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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Para FMI, Brasil tem baixo PIB potencial

Para FMI, Brasil tem baixo PIB potencial

Inflação no Brasil sugere PIB potencial menor, diz FMI
Autor(es): Por Sergio Lamucci | De Washington
Valor Econômico - 22/04/2013
 

O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, disse que o crescimento potencial do Brasil parece mais baixo do que se pensava. Na semana passada, o FMI reduziu a previsão de crescimento para o PIB brasileiro em 2013 de 3,5% para 3%. Segundo o economista, se a economia estivesse muito abaixo do ritmo potencial, o país veria a inflação cair mais.
Em entrevista ao Valor, em meio a maratona de encontros do FMI e do Banco Mundial, o economista francês afirmou ainda que o desempenho mais fraco da economia brasileira tem grande relação com baixo nível dos investimentos.

O crescimento potencial do Brasil parece mais baixo do que se pensava, diz o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, referindo-se ao ritmo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) que não acelera a inflação. Para ele, se a economia brasileira estivesse muito abaixo do potencial, o país veria a inflação cair mais. "Com isso, a margem de manobra para usar políticas de estímulo à demanda é provavelmente limitada", afirma Blanchard, lembrando que o FMI reduziu a previsão de crescimento para a economia brasileira em 2013 de 3,5% para 3%. Gargalos de infraestrutura e no mercado de trabalho foram apontados pelos economistas da instituição como restrições de oferta importantes que afetam o país.
O economista francês diz ainda que o desempenho mais fraco do Brasil no passado recente tem grande relação com o comportamento frustrante do investimento. "É provável que um número de distorções, assim como alguma incerteza sobre políticas, tenham um papel nisso", disse Blanchard ao Valor, em meio à maratona de encontros e seminários da reunião de primavera do FMI e do Banco Mundial, realizada na semana passada em Washington.
Blanchard diz ainda que países emergentes como o Brasil devem "ser livres" para suavizar movimentos de recursos externos mais voláteis, usando "instrumentos de administração de fluxos de capitais, medidas macroprudenciais e intervenção no mercado de câmbio". Alguns desses capitais são desestabilizadores, afirma, observando, contudo, que parte do dinheiro que chega de fora vem por um bom motivo - aproveitar as perspectivas mais favoráveis dos mercados emergentes.
Para ele, aliás, o Brasil não abandonou o regime de câmbio flutuante. "Eu chamaria de flutuação administrada. O real flutua, mas com o uso de controle de capitais", diz Blanchard, um dos principais responsáveis pela adoção de ideias mais flexíveis pelo FMI no pós-crise, como o apoio a controles de capitais em determinadas circunstâncias e a recomendação para que alguns países não exagerem na dose da austeridade fiscal.
Para Blanchard, a recuperação americana mostra sinais robustos, pelo lado do setor privado. O país vai crescer quase 2% mesmo com o ajuste fiscal equivalendo a uma contração de 1,8% do PIB. O economista elogia também a política monetária japonesa, e não a encara como uma medida voltada para produzir uma desvalorização competitiva do câmbio, mas sim para de fato tirar o país da deflação. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Valor: A recuperação dos EUA é sustentável, num cenário em que o setor privado parece em boa forma, mas a incerteza sobre a política fiscal deve continuar elevada?
Olivier Blanchard: Eu estou confiante que a retomada vai continuar. Há muitos fatores que estão na direção certa. Primeiro, há a política monetária. O Fed foi agressivo e tomou muitas medidas para ajudar a economia. Os investidores esperam que as taxas de juros vão seguir baixas, o que é bom para a demanda. É bom que os juros básicos estejam baixos, mas as taxas que afetam a vida das pessoas é aquela de hipotecas e empréstimos. O sistema bancário nos EUA não está em situação perfeita, ainda há riscos, mas ele está melhorando em termos de indicadores de capital, de funding. O mecanismo de transmissão está funcionando de novo. Há juros baixos para quem quer tomar dinheiro emprestado. Há também o que os economistas chamam de demanda reprimida. Quando há uma recessão longa e poucos imóveis são construídos, o que nós vimos por algum tempo, então o estoque de imóveis cai. Em algum ponto não há imóveis suficientes, e a construção começa de novo. É a mesma coisa no mercado de automóveis. Se as pessoas não compram carros por um tempo, em algum momento elas têm que trocar um automóveis que não está funcionando bem. Nós vemos esse fenômeno no mercado imobiliário, nós vemos a mesma coisa em bens duráveis. Todos esses são sinais de uma economia que está se recuperando.
