Morreu ontem, na queda de um helicóptero, o general e candidato
presidencial paraguaio Lino Oviedo, articulador do golpe que derrubou o
ditador Alfredo Stroessner em 1989. As primeiras informações indicavam
que o mau tempo causara a tragédia. Mas aliados de Oviedo, que já foi
asilado no Brasil, suspeitam de “atentado” e “crime político”. O governo
do país abrirá investigação para apurar as causas do acidente, que
também matou o piloto da aeronave e um guarda-costas
Governo paraguaio diz que abrirá uma investigação para descobrir o que
causou o acidente, ocorrido quando o candidato presidencial voltava a
Assunção, em meio ao mau tempo, de um comício; para "oviedistas", foi
uma ação da máfia
Morreu ontem, na queda de um helicóptero, o general e candidato
presidencial paraguaio Lino Oviedo – que participou de várias tentativas
de golpe, incluindo a que derrubou o ditador Alfredo Stroessner, em
1989. As primeiras informações indicavam que o mau tempo causara a
tragédia. Mas aliados de Oviedo, que já foi asilado no Brasil, falavam
em "atentado".O helicóptero partiu de Concepción para Assunção na noite
de sábado, levando Oviedo, de 69 anos, um segurança e o piloto. Os três
morreram. À meia-noite, o sistema aéreo paraguaio entrou em alerta, após
notificar o desaparecimento da aeronave.
À rádio Ñanduti, um dos porta-vozes do "oviedismo", César Durand,
afirmou que "foi um crime político, uma mensagem da máfia". "Descartamos
totalmente a possibilidade de que tenha sido uma tormenta (a causa do
acidente)", completou Durand, dizendo que a data da morte "foi uma
mensagem". O dia 3 de fevereiro de 1989 marcou o fim dos 35 anos da
ditadura Stroessner.
General da reserva acusado por inimigos políticos de várias atividades
ilícitas, incluindo contrabando, lavagem de dinheiro e narcotráfico,
Oviedo tinha poucas chances de vencer a eleição presidencial de abril.
As equipes de resgate da polícia encontraram seu corpo em meio aos
destroços do helicóptero no norte do Paraguai, onde Oviedo viajara para
um evento de campanha.
"Em nome do governo, enviamos nossas sinceras condolências à família do
general", disse o presidente paraguaio, Federico Franco, numa mensagem
pelo Twitter. O governo decretou luto de três dias e suspendeu todas as
atividades oficiais. Oviedo apoiou a destituição-relâmpago do presidente
Fernando Lugo, em junho, que levou Franco ao poder.
Oviedo foi acusado de tramar para derrubar governos nos anos 90 e foi
sentenciado a 10 anos de prisão. Ele foi perdoado antes de completar a
pena, e retornou à política como líder do partido conservador União
Nacional de Cidadãos Éticos (Unace).
"Ele é uma pessoa que inquestionavelmente figura na história de nosso
país, com todas suas luzes e sombras", disse o ministro das
Comunicações, Gustavo Kohn.
As fotos mais recentes na página de Oviedo no Facebook o mostram usando
um chapéu de palha e camisa quadriculada, falando no sábado durante um
comício político na Província de Concepción, no norte do país.
O ministro do Interior, Carmelo Caballero, disse que o governo
investigará o acidente, que ocorreu na noite de sábado quando Oviedo
estava voando de volta para a capital, Assunção, em condições de tempo
ruins.
"Não podemos descartar nenhuma hipótese", disse Caballero.
O presidente anterior do Paraguai, Fernando Lugo, foi afastado do poder
pelo Congresso em junho quando os parlamentares votaram por sua saída
por não ter conseguido restabelecer a paz depois que 17 policiais e
camponeses morreram em choques relacionados a um despejo de terras.
Faltava um ano para o líder de esquerda completar seu mandato de cinco
anos.
Os advogados do ex-bispo católico Lugo questionaram a
constitucionalidade de seu impeachment a toque de caixa. Mas o supremo
tribunal eleitoral do país a ratificou.
Brasil deu asilo a paraguaio
Lino Oviedo e o então presidente paraguaio, Raúl Cubas, foram, acusados
em 1999 da morte do vice-presidente Luis Maria Argana em um atentado.
Cubas foi deposto e se refugiou no Brasil, e Oviedo, na Argentina,
onde receberam asilo
político. Em dezembro de 1999, dias antes da posse presidencial de
Fernando de la Rúa, que tinha prometido expulsar Oviedo da Argentina, o
general da reserva fugiu do país. Reapareceu em, junho de 2000 em Foz
de Iguaçu, onde foi capturado pela polícia brasileira.
O Supremo Tribunal do Brasil rejeitou o pedido de extradição do
Paraguai e libertou Oviedo 18 meses depois, após qualificar seu caso
como "perseguição política disfarçada". Voltou ao Paraguai em junho de
2004 e foi preso. Em setembro de 2007 foi solto após uma corte militar
confirmar que ele era vítima de perseguição política. Oviedo teve seus
direitos políticos restituídos e ficou em 3º lugar nas eleições
presidenciais de 2008. / AFP |
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