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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Com queda de 0,3% do PIB no primeiro trimestre, Espanha entra oficialmente em recessão

Com queda de 0,3% do PIB no primeiro trimestre, Espanha entra oficialmente em recessão

17/05/2012

Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil

A economia espanhola entrou oficialmente em recessão, ao registrar queda de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano, segundo dados divulgados hoje (17) pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Para os especialistas, a retração da economia espanhola foi provocada pela desaceleração nos gastos dos consumidores e das administrações públicas. É a segunda vez, após a crise que começou em 2008, que a Espanha entra em recessão. O INE informou que as economias da zona do euro não registraram crescimento no primeiro trimestre.
As economias da Alemanha e Áustria cresceram 0,5% e 0,2%, respectivamente, enquanto a da França ficou estagnada. No caso dos Países Baixos, do Reino Unido e da Espanha houve queda acentuada, sendo que a Itália registrou -0,8%.
Ontem (16), em visita a Brasília, o ministro de Assuntos Exteriores e Cooperação da Espanha, José Manuel García-Margallo, disse que as dificuldades vividas na Europa em decorrência dos impactos da crise econômica internacional são passageiras e que serão solucionadas.

*Com informações da agência estatal de notícias de Cuba, Prensa Latina // Edição: Juliana Andrade

segunda-feira, 14 de maio de 2012

‘Indignados’ voltam às praças da Espanha em seu primeiro aniversário

‘Indignados’ voltam às praças da Espanha em seu primeiro aniversário

Publicado em Carta Capital
'Indignados' reunidos na Puerta del Sol, em Madri, na noite de sábado 12. Foto: Pedro Armestre / AFP
'Indignados' reunidos na Puerta del Sol, em Madri, na noite de sábado 12. Foto: Pedro Armestre / AFP

Milhares de ‘indignados’, o movimento social nascido há um ano em protesto contra a crise econômica, os políticos e os excessos do capitalismo, voltaram às praças da Espanha neste fim de semana, no pontapé inicial de quatro dias de mobilizações para demonstrar que seu espírito continua vivo. Sob o lema “Tomar as ruas”, os ativistas, em sua maioria jovens mobilizados por meio das redes sociais, convocaram concentrações em 80 cidades do país. Em Madri, os manifestantes voltaram a ocupar a Puerta del Sol, a praça do centro da capital onde nasceu o movimento, e pretendem ficar lá até terça-feira, quando será celebrado o aniversário dos protestos. Desde que o acampamento foi desmantelado, no dia 12 de junho do ano passado, o movimento perdeu visibilidade nos meios de comunicação, mas seguiu vivo nas redes sociais, nas assembleias de bairro e na luta contra a exclusão, embora com menos seguidores. “Os que permaneceram são os mais conscientes, atuando em ações setoriais, como, por exemplo, opondo-se aos despejos”, afirma Antonio Alaminos, professor de sociologia da Universidade de Alicante. Desta vez, os manifestantes pretendem ficar no local até terça-feira. “Não será um acampamento, e sim uma assembleia permanente”, explica Luis, porta-voz do movimento.
Na capital espanhola, os manifestantes pareciam não ter a intenção de respeitar a proibição oficial de não se manifestar depois das 22 horas e de voltar a reeditar sua “assembleia permanente” do ano passado, que durou semanas. Com a noite avançada, milhares de “indignados” continuavam na grande praça, sentados em círculos, conversando ou tocando tambores, observados pelos veículos da polícia estacionados próximos.


À meia-noite, levantando os braços para o céu, os “indignados” fizeram um minuto de silêncio antes de começarem a gritar em coro, desafiadores, um de seus lemas: “Sim podemos, sim podemos”. Em Madri, 30 mil pessoas se manifestaram, segundo a polícia. Em Barcelona, a segunda cidade do país, foram entre 45 mil, segundo a polícia, e 220 mil, segundo os organizadores. Outras concentrações importantes aconteceram em Valencia, Sevilha e Bilbao.
“Estamos aqui porque é necessária uma mudança global, porque a indignação não parou. Continuamos indignados com as políticas de austeridade que a elite econômica nos impõe”, afirma em Madri Víctor Valdés, um estudante de filosofia de 21 anos. A frase “Juventude sem futuro” estampa sua camisa.
Em um país afundado mais uma vez na recessão, com uma taxa de desemprego de 24,44%, que chega a 52% entre os jovens, o governo conservador de Mariano Rajoy impõe já há seis meses medidas de rigor para poupar 30 bilhões de euros, com cortes que incluem setores como a saúde pública e a educação.
Graças ao movimento surgido em 15 de maio passado, “pouco a pouco a sociedade foi abrindo os olhos”, afirma Noelia Moreno, de 30 anos, uma das participantes do protesto que, inspirado nas manifestações da primavera árabe, surpreendeu o mundo. “Acredito que algo mudou na mentalidade das pessoas, não é algo muito tangível agora, mas foi plantada uma sementinha que no futuro vai poder ser vista”, assegura. É consciente, no entanto, da necessidade de manter o movimento vivo. “É uma corrida de longa distância, ninguém pode mudar tudo um sistema político em um dia, nem em um ano, isso leva tempo”, afirma.
Manter este impulso é precisamente o que os “indignados” buscam neste primeiro aniversário, que durante quatro dias dará origem a debates e assembleias populares nas praças de toda a Espanha.
Até aqui, o efeito mais concreto da mobilização dos “indignados”, o novo salto dado pela Plataforma de Afetados pelas Hipotecas (PAH), que desde 2009 luta contra o despejo de famílias endividadas, muitas delas de imigrantes, conseguiu nos últimos meses cancelar ou adiar dezenas de expulsões.

