Senador lançou candidatura na véspera e
enfrentará Pedro Taques (PDT), apoiado por "independentes".
Alvo de três inquéritos no STF, Renan Calheiros (PMDB-AL) deve ser
eleito hoje presidente do Senado. Sua candidatura foi lançada ontem com o
apoio de 17 dos 20 representantes da bancada peemedebista. Renan vai
enfrentar Pedro Taques (PDT-MT), lançado como candidato único de um
grupo de parlamentares apontados como independentes. Com 11
representantes, a bancada tucana decidiu pelo apoio a Taques e corre o
risco de perder a Primeira Secretaria do Senado. A expectativa de
aliados de Renan, no entanto, é de que ele receba votos de ao menos
quatro senadores do PSDB, já que a votação é secreta. Em reunião com os
senadores de sua bancada, Renan anunciou a criação de uma secretaria
para dar transparência aos atos do Senado e defendeu a votação de novas
regras do Fundo de Participação dos Estados (FPE).
Valdir Raupp – Presidente do PMDB "O Renan não teve nenhuma condenação. É
um líder nato".
Senado. Somente ontem a bancada do PMDB assumiu a candidatura, depois de
o senador ter passado semanas em silêncio e sem comentar sobre
denúncias e inquéritos contra ele; tucanos decidiram apoiar candidatura
do pedetista e podem perder cargo na Mesa
Alvo de três inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), o senador
Renan Calheiros (AL) foi oficialmente lançado ontem pelo PMDB candidato à
presidência do Senado. O peemedebista deverá ser eleito hoje com um
placar folgado de votos, mas, alvo de (denúncias, deve enfrentar
críticas constrangedoras na tribuna. Ele disputará com o senador Pedro
Taques (PDT- MT), que ontem obteve o apoio do PSDB e do PSB.
A menos de 24horas da eleição e debaixo de uma saraivada de denúncias e
de críticas da oposição, Renan manteve o suspense e uma candidatura
furtiva: ele simplesmente se recusou a falar sobre sua pretensão de
suceder José Sarney (PMDB-AP) no comando do Senado, pelos próximos dois
anos.
Questionado se a bancada está desconfortável e constrangida com a
candidatura de Renan, o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp foi
incisivo: "Em absoluto. O Renan não teve nenhum julgamento, nenhuma
condenação. É um líder nato".
Pedro Taques (PDT-MT) foi lançado ontem como candidato único de um grupo
de parlamentares apontados como independentes. "Ganhar ou perder é
uma consequência da disputa", avaliou Taques, depois de receber o apoio
do PSDB, que conta com 11 senadores. Por contrariar o PMDB, o PSDB
agora corre o risco de perder a 1ª Secretaria do Senado, uma espécie de
prefeitura da Casa. "O político que entra em uma eleição pensando só em
ganhar não pode ser candidato, estamos construindo esta candidatura
por motivo de honra", disse o pedetista.
A expectativa de aliados de Renan, porém, é que ele receba votos de
tucanos, já que a votação é secreta. O senador Antonio Carlos Valadares
(PSB-SE) cogitou se lançar na disputa, mas desistiu depois que Taques
se recusou a abrir mão de sua candidatura. O PSB resolveu, então,
apoiar também candidatura de Taques.
A candidatura de Renan para suceder Sarney foi aprovada por 17 do total
de 20 integrantes da bancada. Os senadores Pedro Simon (RS), Jarbas
Vasconcellos (PE) e Luiz Henrique (SC) não estavam presentes à reunião
que ungiu Renan à condição de candidato. Passados mais de 40 minutos
do fim do encontro, Renan foi abordado por jornalista que indagou se ele
se sentia confortável para presidir o Senado novamente. Levemente
irritado, ele respondeu: "Imagine você", e partiu em disparada.
Ao mesmo tempo em que a bancada do PMDB estava reunida para oficializar
a candidatura de Renan, os tucanos também promoviam um encontro para
decidir sobre o apoio à candidatura de Taques. Durante a reunião,
houve resistência de alguns tucanos que ainda discutiram em favor da
proporcionalidade do PMDB na indicação do nome. Apesar da decisão da
bancada favorável ao pedetista, a expectativa é que haja dissidências
de ao menos quatro parlamentares, especialmente a de Flexa Ribeiro
(PSDB-PA), candidato à 1ª Secretaria do Senado.
Preço. Mesmo assim, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse que a legenda
está disposta a sacrificar um cargo na Mesa. "Vamos reivindicar os
espaços aos quais temos direito, indicando nomes que possam atender aos
interesses da Casa, mas se esse for o preço a pagar, para mim ele é
absolutamente irrelevante."
Aécio reconheceu que será difícil reverter o favoritismo de Renan.
"Sabemos que é uma luta difícil, mas não tomamos uma decisão por razões
pessoais, mas para preservar a instituição. " Depois de tomar
conhecimento da postura do PSDB, o PMDB decidiu que uma eventual
retaliação aos tucanos dependerá do placar. Será diante do número de
votos obtidos por Renan que o PMDB saberá o tamanho da dissidência
entre os tucanos. Só então os aliados vão resolver se lançam ou não
candidato para disputar a primeira secretaria.
Na reunião da bancada do PMDB, Renan anunciou a criação de secretaria
para dar transparência aos atos do Senado. Defendeu ainda o
fortalecimento do pacto federativo e a votação de projeto com as novas
regras de partilha dos recursos do Fundo de Participação dos Estados
(FPE). Sarney fez um balanço de sua gestão à frente do Senado nos
últimos quatro anos. / COLABOROU DÉBORA ÁLVARES |
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