domingo, 12 de maio de 2013

Indústria brasileira tem o pior desempenho entre países emergentes


Indústria brasileira tem o pior desempenho entre países emergentes


 ÉRICA FRAGA
MARIANA CARNEIRO
Do UOL

O desempenho da indústria brasileira em 2012 foi o pior entre 25 nações emergentes e importantes economias da América Latina.
A queda de 2,6% na produção industrial do país foi, de longe, a mais acentuada do grupo. O Egito, segundo pior colocado, registrou contração de 1,9%.
A indústria brasileira como componente do PIB (Produto Interno Bruto) --que, além da produção de manufaturados, inclui setores como construção civil e energia elétrica-- também amargou a maior contração no mundo emergente. A queda desse indicador foi de 0,8%.


Os dados são da consultoria britânica EIU (Economist Intelligence Unit) e mostram que o retrato de crise no setor é renitente. Em 2011, o resultado da produção industrial brasileira já figurava entre os três piores do grupo analisado.
Segundo especialistas, os números confirmam que problemas domésticos têm exercido maior influência sobre a trajetória da indústria do que a crise externa.
"Esses dados causam muita preocupação. A crise externa existe e afetou todos, mas fomos piores do que os demais", afirma Flávio Castelo Branco, gerente de política econômica da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

DESACELERAÇÃO GLOBAL
 
Robert Wood, analista da EIU, diz que a expansão do comércio global de produtos manufaturados desacelerou de 6,3%, em 2011, para 2,5% no ano passado.
Esse movimento, afirma Wood, levou a uma perda de fôlego da indústria mundial. "Em um cenário de oferta excedente de produtos manufaturados, países com competitividade baixa, como o Brasil, sofreram mais."
O encolhimento da indústria brasileira em 2012 contrasta com a expansão robusta do setor em alguns países asiáticos. O desempenho também foi inferior ao dos principais mercados latino-americanos e até ao de países emergentes da Europa, região que está no epicentro da crise internacional.
Em 2013, a indústria deve ter melhor desempenho, de acordo com economistas. Mas os dados já divulgados apontam uma recuperação ainda frágil.
Segundo Castelo Branco, da CNI, a confiança dos empresários brasileiros, que ensaiou uma retomada no início deste ano, já mostra sinais de arrefecimento.
"Este ano será melhor, mas é uma recuperação fraca, considerando o resultado muito ruim de 2012."

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Como entender Pyongyang

Como entender Pyongyang?
Desenvolver a economia e o Exército, esse é o objetivo oficial de Kim Jong-un, no comando da República Democrática Popular da Coreia desde dezembro de 2011. Por ora, ele multiplica provocações, enquanto manobras militares de Seul e Washington na costa norte-coreana atiçam as tensões
por Philippe Pons

(Kim Jong-un em plenária do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte)
Mais uma vez, a República Democrática Popular da Coreia (RDPC) deixa o resto do mundo sem fôlego: onda de ameaças – ataques nucleares aos Estados Unidos, rejeição do armistício de 1953,1 uma inevitável “Segunda Guerra da Coreia” – e baterias de mísseis apontados para o Japão e para a base norte-americana de Guam. Desde meados de março, a propaganda norte-coreana intensificou-se, e os meios de comunicação internacionais, ao difundir com complacência esses arroubos belicosos sem medir quais são realmente as ameaças verossímeis, propiciaram que essa propaganda ecoasse de forma desmedida, para a grande satisfação da capital Pyongyang.

Depois da frequente confrontação de George W. Bush, os Estados Unidos voltaram a apostar em uma estratégia mais contida com Barack Obama. Mas é necessário reconhecer o fracasso dessa política, assim como a do presidente sul-coreano Lee Myung-bak, que até fevereiro pensava exercer algum poder sobre Pyongyang. A situação tornou-se infinitamente mais complexa do que há quinze anos.
Sem dúvida, os objetivos da Coreia do Norte não são os mesmos de 1998, quando lançou um míssil equipado com satélite (mesma tecnologia de um míssil de longo alcance) contra o Japão, que caiu no Pacífico. A administração Clinton recuou com sua política e, em outubro de 2000, a secretária de Estado Madeleine Albright visitou Pyongyang. Na ocasião, chegou-se a cogitar uma visita do próprio presidente. Contudo, Bush varreu as iniciativas de seu predecessor.
Desde então, a RDPC realizou três testes atômicos, em 2006, 2009 e 2013, e se proclama uma potência nuclear. Dispõe de estoques de plutônio e de um programa de enriquecimento de urânio de capacidades balísticas. Na reunião do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores, em 31 de março, Kim Jong-un precisou: “As armas nucleares não são uma moeda de troca para obter dólares. A RDPC não renunciará jamais [ao desenvolvimento de tais armas] enquanto persistir a ameaça nuclear dos imperialistas”. Assim, Pyongyang elevou a barreira para futuras negociações.
Aos 30 anos, Kim Jong-un, segundo herdeiro do clã dos Kim, levado à liderança do regime após a morte de seu pai, Kim Jong-il, em dezembro de 2011,2 parecia conferir uma imagem mais amena ao país – que mantém cerca de 200 mil prisioneiros em campos de trabalho, segundo organizações humanitárias. Um ano após ter ganhado plenos poderes (primeiro secretário-geral do Partido dos Trabalhadores, primeiro presidente da Comissão Nacional de Defesa, marechal e comandante-chefe do Exército Popular), no entanto, ele desencadeou uma ofensiva de rara virulência, com o lançamento de um satélite em dezembro e um teste nuclear em fevereiro, ambos condenados pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
Jong-un estudou durante cinco anos em um liceu na Suíça e por essa experiência no exterior sem dúvida se tornou mais consciente do que a velha geração sobre a necessidade de reformas. Contudo, permanece fiel à via traçada desde a década de 1990: “um país forte e próspero”, fórmula que busca conciliar desenvolvimento e força militar. Com algumas nuances lexicais, a mesma fórmula foi, no século XIX, a ambição do Japão na era Meiji3 (“país rico, Exército forte”) perante a ameaça estrangeira. Na Coreia do Norte, os dois objetivos são dificilmente conciliáveis: a “prosperidade” supõe reformas, mas em particular a abertura e o auxílio estrangeiro, sob a forma de assistência tecnológica e investimentos. Os Estados Unidos e seus aliados, nesse contexto, se recusam a cooperar com Pyongyang enquanto a capital representar uma ameaça.
Ao tomar a linha de frente, o regime norte-coreano abalou o status quo: colocou em discussão a “paciência estratégica” de Washington, reforçou as sanções internacionais que estrangulam o país e agudizou seu isolamento até em relação à China, que, apesar de ajudar o país economicamente, engrossa o coro das condenações internacionais. Ao desafiar os Estados Unidos e seus aliados, o terceiro teste nuclear representa também uma afirmação de soberania com relação a Pequim.
Ao dispor de uma força de dissuasão, a RDPC se considera protegida de um ataque nuclear – ameaça de Washington pelo menos em cinco ocasiões. Dessa forma, o governo passou a justificar seu regime e os sacrifícios pela necessidade de tornar o país invulnerável e garantir a independência como um objetivo sagrado, e por isso tem amplo respaldo da população. Portanto, uma renúncia a essa arma – única conquista da era Kim Jong-il – parece improvável.
A obstinação da RDPC em se fazer reconhecer como potência nuclear pelo resto do mundo e sua aparente recusa diante de qualquer transição pós-totalitária se baseiam em um nacionalismo exacerbado. Esse aspecto do país se inscreve menos na história da bipolaridade – que desapareceu com o desmoronamento do bloco soviético – do que na do pós-colonialismo.
Na Europa, a Guerra Fria foi, na realidade, uma época de paz. Na Ásia, na península coreana e no Vietnã, foi um período de enfrentamentos armados vividos como prolongamentos das guerras de libertação.4 Na RDPC, a propaganda reaviva a memória sublimada da “gloriosa luta” dos partidários reunidos atrás de Kim Il-sung contra a ocupação japonesa – fundamento da legitimidade do regime − e localiza sistematicamente a situação atual no contexto da luta contra o imperialismo.
Após o fim da URSS, os temas recorrentes do pós-colonialismo – independência, soberania nacional, solicitações de reconhecimento – ressurgiram com força, acentuando no seio da população uma mentalidade de país permanentemente invadido.5 Ao fazer a Coreia do Norte figurar no considerado “eixo do mal”, e em seguida atacando o Iraque, Bush reforçou esse sentimento de ameaça. Atual potência nuclear, a RDPC jamais terá o mesmo destino do Iraque, martela a propaganda.
De qualquer forma, a situação geopolítica é diferente: a proximidade do país com a China impossibilita uma intervenção militar. Pequim, de fato, pretende evitar qualquer instabilidade que possa levar a uma reunificação da península “à força”, sob o comando do Sul, com o apoio das Forças Armadas norte-americanas em sua fronteira. Em caso de guerra, a RDPC certamente perderá, mas não sem causar terríveis estragos ao Sul, sem mencionar ao Japão. E, nesse caos, o que aconteceria com as armas nucleares ou os estoques de plutônio dos quais dispõe? Esse risco deveria ser suficiente para incitar outra forma de abordagem do problema que recorrer a sanções e boicotes.
Philippe Pons é jornalista, autor particularmente de Misère et crime au Japon, du XVII e siècle à nos jours, 1999, e D'Edo à Tokyo, 1998, ambos pela Gallimard, Paris.

Ilustração: Reuters/ KCNA


1    A Guerra da Coreia, entre o Sul e o Norte, a partir de 1950, terminou em 1953 com a assinatura de um armistício, mas, desde então, nenhum acordo de paz foi formalizado.
2    Ler Bruce Cumings, “La dynastie Kim ou les deux corps du roi” [A dinastia Kim ou os dois corpos do rei], Le Monde Diplomatique, fev. 2012.
3    A era Meiji (1868-1912) marca o início da política de modernização.
4    Heonik Kwon, The other Cold War[A outra Guerra Fria], Columbia University Press, Nova York, 2010.
5          Ler “En Corée du Nord, la société s’éveille” [Na Coreia do Norte, a sociedade desperta], Le Monde Diplomatique, jan. 2011.