Se você olhar para a queda no crescimento [ no Brasil], ela parece vir em grande parte do investimento"
Valor: Mas e a política fiscal?
Blanchard: A política fiscal está de fato desacelerando a recuperação. A consolidação fiscal nos EUA é muito forte neste ano. É de 1,8% do PIB. Pode estar tirando de 1,5 a 2 pontos do crescimento. Eu espero que os EUA adotem uma trajetória melhor de ajuste fiscal. A ironia é que o sequestro [corte automático de US$ 85,3 bilhões que entrou em vigor em março], de algum modo, melhorou o panorama. Ele levou os investidores a concluir que o pior que pode acontecer é que o sequestro continue, e então o déficit será menor. Não é o melhor modo de fazer o ajuste, que deveria ser feito mais lentamente e com mais inteligência. Minha avaliação é de que a consolidação fiscal vai desacelerar e a demanda privada vai continuar forte. Com isso, a recuperação é razoavelmente forte.
Valor: O sr. acredita que os EUA poderão se tornar um competidor dos mercados emergentes nos próximos anos, devido ao renascimento da manufatura, mais do que uma economia baseada no consumo?
Blanchard: A maneira de pensar nisso é em termos de cadeias de valor. Produtos manufaturados não serão inteiramente fabricados na China, no Brasil ou nos EUA. Algumas partes serão produzidas na China, outras no Brasil e outras nos EUA. Pelo menos por algum tempo, os Estados Unidos vão continuar a ter vantagem em tecnologia de ponta, então parte da produção de manufaturados vai ocorrer no país. Nós vemos isso em biologia, em tecnologias da informação. No fim, produtos manufaturados serão feitos em todos os lugares do mundo. Nos casos em que é muito importante o trabalho barato, ela será feita nos países em que há esse fator. Nos segmentos em que for importante o trabalho especializado, será feita nos países em que ele existe. Quando for necessário basicamente estar próximo da pesquisa e desenvolvimento, os manufaturados serão feitos em países mais avançados, como os EUA.
Valor: Os bancos centrais dos países desenvolvidos, especialmente o Federal Reserve [Fed, o banco central americano] e o Banco do Japão, têm adotado políticas monetárias extremamente expansionistas. Como elas afetam os mercados emergentes? Eles devem manter ou intensificar controles de capitais para lidar com esses fluxos?
Blanchard: Há vários motivos pelos quais os capitais estão indo para os mercados emergentes, e é importante fazer distinções entre elas. A principal não tem a ver com a política monetária. Ela tem a ver com o fato de que os países em desenvolvimento simplesmente parecerem bem. Em termos de fluxos de investimentos estrangeiros diretos, os mercados emergentes, com forte potencial de crescimento, são muito atraentes. Em termos de investimento em carteira, os mercados de ações desses países parecem boas apostas, ainda que arriscadas. Esses fatores refletem a força dos mercados emergentes. Essa parte dos fluxos de capitais é boa. Outra força por trás dos fluxos de capitais são os diferenciais de juros. Como as economias avançadas têm um desempenho fraco e os mercados emergentes estão indo melhor em termos de atividade cíclica, há juros mais baixos nos países desenvolvidos e mais elevados nos países em desenvolvimento. Isso faz do investimento nos títulos dos mercados emergentes algo atraente. Esse diferencial de juros deve continuar por muito tempo e vai levar a fluxos de capitais para os emergentes. Também não são ruins, mas são menos importantes do que os do primeiro tipo. A terceira força por trás dos fluxos de capitais são episódios de aumento e redução de risco. Os investidores gostam de riscos, depois não gostam, o que faz os fluxos de capitais entrarem e saírem. Esses são desestabilizadores e países que os recebem, como o Brasil, devem ser livres para tentar suavizá-los por meio de instrumentos de administração de fluxos de capitais, medidas macroprudenciais e intervenção no mercado de câmbio.
Valor: O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, diz que há uma solução de meio termo entre países desenvolvidos e emergentes sobre esse assunto. Os primeiros adotam políticas monetárias expansionistas e os segundos usam eventualmente medidas de controle de capitais e macroprudenciais para lidar com eles. O sr. concorda?
