quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Mercado de trabalho: Desemprego é o menor em dez anos

Mercado de trabalho: Desemprego é o menor em dez anos

Recordes no trabalho
Autor(es): Henrique Gomes Batista
O Globo - 01/02/2013
 
Desemprego de 5,5% em 2012 é o menor em 10 anos. Renda subiu 4,1%, maior alta na década
O morno desempenho econômico de 2012 - quando o Brasil deve ter crescido cerca de 1% apesar de todos os estímulos - não afetou fortemente o mercado de trabalho: o desemprego, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, fechou o ano em 4,6% em dezembro, menor resultado mensal para a pesquisa iniciada em 2002. O número é ligeiramente inferior ao registrado em novembro (4,9%) e em dezembro de 2011 (4,7%). A média do desemprego do ano passado também é um piso histórico: 5,5%, contra 6% em 2011. O ano de 2012 apresentou alta do rendimento e da formalização de emprego nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo instituto (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre).
O total de ocupados nas seis regiões chegou a 22,956 milhões de pessoas no ano passado, uma alta de 2,2% frente a 2011. O rendimento médio no ano foi estimada em R$ 1.793,96, o que correspondeu a um crescimento de 4,1%, em relação a 2011, motivado principalmente pela alta do salário mínimo, de 14%. Foi a maior alta em dez anos. No ano anterior, a subida do rendimento havia sido de 2,7%
Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, afirma que o ano de 2012 apresentou resultados mais modestos que em 2011. Em parte, explica, isso se deve à menor atividade econômica e à comparação com 2011, ano bom para o mercado de trabalho, ainda sob o efeito da recuperação da crise de 2008 e 2009. Adriana Beringuy, pesquisadora do IBGE, afirma que o crescimento menor da economia em 2012 não retraiu o mercado de trabalho:
- Não houve, de maneira alguma, deterioração do mercado de trabalho no ano passado. O que vimos, no máximo, foi um ritmo menor no crescimento do emprego formal e do nível de ocupação - disse.
Dezembro mais "frio" que o ano
Mas os dados de dezembro vieram piores que o esperado pelos analistas. A variação da taxa do desemprego foi considerada estatisticamente estável e foi obtida principalmente por uma redução na procura por emprego, algo comum no fim do ano. O rendimento médio do trabalhador ficou em R$ 1.805, valor 0,9% inferior ao de novembro de 2012. Azeredo afirmou que apenas com os dados de janeiro será possível saber se o mercado de trabalho continua evoluindo ou se haverá uma certa acomodação. Ele afirmou ainda que é cedo para falar em pleno emprego no país:
- A pesquisa trata apenas de seis regiões metropolitanas e que, mesmo entre elas, há muitas diferenças. E temos ainda um contingente muito grande de trabalhadores sem carteira assinada, sem proteção previdenciária, com baixa escolaridade e renda, não acho correto falar de pleno emprego.
O economista José Márcio Camargo, professor da PUC-Rio, afirma que a retração da renda em dezembro deve ter sido causada principalmente pela aceleração da inflação. Ele acredita que o país já está vivendo o pleno emprego - pois a renda do trabalho cresce em velocidade superior à da produtividade. Para ele, o mercado de trabalho em expansão mesmo com a economia fraca vem da alta do setor de serviços, que demanda mais trabalhadores que a indústria, por exemplo, e que está crescendo em velocidade superior ao total da economia. Ele também diz que a oferta de mão de obra e a demanda devem continuar crescendo, o que dá margem para taxas de desemprego ainda mais baixas em 2013.
- O resultado foi um pouco aquém do esperado em dezembro, mas a taxa está muito baixa e tende a ficar neste patamar.
Caio Martins, economista da LCA Consultores, também credita ao setor de serviços e comércio a alta do emprego, além da manutenção de postos na indústria. Ele alega que o setor não quer dispensar funcionários pelos altos custos das demissões e por temer ficar sem pessoal, se a economia crescer de forma vigorosa. Ele estima que o desemprego em 2013 vai ficar em 5,3%.
O comércio continua contratando forte. A rede de supermercado Superprix está abrindo lojas e contratando 350 pessoas, como Beatriz Brás, de 18 anos, que conseguiu seu primeiro emprego. Nessa leva de contratações entrou também Míriam de Oliveira, que estava procurando um posto há cinco meses e que se surpreendeu com a velocidade da recolocação, mas lembrou que os empregadores estão cobrando mais qualificação.
- Não basta agora ter apenas experiência, estamos exigindo mais cursos na hora de contratar - diz Miriam.
Em 10 anos, renda sobe 27,2%
O IBGE também divulgou ontem um estudo comparativo dos primeiros dez anos de PME. Na década, o total de desempregados caiu de 2,608 milhões de pessoas em 2003 para 1,338 milhões em 2012. A média de horas trabalhadas por semana passou de 41,3 em 2003 para 40,3 horas. Também aumentou o percentual de trabalhadores que contribuem para a previdência: passou de 61,2% em 2003 para 72,8% em 2012. No período, o setor de serviços foi o que mais ganhou peso: passou de 13,4% em 2003 para 16,2% em 2012. O setor de comércio, contudo, ainda lidera com 18,7% dos trabalhadores. A renda média do trabalhador no período cresceu 27,2%, já descontada a inflação.

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