quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

AJUDA À GRÉCIA É VISTA COM PESSIMISMO

AJUDA À GRÉCIA É VISTA COM PESSIMISMO

PACOTE NÃO ELIMINA RISCO DE CALOTE GREGO
Autor(es): Andrei Netto
O Estado de S. Paulo - 22/02/2012
 
Durou menos de seis horas o otimismo após a aprovação do segundo pacote de socorro concedido pela União Europeia e pelo FMI à Grécia. Mesmo com um programa de resgate recorde em tempos de paz, que inclui uma linha de crédito de 130 bilhões de euros e um acordo para o corte de 107 bilhões de euros em dívidas privadas, as dúvidas que pesam sobre Atenas retornaram logo na abertura dos mercados financeiros. As principas bolsas do bloco fecharam no vermelho, confirmando que a insegurança persiste em pelo menos dois pontos: se o país cumprirá as metas de austeridade e se crescerá como previsto. Mesmo com todas as obrigações e com a perda de soberania econômica, o premiê grego, Lucas Papademos, classificou de "histórico" o acordo, que permitirá ao país saldar um total de 14,5 bilhões de euros em dívida com vencimento em 20 de março, evitando o calote. "Muito ainda resta a fazer, em um futuro próximo, para realizar todas as ações necessárias." Bolsas da Europa reagem com leves quedas ao socorro de 130 bi aprovado por União Europeia e FMI; país pode precisar de nova ajuda PARIS - Durou menos de seis horas o otimismo após a aprovação do segundo pacote de socorro concedido por União Europeia (UE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) à Grécia. Mesmo com um programa de resgate recorde em tempos de paz, que inclui linha de crédito de € 130 bilhões e acordo para o corte de € 107 bilhões em dívidas privadas, as dúvidas que pesam sobre Atenas retornaram na abertura dos mercados financeiros. As principais bolsas do bloco fecharam no vermelho, confirmando que a insegurança persiste em dois pontos: se o país cumprirá as metas de austeridade e se crescerá como previsto. O acordo para o programa de auxílio à Grécia foi firmado no fim da madrugada desta terça-feira, 21, em Bruxelas, ao término de mais de 12 horas de negociações entre o Eurogrupo – o fórum de ministros de Finanças da zona do euro – e os representantes do Banco Central Europeu (BCE), do FMI e de investidores privados. O plano prevê resgate inédito: € 130 bilhões em empréstimos, dos quais € 30 bilhões para recapitalização do sistema bancário grego e outros € 30 bilhões em garantias aos credores privados. Em troca do seguro, o Instituto Internacional de Finanças (IIF) aceitou desconto de 53% do valor de face dos títulos de dívidas soberanas de Atenas. O porcentual é maior que os 50% previstos no rascunho do documento. Também as condições de reembolso foram mais positivas, com uma taxa média de juros de 3,65% ao ano para os novos bônus. Com isso, a atual dívida privada da Grécia, de € 206 bilhões, será reduzida em € 107 bilhões até 2020. Os bancos centrais da Europa também concederão desconto de € 3,2 bilhões. Se todos os cenários de corte de gastos, de crescimento e de pagamento de obrigações feitos pela União Europeia e pelo FMI estiverem corretos, a relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB) do país cairá para 120% em oito anos. Em troca do pacote, três condições foram impostas à Grécia. A primeira é a de que uma "força tarefa" de técnicos de Bruxelas e do FMI vai supervisionar de perto a aplicação das medidas de austeridade do governo do primeiro-ministro Lucas Papademos. A segunda condição diz respeito ao bloqueio da transferência de recursos da UE para o pagamento da dívida caso os compromissos não sejam cumpridos – o que na prática retira de Atenas a autonomia na gestão do pacote. O terceiro ponto é a cláusula que obriga o Parlamento grego a criar lei estabelecendo que "todos os fundos europeus serão dirigidos prioritariamente para pagamento do serviço da dívida". Mesmo com todas as obrigações e com a perda de soberania econômica, Papademos classificou de "histórico" o acordo, que permitirá ao país saldar um total de € 14,5 bilhões em dívida com vencimento em 20 março. "Muito ainda resta a fazer, em um futuro próximo, para realizar todas as ações necessárias", reconheceu o premiê. É justamente o que resta a fazer que inquieta investidores e líderes políticos. As principais bolsas da Europa fecharam em baixas moderadas nesta terça, sem entusiasmo com o plano. Em Londres, o índice FTSE 100 caiu 0,29%, enquanto em Paris o CAC 40 fechou com recuo de 0,21%. Em Frankfurt, o DAX caiu 0,58%. O pior resultado veio de Atenas, onde o tombo do índice ASE chegou a 3,47%. Entre líderes políticos europeus, José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia, tentou demonstrar confiança na capacidade da Grécia de honrar os compromissos daqui para a frente. "O acordo fecha a porta ao cenário de um calote, com todas as graves consequências sociais e econômicas que teria." Apesar de todas as negociações, restam pendências no programa europeu. A principal diz respeito à participação do FMI no montante total. No primeiro plano de socorro à Grécia, o fundo contribuiu com 30% do valor. Agora, com as pressões crescentes de alguns países-membros, o FMI pode limitar a participação a 10%, ou € 13 bilhões. O FMI, gerenciado por Christine Lagarde, já injetou um terço dos recursos nos planos de socorro à Grécia, à Irlanda (€ 85 bilhões) e a Portugal (€ 73 bilhões) desde dezembro de 2009.

3 comentários:

  1. Professor, existe chances de países com a Inglaterra deixarem a zona do euro caso a crise permaneça insolúvel?

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    1. A Inglaterra não faz parte da zona do euro. Somente os seguintes países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovénia ,Estónia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália ,Luxemburgo ,Malta ,Holanda e Portugal.

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    2. Prezados,

      Existem algumas diferenças entre União Européia e a definição de Zona do Euro. A Zona do Euro refere-se a União Monetária, criada em 1999, dentro da União Européia, logo que quando da criação da UE alguns países não aceitaram fazer parte da união monetária (como o caso do Reino Unido), ou seja, dos 27 membros da União Européia apenas 17 pertencem a Zona do Euro.

      Se especula uma possível saída da Grécia da Zona do Euro, pois isso daria maior autonomia para o governo grego enfrentar a crise e não diluiria a crise entre todos os membros.

      Entretanto, isso é só especulação! Para provas de concursos o que vale são os fatos consumados e não o vir a ser...

      atenciosamente,

      Cássio Albernaz

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