Blanchard: Eu não gosto do termo solução de meio termo [compromise, em inglês]. Eu prefiro a palavra acordo. Acho que há acordo amplo de que as economias avançadas precisam usar política monetária não convencional porque não sobrou nenhuma política monetária convencional para ajudar na recuperação. Eles precisam fazer tudo o que podem. Eles não podem usar a política fiscal, uma vez que precisam de consolidação fiscal. Ao mesmo tempo, os países avançados entendem que essas políticas monetárias vão produzir movimentos nos fluxos de capitais. Como eles são voláteis, o acordo é que os países que os recebem devem ser livres para suavizá-los e usar quaisquer ferramentas que tenham à disposição. Esse é o acordo implícito. Ele não é perfeito, mas não é ruim, e talvez seja o melhor que pode ser feito.
Valor: Daqui a alguns anos, os bancos centrais dos países desenvolvidos vão começar a elevar os juros. O FMI espera que, no caso do Fed, isso ocorra no começo de 2016, mas considera que possa ser antes, se o crescimento for mais forte. Como isso afetaria emergentes como o Brasil e como esses países devem se preparar para esse cenário?
Blanchard: Quando isso ocorrer, é provavelmente porque o crescimento voltou, e essa parte é uma boa notícia para os mercados emergentes. Isso significa que as exportações vão aumentar. É algo que vai ocorrer com juros mais altos e, com isso, vai levar uma reversão parcial dos fluxos de volta para onde os juros estão mais atraentes, que seriam os EUA. Alguns fluxos de capitais provavelmente vão mudar de sinal.
Valor: O Banco do Japão adotou uma política monetária muito agressiva. Ela pode dar início a um processo de desvalorização competitiva ou é uma resposta a um processo de desvalorização competitiva que já estava ocorrendo?
Blanchard: Nenhuma das duas coisas. O Japão é um caso especial. Ele está numa situação econômica difícil há muito tempo. Já tentou muitas coisas. Um dos problemas do Japão é a deflação. Não é uma grande deflação, mas é deflação. É necessário fazer alguma coisa para estimular a inflação. Acho que a desvalorização do câmbio, que é um dos efeitos da política monetária, não tem como objetivo aumentar a competitividade, mas aumentar os preços. Se ela for bem sucedida, veremos mais inflação. Com isso, no fim, a taxa real de câmbio (que considera a inflação) não vai se mover muito. E a política monetária não vai fazer a situação da dívida pior. É uma tentativa de fazer a economia andar, e um modo de reduzir a relação entre dívida e PIB é aumentando o PIB, e é isso o que eles estão tentando fazer. Nós desejamos sorte a eles.
Valor: O real oscila hoje num intervalo estreito, depois de uma desvalorização significativa no ano passado. O Brasil abandonou o regime de câmbio flutuante?
Blanchard: Eu não acho que o Brasil tenha abandonado o regime de câmbio flutuante. O real ainda é uma moeda que flutua. Manter a flexibilidade da taxa de câmbio é claramente importante para o Brasil. Eu chamaria de flutuação administrada. Ela flutua, mas com o uso de controle de capitais. Nesse sentido não é flutuação pura.
Valor: O Banco Central brasileiro reduziu agressivamente os juros, o câmbio teve uma desvalorização expressiva no ano passado, o governo fez uma série de desonerações tributárias, mas a economia teve crescimento fraco em 2012 e a recuperação não parece forte. Por que a economia não reagiu de modo mais vigoroso a todos esses estímulos?
Blanchard: Deixe-me fazer pontos. O primeiro é que o crescimento potencial talvez seja menor do que nós pensávamos antes. O outro é que, se você olhar para a queda no crescimento, ela parece vir em grande parte do investimento. É provável que um número de distorções, assim como alguma incerteza sobre políticas, tenham um papel aí.
Valor: O Brasil cresceu 0,9% no ano passado e a inflação ficou próxima de 6%. O Brasil está preso num equilíbrio ruim de baixo crescimento e inflação elevada?
Blanchard: Não acredito nisso. Para mim, isso sugere que o Brasil pode não estar longe do crescimento potencial. Se estivesse muito abaixo do PIB potencial, a inflação cairia. O fato de que não vemos a inflação cair muito sugere que talvez o crescimento potencial seja menor do que pensávamos. Nós revisamos a previsão de crescimento para 2013 de 3,5% para 3%. A margem de manobra para usar políticas de estímulo à demanda é provavelmente limitada.
Valor: Na quarta-feira, o Banco Central brasileiro elevou os juros em 0,25 ponto percentual. A inflação está acima do teto da meta, de 6,5%, mas a recuperação não é ainda forte. É uma boa ideia começar a elevar os juros num mundo com grande liquidez?
Blanchard: Eu não conheço os motivos exatos por trás da decisão, então vou fazer um comentário mais geral. Você não quer aumentar os juros no último minuto, numa grande magnitude. É perturbador e como leva tempo para o aumento dos juros afetar a atividade, pode ser tarde demais. Então você quer fazê-lo antes, e lentamente.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Brasil questionará medidas no FMI

Brasil questionará medidas

Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil

O Brasil questionará, na próxima reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), as medidas recentes de afrouxamento monetário nos Estados Unidos e na Europa. Segundo um representante do governo, o país defenderá os estímulos ao consumo interno e aos investimentos para combater a crise econômica global, em vez de injeções de dinheiro pelos bancos centrais.

A reunião do FMI ocorrerá em Tóquio, de 9 a 14 de outubro. De acordo com o governo brasileiro, o afrouxamento monetário afeta os países emergentes porque desvaloriza artificialmente o dólar e o euro, principais moedas usadas no comércio internacional. No caso do Brasil, a cotação dessas duas moedas cai em relação ao real, o que desestimula as exportações e incentiva as importações dos países desenvolvidos.

No encontro, o Brasil defenderá a melhoria da qualidade dos gastos nos países desenvolvidos. Segundo o representante do governo, o país pode fazer desonerações que beneficiem setores essenciais para a economia, manter os investimentos públicos e, ainda assim, continuar a reduzir o endividamento público por meio de um ajuste fiscal inteligente. Essa receita, informou a fonte, é a mesma que tem sido aplicada para estimular a atividade econômica brasileira nos últimos anos.

Em relação às reformas do FMI, o governo brasileiro não espera que decisões importantes sejam tomadas na reunião da próxima semana. O Brasil pressionará para que os países ratifiquem a redistribuição das cotas definida em 2010. O problema, segundo a fonte do governo, no entanto, é que a reforma só será concluída quando for aprovada pelo Congresso norte-americano, o que poderá ser feito apenas depois das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.

Na reforma de 2010, o Brasil aumentou de 2% para 2,3% a participação no FMI. Outro ponto de discussão será a revisão das fórmulas que servirão de ponto de partida para a negociação da segunda etapa de reforma das cotas, prevista para entrar em vigor em janeiro de 2014. O Brasil, os Estados Unidos e a maioria dos países em desenvolvimento defendem que o Produto Interno Bruto (PIB), que mede o tamanho das economias dos países, tenha maior peso no cálculo.

Diversos países da Europa, no entanto, reivindicam a manutenção ou o aumento do grau de abertura das economias na fórmula. Segundo o governo brasileiro, isso amplia a representação de países menores do continente, cujos fluxos comerciais e de rendas de investimentos têm maior peso sobre o PIB. O problema, de acordo com o representante do governo, é que as negociações não avançaram nos últimos meses e nenhuma decisão deve ser tomada. Pelo cronograma original, as fórmulas deveriam estar definidas em janeiro de 2013.

Paralelamente à reunião do FMI, os países do Brics – grupo que reúne o Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul – farão uma reunião no dia 11. O encontro discutirá a formação de um banco conjunto de desenvolvimento, semelhante ao Banco Mundial e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento, cuja criação foi anunciada em agosto, em reunião do bloco, no Rio de Janeiro. A expectativa é que a decisão final sobre a instituição financeira seja tomada na próxima reunião do Brics, em março de 2013, na África do Sul.

Os países do Brics também debaterão um mecanismo de socorro mútuo entre os bancos centrais dos membros do bloco. Em caso de crise nas contas externas, cada país teria acesso à parte das reservas internacionais dos demais parceiros do Brics. A diferença em relação aos mecanismos de socorro montados na Europa é que o dinheiro não será aplicado em um fundo internacional e permanecerá nas reservas de cada país antes de ser emprestado.

Edição: Lana Cristina

Fonte: EBC  
 
 

Publicado em: 04/10/2012

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Mantega contesta FMI e diz que Brasil continuará intervindo no câmbio

Mantega contesta FMI e diz que Brasil continuará intervindo no câmbio

20/04/2012 

Da BBC Brasil

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, contestou nessa quinta-feira (19) a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Cristine Lagarde, sobre a taxa de câmbio dos países emergentes. Ele disse que o Brasil continuará intervindo para reduzir o valor de sua moeda. Em Washington, onde chegou para participar das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, o ministro lembrou que a indústria brasileira tem perdido competitividade por causa da alta do real, supostamente provocada pela falta de ação das autoridades financeiras dos outros países.
"No caso do Brasil, somos um dos países que mais sofrem com a valorização do câmbio. Nossa indústira tem perdido competitividade em parte por causa da desvalorização das moedas de outros países", disse Mantega. "Estamos provando, na prática, que fazendo intervenções no câmbio – já que outros países resolveram usar essa estratégia – podemos diminuir a desvantagem que nossa indústria tem tido a partir de um câmbio valorizado", acrescentou.
A declaração de Mantega foi uma resposta à diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, que havia dito que os países emergentes precisam fazer ajustes ou aceitar uma taxa de câmbio mais alta. "A Europa não é o único lugar onde é preciso agir. Os mercados emergentes também devem tratar de seus problemas. Outros mercados emergentes precisam ficar atentos aos fluxos de capitais e administrá-los com as ferramentas de prudência macroeconômica necessárias, ajustar suas moedas da forma apropriada e aceitar a evolução dessas moedas", tinha declarado Lagarde.
Mantega classificou a declaração como "um equívoco". "De jeito nenhum. Temos uma relação clara em relação a isso e, inclusive, temos o apoio dos membros do FMI. No nosso caso, ela [a intervenção no câmbio] é absolutamente necessária e vamos continuar fazendo", completou.
Sobre a redução de juros pelos bancos brasileiros, o ministro disse que o setor financeiro está reagindo positivamente à demanda de redução de spreads – diferença entre as taxas de juros cobradas dos clientes e as pagas pelos bancos. "Estava ocorrendo no Brasil algo semelhante ao que ocorre nos Estados Unidos e na União Europeia, a desalavancagem dos bancos. A partir da desaceleração do ano passado, o setor financeiro continuou reduzindo a oferta de crédito e elevando o custo financeiro", comentou.
Na avaliação de Mantega, a diminuição dos juros e o barateamento do crédito impulsionará o crescimento do país. "Houve uma mudança. Eu saúdo essa mudança que o setor financeiro está fazendo, disposto a reduzir as taxas de juros e o spread, portanto dando ao povo brasileiro a oportunidade de consumir a taxas mais baixas. Isso vai estimular o consumo, o investimento e a atividade econômica", concluiu.
Edição: Graça Adjuto

quinta-feira, 22 de março de 2012

FMI e Banco Mundial elogiam setor financeiro brasileiro

FMI e Banco Mundial elogiam setor financeiro brasileiro

DA AFP*

 O setor financeiro brasileiro demonstrou uma sólida resistência ante a instabilidade internacional, graças em boa parte às políticas governamentais, segundo um relatório conjunto do FMI e do Banco Mundial publicado nesta quarta-feira 22.
Imagem da fachada da sede do FMI, em Washington. Foto: ©AFP / Mandel Ngan

“O Brasil ostenta uma posição única para impulsionar o desenvolvimento de seu setor financeiro de forma vigorosa, particularmente para aprofundar o financiamento privado de longo prazo”, explicaram as instituições no comunicado conjunto.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM) realizaram um monitoramento durante as últimas três semanas, como parte de um programa de avaliação financeira dos países emergentes estabelecido em 1999.
Apesar disso, ressaltam as duas instituições, o desenvolvimento dos mercados de capital no Brasil segue sofrendo com as altas taxas de juros e com o curto prazo da maioria dos instrumentos de investimento financeiro.
Modificar esta situação é “uma agenda difícil”, reconhece o comunicado.
Embora esteja reduzindo progressivamente suas taxas de juros, o Brasil mantém uma rígida política que dificulta a entrada de capitais especulativos em seus mercados, principalmente por meio de impostos, em um contexto de forte valorização do real.
A avaliação do setor financeiro brasileiro foi efetuada por uma equipe liderada respectivamente por Dmitri Demekas, do FMI, e por Augusto de la Torre, do BM.