Unasul reconhece presidente paraguaio

Unasul reconhece presidente paraguaio

Renata Giraldi* - Repórter da Agência Brasil

A União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que reúne 12 países, reconheceu e saudou o presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes (Partido Colorado). A iniciativa é interpretada como o primeiro passo para negociar o fim da suspensão do país do bloco regional. Há dez meses, o Paraguai foi suspenso da Unasul porque os líderes regionais concluíram que houve rompimento das instituições democráticas durante o processo de impeachment do então presidente Fernando Lugo.

O reconhecimento da Unasul foi definido após análise da Missão de Acompanhamento Eleitoral do Grupo de Alto Nível designado para avaliar a situação paraguaia. O grupo foi coordenado pelo  peruano Salomón Lerner. Em comunicado, o bloco informou ter constatado “o cumprimento do cronograma eleitoral, a normalidade do desenvolvimento dos comícios e a ampla participação da cidadania”.

O texto acrescenta que “[o ocorrido] contribui com os avanços do processo democrático-institucional do país”. O comunicado também destaca o papel da Justiça Eleitoral do Paraguai, informando que ela foi “eficaz e ótima na organização e condução” do processo. As eleições presidenciais ocorreram no último dia 12.

No comunicado, a Unasul parabeniza Cartes. “A União de Nações Sul-Americanas expressa suas felicitações ao povo paraguaio pela ação cívica ocorrida durante as eleições gerais de 2013, celebradas no domingo, 21 de abril, na nação irmã. [A Unasul] saúda igualmente o candidato vitorioso, Horacio Cartes, por sua eleição como novo presidente da República”.

Cartes tomará posse em 15 de agosto, substituindo Federico Franco, que assumiu o cargo no lugar de Lugo, que sofreu processo de impeachment em junho de 2012. O Senado e a Câmara do Paraguai aprovaram o fim do governo Lugo, alegando falta de responsabilidade de sua parte. O presidente eleito venceu a disputa com 45,92%. O segundo colocado foi Efraín Alegre (Partido Liberal), que obteve 37%.

A Unasul é formada pela Bolívia, Colômbia, o Equador, Peru, a Argentina, o Brasil, Paraguai, Uruguai, a Venezuela, o Chile, a Guiana e o Suriname. São países observadores o Panamá e o México.

*Com informações da emissora multiestatal de televisão, Telesur

Edição: Graça Adjuto

Fonte: Agência Brasil (EBC)
 
 

Publicado em: 24/04/2013

Colômbia pode integrar o Mercosul

Colômbia pode integrar o Mercosul

Renata Giraldi* - Repórter da Agência Brasil

O governo da Bolívia começa hoje (29) em Montevidéu, no Uruguai, uma série de reuniões para negociar a adesão ao Mercosul. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do país diz que a reunião servirá para traçar as linhas de trabalho e promover encontros empresariais com o objetivo de definir a posição do país no que se refere aos mecanismos regionais. Há quatro meses, a Bolívia negocia o processo de integração como membro pleno do bloco.

A série de reuniões foi definida pelo presidente Evo Morales em dezembro, em Brasília, quando participou da Cúpula do Mercosul com  presidentes da região – Dilma Rousseff, José Pepe Mujica (Uruguai), Cristina Kirchner (Argentina) e Rafael Correa (Equador), além dos representantes da Venezuela, do Suriname e da Guiana.

Na ocasião, Morales assintou protocolo de adesão para se tonar o sexto integrante do Mercosul, que é formado pela Argentina, o Brasil, Uruguai, a Venezuela e o Paraguai (temporariamente suspenso do bloco desde a destituição do presidente Fernando Lugo). Pelo protocolo, a Bolívia pasou a ser membro com voz nas cúpulas do Mercosul, mas sem direito a voto, o que ocorrerá quando completar o processo de adesão.

Para concluir o processo de integração da Bolívia, é preciso que o Parlamento de cada país que integra o bloco aprove a entrada do novo membro. O vice-ministro do Comércio Exterior da Bolívia, Pablo Guzmán, está confiante. Segundo ele, a integração no Mercosul inaugura uma nova fase de relações da Bolívia com os países do Sul do continente.

*Com informações da agência pública de notícias de Cuba, Prensa Latina

Edição: Graça Adjuto
 
Fonte: Agência Brasil (EBC)
 
 

Publicado em: 29/04/2013

INFLAÇÃO DETONA GUERRA ENTRE GOVERNO E OPOSIÇÃO

INFLAÇÃO DETONA GUERRA ENTRE GOVERNO E OPOSIÇÃO

INFLAÇÃO NO PALANQUE DO DIA DO TRABALHADOR
Correio Braziliense - 02/05/2013
 

Nas comemorações do Dia do Trabalho, Aécio Neves e centrais sindicais condenam a "leniência" com a alta de preços. Ministro Gilberto Carvalho rebate as críticas, e presidente Dilma Rousseff reafirma o compromisso com a estabilidade.
Em São Paulo, Aécio afirma que Planalto tem sido leniente com a economia e acusa governo de apoiar projetos antidemocráticos. Na TV, Dilma garante "luta constante" contra a alta de preços
As comemorações do Dia do Trabalho transformaram-se num cabo de guerra entre governo e oposição. No dia em que o presidenciável e senador Aécio Neves (PSDB-MG) pôs o dedo na ferida e acusou a administração petista de ser "leniente" com a alta dos preços, a presidente Dilma Roussef utilizou o pronunciamento oficial na televisão para rebater as críticas, assegurando que não vai permitir a retomada da inflação. Ela também pediu apoio ao projeto que destina os recursos do royalties do petróleo para investimentos em educação.
"É importante que o Congresso Nacional aprove nossa proposta de destinar os recursos do petróleo para a educação. Peço a vocês que incentivem o seu deputado e o seu senador para que eles apoiem esta iniciativa", afirmou a presidente. O Planalto terá que enviar uma nova proposta para o Congresso relacionada aos royalties. A Medida Provisória sobre a destinação dos recursos perde a validade em 16 de maio.
Em evento comandado pela Força Sindical, em São Paulo, Aécio usou o Plano Real de Fernando Henrique Cardoso para atacar a gestão petista. "Desde que votou contra o Plano Real, apresentado pelo governo do presidente Fernando Henrique, e a partir do momento em que começa a governar, o governo não tratou com aquilo que chamamos de tolerância zero à inflação. Não há uma meta real, a meu ver, buscada pelo governo", criticou Aécio.
Dilma rebateu o ataque afirmando que o governo não vai "descuidar nunca do controle da inflação". De acordo com a presidente, "esta é uma luta constante, imutável, permanente. Não abandonaremos jamais os pilares da nossa política econômica, que tem por base o crescimento sustentado e a estabilidade".
O senador tocou ainda em outros pontos espinhosos para o governo federal, como a queda de braço entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso e, ainda, a repercussão negativa à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, que retira o poder de investigação do Ministério Público. "Estaremos vigilantes, acima dos partidos políticos, para impedir qualquer ataque àquela outra grande conquista dos brasileiros que foi a democracia, a liberdade. Sempre que quiserem atacá-la, cerceando, por exemplo, as atribuições do Supremo Tribunal Federal, impedindo o Ministério Público de investigar, e inibindo a formação de legendas partidárias fora do guarda-chuva do governo, estaremos firmes e vigilantes porque o Brasil é um Brasil de todos", discursou Aécio.
Contraponto
O tucano saudou a classe trabalhadora com um convite: "Vamos juntos fazer o Brasil retomar o seu crescimento, qualificando sua mão de obra, para que não sejamos vítimas da importação de mão de obra estrangeira para suprir a baixa qualificação da nossa. Isso é responsabilidade de governo e estaremos atentos para cobrar", garantiu Aécio.
Também presente ao ato da Força, representando a presidente Dilma Rousseff — que permaneceu em Brasília — o ministro da Secretaria-Geral da Presidência afirmou que a chefe do executivo "zela como uma leoa" para defender os trabalhadores e conter a alta inflacionária. "Não é verdade que a inflação vai subir. Ela teve sim um pico nos últimos meses, e vocês sabem por quê. E agora ela começou a cair", discursou o ministro.
Durante o evento em São Paulo, o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT), lembrou as conquistas da gestão petista à frente da Presidência da República.
No pronunciamento da TV, a presidente evitou entrar em polêmica. Logo no início, Dilma prometeu ampliar a oferta de emprego, o salário e o poder de compra do trabalhador. "É por isso que nós, brasileiras e brasileiros, estamos tendo, nos últimos anos, a alegria de comemorar o 1º de Maio com recordes sucessivos no emprego, na valorização do salário e nas conquistas sociais dos trabalhadores", afirmou.
Lula 2018
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que também participou do evento organizado pela Força Sindical, ventilou a possibilidade de o ex-presidente Lula concorrer às eleições presidenciais em 2018. "Quem sabe um dia Lula volte à Presidência. Ele está bem de saúde", disse o petista, ao iniciar discurso para os trabalhadores que participavam da festa. Na saída, comentou novamente o assunto ao ser questionado por jornalistas. "Em 2018, por que não?"

EUA, JAPÃO E UE ACUSAM BRASIL DE PROTECIONISMO

EUA, JAPÃO E UE ACUSAM BRASIL DE PROTECIONISMO

EUA, JAPÃO E UE QUESTIONAM POLÍTICA INDUSTRIAL "DISCRIMINATÓRIA" DO BRASIL
Autor(es): Jamil Chade
O Estado de S. Paulo - 29/04/2013
 

Em documento obtido pelo "Estado", países ricos pedem esclarecimentos sobre incentivos fiscais
As maiores potências econômicas do mundo se uniram para questionar a política industrial brasileira, que qualificam de "discriminatória". EUA, Japão e União Europeia pedirão amanhã, na Organização Mundial do Comércio (OMC), explicações ao Itamaraty sobre a política de incentivos fiscais que, para esses governos, violam regras do comércio. Essas normas estabelecem que países não podem usar medidas tributárias que discriminem produtos nacionais de importados. Num documento obtido pelo Estado, os países ricos deixam claras as preocupações e elevam a pressão sobre o Brasil. A acusação de protecionismo ainda não levará o País aos órgãos judiciais da OMC. A questão irá primeiro a um comitê da organização no qual países podem questionar diretamente outros parceiros comerciais. As potências ainda criticam Brasília por estender para décadas algumas medidas de incentivo que inicialmente seriam temporárias. O Planalto assegura que a política industrial segue as normas.

Disputa. Países ricos vão ao comitê de investimentos da Organização Mundial do Comércio pedir explicações ao governo brasileiro por medidas adotadas nos últimos anos que, para eles, beneficiam a indústria nacional em detrimento dos competidores estrangeiros

Os países ricos se uniram para questionar a política industria! Brasileira, que chamam de "discriminatória". Amanhã, na Organização Mundial do Comércio (OMC), vão pedir- explicações ao Itamaraty em relação à política de incentivo fiscal que, para esses governos estrangeiros, estaria violando regras do comércio.
Num documento enviado ao Itamaraty, obtido pelo Estado, datado de 15 de abril, os governos de EUA, Japão e União Europeia deixam claro que consideram "preocupantes" as medidas adotadas pelo Brasil nos últimos meses em diversos setores e pedem explicações, elevando a pressão sobre Brasília.
Há ainda outra queixa: o governo de Dilma Rousseff havia prometido que certas medidas de incentivo seriam temporárias. Mas, hoje, já estão previstas para durar toda a década.
O Palácio do Planalto insiste em que sua política industrial está dentro das regras internacionais. Mas agora os países ricos querem saber como é que o Brasil justifica a "consistência" de seus incentivos perante as normas da OMC. Essas leis estipulam justamente que governos não podem usar regras tributárias nacionais para criar discriminação entre produtos nacionais e importados.
Essa não é a primeira vez que incentivos fiscais dados pelo Brasil são questionados na OMC. Mas a cobrança era pontual. O IPI para carros, por exemplo, já foi alvo de críticas.
Agora, porém, pela primeira vez, as três principais economias desenvolvidas alertam que a política de incentivo poderia fazer parte de uma estratégia mais ampla de política industrial, com elementos "aparentemente discriminatórios".
Não se trata ainda de um ataque ao Brasil nos órgãos judiciais da OMC. A questão será levada ao comitê da OMC que trata justamente de políticas de investimentos, onde países podem levantar questões a outros parceiros comerciais.
Mas fontes da UE dizem que a decisão de cobrar mais explicações do Brasil, somada ao fato de que não se trata apenas de um setor, mas de toda a estratégia, são uma demonstração de que os países ricos não darão trégua ao Brasil e, nos próximos meses, aumentarão a pressão.
"Existem preocupações sobre o que parecem ser medidas discriminatórias contra produtos importados em certas medidas adotadas pelo Brasil na área de taxação indireta", afirma o documento dos países ricos.
Essas nações dão diversos exemplos desses incentivos e alertam que, ao contrário do que o governo brasileiro havia prometido, as medidas não são temporárias. Uma delas é o IPI menor dos carros para empresas que usem peças locais.
Os ricos também atacam o que chamam de "discriminação" contra produtos digitais, contra equipamentos de telecomunicações e semicondutores, setores que também foram alvo de políticas de incentivo fiscal No documento enviado ao governo brasileiro, americanos, europeus e japoneses questionam a "consistência" das regras de leilão da Anatel para as redes de banda larga em relação às normas internacionais, já que esses leilões estariam privilegiando empresas que usem equipamentos nacionais.
Mas as críticas não param por aí. Os governos ricos querem saber como o Brasil justifica a lei que deu, desde 2 de abril, incentivos à indústria de fertilizantes, com redução de impostos sobre a aquisição de máquinas, e se acredita que a medida está dentro das regras globais.
Por fim, os países querem saber como o Brasil explica a consistência de sua política de redução de IPI para carros diante das leis internacionais.
Motivação. O próprio documento deixa claro que esses países continuarão a questionar o Brasil "Essas questões não devem ser vistas como exaustivas em relação às preocupações de UE, EUA e Japão", afirmam.
Em diversas ocasiões, o governo brasileiro disse que as medidas de incentivo tendem a dar vantagens justamente a empresas europeias e americanas, já que são as que estão instaladas no Brasil há décadas e usam de fato produtos nacionais.
Mas o argumento não convence. A pressão dos ricos sobre o Brasil não ocorre por acaso. Washington, Bruxelas e Tóquio não querem que políticas industriais com viés protecionista se transformem em uma espécie de "moda", justamente em mercados emergentes, os únicos que crescem no mundo.

BC pode 'intensificar' uso de juros contra inflação

BC pode 'intensificar' uso de juros contra inflação

Banco Central pode ‘intensificar’ uso dos juros contra a inflação, diz diretor
Autor(es): Gélia Froufe Eduardo Gucolo / Ricardo Leopoldo
O Estado de S. Paulo - 26/04/2013
 

O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, surpreendeu o mercado ao dizer que o BC pode "intensificar o uso" da taxa Selic contra a inflação. Para analistas, a frase indica que os juros podem subir em um ritmo mais intenso, de 0,5 ponto porcentual ao mês.


Com uma frase, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, provocou uma reviravolta no mercado financeiro ontem. Ele mudou a interpretação que os analistas haviam dado para o rumo da taxa básica de juros após lerem os 75 pará­grafos da ata do Comitê de Po­lítica Monetária (Copom), di­vulgada mais cedo. A ata ser­ve como referência dos pla­nos do BC.
“Gostaria de registrar que cresce em mim a convicção de que o Copom poderá ser insta­do a refletir sobre a possibilida­de de intensificar o uso do ins­trumento de política monetá­ria”, afirmou Hamilton, duran­te evento do banco Itaú BBA.
A frase que arrematou o dis curso de Hamilton surpieen deu. Para a maioria dos analis­tas, a ata havia indicado que o ritmo de alta continuaria a ser de 0,25 ponto porcentual a cada reunião, para chegar, no máxi­mo, a 8,25% ao ano. Na semana passada, o Copom aumentou a Selic de 7,25% para 7,5% ao ano.
A interpretação de agentes fi­nanceiros depois da fala foi a de que os juros poderiam subir mais, no ritmo de o,5ponto por­centual ao mês, ou por mais tempo. As taxas no mercado de juros futuros, que estavam em queda até aquele momento, pas­saram a subir. A dúvida era se Hamilton falava por si ou pelo BC, Uma fonte do governo dis­se que o discurso não foi mani­festação isolada.
Sem o uso de meias palavras, como costumam se pronunciar os membros do Copom, o dire­tor afirmou que a inflação está elevada, disseminada e resisten­te. Negou, porém, que a alta dos preços vá ficar fora do controle. Até porque, disse, o BC usa a Selic para combater a inflação.
“O Banco Central dispõe - e está fazendo uso - do instru­mento de política (a taxa de ju­ros), que, por excelência, se des­tina a combater a inflação, e o faz com eficácia”, apontou.
Segundo ele, a situação não é simples e o Copom não fará “escolhas erradas” ao decidir que  problema enfrentar. “A escolha do comitê é o combate à inflação.” Sobre o crescimento, afir­mou que a previsão de 3,1% feita pelo BC está próxima do limite sustentável. Para ele, algo muito acima disso tende a gerar pres­sões inflacionárias. "E por que o crescimento potencial não seria muito diferente de 3,1%? Minha resposta, decerto, está entre as menos sofisticadas: essencialmente, porque nossa taxa de in­vestimento é baixa.” A contribuição da política monetária para que um país tenha taxas de expansão mais eleva­das no médio e longo prazos é, conforme o diretor, a garantia de estabilidade dos preços. “E a meu ver existe só, e somente só, esse caminho.” Um dos direto­res que votaram pelo aumento dos juros na semana passada, Hamilton também argumen­tou que o controle da inflação não é uma panaceia, mas condi­ção necessária, principalmente para países com histórico infla­cionário como o Brasil, que vi­veu uma hiperinflação no início  da década de 1990.
Hamilton afirmou que o IPCA ultrapassou o limite de 6,5%, definido pelo governo, an­tes do que indicavam as proje­ções do BC. Ao explicar os moti­vos para a alta da inflação, citou cinco fatores, quatro relaciona­dos a ações recentes do gover­no: depreciação do real, salário mínimo e políticas fiscal e mo­netária expansionistas. O dire­tor listou ainda os choques nos preços dos alimentos.
Ele afirmou ainda que o pior da crise externa passou e a ten­dência é que o crescimento glo­bal provoque alta nas cotações das commodities.
“Cresce em mim a convicção de que o Copom poderá ser instado a refletir sobre a possibilidade de intensificar o uso do instrumento de política monetária.”
Carlos Hamilton
DIRETOR DE POLÍTICA ECONÔMICA (BC)

Novo líder do Paraguai busca reatar laços com Mercosul

Novo líder do Paraguai busca reatar laços com Mercosul

Novo líder paraguaio quer normalizar laço com Brasil e romper isolamento
Autor(es): Roberto Simom
O Estado de S. Paulo - 23/04/2013
 

O presidente eleito do Paraguai, o colorado Horacio Cartes, adotou ontem um tom conciliatório diante dos países sul-americanos, principalmente o Brasil, na expectativa de que sejam levantadas as sanções que Mercosul e Unasul impuseram a seu país. A presidente Dilma Rousseff disse estar disposta a recompor as relações bilaterais e do Paraguai com o Mercosul. (Págs. 1 e Internacional A8)

Horacio Cartes
Presidente eleito do Paraguai
‘Vamos sentar e trabalhar com o Brasil, e não contra o Brasil"

