado ou terá de enfrentar "consequências devastadoras", afirmou, por sua vez, o comissário de Assuntos Econômicos da UE, Olli Rehn. Ele também se disse confiante de que o premier Lucas Papademos apresentará, até amanhã, cortes adicionais de 325 milhões. A UE e o FMI afirmaram que os empréstimos serão liberados somente com o compromisso claro de líderes políticos gregos de que vão implementar as reformas - e isso independentemente de quem vença as próximas eleições. O mandato atual, liderado por Papademos e constituído em novembro, tecnicamente poderia prosseguir até outubro de 2013. Monica acredita que, sob os efeitos das medidas de austeridade, a economia grega pode levar um tombo de 6% neste ano - bem mais do que os 2,5% de queda no Produto Interno Bruto (PIB, conjunto dos bens e serviços produzidos no país) já esperados pelo governo. Segundo Antônio Correa de Lacerda, especialista da PUC-SP, as medidas de austeridade vão esfriar ainda mais o nível de atividade econômica e a demanda. - Ao restringir a demanda, o que se verá é um aprofundamento da crise - resumiu ele. Saída da zona do euro deixaria Grécia sozinha Diante da aprovação do pacote de austeridade, os ministros das Finanças da zona do euro (Eurogrupo) vão se reunir amanhã para acertar os termos do acordo de troca de dívida da Grécia, disseram ontem fontes próximas às negociações. Se não houver mais atrasos no processo, a expectativa é de que os credores da Grécia assumam uma perda líquida de 70%, segundo fontes que falaram à Reuters. Os termos incluirão uma nova taxa de juros média de 3,5% para os credores e uma garantia adicional atrelada ao crescimento grego. Isso dará aos investidores algum potencial de alta dos títulos, se a posição econômica do país melhorar, mas esse efeito será limitado, acrescentou uma das fontes. A perda de confiança na Grécia vem dando mais voz à defesa de que o país saia da zona do euro. Seria um erro, avaliou Lacerda. Em sua opinião, integrar a zona do euro garante uma retaguarda, um apoio financeiro para as crises. Sair é ficar só, continuou ele. Mônica concorda: - O custo de sair da zona do euro seria muito elevado para a Grécia. Não seria esse movimento que deteria essa crise. A UE se volta para a Grécia numa tentativa de evitar um caos financeiro ainda maior na região. Portugal, na visão de analistas, pode ser o próximo a sofrer as consequências de uma turbulência mais forte. - A boa vontade com os portugueses é maior. Em primeiro lugar, Portugal já vem implementando medidas de austeridade, e isso passa mais confiança aos credores. Em segundo, uma crise em Portugal pode chegar rapidamente à economia da Espanha, o que, claro, é um problema mais grave do que a crise grega. |
Professor, seu blog está a cada dia mais bacana! Parabéns por nos ajudar a "estudar" atualidades.
ResponderExcluirForte abraço!
Cristiane - EAD A Casa - Brasília-DF
obrigado...
ResponderExcluirBons estudos!!!
Cássio Albernaz