sábado, 10 de março de 2012

Ajuda de 35,5 bi de euros

Ajuda de 35,5 bi de euros

Correio Braziliense - 10/03/2012
 


Após dar calote em credores privados, Grécia recebe primeira parte do socorro. FMI deve liberar mais 28 bi de euros
Finalmente, os ministros de Finanças da Zona do Euro desbloquearam ontem 35,5 bilhões de euros para salvar a Grécia da falência, após o fechamento do acordo de reestruturação da dívida do país.
É a primeira parte de um pacote de 130 bilhões de euros, que será entregue pelo Banco Central Europeu (BCE) na próxima semana, quando o Fundo Monetário Internacional (FMI) deverá aprovar a sua cota, de 28 bilhões de euros. O governo grego anunciou, quinta-feira, que 95,7% dos credores vão perdoar 100 bilhões de euros dos débitos do país. Eles trocarão os atuais títulos públicos por outros com valor 53,5% menor.
Após o anúncio da adesão ao calote e do acordo fechado, as bolsas de valores iniciaram os pregões ontem em alta. Ajudaram a animar os investidores também os dados favoráveis sobre aumento de 227 mil vagas de empregos nos Estados Unidos. Mas os ganhos foram reduzindo ao longo do dia por causa dos indicadores econômicos da China que decepcionaram os investidores. A produção do país asiático cresceu apenas 11,4% em fevereiro contra expectativa de 12,3%.
O Ibovespa — índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa de Valores de São Paulo — acabou fechando em leve queda de 0,31%, aos 66.704 pontos, depois de valorizar 1,35% até o início da tarde. Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 0,11% e o Nasdak, 0,70%. Na Europa, a bolsa inglesa teve alta de 0,47%, a de Paris, de 0,26% e a de Frankfurt, na Alemanha, de 0,67%.
Garantias
Os 35,5 bilhões de euros são para ajudar os bancos a oferecer garantias ao Banco Central Europeu (BCE), disse o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble. O restante do pacote, 94,5 bilhões de euros, será desbloqueado provavelmente na próxima semana, disse Schäuble. Mas a crise na Grécia está longe de terminar. "Não superamos o problema, mas demos um passo importante", destacou o ministro.
O governo da Grécia anunciou que 84% de seus credores privados aceitaram a operação de troca da dívida. Atenas destacou ainda que, devido à ampla adesão, o governo ativou as cláusulas de ação coletiva (CAC) que forçam os credores privados reticentes a aceitar a operação. Essa medida elevará o nível de adesão a 95,7%. Os 130 bilhões de euros correspondem ao segundo pacote de ajuda à Grécia. O primeiro, de 110 bilhões de euros ,em 2010, foi insuficiente para salvar um país que entra no quinto ano consecutivo de recessão.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Brics querem o comando da OMC

Brics querem o comando da OMC

Emergentes querem o comando da OMC
Autor(es): Por Assis Moreira | De Genebra
Valor Econômico - 01/03/2012
 

Com o Fundo Monetário Internacional nas mãos dos europeus e os americanos insistindo em manter o controle do Banco Mundial, países emergentes se preparam para brigar pela direção da Organização Mundial do Comércio (OMC) e, assim, tentar equilibrar o comando da governança global. Não há eleição na entidade. Um comitê de três membros faz consultas junto aos países para aferir o consenso em torno dos candidatos. No fim do processo, sugere um nome.
A decisão, desta vez, acabará sendo do G-5 - Estados Unidos, União Europeia, China, Índia e Brasil. Dificilmente europeus e americanos aceitarão um chinês, porque Pequim é fonte de boa parte das disputas comerciais. A Índia, por sua vez, quer recriar o G-77, com países em desenvolvimento, posição que dificulta o entendimento com as nações desenvolvidas. Resta o Brasil. Há a expectativa, em Genebra, de que Brasília lance o nome de seu embaixador na OMC, Roberto Azevedo.