Eleito presidente do Paraguai no domingo, Horacio Cartes adotou ontem um tom evidentemente conciliatório diante dos países sul- americanos, sobretudo o Brasil, abrindo ainda mais o caminho para que sejam levantadas as. sanções que Mercosul e Unasul impuseram ao Paraguai em junho, após a queda de Fernando Lugo. Cartes disse que fará a todo o esforço possível" para reverter o isolamento do país.
Em entrevista a jornalistas estrangeiros, Cartes indicou que buscará apoio no Congresso para, nos próximos meses, aprovar formalmente a incorporação da Venezuela ao Mercosul O Paraguai era o único país do bloco cujo Legislativo não havia aprovado a adesão e, após a suspensão de junho, congressistas paraguaios votaram e rejeitaram o texto. A eleição do domingo dá uma margem de manobra mais confortável ao governo no Congresso (mais informações nesta página) e o veto a Caracas deve ser revertido.
O político colorado foi convidado horas depois de seu triunfo nas umas para participar da próxima cúpula do Mercosul, em junho, no Uruguai, mas adiantou ontem que não comparecerá em respeito ao presidente em exercício do Paraguai, Federico Franco. Entre a noite do domingo e o dia de ontem, vários chefes de Estado da região telefonaram para Cartes: a argentina Cristina Kirchner, o uruguaio José "Pepe" Mujica", o chileno Sebastián Pinera e o peruano Ollanta Humala.
Cartes disse ter conversado também com a presidente Dilma Rousseff no início da tarde, completando que sentiu "muita predisposição" da parte de Brasília de normalizar a situação com o Paraguai.
Até ontem à noite, o novo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, não havia telefonado, embora a chancelaria de Caracas tenha emitido uma nota saudando as eleições paraguaias de domingo.
O Paraguai e o Brasil devem dialogar "como irmãos", disse, em português espanholado, o novo presidente. "Vamos sentar e trabalhar com o Brasil, e não contra o Brasil. E isso vai terminar com um sorriso", garantiu.
O presidente eleito afirmou que buscará reproduzir no Paraguai políticas de inclusão social implementadas nos últimos anos pelo Brasil Queremos infraestrutura, estradas, portos, mas nosso principal compromisso é a luta contra a pobreza", completou.
Cartes também fez um aceno aos empresários brasileiros que estão vindo ao Paraguai para fugir dos altos custos de produção. Segundo o colorado, a energia em seu país custa 11 vezes menos do que no Brasil e as indústrias brasileiras "são o remédio" que a economia paraguaia precisa.
"Tríplice Aliança". O líder paraguaio eleito afirmou que os países sul-americanos "estão com muito boa predisposição" para aceitar a plena reincorporação do Paraguai ao Mercosul e à Unasul nos próximos meses. Cartes defendeu a legitimidade do julgamento político que sacou Lugo do poder em 24 horas, mas disse que os países devem olhar para frente - e não para trás, "onde verão a Tríplice Aliança".
Entre as graves acusações que pesam contra Cartes, está a de ser o maior contrabandistas de cigarros para o território brasileiro - o político colorado é o maior produtor de tabaco do Paraguai. Questionado sobre possíveis conflitos de interesse entre o exercício da presidência e a administração de seu império multimilionário, ele prometeu: "Jamais colocarei questões pessoais sobre os interesses nacionais".
Cartes também rebateu r acusações de operar um amplo esquema de lavagem de dinheiro e de envolvimento com o narcotráfico.
Ele culpou o candidato a vice- presidente na chapa derrotada dos liberais, Rafael Filizola, pelas acusações. "Se 1% disso fosse verdade, seria condenado."

O overnight, quem diria, está de volta!

O overnight, quem diria, está de volta!

O overnight voltou
Autor(es): ROSANA HESSEL
Correio Braziliense - 23/04/2013
 

Disparada da inflação ressuscitou no Brasil os ganhos fabulosos da noite para o dia. Desta vez, porém, os únicos beneficiados são os bancos, que, em abril, negociaram o valor recorde de R$ 702 bilhões em operações de curtíssimo prazo com o BC
Operações de curtíssimo prazo feitas pelo Banco Central batem recorde em abril: R$ 702 bilhões. Instituições financeiras preferem manter o dinheiro em aplicações quase diárias, por temerem a disparada dos preços

A disparada da inflação se tornou um tormento para as famílias, mas está engordando, como há tempos não se via, os cofres dos bancos. Sem alarde, as instituições financeiras estão ressuscitando um velho conhecido dos tempos de hiperinflação, que vigorou nos anos de 1980 e na primeira metade da década de 1990 — o overnight. São operações de curtíssimo prazo com títulos públicos negociados pelo Banco Central para retirar o excesso de dinheiro em circulação da economia. Em abril, o volume de recursos aplicados por um prazo médio de três meses atingiu o recorde de R$ 702 bilhões. Nesses investimentos, os bancos garantem, sem qualquer risco, a taxa básica de juros (Selic), que está em 7,50% ao ano. É melhor do que emprestar com a inadimplência em alta e enquanto a inflação não cai.

O BC prefere chamar o overnight pelo pomposo nome de operação compromissada, já que há um compromisso formal da instituição de, na data do vencimento, recomprar os títulos públicos vendidos aos bancos. Os prazos, no entanto, são apenas formalidades, uma vez que todas as operações são renovadas, pois, na visão das instituições financeiras, o mais correto é deixar o dinheiro aplicado por um prazo bem curto, de um dia, por exemplo, e garantir a liquidez do caixa.

No passado, os bancos alardeavam que os ganhos eram divididos com a clientela, que acreditava estar se protegendo da hiperinflação, de 80% ao mês. Na verdade, os grandes beneficiados eram as instituições, que pegavam o dinheiro parado em conta-corrente, aplicavam os valores e embolsavam quase toda a correção.

Esse ganho inflacionário ajudava a cobrir a ineficiência do sistema financeiro. Tanto que, quando houve a estabilização da economia, a partir de julho de 1994, com o Plano Real, uma leva de instituições quebrou. Um dos casos mais emblemáticos foi o do Banco Nacional, que usava receitas do overnight para encobrir operações fictícias de crédito e mostrar uma saúde que não tinha.

Não é o caso de agora, pois há solidez no sistema. Os bancos, porém, redescobriram uma forma de ganhar dinheiro fácil, rápido e sem risco. Alegam que estão se protegendo diante das incertezas criadas pelo governo, que deixou a inflação estourar o teto da meta, de 6,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Bolsa Banqueiro

O economista Felipe Salto, da Consultoria Tendências, fez as contas e constatou que essas operações estão custando quase R$ 50 bilhões ao ano aos cofres públicos. “Esse valor equivale a três programas como o Bolsa Família. Estamos falando de uma espécie de Bolsa Banqueiro”, critica.

Pior, o overnight — ou compromissadas, como gosta o BC — está tornando difícil a missão do Tesouro Nacional de reduzir o custo e alongar o perfil da dívida federal. Em vez de comprarem papéis com vencimento em 2020, 2030, por exemplo, as instituições preferem ficar penduradas no curto prazo, pois as incertezas na política econômica são grandes.

“Isso aprisiona o país à estratégia de juros altos. O ideal seria modificar a forma de remuneração dos títulos vendidos pelo BC. Por serem de curto prazo, deveriam ter taxas menores, como uma espécie de punição”, aconselha Salto.

Fatura da gastança

Na avaliação de Salto, boa parte do dinheiro que está sobrando no mercado tem a ver com a política expansionista do governo. Até o ano passado, o BC retirava o excesso de recursos porque era obrigado a injetar reais na economia para comprar dólares e evitar o derretimento da moeda norte-americana. Agora, as sobras se referem à gastança do Ministério da Fazenda, principalmente para reforçar o caixa dos bancos públicos, especialmente o do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Em 2006, as operações compromissadas correspondiam a 3,3% do PIB (Produto Interno Bruto). Agora, atingem quase 15%. Isso é muito preocupante, sobretudo se levarmos em consideração que os juros subsidiados do BNDES custam R$ 15 bilhões por ano ao Tesouro”, ressalta Salto.

Desde abril passado, a ciranda financeira aumentou 41%, passando de R$ 496,7 bilhões para R$ 702,7 bilhões, estimulando preocupação em técnicos do governo comprometidos com a estabilidade da economia. Eles ressaltam que o país está retomando o perigoso caminho do curto prazismo, por causa da desconfiança no controle da inflação.

O economista Roberto Luis Troster é enfático: “O aumento nas apostas de curto prazo é reflexo do descrédito em relação ao Palácio do Planalto. Isso custa caro para o país, pois o Tesouro Nacional é obrigado a reduzir o prazo de seus títulos”. Não à toa, o volume de papéis que vencem em até 12 meses voltou a crescer. Em 2011, chegaram ao piso de 21,9% da dívida pública federal (hoje em R$ 1,8 trilhão). Agora, são 25,15% do total, acima do teto de 25% previsto no Plano Anual de Financiamento (PAF).

Primeiro banco a divulgar o balanço trimestral deste ano, o Bradesco confirma a opção pelas operações compromissadas com o BC. Entre janeiro e março, as suas totalizaram R$ 70,8 bilhões, volume 71,4% maior que o registrado no mesmo período de 2012 (R$ 41,3 bilhões). Na mesma comparação, o total de papéis com emissão direta do Tesouro Nacional recuou 22%, de R$ 159,8 bilhões para R$ 124,4 bilhões. “A tendência é de esse quadro se repetir nos próximos balanços”, acredita um integrante da equipe econômica. Procurado, o Banco Central não quis comentar.

Longe do ideal
 Apesar dos esforços do Tesouro Nacional para ampliar o prazo médio de vencimento da dívida pública federal nos últimos anos, a média ideal estipulada pela equipe econômica do governo, de 5,5 anos, ainda está bem longe de ser alcançada. Em 2012, ficou em quatro anos, acima dos 3,6 do ano anterior. Em 2013, o prazo médio dos títulos deverá ficar entre 4,1 e 4,3 anos, conforme a previsão do Plano Anual de Financiamento (PAF).