BARBOSA CRÍTICA ‘ASILO’ A CONDENADOS NO MENSALÃO
BARBOSA DIZ QUE ABRIGAR CONDENADOS NA CÂMARA É VIOLAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO |
O Estado de S. Paulo - 21/12/2012 |
A
possibilidade de a Câmara dar abrigo a deputados condenados no mensalão
para evitar prisões foi classificada ontem como “uma violação das mais
graves à Constituição” pelo presidente do STF e relator do processo,
Joaquim Barbosa. Mais cedo, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS),
não descartou a hipótese de acolher os deputados condenados - como a
Polícia Federal, que executa as prisões, não tem autorização para entrar
no Parlamento, eles estariam “a salvo” da cadeia no fim de ano. Barbosa
fez ainda outras críticas ao Legislativo, onde, para ele, há uma
“tirania inconsequente, ignorante, sem noção, como se diz por aí”. Hoje
Barbosa decidirá sobre o pedido do procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, para a prisão imediata dos condenados. Ele emitiu sinais
contraditórios sobre qual posição vai adotar
A
possibilidade de a Câmara dos Deputados dar abrigo a parlamentares
condenados no processo do mensalão para evitar prisões foi classificada
ontem como "uma violação das mais graves à Constituição" pelo
presidente do Supremo Tribunal Federal e relator da ação, Joaquim
Barbosa. A declaração foi dada após o presidente da Câmara, Marco Maia
(PT-RS), dizer que não descarta a hipótese de acolher os deputados
condenados, para protegê-los (leia abaixo).
Barbosa fez outras críticas ao Legislativo, no qual haveria a "tirania do grande número", uma "tirania inconsequente, ignorante, sem noção, como se diz por aí". O ministro afirmou que os ataques feitos às decisões do Supremo decorrem de falta de compreensão do sistema jurídico e de "falta de leitura".
O
presidente do STF afirmou que não cabe a uma "autoridade política"
decidir sobre prisão. "A proposição de uma medida dessa natureza, de
acolher condenados pela Justiça no plenário de uma das Casas do
Congresso, é uma violação das mais graves à Constituição brasileira."
Desde que o Suprgmo decidiu pela perda de mandato dos deputados condenados no processo, Judiciário e Legislativo trocam rusgas pela imprensa. As divergências se agravaram após liminar do ministro Luiz Fux impedir a derrubada do veto presidencial na lei dos royalties do petróleo antes de outros 3 mil vetos serem apreciados pelo Congresso.
Para
rebater outra declaração de Maia - a de que é o Congresso quem nomeia e
cassa ministros do STF -, Barbosa classificou-a como fruto de
"desconhecimento puro das instituições". Disse que jamais poderia se
cogitar crime de responsabilidade - hipótese em que o mandato pode ser
retirado - quando um ministro do STF cumpre sua função.
Barbosa
observou que a República brasileira é constituída pela separação de
poderes e defendeu o sistema como melhor do que um modelo que
privilegiasse o Legislativo. "Não há tirania maior do que a do grande
número, e essa tirania do grande número, em geral, se estabelece no
Par- " lamento, uma tirania inconsequente, ignorante, sem noção, como
se diz por aí."
Prerrogativas»
O ministro refutou acusações de que o STF tenha tomado prerrogativas
do Legislativo. "As pessoas são eleitas para gozarem de privilégios que
não são extensivos ao cidadão comum? Inclusive privilégios de
natureza penal, privilégios consistentes em atacar o patrimônio
público e violar de maneira grave todo sistema de normas do país. Será
que a Constituição confere esse tipo de privilégio?", questionou. "Isso
é falta de compreensão do nosso sistema jurídico constitucional, falta
de leitura, de conhecimento do próprio País, da Constituição do País."
Barbosa confirmou que vai ser o responsável pela execução penal do processo do mensalão, definindo onde os condenados pagarão suas penas.
O
presidente do STF afirmou que cada ministro tem de estar preparado
para a repercussão das decisões que toma e disse estar "lisonjeado" com
pesquisas de intenção devoto para a Presidência da República que
apontam até 10% para seu nome. "Mas isso, evidentemente, não muda em
nada aquilo que sempre fui, um ser absolutamente alheio a partidos
políticos7", disse. Questionado sobre as críticas de condenados a sua
atuação, foi irônico: "Não discuto com réus meus", afirmou, encerrando
a entrevista.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário