Fora da meta: Petrobras produz menos e ação cai
Produção da Petrobras recua ao menor nível desde 2008 |
Autor(es): Danielle Nogueira |
O Globo - 30/10/2012 |
Ações da empresa caem mais de 3% por aumento de custos Depois de anunciar lucro de R$ 5,5 bilhões no terceiro trimestre, abaixo do esperado pelo mercado, a Petrobras informou ontem que a produção de petróleo caiu para o menor patamar desde abril de 2008. O mercado não recebeu bem os números da companhia e as ações chegaram a cair 4,54% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), mas fecharam com queda menor, de 3,45%. Os investidores condenaram o aumento dos custos da companhia, que anulou parte dos ganhos com o reajuste dos combustíveis. A produção da Petrobras foi de 1,843 milhão de barris de petróleo por dia em setembro, o menor volume desde abril de 2008, quando a marca foi de 1,842 milhão de barris. Ante agosto, a queda foi de 4,4%. O diretor de Exploração e Produção da empresa, José Fomigli, disse que a redução foi decorrente de paradas programadas de algumas plataformas, que acabaram se estendendo mais que o previsto por causa de condições climáticas adversas. Ele assegurou, porém, que a meta de produção para este ano, de 2,022 milhões de barris de petróleo diários, está mantida. Como a produção já voltou ao normal, a expectativa para outubro é que sejam extraídos 1,941 milhão de barris de petróleo por dia. Além disso, entre novembro e dezembro entrarão em operação novos poços no campo de Baleia Azul, também na Bacia de Campos. Fomigli adiantou ainda que no dia 19 a Petrobras lançará o Programa de Aumento da Eficiência Operacional (Proef) da unidade Rio de Janeiro, a exemplo do que foi feito em julho com a Bacia de Campos. O objetivo é elevar a produção de petróleo nas plataformas já existentes, com ajustes operacionais que elevem a eficiência da atividade. Já o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse que a empresa trabalha com expectativa de novos reajustes nos preços da gasolina e do diesel, embora não tenha precisado quando isso poderia acontecer. Em seu plano de negócios, a companhia previa reajuste de 15% para ambos em 2013. No entanto, até agora, a gasolina subiu apenas 7,83% e o diesel, 10,2%. Os reajustes ocorreram entre junho e julho: - Sempre que há uma defasagem, há uma expectativa de reajuste de preço. Não temos uma data, o importante é que haja um equilíbrio. Mas temos uma expectativa que nossos preços se alinhem com os preços internacionais. MAIS GASTOs COM PATROCÍNIO Em palestra de abertura da VII Semana de Petróleo da UFRJ, a presidente da companhia, Maria das Graças Foster, reconheceu que o preço da gasolina no Brasil está defasado em relação ao mercado externo, mas ressaltou que a política da Petrobras é de longo prazo: - Hoje, nossa gasolina não tem convergência com o preço internacional. Evidentemente existe uma defasagem. Mas temos uma política de longo prazo. Lá na frente você ganha. Esperamos que os preços se compensem no futuro. A defasagem de preços foi um dos fatores que contribuíram para segurar os ganhos da empresa no terceiro trimestre. A Petrobras teve que importar diesel e gasolina a preços mais elevados que os do Brasil. De acordo com Barbassa, o início da safra, o maior movimento por causa das eleições e a atividade econômica como um todo pressionaram a demanda por combustíveis. O balanço da empresa também revelou que, num momento em que a empresa está buscando cortar custos, os gastos com relações institucionais e projetos culturais quase dobrou no terceiro trimestre, para R$ 1,012 bilhão. No segundo trimestre havia sido R$ 567 milhões e no terceiro trimestre de 2011, de R$ 802 milhões. A empresa não explicou o motivo do aumento. Esse aumento da importação de combustíveis, ao lado da alta nos custos de produção, contribuiu para o recuo nos papéis da Petrobras. A ação ordinária (ON, com voto) caiu 3,45%, enquanto a preferencial (PN, sem voto) perdeu 3,39%, a R$ 21,35. O movimento acabou puxando o Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo, que caiu 0,17%, aos 57.176 pontos. O volume de negócios foi baixo, de R$ 3,6 bilhões, influenciado pelo fechamento da Bolsa de Nova York - pela primeira vez desde o 11 de Setembro - em função do furacão Sandy. O dólar fechou em alta de 0,29%, a R$ 2,33. - O volume de vendas foi razoável e o resultado seria melhor se não fosse o aumento de custos - afirmou o analista da SLW Corretora Erick Scott. Em seu discurso, a presidente da Petrobras também disse que todas as 28 térmicas da Petrobras estão sendo usadas no limite, para assegurar o abastecimento energético: - Estamos há várias semanas operando no limite de capacidade das nossas usinas. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário