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segunda-feira, 14 de maio de 2012

‘Indignados’ voltam às praças da Espanha em seu primeiro aniversário

‘Indignados’ voltam às praças da Espanha em seu primeiro aniversário

Publicado em Carta Capital
'Indignados' reunidos na Puerta del Sol, em Madri, na noite de sábado 12. Foto: Pedro Armestre / AFP
'Indignados' reunidos na Puerta del Sol, em Madri, na noite de sábado 12. Foto: Pedro Armestre / AFP

Milhares de ‘indignados’, o movimento social nascido há um ano em protesto contra a crise econômica, os políticos e os excessos do capitalismo, voltaram às praças da Espanha neste fim de semana, no pontapé inicial de quatro dias de mobilizações para demonstrar que seu espírito continua vivo. Sob o lema “Tomar as ruas”, os ativistas, em sua maioria jovens mobilizados por meio das redes sociais, convocaram concentrações em 80 cidades do país. Em Madri, os manifestantes voltaram a ocupar a Puerta del Sol, a praça do centro da capital onde nasceu o movimento, e pretendem ficar lá até terça-feira, quando será celebrado o aniversário dos protestos. Desde que o acampamento foi desmantelado, no dia 12 de junho do ano passado, o movimento perdeu visibilidade nos meios de comunicação, mas seguiu vivo nas redes sociais, nas assembleias de bairro e na luta contra a exclusão, embora com menos seguidores. “Os que permaneceram são os mais conscientes, atuando em ações setoriais, como, por exemplo, opondo-se aos despejos”, afirma Antonio Alaminos, professor de sociologia da Universidade de Alicante. Desta vez, os manifestantes pretendem ficar no local até terça-feira. “Não será um acampamento, e sim uma assembleia permanente”, explica Luis, porta-voz do movimento.
Na capital espanhola, os manifestantes pareciam não ter a intenção de respeitar a proibição oficial de não se manifestar depois das 22 horas e de voltar a reeditar sua “assembleia permanente” do ano passado, que durou semanas. Com a noite avançada, milhares de “indignados” continuavam na grande praça, sentados em círculos, conversando ou tocando tambores, observados pelos veículos da polícia estacionados próximos.


À meia-noite, levantando os braços para o céu, os “indignados” fizeram um minuto de silêncio antes de começarem a gritar em coro, desafiadores, um de seus lemas: “Sim podemos, sim podemos”. Em Madri, 30 mil pessoas se manifestaram, segundo a polícia. Em Barcelona, a segunda cidade do país, foram entre 45 mil, segundo a polícia, e 220 mil, segundo os organizadores. Outras concentrações importantes aconteceram em Valencia, Sevilha e Bilbao.
“Estamos aqui porque é necessária uma mudança global, porque a indignação não parou. Continuamos indignados com as políticas de austeridade que a elite econômica nos impõe”, afirma em Madri Víctor Valdés, um estudante de filosofia de 21 anos. A frase “Juventude sem futuro” estampa sua camisa.
Em um país afundado mais uma vez na recessão, com uma taxa de desemprego de 24,44%, que chega a 52% entre os jovens, o governo conservador de Mariano Rajoy impõe já há seis meses medidas de rigor para poupar 30 bilhões de euros, com cortes que incluem setores como a saúde pública e a educação.
Graças ao movimento surgido em 15 de maio passado, “pouco a pouco a sociedade foi abrindo os olhos”, afirma Noelia Moreno, de 30 anos, uma das participantes do protesto que, inspirado nas manifestações da primavera árabe, surpreendeu o mundo. “Acredito que algo mudou na mentalidade das pessoas, não é algo muito tangível agora, mas foi plantada uma sementinha que no futuro vai poder ser vista”, assegura. É consciente, no entanto, da necessidade de manter o movimento vivo. “É uma corrida de longa distância, ninguém pode mudar tudo um sistema político em um dia, nem em um ano, isso leva tempo”, afirma.
Manter este impulso é precisamente o que os “indignados” buscam neste primeiro aniversário, que durante quatro dias dará origem a debates e assembleias populares nas praças de toda a Espanha.
Até aqui, o efeito mais concreto da mobilização dos “indignados”, o novo salto dado pela Plataforma de Afetados pelas Hipotecas (PAH), que desde 2009 luta contra o despejo de famílias endividadas, muitas delas de imigrantes, conseguiu nos últimos meses cancelar ou adiar dezenas de expulsões.

terça-feira, 17 de abril de 2012

ARGENTINA ESTATIZA PETROLÍFERA E ESPANHA AMEAÇA RETALIAR

ARGENTINA ESTATIZA PETROLÍFERA E ESPANHA AMEAÇA RETALIAR

ARGENTINA DESAFIA ESPANHA E NACIONALIZA A YPF, MAIOR EMPRESA PETROLÍFERA DO PAÍS
Autor(es): ARIEL PALACIOS
O Estado de S. Paulo - 17/04/2012
 

Cristina Kirchner diz que decisão visa a "recuperar soberania"; governo espanhol fala em adotar ação "contundente"
A presidente argentina, Cristina Kirchner, apresentou ontem ao Congresso um projeto de lei para expropriar 51% das ações da petrolífera YPF, que desde 1999 pertence à espanhola Repsol, informa o correspondente Ariel Palácios. Cristina afirmou que o objetivo é "recuperar a soberania petrolífera" da Argentina e escolheu a Petrobras, na qual o Estado tem 51% de participação, como exemplo. Segundo ela, 26,01% das ações da YPF, líder no mercado argentino, ficarão com o Estado e os 24,99% restantes serão distribuídos entre as províncias produtoras de hidrocarbonetos. A Argentina é o quarto país sul-americano a nacionalizar uma empresa de petróleo. A Espanha reagiu duramente contra a decisão, qualificada de "arbitrária e agressiva", e avisou que tomará medidas "claras e contundentes" nos próximos dias.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou ontem o envio de projeto de lei ao Congresso para expropriar 51% das ações da petrolífera YPF, que desde 1999 pertence à espanhola Repsol. O discurso foi interrompido várias vezes por ovações da plateia, entoando cantos do Partido Justicialista (Peronista).
Ao redor do meio-dia, minutos antes do discurso de Cristina, representantes do governo Kirchner entraram na YPF no centro de Buenos Aires e convidaram os executivos da Repsol a abandonar o edifício. Às 14 horas, meia hora após o final do discurso presidencial, o ministro de Planejamento Federal e Obras Públicas, Julio De Vido, entrava na sede da YPF para assumir como interventor.
De acordo com Cristina, o Estado argentino ficará com 26,01% do total das ações da YPF, enquanto os 24,99% restantes serão distribuídos entre as províncias da organização Federal dos Estados Produtores de Hidrocarbonetos. A YPF é líder do mercado argentino e a Petrobrás é a terceira maior do país no setor, com participação estimada em 6%.
Em tom épico, com a imagem de Evita Perón atrás do palco, Cristina - em rede nacional de rádio e TV - anunciou "a recuperação" da "soberania petrolífera". "Talvez este seja o único país no mundo que havia perdido toda sua soberania de combustíveis", exclamou. Para reverter a situação, afirmou, o projeto declara de "interesse público e nacional" o "autoabastecimento de hidrocarbonetos", além da "exploração, industrialização, transporte e comercialização".
A declaração de "interesse público" permite que o governo determine metas de produção, investimento e abastecimento de todas petrolíferas instaladas no país. O projeto prevê que o preço das ações da YPF - que caíram quase 15% nos últimos 30 dias - será determinado pelo Tribunal de Contas da Nação.
O governo alegava que a produção de petróleo estava caindo nos últimos anos e acusou a Repsol de não investir no país por intermédio da YPF. Em Madri, a empresa espanhola retrucou, afirmando que pretendia investir US$ 3,4 bilhões este ano.
Poucas horas antes do anúncio de Cristina, o ministro da Economia da Espanha, Luis de Guindos, alertou em Madri sobre a iminente expropriação da YPF: "A Argentina está à deriva populista." A aprovação do projeto é considerada fato consumado, já que o governo tem maioria no Senado e na Câmara.
As ações da Petrobrás Argentina caíram ontem 0,77% na Bolsa de Valores de Buenos Aires. Assim como ocorria com a Repsol, a Petrobrás brasileira tem sofrido pressões do governo para investir mais. No início de abril, perdeu a concessão de uma área na Província de Neuquén, no sudoeste do país. A estatal brasileira não quis comentar ontem a expropriação das ações da YPF.

Espanha reage à decisão da Argentina de expropriar petrolífera

Espanha reage à decisão da Argentina de expropriar petrolífera

17/04/2012

Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil

A decisão argentina de expropriar a petrolífera espanhola YPF gerou reações das autoridades da Espanha. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, prometeu tomar providências em breve. O ministro das Relações Exteriores,  José Manuel Garcia Margallo, e da Indústria, José Manuel Soria, condenaram a medida e a consideraram arbitrária. Para eles, o clima de cordialidade existente entre os dois países está ameaçado.
De acordo com Margallo, o governo argentino quebrou  um "acordo verbal" feito por autoridades em relação à exploração de petróleo por espanhóis no país. Segundo ele, inúmeros acionistas da Repsol, que é responsável pela YPF, serão prejudicados devido à decisão de expropriação definida pelo governo argentino.
No entanto, entre os ecologistas espanhóis, a reação foi de apoio à Argentina. O grupo Ecologistas em Ação informou que não há “nenhum controle público” sobre as atividades da empresa YPF em território argentino. O assunto foi o tema principal dos principais jornais espanhóis, como El País, El Mundo, La Vanguardia, Cinco Dias e ABC.
Pela proposta em discussão na Argentina, 51% das ações da empresa petrolífera serão expropriadas - o governo federal ficará com 26,06% e as regiões produtoras com 24,99%-, enquanto os restantes 49% serão de responsabilidade das províncias (estados), nos quais a empresa atua.

*Com informações da agência pública de notícias da Argentina, Telam//Edição: Graça Adjuto