quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Oviedo morre e aliados suspeitam de crime político

Oviedo morre e aliados suspeitam de crime político

Queda de helicóptero mata Oviedo no Paraguai; aliados falam em "atentado"
O Estado de S. Paulo - 04/02/2013
 
Morreu ontem, na queda de um helicóptero, o general e candidato presidencial paraguaio Lino Oviedo, articulador do golpe que derrubou o ditador Alfredo Stroessner em 1989. As primeiras informações indicavam que o mau tempo causara a tragédia. Mas aliados de Oviedo, que já foi asilado no Brasil, suspeitam de “atentado” e “crime político”. O governo do país abrirá investigação para apurar as causas do acidente, que também matou o piloto da aeronave e um guarda-costas Governo paraguaio diz que abrirá uma investigação para descobrir o que causou o acidente, ocorrido quando o candidato presidencial voltava a Assunção, em meio ao mau tempo, de um comício; para "oviedistas", foi uma ação da máfia Morreu ontem, na queda de um helicóptero, o general e candidato presidencial paraguaio Lino Oviedo – que participou de várias tentativas de golpe, incluindo a que derrubou o ditador Alfredo Stroessner, em 1989. As primeiras informações indicavam que o mau tempo causara a tragédia. Mas aliados de Oviedo, que já foi asilado no Brasil, falavam em "atentado".O helicóptero partiu de Concepción para Assunção na noite de sábado, levando Oviedo, de 69 anos, um segurança e o piloto. Os três morreram. À meia-noite, o sistema aéreo paraguaio entrou em alerta, após notificar o desaparecimento da aeronave. À rádio Ñanduti, um dos porta-vozes do "oviedismo", César Durand, afirmou que "foi um crime político, uma mensagem da máfia". "Descartamos totalmente a possibilidade de que tenha sido uma tormenta (a causa do acidente)", completou Durand, dizendo que a data da morte "foi uma mensagem". O dia 3 de fevereiro de 1989 marcou o fim dos 35 anos da ditadura Stroessner. General da reserva acusado por inimigos políticos de várias atividades ilícitas, incluindo contrabando, lavagem de dinheiro e narcotráfico, Oviedo tinha poucas chances de vencer a eleição presidencial de abril. As equipes de resgate da polícia encontraram seu corpo em meio aos destroços do helicóptero no norte do Paraguai, onde Oviedo viajara para um evento de campanha. "Em nome do governo, enviamos nossas sinceras condolências à família do general", disse o presidente paraguaio, Federico Franco, numa mensagem pelo Twitter. O governo decretou luto de três dias e suspendeu todas as atividades oficiais. Oviedo apoiou a destituição-relâmpago do presidente Fernando Lugo, em junho, que levou Franco ao poder. Oviedo foi acusado de tramar para derrubar governos nos anos 90 e foi sentenciado a 10 anos de prisão. Ele foi perdoado antes de completar a pena, e retornou à política como líder do partido conservador União Nacional de Cidadãos Éticos (Unace). "Ele é uma pessoa que inquestionavelmente figura na história de nosso país, com todas suas luzes e sombras", disse o ministro das Comunicações, Gustavo Kohn. As fotos mais recentes na página de Oviedo no Facebook o mostram usando um chapéu de palha e camisa quadriculada, falando no sábado durante um comício político na Província de Concepción, no norte do país. O ministro do Interior, Carmelo Caballero, disse que o governo investigará o acidente, que ocorreu na noite de sábado quando Oviedo estava voando de volta para a capital, Assunção, em condições de tempo ruins. "Não podemos descartar nenhuma hipótese", disse Caballero. O presidente anterior do Paraguai, Fernando Lugo, foi afastado do poder pelo Congresso em junho quando os parlamentares votaram por sua saída por não ter conseguido restabelecer a paz depois que 17 policiais e camponeses morreram em choques relacionados a um despejo de terras. Faltava um ano para o líder de esquerda completar seu mandato de cinco anos. Os advogados do ex-bispo católico Lugo questionaram a constitucionalidade de seu impeachment a toque de caixa. Mas o supremo tribunal eleitoral do país a ratificou. Brasil deu asilo a paraguaio Lino Oviedo e o então presi­dente paraguaio, Raúl Cubas, foram, acusados em 1999 da morte do vice-presidente Luis Maria Argana em um atenta­do. Cubas foi deposto e se refu­giou no Brasil, e Oviedo, na Ar­gentina, onde receberam asilo político. Em dezembro de 1999, dias antes da posse presidencial de Fernando de la Rúa, que ti­nha prometido expulsar Oviedo da Argentina, o general da reser­va fugiu do país. Reapareceu em, junho de 2000 em Foz de Igua­çu, onde foi capturado pela polí­cia brasileira. O Supremo Tribunal do Bra­sil rejeitou o pedido de extradi­ção do Paraguai e libertou Ovie­do 18 meses depois, após quali­ficar seu caso como "persegui­ção política disfarçada". Vol­tou ao Paraguai em junho de 2004 e foi preso. Em setembro de 2007 foi solto após uma cor­te militar confirmar que ele era vítima de perseguição polí­tica. Oviedo teve seus direitos políticos restituídos e ficou em 3º lugar nas eleições presi­denciais de 2008. / AFP

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