sábado, 31 de março de 2012

‘Corte de orçamento vai aprofundar recessão’

‘Corte de orçamento vai aprofundar recessão’

De Carta Capital

Após anúncio de corte de 27,3 bilhões de euros nas contas do governo, analistas defendem que política europeia de austeridade não é o melhor caminho para conter crise . Foto: Marta F. Maeso

Um dia após uma greve geral levar milhares de pessoas às ruas de diversas cidades da Espanha, entre elas Valencia, Bilbao, Barcelona e a capital, Madri, o governo anunciou nesta sexta-feira 30 um corte de 27,3 bilhões de euros no orçamento de 2012.
A mais rígida medida de austeridade desde a redemocratização do país em 1978, segundo o ministro da Fazenda Cristóbal Montoro.
O objetivo é reduzir o déficit público de 8,51% do PIB do país em 2011 para 5,3% no final deste ano, embora a meta esperada pela União Europeia fosse de 4,4%. Inviabilizada, os líderes europeus concordaram em aumentar a margem, mas a ação gerou desconfiança no mercado e alta nos juros dos títulos da dívida espanhola.
Com o temor de enfrentar dificuldades para se financiar a partir da venda de títulos, o país optou pelas medidas de austeridade para garantir sua credibilidade, explica Antonio Carlos Alves dos Santos, doutor em economia e professor da PUC-SP, embora isso deva provocar um “baque maior” maior na economia espanhola.
Antes do anúncio, a expectativa era que o país registrasse uma queda de 1,7% no PIB. “A medida não é o melhor caminho, porque o país já registra elevados níveis de desemprego, mas ao não cumprir a meta de déficit público ficou em situação delicada.”
Santos acredita que o país viu-se pressionado a apostar em no financiamento do mercado ao invés do crescimento econômico.
Júlio Sérgio Gomes de Almeida, doutor em economia e consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), também defende que o corte no orçamento, a princípio, deve influenciar no crescimento do país, a menos que outros fatores – como um programa de relançamento da economia europeia –, o compense. “Os países europeus em cenário de recessão apresentaram uma leve melhora, mas não há, no momento, sinal de algum mecanismo de compensação.”
Em meio a pressões, o governo espanhol congelou o salário dos servidores públicos e deve cortar cerca de 15% do orçamento de cada um dos ministérios para atingir um valor final “muito austero”, segundo o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy – pressionado pela EU para conter o déficit público.


O governo também pretende arrecadar 12,3 bilhões de euros em 2012, ajudado pelo aumento de impostos a grandes companhias e elevação de preços da energia em 7% e do gás.
Nas ruas, os espanhóis protestaram na quinta-feira 29. Barcelona reuniu cerca 800 mil pessoas nas ruas, de acordo com dados dos sindicatos e 80 mil nas estimativas da policia. Em Madri, os sindicatos estimaram a participação popular 900 mil indivíduos.
O país tem o maior índice de desemprego da Europa, com 24% de sua população desocupada. Entre os jovens a situação é ainda mais crítica com quase metade dos jovens com menos de 25 anos estão sem trabalho.
Segundo o consultor do IEDI, essa situação também é influenciada pela política da UE de defender cortes para reequilibrar o orçamento de países em crise, seguindo a lógica de que isso favoreceria o retorno do crescimento. “Se um corte leva ao declínio da atividade econômica, fica mais difícil obter o equilíbrio fiscal”, questiona.
“Qual país tem uma melhora no seu déficit fiscal capaz de beneficiá-lo de tal forma a tirá-lo da crise? A melhora fiscal não é um elemento que por si só promova a volta do crescimento do país.”
Neste cenário, os ministros da Zona do Euro chegaram a um acordo nesta sexta-feira para reforçar a barreira contra a crise a até 800 bilhões de euros, como pretendia a Alemanha. A ideia é unir os fundos já comprometidos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), para os resgates de Grécia, Portugal e Irlanda, e os do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), definidos em 500 bilhões de euros.
A Comissão Europeia (CE) e alguns países, como a França, tinham um objetivo mais ambicioso. Pretendiam passar uma imagem de extrema solidez perante os mercados elevando o MEDE, o fundo permanente de resgate, que prevê entrar em vigor em julho, a 940 bilhões de euros.
Para isso propuseram acrescentar também os fundos não utilizados do FEEF, estimados em 240 bilhões de euros, como modo de reserva e em caso de extrema necessidade.
De acordo com Santos, o valor não seria suficiente para criar uma barreira efetiva, estimada pelo professor em 1 trilhão de euros. “Chegaram a este valor porque é o mínimo demandado pela Inglaterra e EUA para aceitar aumentar o volume de recursos do FMI.”
Por outro lado, Almeida acredita que o valor do fundo é suficiente, mas outra solução seria um arrojo maior com um programa de reestruturação de parte das dívidas nacionais por títulos de responsabilidade da União Europeia. “Essa medida seria complicada, pois haveria um comprometimento de países que hoje não estão na berlinda com a dívida de outros. Mas seria um bom início de entendimento para reduzir as dívidas impagáveis e melhora a situação dos que entram em situações críticas.”
O bloco, explica, deveria ter um programa mais flexível no campo fiscal e ter um programa de relançamento das economias da região. “Isso ajudaria esses países a se fortalecer fiscalmente, mas sem impulsionar a recessão.”