Com o Fundo Monetário Internacional (FMI) dirigido por uma europeia e os americanos insistindo em manter o controle do Banco Mundial (Bird), os emergentes já se preparam para brigar pela direção da Organização Mundial do Comercio (OMC) e equilibrar o comando da governança global.
As manobras para escolha do novo presidente do Bird, em agosto, vão acelerar em Genebra também as articulações para a seleção do futuro diretor da OMC e há a expectativa de que o Brasil possa apresentar um candidato.
Após a saída de Robert Zoellick do Bird, emergentes como Brasil e China insistem que é hora de o monopólio americano no banco ser quebrado desta vez, mas até agora não lançaram candidatos.
Mas os EUA já deixarem claro que não abrirão mão do controle do banco, até para mostrar, num ano eleitoral, que não perderam influência na governança global. O secretário do Tesouro, Tim Geithner, disse que os EUA proporão um candidato nas próximas semanas.
"É inconcebível que os europeus e americanos também conseguirão a direção da OMC, depois de manterem o controle do FMI e do Banco Mundial"", diz o professor de comércio internacional Simon Evenett, da Universidade de Saint Gallen, na Suíça. "A próxima será a vez de um representante emergente, e isso poderá até facilitar a conclusão de acordos na OMC."
Já para Amrita Narkilar, professora da Universidade de Cambridge com estudos sobre os Brics, "os sistemas de seleção de direção no FMI e Banco Mundial estão completamente errados, e dois erros não resultam numa terceira decisão correta"". Ou seja, não é replicando a mesma prática na OMC que a governança será equilibrada. "Mas os negociadores dos Brics são inteligentes e, formando uma sólida aliança e não aparecendo divididos, como na última vez, poderão legitimamente obter o cargo."
As primeiras discussões informais sobre o futuro substituto do francês Pascal Lamy como xerife do comércio mundial começaram em Davos, à margem do Fórum Mundial de Economia. Os candidatos serão conhecidos até dezembro, e a eleição ocorrerá em abril de 2013. Até agora, só as Américas e a África ainda não dirigiram o órgão multilateral de comércio.
A disputa já começou a causar confronto entre os países-membros. A Índia, de olho na sucessão de Lamy, bloqueou a escolha de um representante de Cingapura para presidir este ano o Órgão de Solução de Controvérsias (OSC). É que o escolhido para esse cargo será o presidente do Conselho Geral, entidade máxima da OMC, no ano que vem, e estará no centro da seleção do futuro diretor-geral, junto com dois outros representantes de países desenvolvidos.
Só que, para a Índia, Cingapura não é um país em desenvolvimento e, assim, a escolha do futuro diretor estaria controlada totalmente pelos desenvolvidos. Depois de muita confusão, os indianos aceitaram um representante do Paquistão no comando do OSC.
Na OMC, não há eleição. Um comitê de três membros faz consultas com os países para aferir o consenso em torno dos candidatos e sugere ao final um nome. Já aconteceu no passado de os países recusarem a indicação e, na disputa, o mandato acabou dividido entre o tailandês Supachai Panitchpakdi e o neozelandês Mike Moore.
A decisão sobre o comando da OMC acabará sendo do G-5 - EUA, União Europeia, China, Índia e Brasil. É difícil que americanos e europeus aceitem um chinês à frente do comércio mundial, já que Pequim é alvo de boa parte dos conflitos na OMC, e também por conta da competitividade chinesa. Já a Índia tenta recriar na OMC o G-77, de países em desenvolvimento, numa posição mais radical que dificulta o entendimento com os desenvolvidos. E não há nenhum nome significativo da África.
Resta o Brasil. Em Davos, várias delegações queriam saber quando o país lançaria a candidatura de seu embaixador junto à OMC, Roberto Azevedo. Ele tem ótima reputação na OMC e é visto como capaz de estimular as partes para alcançar consensos e como um "honest broker" (mediador neutro).
Mas certos negociadores notam que o Brasil conquistou recentemente a direção da Agência da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO). Ao mesmo tempo, o país aprofunda uma política de proteção comercial, cada vez mais criticada pelos parceiros.
Para Evenett, porém, o maior problema é que a América Latina sempre aparece dividida. Ele lembra que o Brasil lançou uma candidatura para se opor ao representante do Uruguai, visto como excessivamente pró-países desenvolvidos na eleição vencida por Lamy.
Enquanto isso, o ministro de Comércio da Nova Zelândia, Tim Groser, já vem tentando aparecer como candidato de consenso entre ricos e emergentes.